[Prólogo]
Capítulo 1 - O Começo da Jornada.
No único quarto, no andar de cima, Dan abriu os olhos.
Apesar de ainda estar desorientado, ele podia escutar uma discussão vindo do lado de fora da casa.
Após alguns segundos, o jovem reconheceu as vozes, eram Alexsander e Cerdras que estavam falando. Instintivamente ele olhou para a cama ao lado e confirmou que seu tutor já havia levantado. "São eles mesmos lá fora" pensou ele.
O cansaço fez Dan decidir continuar deitado e tentar voltar a dormir, mas mesmo sem querer ele continuava escutando a conversa.
– O garoto já é mais esperto do que você era quando começou a sua jornada – disse Cerdras calmamente.
– Eu não acho! Ele ainda é muito novo! Eu era pelo menos dois anos mais velho que ele quando parti – respondeu Alexsander parecendo um pouco irritado.
– Você precisa deixá-lo ir! – retrucou Cedras já perdendo um pouco da paciência.
Assim que entendeu o que estava acontecendo, Dan rapidamente despertou, se levantou e correu para a porta.
Quando o viram, os druidas ficaram alguns segundos em silêncio, envergonhados.
– Está vendo! Você acordou o menino! – disse Alexsander olhando com uma cara feira para o seu amigo.
– Foi bom ele acordar, talvez seja melhor levá-lo a Pandreia e deixar que ela decida se ele já está pronto. – Cerdras virou-se para Dan. – O que você acha?
– Vamos lá! – respondeu Dan sem deixar dúvidas. – Não vejo a hora de começar a minha Jornada!
Cerdras deu um sorriso para o garoto.
– Tudo bem, vamos levá-lo a Pandreia – respondeu Alexsander também olhando para Dan. – Não vá criando esperanças, ela é muito conservadora.
O garoto conhecia Pandreia, a líder dos Druidas da Cidade de Carlin. Ela era famosa por ser uma grande maga e com uma grande conexão com a natureza, além de ser a principal responsável por ensinar magias aos Druidas novatos.
Sem conseguir conter a expectativa, Dan foi com um sorriso largo no rosto em todo o trajeto até casa da Druida.
Antes de baterem na porta, eles ouviram alguém falando lá dentro.
– Podem entrar! – gritou uma mulher.
Eles entraram, Cerdras olhou para Alexsander e sinalizou para que ele começasse a falar.
– Pandreia, nós queríamos saber se o Dan já está pronto para começar a sua jornada, eu pessoalmente acho que ele ainda tem...
– Nós apenas queremos saber se você acredita que o garoto já está pronto – disse Cerdras interrompendo a fala de seu amigo.
Pandreia ficou em silencio durante alguns segundos, olhou para Alexsander, olhou para Cerdras e por fim olhou para Dan, ela ficou um tempo maior olhando para o garoto antes de concluir.
– É evidente que o garoto não está pronto! – As palavras da Druida foram como um soco no estômago para Dan, mas tudo passou em apenas um instante, pois ela ainda não havia terminado de falar. – Ele precisa saber o que irá encontrar naquela ilha... Ele não sabe nada de si mesmo, não conhece as armas que poderá usar e nem as criaturas que irá enfrentar. Vocês precisam levá-lo ao Professor Phillip, o garoto precisa ter algumas aulas lá, e então ele estará pronto.
Alexsander, sem esconder a satisfação com o que acabou de escutar, voltou a falar:
– Eu disse isso ao Cerdras, ele não me escutou, mas pode deixar, quando eu estiver menos ocupado o levarei para o Professor Phillip.
Cerdras e Dan estavam prestes a se manifestar, mas Pandreia falou primeiro.
– Não, Alexsander! Vocês vão levá-lo agora! Esse menino já passou tempo de mais na sua casa! Você não é o pai dele!
Aquelas palavras soaram estranhas para Dan. Durante toda sua infância, ele ouviu uma história sobre ter sido criado pela natureza, como um presente ao mundo, mas naquele momento ele se lembrou do que a Sacerdotiza havia dito na noite anterior “a linhagem dele” e por alguns segundos voltou a se perguntar se ele não teria um pai humano. De todo modo, a vontade de iniciar a sua jornada e o seu desejo escondido de se tornar um Feiticeiro se mostraram muito mais fortes e rapidamente abafaram seus outros pensamentos.
– Tudo bem, vamos levá-lo agora – anuiu Alexsander.
A Escola de Carlin ficava do outro lado da cidade e durante todo caminho até lá, Dan ficou apenas pensando em iniciar a sua jornada, se tornar um feiticeiro e lutar contra os monstros.
Após ouvir a história do garoto, o Professor Phillip pareceu adorar a ideia de ensiná-lo.
– Vou prepará-lo! Quando ele estiver pronto eu mando uma carta para vocês! Nos encontraremos no porto de Carlin!
Cerdras deu um forte abraço em Dan.
– Estou muito orgulhoso de você! Nos vemos em breve!
Após se despedir de Cerdras, Dan se virou para Alexsander.
– Nos vemos em breve – disse o Druida sem olhar nos olhos do jovem.
– Até breve – respondeu Dan.
Os dias com o professor Phillip foram muito proveitosos para garoto, ele já sabia de algumas coisas pelas histórias que havia ouvido dos viajantes que se hospedavam em sua casa, mas realmente ainda havia muito para ele aprender.
O professor lhe contou que ele deveria ir para a ilha de Rookgaard, local onde um encantamento impede o uso da magia, permitindo aos jovens se prepararem lá até estarem prontos para voltar ao continente.
– Mas como eu vou saber se estou pronto? – indagou Dan.
– O Oráculo irá te chamar – respondeu o professor, sem dar mais esclarecimentos.
Dan aprendeu também que poderia se especializar em espadas, machados, clavas ou armas à distância, ouviu um pouco sobre escudos e armaduras.
O professor guardou as melhores aulas para a terceira semana. Quando o garoto já estava se cansando das aulas e queria ir logo começar a jornada, o professor começou a lhe ensinar sobre os monstros e as cavernas, pretendo a atenção do jovem.
No último dia da terceira semana, Dan se sentou para assistir a primeira aula da manhã, já esperando continuar ouvindo sobre os monstros, mas Philip começou a falar sobre outro assunto.
– Você já ouviu falar sobre professores viajantes?
– Não, isso é novo pra mim – respondeu o garoto.
– Eu tenho uma amiga, o nome dela é Uganda, ela é uma professora viajante. Da última vez que a vi, ela estava indo para a ilha de Rookgaard. – Dan ficou um pouco desapontando, pois queria aprender sobre monstros e não sobre professores, mas continuou prestando atenção enquanto Phillip falava. – A viagem até lá dura quase um dia inteiro, então amanhã pela manhã, quando você chegar, lembre-se de procurá-la, ela vai poder te ajudar lá!
Dan congelou ao saber que partiria naquele mesmo dia.
O professor lhe deu um abraço e voltou a falar.
– Antes de você ir, eu preciso te dar algumas coisas, para você conseguir se defender por lá!
O professor abriu o seu armário e pegou uma Jaqueta e uma Clava.
– Toma! Pegue! São seus!
Dan não hesitou em aceitar os presentes e agradeceu. Após o garoto juntar todas as suas coisas, eles saíram da escola.
Chegando no porto, eles encontram Alexsander, Cerdras e Pandreia. A líder dos druidas foi a primeira a falar:
– Parabéns Dan, prevejo um grande futuro para você!
Dan retribuiu acenando com a cabeça e depois olhou para Alexsander, que se aproximou.
– Dan, eu não posso te explicar tudo agora, mas você é como um filho pra mim e eu jurei te proteger até você começar a jornada – Dan ficou olhando atentamente para Alexsander e mesmo sem entender direito o que ele estava falando, deixou ele continuar. – É muito difícil para mim, ver que a minha missão está encerrada, mas eu desejo que os deuses abençoem você. E bom começo de jornada! – O Druida puxou uma sacola e a entregou ao jovem. – Aqui tem uma Corda e uma pequena Pá, acredite, você vai precisar disso lá!
Dan sorriu, pegou a sacola, a amarrou na sua cintura, abraçou Alexsander e agradeceu.
Nesse momento, o Capitão Greyhoud, comandante do navio de Carlin, começou a gritar.
– E então garoto? Você vem ou não vem? Eu estou indo agora para Rookgaard, a próxima viagem para lá será só no próximo ano.
– Tenha calma Greyhoud. – interveio Cedras. – Eu só preciso de alguns segundos para me despedir do menino. – Ele pegou uma maçã e virou-se para Dan. – Essa fruta é para você, quando você estiver em perigo, ferido e cansado, coma essa maçã, ela é um presente da natureza para você. A maçã é um símbolo para os Druidas. – Cerdras pareceu se arrepender de ter dito essa última frase e pensou por uns segundos antes de continuar. – Eu sei que você quer ser um Feiticeiro, você tenta esconder isso, mas eu sei. – Dan ficou encabulado e Cerdras continuou falando. – Se você não quiser ser um Druida, está tudo bem, não tem problema.
O capitão do navio voltou a gritar e Dan apenas concordou com a cabeça enquanto corria para o barco.
Quando o garoto finalmente alcançou o navio, Pandreia começou a falar com Cerdras.
– Ele quer ser Feiticeiro? Muito curioso, mas não se preocupe, o irmão dele foi para Rookgaard dizendo que queria ser um Paladino e hoje é um dos melhores Cavaleiros da sua cidade.
O jovem estava um pouco longe, mas conseguiu ouvir aquilo e não se conteve.
– Eu tenho um irmão? Como assim eu tenho um irmão? Por que vocês nunca me contaram isso? Por quê? Cerdras? Alexsander? – Ele terminou implorando pela ajuda de seus amigos.
O navio já estava zarpando e Dan não escutou resposta alguma, apenas notou que todos estavam encarando Pandreia, provavelmente com um olhar de reprovação.
Assim, Dan estava começando a sua jornada, e agora, além de querer se tornar um Feiticeiro, ele queria encontrar as respostas para as suas perguntas. Se ele teve um irmão que foi para Rookgaard, talvez lá ele possa descobrir quem era ele e assim encontrar toda a sua família.
Próximo: [Capítulo 2 -A Longa Viagem até a Ilha de Rookgaard]
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Pessoal, desculpa aí se ficou muito grande, acabei de empolgando um pouco. kkkkkk

Postado originalmente por
Lacerdinha
Muito bom prólogo. Espero que o Capítulo I saia logo.

Eu só estava esperando mais um comentario! =)