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Tópico: Bloodtrip

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    Padrão Capítulo 32 - Re:Bloodtrip II

    Citação Postado originalmente por Neal Caffrey Ver Post
    Nightcrawler <3

    Referências a parte, gostaria de destacar esse trecho:



    Rapaz, isso me lembrou alguma coisa interessante lá no fundo da minha mente, mas não consigo me recordar exatamente do quê. Li um conto aqui certa feita chamado "Como Anões e Elfos", algo do gênero, e esse foi um trecho que me fez me lembrar de algo que li nele, embora não consiga reconstruir exatamente o quê.

    O capítulo foi interessante para um capítulo de transição, e não se parece nada com um capítulo finalizador, para a sua sorte. Sua integridade física agradece.

    Sobre Ember, comecei a dar certo valor para o personagem só agora, se me permite. Gosto da forma como ela vem assumindo as rédeas de determinadas situações, ainda que pareçam maiores do que ela. Não é uma coisa que se diga "nossa, Nightcrawler", ou "nossa, Dartaul", mas o espaço dela está muito bem reservado. Provavelmente já devo ter dito isso antes.

    Aliás, excelente a sacada da Academia de Magia. Lembro-me de você ter comentado que ela assumiria um certo papel em Bloodtrip, e acho que há mais o que se extrair dela, além do que você já conseguiu fazer até agora.

    Embora seja um personagem que eu ame, devo advertir a Senzo que sua ambição pode acabar se tornando sua ruína. Espero que não seja simplesmente o caso, mas estou de olho nele (como sempre).

    No mais, excelente trabalho, como de regra, Carlos. Ansioso pela segunda parte do capítulo.

    Abraços!
    Grande Neal, obrigado pelo comentário e pelos elogios.


    Eu tinha dito que não ia terminar nesse capítulo o nome foi pra mostrar que é não seria o fim, mas o começo. A parte fatídica que mostra como tudo começou. "Re" geralmente quer dizer reinicio, e é usado em vários animes com temas semelhantes: Em Re:Zero, o protagonista é um rapaz de 16 anos, japonês, comum, que do nada aparece num mundo de fantasia sem saber nada sobre ele, e é obrigado a recomeçar sua vida do zero naquele mundo que ele não conhece. Em Re:Life, o protagonista é um cara de uns 26 anos que faz parte de um experimento de um remédio rejuvenescedor, que faz ele voltar a ter 16 anos e voltar a frequentar a escola. Tokyo Ghoul:re é também um recomeço para a história depois de muitos eventos da história anterior, uma sequência perfeita, onde tudo começa do zero pro protagonista e para os seus amigos. É por isso que dei esse nome pra esse capítulo. Não tinha nada a ver com o fim

    Ember fará mais coisas futuramente, algumas podem prejudicar Senzo e até pesar no presente da história. É também uma personagem importante, como um todo. Já Senzo, bom, espere coisas surpreendentes dele. Acho que você ainda vai gostar mais ainda dele, mas não do mesmo jeito que Nightcrawler (Que logo tá voltando)

    Obrigado pela presença constante, Neal. Espero de verdade que esse capítulo aqui seja do seu agrado, apesar de ser gigante.

    Citação Postado originalmente por Senhor das Botas Ver Post
    Novo capítulo, e boatos de um GIGANTESCO de 16 páginas... Enfim, vamos ao comentário.

    Btw, estou apreciando o desenvolvimento dos dois, Nuito e Ember. Os pequenos detalhes aqui e ali, aquele ciumezinho, e trechos como o abaixo mostram o quão bem você vem desenvolvendo as personagens.



    Embora talvez haja, sim, espaço para melhora (você desenvolveu as outras personagens da história "melhor", eu diria), com o espaço que você está trabalhando, que seria alguns capítulos, você criou... Bem, meu "afeto" por Nuito e Ember. Mesmo já sabendo do que irá ocorrer, quero ver COMO você vai conduzir o desfecho e a morte d...

    Não pera, não te conheço direito. Tudo o que posso fazer é aguardar este próximo capítulo GIGANTESCO do qual você me falou sobre. Sério, o hype ta grande aqui.
    Diga aí Botas, obrigado pelo comentário e pelos elogios.

    Esse trecho aí parece me dar a impressão de que o desenvolvimento que eu dei foi na bunda da Ember

    Eu devo dizer que o desenvolvimento dos personagens atuais não é algo que eu conseguiria fazer parecer algo do mesmo nível que os do presente, afinal, eles tiveram muitos capítulos para serem trabalhados, e esses tiveram uns 8 ou 9. Fiz o possível para não desviar o rumo da história do passado e ficar chato demais. Já tava até me incomodando o quanto que eu estava estendendo essa história.

    Não aguarde mortes, Botas. Você sabe que, em Bloodtrip, tudo pode acontecer. Não há clichê de história de herói. Há um ceifador escolhendo aleatoriamente quem deve morrer. eu mesmo, evaristo costa

    Espero que goste do capítulo gigantesco!









    E sim, esse capítulo é gigante mesmo. Não quis dividir em partes, pois tudo aí é importante pra um capítulo só. O desenvolvimento construído ao longo de 8 capítulos deve chegar a um fim digno. E estou dando ele para vocês.

    Antes de irmos para o "primeiro" fim, vamos para algumas coisas:

    Devem ter percebido que Nuito criará uma arma. Essa é a arma em questão:

    Sim, a criação da Blacksteel Sword é atribuída a Nuito nesse mundo. De certa forma, ela é fraca no geral, mas pode ser usada para acabar com qualquer coisa do Akonancore. É é a base usada para criar as armas que podem ser encantadas. Já quis explicar isso de forma prévia pro capítulo ficar ainda mais interessante.

    E eu escrevi esse capítulo escutando esses dois mixes. Sei que não é um tipo de música que agrada todo mundo, mas se quiserem dar uma imergida na coisa do mesmo jeito que eu fiz, tá aí a recomendação. Na batalha final de fato, também deixarei outras recomendações parecidas. O tipo de música é eletrônica, "Chill Trap", um mais específico porém popular. Não é como "Dubstep" no entanto.


    Enfim, espero que gostem! O capítulo é realmente grande, mas tem a vantagem de você ler até uma parte antes do início da batalha, dar uma pausa e depois retomar. Ou ler tudo de uma vez mesmo. Aí é com vocês.





    No capítulo anterior:
    Nuito cria o Aço Negro, capaz de contra-atacar o Akonancore e o Musenki. Ele pede a ajuda da líder da Academia Noodles de Magia de Edron, Morgana, para ajudar com o plano, levando o que criou para Helheim. Enquanto isso, Senzo se recusa a trabalhar em equipe e decide agir apenas com Miraya no Musenki.






    Capítulo 32 – Re:Bloodtrip
    Parte 2






    347 é o ano fatídico.


    Inúmeras discussões, reuniões e assembleias foram feitas ao longo do período de um ano, isso desde que Nuito entregou a primeira forma do Aço Negro para Morgana, que tem feito o possível para segurar as forças continentais de atacar Senzo no norte. Toda a área de Edron ao noroeste está vermelha, e essa doença sobre o solo tem avançado devagar, obrigando os acampamentos próximos a se afastarem mais e mais, algo que tem sido usado como um argumento poderoso para atacar logo o local.

    Mas o argumento de Morgana tem sido melhor: Como pararão o Akonancore de continuar infectando o chão após matar Senzo?

    Sem encontrar soluções, a situação se arrasta e piora a cada dia. Nuito, que tem ficado mais ansioso a cada mês em Cormaya, recebe vez ou outra uma visita de Morgana. Ember no começo não confiava na feiticeira, mas rapidamente ela percebeu a falta de interesse amoroso de qualquer tipo da mulher, e notou os motivos técnicos dos quais motivava ela a aparecer na casa. Ainda assim, não parece ser uma boa ideia a líder dos magos edronianos abandonar a Academia em Edron para ir para Cormaya sem motivos claros.

    Nuito também pediu para ela manter segredo, mas ela já esclareceu que não há mais como manter as coisas assim. Dessa forma, ofensivas tem acontecido vez ou outra contra o Musenki.


    Há um mês, Nuito recebeu a última visita de Morgana. Ela trouxe a caixa num espaço mágico dentro de uma bolsa, para não atrair suspeitas. A caixa, bem congelada, precisou ser aberta com um pé-de-cabra recentemente feito e com materiais decentes, para não quebrar nada lá dentro, inclusive a ferramenta. Estava verdadeiramente congelado. Helheim não decepciona.

    Feito o processo, Nuito começou a usar o Aço Negro na forja. Derretendo-o com esforço na fornalha, mais do que com ferro ou outro minério, não demorou tanto para ele finalmente conseguir forjar uma espada negra que, no dia seguinte, ficou clara de novo.

    Nuito engoliu em seco. Para saber se iria funcionar ou não, ele precisa visitar o Musenki. Mas se ele fizer a grama desaparecer, Senzo perceberá, pois ele está diretamente conectado com tudo no Musenki. Dessa forma, ele novamente pede a ajuda de Morgana para obter algum material do local, pois o medo de sua invenção não dar certo está começando a engoli-lo.

    Mas, ao invés dela aparecer, outra pessoa apareceu. Um homem velho, de vestimentas de mago, com cabelo e barba longos, um chapéu vermelho na cabeça e um robe branco. Usa um cachecol vermelho, e leva uma bolsa verde consigo, bem como um longo cajado de carvalho negro. Embora pareça totalmente com um mago, não é um.

    É apenas o inventor maluco, Spectulus.

    Nuito, que tem sempre andado com uma camisa verde e calças negras, não parece muito feliz com a escolha de Morgana em confiar em alguém notavelmente estranho, mas decide dar um voto de confiança. Ela não o trairia nessa altura do campeonato.

    Ele recebe o velho em sua casa, deixando-o no sofá com um chá de camomila. No fundo, próximo da escada para o andar acima, Ember interroga Nuito.

    — Tá bom, Ember. Se um dia minha confiança nas pessoas acabar me matando, pode você mesma atirar uma flecha na minha cabeça. É melhor você me matando do que qualquer outra pessoa.
    — O-O que diabos está dizendo? Prefere morrer pela mão da pessoa que ama?
    — Não vejo problema nisso.

    Ember acaba de perceber que Nuito falou indiretamente que a ama. Isso ainda a deixa muito sem jeito, apesar do longo ano que compartilharam juntos. Por isso, ela acaba ficando quieta.

    — Olha, veja bem — Disse Nuito, pegando as mãos da elfa — Spectulus não é lá um cara muito normal, mas ele é um dos inventores mais geniais que passaram por Edron. Se Morgana confia nele, eu confio também. E ele já se aposentou da vida de mago tem anos, eu não acredito que ele consiga matar a nós dois dentro da nossa casa.
    — Mas... Se ele já foi um mago...
    — Ele sempre será um? Não duvido, mas também não acredito que ele vai convocar um tornado de fogo sobre as nossas cabeças. Vamos ver o que ele tem a dizer, e então tiraremos as nossas conclusões.

    Ember respira fundo e concorda. Dito isso, ambos aproximam-se da sala novamente e sentam-se no sofá do outro lado, com apenas uma mesinha os separando. Spectulus, com as mãos levemente trêmulas, põe a xícara de chá junto do pires sobre a mesa.

    — Nuito Resgakr, não é? — Pergunta Spectulus, pacientemente, mas um pouco devagar. Nuito faz que sim com a cabeça — Morgana Val Gerturias me pediu para vir e trazer o que requisitava para sua invenção dar certo. E para ser honesto, estou bem curioso a respeito dela.
    — Agradeço muito, Spectulus. Você é um inventor admirável. Eu gostaria de mostrar o que criei, mas infelizmente, o tempo urge. Garanto que farei isso quando tiver o tempo necessário.
    — Oh, tudo bem, tudo bem. Inventar e criar toma muito tempo, não é? Eu entendo perfeitamente. Há alguns dias, tenho traçado planos para uma invenção minha, algo parecido com um meio de transporte eficiente. Ela tem um formato ambicioso, e pode correr por debaixo da terra ou acima do chão. É algo para deixar os yalahari babando! Há mais algumas coisas...

    Por alguns minutos, Spectulus ficou contando sobre diversas coisas que tem trabalhado, com sua voz lenta e envelhecida. Ember pensa que está sendo punida pelos deuses, mas Nuito pensa que está sendo um pouco interessante ouvir o velho. Talvez ele fosse um pouco solitário demais e não conseguisse compartilhar o que cria com alguém, mesmo que tivesse assistentes, e que aquela era uma oportunidade rara.

    Finalmente, Spectulus abre a bolsa e mostra para Nuito. Numa vista superficial, pareceriam órgãos, mas eram apenas as pedras estranhamente parecidas com carne que compõem o Musenki.

    — Teste sobre elas. Tenho certeza que você está criando algo pra parar aquela doença. Pois bem, desejo-lhe sorte.
    — Muito obrigado, Spectulus.
    — Bem, estou indo. Aproveite a chance que tem, jovem Nuito. — Disse Spectulus, levantando-se — Revolucione o mundo. Salve-o.

    Nuito assente e acompanha o inventor até a saída. Após o homem finalmente partir, Nuito olha com mais esperança para Ember. A hora está chegando.


    Após algum tempo, Nuito levou a bolsa para o quarto onde ele esteve trabalhando. Colocou as pedras sobre um balcão e pegou a espada feita de Aço Negro. Ao colocar ela sobre as pedras, não demorou mais do que dez segundos para elas voltarem a ser pedras comuns.

    Ember, que estava ao seu lado, pula em sua direção e o abraça. A cura foi finalizada.



    ~*~



    — O que diabos você quer fazer?! — Pergunta Morgana, praticamente gritando.
    — É isso. Eu preciso entrar no Musenki sozinho. Tem que convencer os Steelsoul a deixarem aquele lugar.
    — Mas nem morta! Tá pensando o quê? Você não é nenhum Astronis*pra superar tudo que tem lá sozinho!
    — Não dificulte pra mim, Morgana. Ember já concordou, então por que você concorda?
    — A sua namorada concordar em jogar você no meio do inferno não muda em nada a minha opinião, Nuito!

    A discussão acalorada frente a decisão arriscada de Nuito de entrar no Musenki ocorre no topo da torre principal da Academia Noodles de Magia, ao lado do Globo de Detecção de Magias Destrutivas**, um dos objetos mágicos de maior orgulho da academia. Há treze meses, Nuito conseguiu desenvolver o Aço Negro, e durante esse tempo, todo tipo de disputa e discussão ocorreu em Edron para atacar o Musenki. A verdade é que ninguém tinha coragem suficiente de entrar lá dentro, e Aria Ahrabaal, uma das poucas pessoas capazes de subjugar o poder de Senzo, está constantemente sendo impedida pelos edronianos.

    Nessa situação de impasse, Nuito teve uma sorte colossal pelo fato da existência do Aço Negro não ter sido revelada ainda. Apenas Morgana e Spectulus conheciam aquilo, além de Ember. Mas apenas Ember sabe como aquilo foi criado. E ainda assim, houve formas de parar tanto Morgana quanto os thaianos, ansiosos para atacar o território de Senzo, deixando até mesmo 20 navios ancorados próximo da baía que leva a região contaminada.

    O termo “Musenki”, tão equivalente a “Selva” ou “Deserto” já é popular e oficial para se referir ao bioma que Senzo supostamente criou. O assunto ainda não é popular em Tibia, mas quem vive em Edron apenas discute a respeito disso e teme que Senzo comece seu contra-ataque.

    Em meio a essa situação, Nuito quer se arriscar sozinho pelo bem de todos. É claro, ele não pensa que é um herói, ele apenas pensa em salvar o seu melhor amigo de sua própria ilusão. Mesmo que morra no processo. Além disso, de alguma forma, Ember concordou com a decisão do ex-biólogo, embora ela não acredite que vá conseguir se segurar por muito tempo.

    Nuito respira fundo. Ele está diferente naquele dia. Usa uma Armadura Cristalina, que é uma grande proteção para o peito que, mesmo um pouco pesada, o protege muito bem. Usa um capuz laranja, carrega um escudo alto com uma imagem de um dragão nele nas costas e veste calças azuladas, compradas de um mercador de Darashia, além de Botas de Velocidade. A espada que elimina Akonancore está embainhada na sua cintura. Está totalmente preparado para lutar.

    Morgana sabe que ele tem treinado muito no ano que se seguiu para combater com a voracidade, força e equilíbrio de um cavaleiro, mas ainda não confia nele. Pois, até então, ele não passava de um biólogo. Mas é simplesmente muito difícil convencê-lo.

    — Pense bem, Nuito. Não posso simplesmente chamar todos de volta e dizer que um homem sozinho vai destruir tudo de ruim que há naquele lugar. Por mais que eu seja a líder da maior organização de Edron, eles não irão se convencer.
    — Então eu tenho uma ideia melhor.

    Morgana cerra o cenho.



    ~*~



    Lá está Morgana, junto de alguns magos que trouxe da Academia, no principal acampamento formado para impedir o avanço de Senzo. Ela atraiu todos os guerreiros, magos, feiticeiros e druidas da região, bem como Aria Ahrabaal e o general de Edron, David Steelsoul.

    Ao lado de Morgana, está Nuito. Sua espada está desembainhada. A líder dos magos está visivelmente nervosa. Ela não para de pensar que aquilo é uma má ideia. Ember está observando ao longe, vestida até a cabeça de equipamentos e proteções élficas, com medo das mariposas gigantes que estão voando perto dos limites do Musenki. O acampamento originalmente foi construído a 300 metros de distância, mas agora a grama vermelha está a apenas 100 metros, junto das criaturas características da região.

    Nuito avança. Seu caminhar determinado entre as inúmeras pessoas do acampamento as deixa impressionadas. Nunca viram um guerreiro com tamanha determinação antes. Ele simplesmente não demonstrava medo. Até porque ele não tem medo do seu amigo. Na sua mão, está algo que vai acabar com todo aquele terror, e na sua mente, a maior parte da personalidade de Senzo, que conhecia muito bem.

    Quando começou a pisar na grama vermelha, os protestos começaram. Aria parecia já se preparar para ir atrás dele e impedi-lo, mas Morgana se mete na sua frente. Ambas se encaram. A tensão aumenta a níveis astronômicos.

    — Observe. — Disse Morgana, com um sorriso.

    Aria vê Nuito parado, em frente a várias mariposas e besouros enormes, com aparência esquisita. Há alguns Ordinários se aproximando. Ele levanta sua espada.

    Exori: Buster! — Grita Nuito, fazendo a espada começar a agir, com choques totalmente brancos e sombrios começando a surgir em volta da arma.

    Em pouco tempo, um estrondoso som de um estouro surge. Uma longa onda de força se inicia a partir de Nuito e se espalha para o resto do Musenki, atingindo as criaturas também. Em instantes, elas acabam voltando ao normal, e os Ordinários se transformam em simples cogumelos pequenos, caindo no chão. A grama ao redor fica verde, mas menor. As pedras também voltam ao normal.

    Mesmo o Aço Negro tem sua energia própria, que pode ser desbloqueado através de pronúncias, como as magias e habilidades comuns de um cavaleiro. Do mesmo jeito que Nuito fez.

    Todos do acampamento testemunharam aquele milagre, inclusive Aria, que há anos não esboça surpresa. Morgana e Ember sorriem, orgulhosas.

    Nuito vira-se para o acampamento, seu semblante jamais tão valente e corajoso em sua vida. As pessoas o olham com surpresa e, como esperado, esperança.

    — Daqui em diante, eu sigo sozinho! — Grita Nuito para a multidão no acampamento — Senzo é meu melhor amigo, e se ele fez isso a essa terra, se ele matou tantas pessoas, a culpa é minha, eu mereço ser punido pelo o que eu fiz! Resolverei isso por conta própria, e ninguém deve me seguir! E se pensarem em ir e se virem em problemas... — Nuito pensa um pouco melhor antes de falar isso, mas se vê sem opções — Eu os deixarei morrer!

    Protestos são audíveis ao longe. Mas muitas das pessoas no acampamento entendem o que ele quer dizer, mesmo que a ideia seja uma loucura sem tamanho. Morgana também se convence, embora não queira deixar o homem ir sozinho. Ainda assim, ele se vira e vai, sem hesitar.

    No meio de todas essas pessoas, quem mais sofre é Ember. Ela está no limite do acampamento à direita, observando ao longe Nuito partir. Sente uma dor horrível cobrindo seu peito, e uma culpa imensa em deixa-lo sozinho.

    — Você não tem culpa de nada, imbecil... — Sussurra Ember, sozinha e triste.


    Ember se lembra de algo que aconteceu há quase um ano.

    Era uma manhã. Nuito fita seu próprio rosto no espelho, com um semblante melancólico, no quarto onde dormia. Ember aparece de repente, apoiando sua cabeça sobre o ombro esquerdo dele e deixando seu braço direito sobre o ombro livre dele. Ela fita-o também, com um sorriso. Ele está usando uma regata cinza cheia de pequenos furos, e seu longo cabelo castanho-escuro está bagunçado. Acordou há pouco tempo, mas Ember já está acordada há um bom tempo.

    — Eu pareço mais acabado do que o normal. — Disse Nuito, um pouco desanimado.
    — Pra mim, você parece o mesmo de sempre.
    — Impossível. Tenho 35 anos agora. Estou envelhecendo um pouco mais rápido do que o normal, tanto que não ficaria surpreso em achar fios brancos no meu cabelo. — Disse, coçando o queixo. Está barbeado desde que chegou em Cormaya.
    — Há! 35 anos para mim não é nada.

    Ember solta-o e anda aleatoriamente pelo quarto, com as mãos nas costas. Nuito observa-a.

    — Acho que nunca te perguntei, mas quantos anos você tem?
    — 76 anos. Estou na adolescência élfica ainda.
    — Por Nornur...

    Ember abre um sorriso bem animado ao ver a reação dele, mas logo fica uma expressão triste. Parece estar lembrando-se de algo importante. Nuito acaba reparando nisso.

    — O que foi?
    — Todo esse tempo, eu queria te contar algo muito importante a respeito de eu ser uma elfa. Mas nunca tive coragem.
    — Elfos não aceitam relações com humanos?
    — Não, isso é outro assunto... — Balbucia Ember, de forma triste. Ela passa a mão sobre os longos cabelos ruivos, que estão soltos, cobrindo suas orelhas pontudas. Contrasta de forma excelente com sua túnica verde que vai até a cintura, junto de calças de mesma cor, mas bem mais escuras.

    Do ponto de vista de Nuito, mesmo que ela estivesse um pouco mal cuidada, ela está linda.

    — O que é, então?
    — Nuito... Elfos vivem muito mais do que humanos. Meu desejo mais forte é me casar com você, ter um ou dois filhos, ensiná-los milhares de coisas e brincar o quanto pudéssemos com eles... Mas eu não os assistirei enquanto envelheço contigo. Eu simplesmente assistirei você envelhecer, enquanto eu continuarei jovem. Eu verei você morrer nos meus braços. Eu... Verei meus filhos envelhecerem também... E morrerem nos meus braços também... E talvez até mesmo os netos... — Ember fraqueja a cada frase. No final, ela já está chorando, se sustentando em suas pernas por um fio. — E finalmente morrerei, pois eu sou de uma maldita família élfica de Ab’Dendriel capaz de viver até 5 séculos! Eu assistirei tantas pessoas morrendo que eu sinto vontade de tirar meu coração com as minhas próprias mãos, Nuito... Só pra não ver isso... Só para não t-testemunhar...

    Nuito respira fundo. Ele sabia que, uma hora ou outra, ela diria isso. Não conhece a família que ela pertence, mas sabe que ela teria que vê-lo morrer velho e moribundo. De certa forma, foi por isso que ele demorou tanto para corresponder aos sentimentos dela.

    Ele vai até ela e segura seu rosto com ambas as mãos. Olhar seu rosto choroso de tão perto é pior que olhar para pilhas de cadáveres. Para tentar solucionar isso, ele a beija. De forma bem diferente de quando o mesmo ocorreu em Stonehome.

    O homem finalmente para depois de quase dois minutos e afasta seu rosto. Ember está com uma expressão diferente. Suas mãos segurando forte a sua camisa pelas costas expressam bem o que ela está sentindo agora.

    — Pare de pensar no futuro. Não lembre do passado. Fique apenas no presente, pois ele é uma dádiva.

    As mãos de Nuito vão até a sua cintura e avançam delicadamente para dentro da túnica.

    — E vou te ajudar agora a se lembrar disso.



    ~*~



    Ember lembra de tudo isso com as mãos sobre a barriga e reflete sobre. Chegou muito perto de dar errado.

    Mas bem que podia ter dado errado mesmo.

    Nuito continua caminhando Musenki adentro, enquanto o dia parece ficar mais escuro conforme ele vai mais fundo. Tudo que entrou em seu caminho, ou foi destruído, ou foi curado. Ele vai em direção do lago onde tudo começou, ignorando principalmente a visão persistente de Miraya à distância.

    Ele lembra de uma doença esquisita que a própria Miraya criou: A Maldição da Mariposa é o nome dado para ela. Aparentemente, ela cria uma mutação que deixa os humanos com uma aparência próxima de uma mariposa, e nos estágios finais, patas nascem do tronco e ambas as pernas e braços caem para dar uma semelhança maior a uma mariposa, que seria o processo onde todos morrem. Ninguém sobreviveu a isso ainda. Nuito tem tomado cuidado redobrado com as mariposas por causa disso, pois elas são obviamente os transmissores.

    Levou pouco mais de vinte minutos para chegar até lá caminhando. Ele não pode correr, ou o chão se abrirá para devorá-lo, ou então os insetos e vermes ficarão mais agressivos. Cauteloso, ele para em frente ao lago, onde ele nota pouco a pouco que está sendo cercado por inúmeras criaturas do Akonancore.

    Eventualmente, Senzo aparece também. Ele caminha no meio das criaturas e para a uma boa distância. Nuito afasta-se do lago, por notar a presença de criaturas agressivas lá também.

    Eles se encaram por um longo tempo.

    — Isso acaba hoje.
    — Não, Nuito. Isso nunca vai acabar. Pois, veja bem, até então, você nunca se importou com o quão longe os alquimistas vão para cumprir seus objetivos. Pois era tudo em nome do progresso, não é? Você também concordava! Nós, alquimistas, somos movidos por nós mesmos, e não só pelo progresso, nem pela ciência. Não há nada de errado nisso, pois tudo que vier não passa de consequência.
    — Vai pro inferno. Eu nunca concordei em matar gente inocente pra cumprir objetivos.
    — Mas você admirava até mesmo aqueles que foram acusados de acabar com a vidas inocentes, não? Tipo Ferumbras.
    — Eu o admiro pelo o que ele fez enquanto não estava louco!
    — Mas ainda assim, você o admirava. É o suficiente.
    — É, Senzo. É o suficiente pra mim, também. Até porque eu não vim aqui pra negociar ou papear.
    — Última chance de se unir a mim! Nós vamos mudar o mundo juntos ou não?
    — Não.

    Senzo, que ainda conta com o mesmo visual de um ano atrás, na cabana, se entristece. Mas não o suficiente pra impedi-lo de fazer alguma coisa.

    — Que seja.

    Senzo salta em sua direção com inúmeras correntes com lâminas pontudas cercando seu corpo. Seu impulso é sustentado pela força imensa que o Akonancore lhe deu. Junto ao seu salto, ele cria um número assustador de lanças para acertar Nuito.

    Sem sair do lugar, Nuito contra-ataca.

    Exori: Buster!

    A mesma onda de choque faz as lanças desaparecerem e se choca com mais força que o normal contra Senzo, jogando-o longe. Quando ele cai no chão, ele levanta sua mão direita, criando dezenas de Inexpressivos ao redor de Nuito. Mas eles aparecem fracos e menores, devido ao chão estar gramíneo novamente e sem influência do Akonancore.

    Exori: Burst!

    Nuito carrega de eletricidade branca sua lâmina e atira ela contra um grupo de Inexpressivos a sua direita. Ela estoura, joga uma onda de choque e volta novamente para a mão de Nuito, fazendo as criaturas sumirem logo depois. Ele repete o processo várias vezes, matando em pouco tempo as criaturas ao seu redor.

    Mais mariposas gigantes e besouros vem na sua direção, mas ele mata-as com golpes de espada comuns. As bolas de carne flutuantes com olhos que voam perto do lago também avançam com velocidade estrondosa contra Nuito, mas ele simplesmente faz o mesmo que fez contra o avanço de Senzo.

    Atualmente, parece impossível atacar Nuito de frente. Ele é rápido e sua espada também, mesmo que ela leve alguns segundos para criar a onda de choque. Senzo não é tão rápido.

    O dia já é noite, embora seja pouco mais de 5 horas da tarde. Ainda assim, há muitas luzes vindo de todas as pedras e rochas ao redor. Nuito continua lutando da mesma maneira, até Senzo notar que nada que seja feito do Akonancore funciona contra ele. Isso depois de quase vinte minutos.

    Dessa forma, o alquimista avança sozinho, sem criar nada.

    — Finalmente!

    Nuito avança também, a armadura dificultando levemente seu andar. Ele não corre pelo mesmo motivo, mas precisa agir com velocidade se quiser vencer.

    Exori Gran: Buster!

    Uma onda de choque ainda maior que as de antes cobre dezenas de metros ao seu redor. A grama atingida volta a ficar verde de novo, dando espaço para ele correr. Senzo se enfurece, e avança de novo, jogando a Célula de Ferro adiante. Nuito a defende duas vezes antes de Senzo aparecer na sua frente e ambos começarem a digladiar como heróis de lendas num confronto final, ignorando qualquer relação entre si.

    Senzo eventualmente pula para trás e cria paredes de arenito aqui e ali, defendendo-se dos golpes mortais de Nuito. Senzo aproveita para criar mais e mais paredes e confundir o oponente, como se estivesse criando um labirinto. Mas ele não pode ser enganado dessa maneira.

    Buster!

    Uma gigantesca e poderosa onda de choque faz todas elas desaparecerem. Antes que Senzo pudesse recuar um pouco e ganhar espaço, ele é atingido no braço direito. Felizmente, a proteção de prata apara o golpe, e seu dono responde lançando a corrente dela em linha reta, por pouco não acertando a cabeça do guerreiro.

    Nuito agora está usando seu escudo. Com técnicas de defesa e ataque seguidas, ele torna a Célula de Ferro inútil para combater. Dessa forma, Senzo cria uma maça de prata para tentar destruir tanto o escudo quanto a armadura, mas ela desaparece ao entrar em contato com a espada de Aço Negro. Nuito chuta-o na barriga em resposta e abre um corte grotesco à direita do queixo do homem pálido.

    — Seu merda! — Vocifera Senzo, afastando-se e colocando vários Ordinários para lutar em seu lugar, mas eles são eliminados em pouco tempo — Você me apoiava! Queria que eu fosse como Ferumbras! Por que quer que eu pare agora?
    — EU NUNCA QUIS ISSO! Eu não apoio nenhuma loucura sua! — Berra com uma fúria incontrolável em resposta a Senzo, avançando novamente — Exori: Burst!

    Nuito atira sua espada contra Senzo, mas ele desvia. Ele aparece num instante em frente dele e soca seu rosto com muita força, bem onde está o corte. O guerreiro continua socando-o, acertando sua barriga, seu peito, seus olhos, suas têmporas e por fim chutando seu calcanhar. Ele atira a espada de novo como antes, mas, de alguma forma, Senzo se desfaz em Akonancore e aparece logo atrás dele. Porém, Nuito se abaixa e a espada volta, atingindo o lado direito do tórax do alquimista.

    Nuito puxa a espada num frenesi e soca seu rosto novamente. Em seguida, ele levanta ela em direção do céu.

    Unlimited Burst!

    Trovões sacodem os céus e um relâmpago atormenta até quem está a quilômetros dali. Em seguida, um raio branco como a lua desce em direção de Nuito, que dá um giro rápido e rebate o raio com a espada na direção de Senzo, bem a tempo. O golpe atinge o inimigo em cheio.

    Ele fica algum tempo sendo vítima daquele poderoso raio, até que, por algum milagre, ele consegue pegá-lo com sua mão de prata, afastá-lo e jogar sua energia contra o chão. O chão literalmente sacode, indo para cima e atirando ambos para o alto. Nuito percebe buracos surgindo do chão e dezenas de criaturas saindo de dentro dele, e do meio da onda de choque debaixo do chão, uma criatura nova surge: É literalmente um cérebro gigante, com dois olhos, um de cada lado, totalmente humanos. Há tentáculos perto da região do cerebelo, conduzindo os mesmos raios que Nuito criou. Ela lança aos céus o mesmo berro que todos tem escutado há meses naquele lugar.

    — Impossível... — Sussurra Nuito, assustado. Ele está voltando para o chão, junto com o próprio chão, e nota que será vítima daquela coisa esquisita e gigante.

    Buscando correr do destino, ele junta a espada próxima a seu corpo, e fecha os olhos. Tem mais uma habilidade criada junto com a espada para usar.

    Millenium Buster!

    Uma onda de choque ainda mais poderosa que as outras e extremamente maior começa a partir da espada de Nuito, que treme bastante. Senzo será atirado contra o chão, pressionado e provavelmente esmagado e morto se aquilo o atingir. Precisa agir a altura.

    Nuito cria sua própria onda de choque, mas essa é feita de algo igual a sangue. Ela corre em direção da onda criada pelo seu oponente, e ambas se chocam. Não demora muito para elas explodirem pelo atrito extremamente poderoso, gerando uma explosão tão poderosa que faz todo o norte de Edron tremer.

    Tremores são sentidos na cidade de Edron. A população se desespera. Todos os acampamentos se desesperam. Eles pensam que o plano não deu certo, ou que estão tendo a batalha do século logo adiante. Morgana está bastante apreensiva, e volta a pensar se deixá-lo ir sozinho foi uma boa ideia.


    Quando o pó começa a deixar a terra e é possível enxergar de novo, Nuito se vê de pé, e vê Senzo igualmente confuso. Abaixo deles, há areia. Muita areia. E existem ruínas por todos os lados.

    Eles estão no norte de Darashia, no vilarejo saqueado, de alguma forma.

    Os antigos amigos se encaram com ódio. Nuito não sabe como aquilo aconteceu, mas Senzo sabe. Ele pensou naquele lugar antes de usar quase todo o seu poder para criar uma onda de choque à altura. Nuito também usou. A espada já mostra inúmeras marcas, algumas regiões rachadas e até manchadas.

    — Não vamos conseguir lutar mais, Nuito. No próximo golpe, nossas armas se quebrarão. Sabe bem disso.
    — Eu não me importo. Continuarei até o fim.
    — Pra você, o que é o mundo correto? Pois eu estava querendo criar algo parecido, Nuito. Eu queria dar o poder de criar tudo para os humanos, para eles não sofrerem mais necessidades. Se eles precisarem comer, eles criarão sua própria comida. Se eles precisarem se entreter, eles criarão alguma coisa do tipo, seja um tabuleiro de xadrez, um baralho de cartas, até um cavalo. Se precisarem se defender, criarão armas. O que há de errado nisso, Nuito? O que há de errado em querer facilitar a vida do nosso mundo?
    — Os humanos não tem maturidade para ter poderes assim, Senzo. Esse poder é dos deuses, e eles sabem o que fazer com ele. Nós não.
    — Então... Não há trégua para nós, não é?
    — Sinto em dizer que não, amigo.

    Nuito e Senzo dão sorrisos tristes.

    Em seguida, levantam cada um as suas armas. Senzo levanta sua Célula de Ferro, e Nuito levanta sua Espada de Aço Negro. Em instantes, eles cercam-se do poder de cada um. Há muito Akonancore correndo ao redor de Senzo, e faíscas claras ao redor de Nuito. É o último choque deles.

    — Acabou! — Senzo grita, enquanto salta em alta velocidade contra ele.
    Unlimited Ico! — Nuito também salta em sua direção, coberto por raios extremamente claros.

    Ambos se chocam. O chão treme novamente. E uma explosão enorme acompanha o choque.


    Quando a poeira baixa, já é possível notar o vencedor.

    O céu de Darashia estava claro antes de chegarem ali. Quando trouxeram a explosão de Edron junto, o céu estava escuro. Já é de manhã, as horas passaram rápido, principalmente porque ambos estiveram no chão o tempo todo.

    Entretanto, Nuito consegue se levantar para encarar o que era seu amigo. Ele está de costas para o chão, sem o braço de prata, sem uma das pernas e sem um dos olhos. Há uma pequena bola de luz girando em volta do guerreiro, que perdeu o capuz, a parte direita da armadura e as asas das suas botas. Sua espada está em pedaços.

    Mas ele venceu.

    Nuito sai andando, em direção de Darashia, abandonando seu amigo. O céu ainda está escuro, mas logo ele irá se iluminar de novo. Pois é impossível que Senzo levante de novo e use seus poderes. Todo o Akonancore do seu corpo sumiu, e ele não passa de um humano normal que em breve irá morrer.


    E no fim...

    Eu nunca o superei.







    Próximo: Capítulo 32.5 – Falso Epilogo



    Notas:

    *: Astronis é uma das lendas do Tibia. Ele, em 2006, numa época em que nem havia hotkeys, solou a Annihilator e sobreviveu. Ele é um mito pra quem joga em Astera, como eu, então decidi fazer ao menos uma menção à ele.
    **: É aquele globo estranho no topo da torre central da Academia Noodles de Magia em Edron. Não sei qual é a utilidade dele, então decidi dar uma a ele.

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    Última edição por CarlosLendario; 07-02-2018 às 15:41.



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  2. #2
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    Padrão

    Para tudo.

    Nuito e Senzo, num combate violento. Quem diria que Nuito o venceria. Agora, fica o questionamento: Senzo morreu? Depois de tudo que foi capaz de fazer, depois de um vilarejo ser levado abaixo pra mantê-lo vivo, Nuito, sozinho, o teria vencido e matado? E mais: amigos brigando entre si, arrancando pedaços uns dos outros, bah. Goku vs Vegeta feelings. Nada pode ser melhor.

    O final do capítulo ficou sensacional, e criou um gatilho interessante pro próximo. Se o que você me disse pelo whats é verdade, então os próximos episódios de Blood Trip têm uma tendência de serem melhores do que nunca. Especialmente, não esperava que Senzo morresse agora; afinal, como Nigthcrawler, é um personagem presente há tanto tempo... espero que você seja capaz de mitigar isso, ou nos dar algo semelhante em troca.

    Aliás, tiradinha de sarro do dia:

    *: Astronis é uma das lendas do Tibia. Ele, em 2006, numa época em que nem havia hotkeys, solou sozinho a Annihilator e sobreviveu. Ele é um mito pra quem joga em Astera, como eu, então decidi fazer ao menos uma menção à ele.
    Rapaz, acho difícil alguém "solar" sem que seja "sozinho", certo, Carlos?

    Tô brincando. Astronis e Arieswar são os jogadores antigos mais inspiradores, sem dúvidas.

    Valeu, Carlão! Excelente capítulo, como de praxe. Aguardo pelo próximo.

    []'s
    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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  3. #3
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    Padrão Capítulo 32.5 - Falso Epílogo

    Citação Postado originalmente por Neal Caffrey Ver Post
    Para tudo.

    Nuito e Senzo, num combate violento. Quem diria que Nuito o venceria. Agora, fica o questionamento: Senzo morreu? Depois de tudo que foi capaz de fazer, depois de um vilarejo ser levado abaixo pra mantê-lo vivo, Nuito, sozinho, o teria vencido e matado? E mais: amigos brigando entre si, arrancando pedaços uns dos outros, bah. Goku vs Vegeta feelings. Nada pode ser melhor.

    O final do capítulo ficou sensacional, e criou um gatilho interessante pro próximo. Se o que você me disse pelo whats é verdade, então os próximos episódios de Blood Trip têm uma tendência de serem melhores do que nunca. Especialmente, não esperava que Senzo morresse agora; afinal, como Nigthcrawler, é um personagem presente há tanto tempo... espero que você seja capaz de mitigar isso, ou nos dar algo semelhante em troca.

    Aliás, tiradinha de sarro do dia:



    Rapaz, acho difícil alguém "solar" sem que seja "sozinho", certo, Carlos?

    Tô brincando. Astronis e Arieswar são os jogadores antigos mais inspiradores, sem dúvidas.

    Valeu, Carlão! Excelente capítulo, como de praxe. Aguardo pelo próximo.

    []'s
    Grande Neal, obrigado pelo comentário e pelos elogios.


    Cara, eu achei que essa batalha entre amigos foi mais parecida com Hashirama x Madara

    Suas dúvidas serão respondidas aqui neste capítulos. Deixei bastante mistério mesmo, até porque tem mais coisas a serem explicadas antes do gran finale, algumas podem ajudar a colocar os primeiros trilhos para a sequência, que eu infelizmente não sei quando darei início. E sim, os próximos serão excelentes, que espero que seja não só do seu agrado como de todos que estão lendo ou irão ler.

    Btw, quando escrevi isso aí eu tava tão empolgado que nem percebi já corrigi, agradeço.


    Agradeço a presença constante e que goste do capítulo!














    Atenção: Esse aqui é o epílogo da história do Senzo, mas não de Bloodtrip. Calmem aí que teremos mais alguns capítulos antes do fim, revelando tudo a respeito da Irmandade. Também irá revelar mais coisas sobre a história do Senzo.

    Espero que gostem!




    No capítulo anterior:
    Nuito forja uma espada a partir do Aço Negro, entregue em sua forma plena por Morgana. Ela funciona perfeitamente, e ele a usa para combater Senzo no Musenki, alheio aos avisos de que é loucura entrar lá sozinho. Após uma luta ferrenha contra seu amigo, ele o abandona no deserto e volta para Edron, vitorioso.





    Capítulo 32.5 – Falso Epílogo



    Nuito chegou em Edron do mesmo jeito que saiu do combate, usando o tapete mágico de Darashia. Ele caminhou no meio da cidade com a espada quebrada em mãos, atraindo todo tipo de olhar. Ele andou até o acampamento principal, passou por todos, que o encaravam com expressões ainda piores, e chegou até o Musenki. Sem olhar pros lados, nem para trás.

    Desde a noite passada que os edronianos estão procurando por Nuito e Senzo. Após a explosão, tudo que se ouviu foi silêncio. Morgana e Aria, junto do general David Steelsoul, avançaram na direção daquele lugar contaminado, e para a surpresa deles, uma grande área daquele lugar estava curada. Pouco do bioma esquisito sobrou.

    Quando Nuito apareceu, Ember, que estava junto das patrulhas, foi a primeira a notá-lo. Ela correu na sua direção e o abraçou, mas logo em seguida, ele caiu no chão junto com ela, desmaiado. Só voltou a consciência quando estava na cidade, onde na entrada, junto da maior parte do acampamento, fora consagrado o herói que destruiu Senzo e seu maligno Akonancore. A partir daí, ele foi consagrado como um herói, e as pessoas comemoraram e gritaram seu nome, aliviados e muito animados.

    Internaram o rapaz no melhor hospital da cidade para recuperá-lo o quanto antes. Ele ficou sob a vigia atenta de Ember, e passou cinco dias lá. Quando finalmente se recuperou, recebeu até mesmo sua armadura, devidamente recuperada, junto da sua espada, mas ela ficou mais como um espólio de guerra ou algo parecido, uma vez que o tipo de material que ele usou não podia ser encontrado em qualquer lugar de Tibia para recuperá-la. Afinal, é a criação de Nuito.

    Sua fama correu por Edron, atraindo a atenção até mesmo do governador, que veio até o seu quarto para conversar com ele quando este recebeu alta. Mas as questões dele foram rápidas e simples. Ele, Charles Steelsoul, e a nobreza de Thais, que assume grande influência sobre a ilha, precisa saber sobre onde Senzo está e o que aconteceu. Nuito hesitou em dizer, mas acabou explicando que Senzo usou alguma espécie de teletransporte que o levou até Darashia, onde Nuito conseguiu derrotá-lo. Fazia sentido, afinal, no dia anterior, o governador fora informado de rumores a respeito de explosões ocorrendo ao norte de Darashia graças ao mestre de tapete no topo do Centro Comercial Edroniano.

    Mas Nuito não falou se ele matou o criador do Akonancore ou não. Simplesmente falou que o derrotou. Embora todos tivessem acreditado no que Nuito disse, o governador não.

    Charles Steelsoul não era nem um pouco parecido com os governadores poderosos que já assumiram Edron no passado. Ele era medroso. Temia espíritos e coisas do tipo. E temia que Senzo retornasse para se vingar da cidade e terminar o que começou. Por isso, ele queria que Nuito fosse franco e dissesse ao menos onde ele o viu pela última vez. Nuito acabou se irritando, não contando. Era óbvio que o último lugar que o viu foi em Darashia.

    O governador irritou-se. Iniciou uma discussão com Nuito, cujo não aceitava que Charles falasse o que bem pensasse daquele que um dia foi seu amigo. As palavras daquele homem foram tão ofensivas e danosas quanto aço. E ainda estressado com tudo que lidou, ele socou o rosto de Charles, num acesso de fúria que não durou mais que dez segundos. Bastou ele olhar para Ember, logo ao lado dele, para entender o que fez.

    Nuito foi preso pelo seu ato estúpido e ofensivo. Do trono, Charles Steelsoul ordenava sua execução imediata. Mas um herói recém-criado não podia ser morto assim sem mais nem menos. Todos falavam do quão heroico Nuito fora. Então, seria mais difícil do que parece.

    No fim, Nuito acabou caindo num julgamento dentro do próprio palácio, numa grande sala reservada para discussões sobre o futuro da nação – reformada para parecer uma casa da lei. Ember assistia com muita apreensão as perguntas direcionadas ao réu, mas este simplesmente não contribuía como deveria. Ele não sabia como Senzo estava, então não há resposta clara. O julgamento se arrastava entre acusações e provas vazias. Nem as autoridades que foram para Darashia encontraram algo. Mas o governador apenas gritava “matem-no!” “executem esse infeliz!”, o que levou o julgamento a ser direcionado apenas ao ato de agressão contra seu líder e monarca.

    O resultado foi a vida na prisão. Nuito não achava tão ruim, mas sabia o que aconteceria. Ember viria salvá-lo, eles fugiriam, provavelmente a elfa mataria alguém no processo. Seriam caçados em Edron, então fugiriam para o continente ou para Yalahar. Mesmo que conseguissem viver em paz, formando uma família, eventualmente descobririam quem Nuito era, e enviariam mercenários ou caçadores de recompensa para complicar suas vidas e os obrigarem a continuar fugindo. Nuito não queria isso, pois sabe que uma hora ou outra veria Ember ou ele sendo mortos, ou até mesmo seus filhos. Seria o pior cenário possível.

    E ele não conseguiria viver por muito tempo com o pecado que cometeu. A criação do Musenki é coisa dele. Ele sabia bem disso. Então não podia manter aquilo como segredo para sempre. Dessa forma, ele inverteu totalmente o julgamento, assumindo o que fez. O resultado mudou. Todos ficaram em choque.

    A condenação de Nuito foi revogada e a decisão final foi adiada para mais algum tempo, pois o lugar virou um verdadeiro dilúvio de xingamentos, ofensas, acusações e toda e qualquer coisa que ajudasse o clima a virar um verdadeiro caos. Dois lados foram criados: Aqueles que entendiam o que Nuito fizera, que foi necessário para derrotar Senzo, e os outros que queriam que ele fosse punido por ter maculado a terra de forma que um alto número de pessoas morreram só de pisar nela, e que o que fez para curá-la não foi o suficiente.

    Ember apareceu um dia para tentar tirá-lo da prisão antes que o julgamento fosse resumido, mas Nuito foi previsível: Ele a mandou embora. Pediu para que ela fosse embora para Yalahar para criar o filho que teriam, e que vendesse o aço que criou para levantar fundos. Desejava que a gravidez desse certo para que então um gracioso meio-elfo nascesse e levasse seu legado adiante. Levou um tempo até Ember concordar com aquele absurdo, e dar adeus ao seu amado, de forma muito dolorosa.

    Após uma semana, Nuito foi condenado a morte por causa das 552 mortes causadas pelo Musenki, o bioma que ele criou, o que inspirou a criação de leis de proteção ambiental mais tarde. Apesar dele ter ajudado a curar a terra, era necessária uma punição. E Nuito a aceitou de bom grado, sendo executado dias mais tarde em praça pública, com um sorriso. Não tinha certeza se seu amigo estava salvo, mas ao menos evitou que mais mortes ocorressem. Ele se foi sabendo que salvou o mundo, mesmo que ao custo da família que formaria com Ember, e da amizade com a pessoa mais peculiar que conheceu.

    Senzo assistiu a distância com Miraya, e logo os dois sumiram tão abruptamente quanto apareceram. O alquimista, que recebeu os membros perdidos de volta graças a sua parceira, passou a viver em Darashia, nas ruínas daquele vilarejo, na sua antiga casa. Ele tentava, a todo custo, melhorar o Akonancore, mas não havia mais nada a ser feito. Um dia, entretanto, ele conseguiu algo diferente: Ele uniu a forma original do Nancore com o Akonancore, e criou algo novo. Um líquido verde, bem mais gosmento do que de costume, mas que não criava nada. Senzo nem sabia para o quê aquilo servia, então pegou tudo que criou e atirou no mar dentro de potes, irritado e frustrado.

    As coisas pioraram com o tempo. Havia sempre a necessidade de ir para a cidade pra buscar suprimentos, o que Miraya fazia, mas isso deixava Senzo paranoico, chegando perto de uma crise de pânico. Ele chegava a abraçar Miraya e se ajoelhar em frente dela quando ela voltava, tamanho o desespero que sentia. Ele não conseguia progresso. Estava estagnado, sem opções.

    Um dia, entretanto, Miraya foi para a cidade, mas não voltou. Senzo desesperou-se de tal forma que bebeu o Akonancore novamente, quase morrendo no processo, e correu para o deserto, vagando por quase um dia. Encontrou Miraya estirada no chão, numa noite, sem os braços e as pernas, pois estes se transformaram em mariposas para perseguir alguém. O mesmo alguém que enterrou uma flecha de forma certeira na cabeça dela.

    Era óbvio quem atirou a flecha.

    Senzo, irritado, até então esteve vivendo com a perna, o braço e o olho recuperados pelo poder de criação que ainda sobrou em Miraya, mas após ela morrer, estas coisas que foram criadas por ela estavam começando a perder sua força e rigidez, virando asas de mariposa pouco a pouco. Por isso, ele não tinha tempo para perder. Ele avançou até Darashia, e simplesmente começou a fazer um estardalhaço neurótico logo quando chegou no centro da cidade. Quando ele viu guardas edronianos e darashitas indo até a sua direção para calá-lo, ele criou algo que nunca criou até então: Agulhas. Ele criou mil delas, a partir do céu, e jogou sobre todos que estavam por perto.

    Ninguém sabe até hoje quantas pessoas morreram em Darashia naquele dia. Sabe-se apenas que um mago de batalha estranho, com um colar com um losango verde, surgiu da entrada sul, defendeu todas as agulhas e decapitou Senzo quando este não estava vendo. Um fim miserável para alguém que terminou miserável. Depois de ter feito algo tão revolucionário como o Nancore, aquele fim parecia totalmente deplorável para alguém como ele.

    O grupo peculiar formado no Centro das Almas de Ferro agora se resumia apenas a Ember. Ela de fato foi para Yalahar, mas não conseguiu se manter lá. Resolveu alguns assuntos após sair da cidade e sumiu. Dizem que ela pegou um barco de vela e rumou em direção ao leste, para nunca mais voltar. O destino de sua gravidez é desconhecido.

    — É... Repassando toda essa história agora que eu a falei, ela parece completamente miserável e estúpida. Uma história recheada de drama desnecessário. Horrível até o âmago. Que, por sinal, é a sua história, não é?

    “Que ridículo... E pensar que, um dia, você realmente queria me desafiar. ‘Me assista’, não é? Eu estive assistindo. E como você pode ver, você não venceu. Agora, está caído na minha frente, esperando que o seu fim não seja como acabamos de ver, não é mesmo? “

    “Você é um imbecil, um monte de lixo respirando e andando. Desde o começo, teimava em superar seu amigo, enquanto seu amigo só queria que você fosse você mesmo. Mas o que esperar de um miserável que só viveu do amor dos pais e jamais teve alguém pra chamar de melhor amigo até Nuito aparecer? O pior é você ter se relado apenas nele e em Miraya, acreditando que eles e o Nancore era tudo que precisava para ser um gênio que mudaria o mundo.”

    “Acontece que gênios não morrem decapitados. Gênios morrem de alguma doença ou algo do tipo, mas seus nomes ficam gravados na história. E o seu? Será proibida a menção pelo resto da dinastia Steelsoul, que eu duvido que acabe tão rápido. Mas isso não é o pior. É que, enquanto você se manteve com sua massinha de brincar, Nuito explorou e mapeou a maior parte de Tiquanda, encontrou inúmeras criaturas, flora e fauna inexploradas, estabeleceu um contato mais avançado com os macacos de Banuta e os lagartos de Chor, e encontrou uma via de Porto Esperança para Ankrahmun totalmente segura. Isso foi extremamente útil e conveniente para os humanos daquele continente.

    “Ele entrou pra história. Principalmente porque o mapeamento da fauna que ele fez ajudou a encontrar plantas que ajudaram a criar as poções mais avançadas até então da história de Tibia. A recentemente criada Poção do Espírito Grande* é diretamente atribuída a exploração do sul de Tiquanda, feita por ele. E pra terminar, ele ainda conseguiu criar algo pra destruir suas criações, sendo que ele nem mesmo é um alquimista. HAHAHAH! Em tantos milênios de existência, eu nunca vi alguém tão fracassado igual a você. Tanto que você nem mesmo conseguiu lutar contra Nuito direito quando viu ele destruindo cada uma das coisas criadas pelo Akonancore. Estava em choque, eu vi.”

    “Mas, contudo... Será que eu seria cruel o suficiente para não lhe dar o que você precisa, depois de tudo que passou? Ah, mas eu acho que sim. Não lhe devo nada, Senzo Saisho Damasukas. Mas você deve a mim. Parte do Nancore foi criada usando algo que me pertence. Então, você tem o dever de continuar esse legado, para a sua alegria. Ou tristeza.”

    “É isso mesmo. Eu estou lhe dando uma nova chance, Senzo. Você vai abraçar essa chance e se jogar no abismo de futilidade e desgraça que Tibia é, mais uma vez, pois é o que gente do seu tipo merece. Esse é o meu desejo, e se você falhar mais uma vez, farei questão de limpar você da própria existência, e seu espírito jamais será encontrado de novo para que você veja a luz mais uma vez. Pois não existe paraíso ou inferno para vermes como você. Você, uma cria ínfera como é, tem apenas o dever de me obedecer, se quiser ver seu sonho de domínio tibiano virando realidade.”

    “Isso. Eu lhe darei o que tanto buscava conseguir com o Akonancore. E então, você finalmente conseguirá o que quer. Mas lembre-se bem, Senzo. Sozinho, não conseguirá nada. Mas criando seguidores, você conseguirá tudo.”

    “Faça o desejo de Machina ser real. Eu sou a única coisa que você precisa, por agora.”

    — Eu não temo você. Mas farei o que quer. Pelo bem de Tibia.
    — Pelo bem de mim mesmo, então. E dessa vez, você será conhecido como Senzo Niban, e apenas isso. Trace seu caminho até o momento fatídico. Depois, eu tomarei as rédeas.
    — Posso ao menos trazer alguém de volta comigo para me ajudar? Tenho certeza que ele servirá bem para o seu... Caso.
    — Se espera trazer Nuito de volta, isso não irá acontecer.
    — É outra pessoa. Que sofreu um fim injusto.
    — Entendo...

    No meio daquele imenso vazio, aquele campo claro, branco e colossal, o miserável homem pálido, sentado no chão com dificuldade, sem uma perna e um braço, busca tirar algo do vazio. E, aparentemente, ele está conseguindo.

    — Pois bem. Vamos começar nosso plano, Senzo Niban.







    Próximo: Capítulo 32.5.5 – Monólogo







    Notas:


    *: Tradução livre para Great Spirit Potion.







    O próximo sai essa semana mesmo, fiquem ligados.



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  4. #4
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    Damn it! He's still alive!

    Um baita de um capítulo, Carlos, apesar de ter sido um pouco mais comedido e menos intenso. O desenlace da situação é interessante de se acompanhar, especialmente porque Senzo continua vivo, apesar de o destino de Miraya me parecer um pouco confuso, mais para o final. Seria a alma e o corpo dela que Senzo estaria interessado em restaurar?

    De qualquer forma, a história está tomando um rumo interessante. Que reviravolta, não? Terminamos o último capítulo crentes de que Nuito tinha matado Senzo. Agora, sabemos que Senzo continua vivo, mas Nuito está morto. Não em um combate franco, mas por um julgamento aparentemente corrupto. Espero estar errado a esse respeito, porque tiraria toda a credibilidade do tribunal. Porém, se a análise for um pouco mais ampla do que isso, certamente que teremos explicações para essa partida inesperada de Nuito, depois de vencer Senzo num combate justo.

    Sobre Ember: grávida de Nuito? Não sei se deixei algum detalhe passar em algum momento, mas não estou lembrado sobre se isso foi comentado antes. Se não, é uma excelente notícia; ainda que Nuito tenha morrido, existe uma chance de continuar a história e a linhagem a partir dali. Se sim, então, falha minha; espero não causar mal estar por causa disso.

    No mais, Carlos, toque adiante. Blood Trip está se tornando uma história e tanto. O quinto tomo de Jason Walker terá uma homenagem a ela, mas não direi de que forma. É desnecessário, já que você vai perceber, quando for postada.

    Um abraço e keep going!
    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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  5. #5
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    Padrão Capítulo 32.5.5 - Monólogo

    Citação Postado originalmente por Neal Caffrey Ver Post
    Damn it! He's still alive!

    Um baita de um capítulo, Carlos, apesar de ter sido um pouco mais comedido e menos intenso. O desenlace da situação é interessante de se acompanhar, especialmente porque Senzo continua vivo, apesar de o destino de Miraya me parecer um pouco confuso, mais para o final. Seria a alma e o corpo dela que Senzo estaria interessado em restaurar?

    De qualquer forma, a história está tomando um rumo interessante. Que reviravolta, não? Terminamos o último capítulo crentes de que Nuito tinha matado Senzo. Agora, sabemos que Senzo continua vivo, mas Nuito está morto. Não em um combate franco, mas por um julgamento aparentemente corrupto. Espero estar errado a esse respeito, porque tiraria toda a credibilidade do tribunal. Porém, se a análise for um pouco mais ampla do que isso, certamente que teremos explicações para essa partida inesperada de Nuito, depois de vencer Senzo num combate justo.

    Sobre Ember: grávida de Nuito? Não sei se deixei algum detalhe passar em algum momento, mas não estou lembrado sobre se isso foi comentado antes. Se não, é uma excelente notícia; ainda que Nuito tenha morrido, existe uma chance de continuar a história e a linhagem a partir dali. Se sim, então, falha minha; espero não causar mal estar por causa disso.

    No mais, Carlos, toque adiante. Blood Trip está se tornando uma história e tanto. O quinto tomo de Jason Walker terá uma homenagem a ela, mas não direi de que forma. É desnecessário, já que você vai perceber, quando for postada.

    Um abraço e keep going!
    Salve Neal, obrigado pelo comentário e pelos elogios.


    É bom saber que o capítulo ficou legal, ultimamente não tem sido um bom período pra ficar escrevendo, mas continuo tentando. Ainda mais porque falta pouco pra acabar.

    A verdade é que Nuito não conseguiria ir até o final e dar o último golpe no melhor amigo. Apesar dele ter causado tantos problemas, ainda era o amigo dele, e Senzo não conseguia fazer outros amigos nem se relacionar com a sociedade direito. Mas isso acabou gerando problemas, pois se ele tivesse matado Senzo - ou ao menos tivesse dito que ele estava morto - talvez o destino dele fosse diferente. Bem, foi mais algo para mostrar que tomar decisões é algo complicado, que pode te trazer muitas coisas boas ou ruins. Foi algo que Nuito percebeu enquanto estava sendo julgado, e que incentivou ele a se confessar. Se ele tivesse matado Senzo, ainda estaria vivo.

    O julgamento não era corrupto, Nuito assumiu que fudeu parte de Edron e criou aquilo pra parar Senzo, mas no fim, ele acabou usando aquilo pra ficar mais forte e matar mais pessoas, o que torna Nuito cúmplice daquela crise. Ele acabou julgado culpado mesmo sendo o salvador da crise, pois nem sempre a justiça fica do lado dos mocinhos. Btw, foi no capítulo do combate mesmo que deixei a menção da gravidez, embora de forma bem suave. Não tinha muito espaço pra incluir isso, mas eu precisava. Foi antes de Nuito se encontrar com Senzo.


    Agradeço a presença constante, cara. Tamo junto.











    Vamos voltar para o presente e dar os últimos passos para a conclusão de Bloodtrip. Esse capítulo possui um formato diferente dos outros, então espero que não incomode.


    Espero que gostem!






    No capítulo anterior:
    Nuito foi executado pela justiça de Edron, devido a sua confissão a respeito do Musenki. Antes disso, ele já era julgado por agredir o governador da ilha, e optou pela confissão para evitar que Ember tentasse salvá-lo e coisas piores acontecessem. Senzo sobreviveu e tentou evoluir o Akonancore, mas não conseguiu, e ainda perdeu Miraya para um assassinato cometido por Ember. Furioso, ele foi para Darashia e tentou matar todos que viu, mas foi morto no processo.





    Capítulo 32.5.5 – Monólogo




    É... Deve ter uns três dias que estou caminhando a esmo.

    Depois de tudo o que eu fiz, tudo o que eu vivi, eu ainda tenho medo de encará-los. Como se algo dentro de mim me impedisse de fazer isso. O pior é que eu conheço o caminho para Chaur tão bem como se fosse minha própria casa. E isso é muito estranho. Eu estou caçando eles, e não voltando pra casa. Outra coisa linda pra me ajudar nessa viagem pra comprar pão pro café da manhã é que meus olhos continuam lacrimejando. O veneno daquela aranha acabou comigo.

    Ah, mas essa caminhada tem sido boa para refletir sobre minha vida. Meu passado fodido. O próprio Dartaul me ajudou com isso antes de eu partir. Acabei dando a impressão errada pra ele, como se eu estivesse sofrendo profundamente por dentro, a ponto de eu me portar como um suicida. Porra, eu estava até chorando, quando na verdade tem anos que não choro. Mas tudo aquilo é causa do veneno. A linha tênue que me livrava do meu próprio lado ruim, do sofrimento mais profundo, dos sentimentos mais escuros, era Varmuda. Mas eu quebrei a conexão com ela. Não tenho mais minhas habilidades de regeneração. Como não tratei o veneno direito, não deve demorar mais uns dias pra eu bater as botas.

    Não que isso faça diferença. Quando eu me soltar totalmente na toca do lobo, eu não irei sobreviver pra contar a história. O que eu descobrir lá irá morrer comigo. Mas, pelo menos, esses filhos da puta nunca mais vão mexer com esse mundo.

    Mas Varmuda não parece estar muito a fim de me dar um descanso. Levando em conta o que eu fiz, provavelmente ela vai ser minha torturadora eterna por eu ter quebrado o pacto sem a consultar. Não espero menos do que isso. Ser inimigo de um demônio é a pior coisa que um humano pode fazer em Tibia. Embora exista muitas entidades, criaturas mitológicas e fantásticas, bem como mortos-vivos em Tibia, todos eles viram sujeira de bota quando comparados a um demônio. Poucos são os guerreiros capazes de matar algum. Poucos mesmo, acredite em mim. Uns oito malucos deve ser meu melhor chute, e olha que sou o melhor detetive desta merda.

    E, bem, eu não sou adorado. Mais da metade do mundo já botaram um preço pela minha cabeça. Se eu fosse contar algumas pessoas que realmente querem que eu volte, seriam umas cinco, provavelmente.

    Rachel. Ela quer que eu volte pra que eu pague minhas dívidas com ela. Houve uma vez que eu comprei todo o estoque de runas dela para dois meses pra fabricar armas com runas, mas não paguei todo o gasto até hoje. Ela me odeia por isso, mas não quer que eu morra. Senão, quem vai pagar?

    Lucius. Conheço ele há muitos anos. Sempre quis ser caçador de entidades, e quando virou um Inquisidor, ficou mais feliz que uma criança quando ganha um brinquedo novo. Mas quando eu supostamente morri lá em Vengoth, lutando contra Senzo, ele passou a viver para eliminar todos os vampiros de Yalahar e Vengoth, ficando apenas naquele distrito fodido ao lado do porto e não saindo mais de lá. Ainda é reconhecido como um Inquisidor. E quer que eu volte, pois tem grande consideração por mim. Já o salvei várias vezes.

    Palimuth. Experientes com espíritos como ele sabem dizer exatamente como você está no momento. Desde que cheguei em Yalahar, ele ficava atrás de mim, e frequentemente perguntava se eu estava bem. Ele foi o primeiro a descobrir que criei um pacto com Varmuda e que eu sabia usar a Manipulação da Alma como um poder pra lutar e também fugir. Ele tentava dominar o mesmo poder, mas ele só sabia expulsar espíritos ou exorcizá-los. Ele me ensinou algumas coisas, o que me ajudou na hora de exorcizar Bryca. Sinceramente, ele sempre me pareceu meio bicha, mas ele é gente boa. Ele quer que eu volte, mas não sei se é só por eu ser amigo dele, não. Prefiro não pensar nessas coisas.

    Lea. Ah, a Lea. Ah, a voluptuosa e farta Lea. Eu a conheci por volta de cinco anos após ter abandonado Yalahar e começado a caçar Senzo e seu grupo que anteriormente foi formado em Vengoth, mas ele desapareceu no mundo depois daquilo. Acabei indo para Carlin um dia para manter um posto lá, e então me dirigir para Ab’Dendriel. Então, veio o dia onde eu a conheci por acidente.

    Eu não estava prestando atenção em onde eu estava. Sinceramente, eu devia estar meio louco, sob efeito de substâncias criadas por dworcs ou lagartos de Chor, pois eu estava no telhado do prédio onde fica a Guilda dos Feiticeiros de Carlin. Estava sentando, observando os movimentos de alguém suspeito, disfarçado entre os cidadãos da cidade, e decidi me levantar e ir atrás dele. Então, o chão debaixo de mim quebrou e eu me espatifei no chão. Era óbvio que não foi um acidente, alguém usou uma explosão exatamente onde eu estava, então me preparei pro combate logo ao levantar. Mas o que eu vi me tirou o chão mais do que aquela queda do telhado.

    Lea sempre foi espetacular, honestamente. Quando a vi logo adiante, ao lado de sua mesa, com uma das mãos na boca, segurando-se para não rir, eu não consegui reagir. Até sua voz era linda. Era como se eu estivesse me apaixonando de novo.

    Então, como de costume, matei esses sentimentos antes deles se desenvolverem. É uma das habilidades que Varmuda me deu.

    Mas não tive como não gostar dela, infelizmente. Os sentimentos voltavam o tempo todo. Ah, maldita seja a volumosa Lea, pois aquela mulher não sentia medo de mim nem por um instante. Ela me ajudou por um longo tempo, e sempre que eu voltava para Carlin, ela me oferecia ajuda. Até que começamos um caso. Na época, ela tinha um aluno, e ele devia querer fazer o mesmo que eu consegui fazer, mas como era só um jovem com menos de vinte anos... Heh, otário. Cheguei primeiro.

    É, e por isso Alayen guarda rancor de mim até hoje. Sou cuzão demais, por Uman. Opa, eu sou ateu. Então, é... Por mim mesmo, então. Não preciso ser modesto enquanto estou tendo um monólogo.

    Enfim... Lea deve estar a minha espera, certamente. Ela sempre ficou triste quando eu ia embora, pois não sabia se eu ia voltar ou não. Alayen torcia pra que eu morresse até o momento em que passamos a ter algumas conversas e passamos a nos entender melhor, e ele até desenvolveu alguma intimidade comigo. É por isso que ele me chama de tio. Bom, no fim, eu acabei parando de visitá-la tem quatro anos, por isso que ela ficou irritada quando voltei, naquele dia, há talvez um mês atrás. Tanta coisa aconteceu nesse curto tempo que estou até confuso. Mas, sim, se eu voltar vivo, certamente irei visitá-la. Eu simplesmente não posso dispensar aquele mulherão. E só fiz isso quando voltei pra Carlin naquela vez por motivos óbvios.

    Não sei se vou voltar mesmo.

    E Trevor. O modo que nos conhecemos foi engraçado, pra não dizer humilhante. Já tem um ano e uns meses. Me escondi na torre dos mágicos, vazia no dia, que fica ao lado do Monte Sternum, e no caminho para a Ponte Anã, em direção de Kazordoon. Estava sendo perseguido por autoridades thaianas tinha um bom tempo. Não sei o que Trevor fez até hoje, mas ele conseguiu fazer vários arqueiros se esgueirarem pela montanha dos ciclopes para chegar até o andar que ficava alinhado a onde eu estava. Os outros soldados cercaram a torre, e muitos outros a subiram num processo que parece ter tomado quase uma hora. A única coisa que ouvi foi um ranger de ferro, que me fez acordar, mas para a minha surpresa, eu já estava cercado pelos soldados de Trevor.

    Ele não é nada menos do que genial entre os cães thaianos. Quando ele apareceu me levando para a prisão de Thais, ele foi consagrado como um dos melhores agentes que a capital e o reino dispunha. A notícia se espalhou até para as colônias. “Trevor Van Aknimathas prendeu Nightcrawler, detetive misterioso que cometeu inúmeros crimes contra a coroa”. Porra, que piada de mau gosto.

    Ele obviamente ganhou uma promoção. Foi de um sargento para Capitão de Guarda, e com um pé na posição de Major, pois não ia demorar pra ele ser promovido de novo se continuasse sendo tão bom no comando. E eu realmente não tinha muito o que fazer na época que fui preso para escapar dele, pois meus poderes estavam em desordem. Estava interessado em ficar por ali pra recolher informações, também.

    Fiquei um mês na cadeia. Então, um dia, Trevor surgiu, interessado em saber o que eu fazia. A contragosto, decidi falar um pouco sobre, mas ao invés dele tirar sarro de mim, ele pediu para que eu continuasse. E bem, eu só continuei, pois trata-se de alguém que me capturou. Merece respeito, ao menos. No final, ele pareceu tenso e com um medo visível, mas simplesmente disse que eu era um homem corajoso e que me ajudaria de alguma forma. O problema é que ele não pode me ajudar. Pedir para me soltar só pra capturar um suposto grupo de gente que estaria por trás de inúmeros massacres do mundo parecia loucura. De certa forma, os thaianos acreditavam na existência da Irmandade. Mas ignoravam por medo. O que fariam se conseguissem encontrá-los? Levando em conta que mataram tanta gente, como colocariam a lâmina em suas gargantas, se ela nem tem efeito?

    E nem mesmo eu reuni informações o suficiente nos mais de dez anos em que estive no rastro deles. O que garante que os thaianos conseguirão? No fim, me soltar ou não nem faria diferença, mas eles preferem me manter lá porque eu realmente cometi crimes. Não ligava, eu realmente precisava de tempo pra me recobrar. Mas o perigo da Irmandade me atacar enquanto eu estivesse ali era muito, mas muito alto. Não era uma boa situação.

    No fim, um dia, no meio da noite, Trevor abriu minha cela e mandou segui-lo. Acabei fazendo isso, pois, se eu quisesse fugir, precisava traçar um rumo mais detalhado, e fazer isso fora da cela. Mas o que ele fez não estava nos meus planos: Ele me deu um disfarce, me levou para perto de Greenshore e me falou para continuar fugindo. Disse que queria ajudar, e aquela era a ajuda inicial dele. Não falou nada depois disso, apenas voltou para a capital.

    No dia seguinte, soube por um fazendeiro do vilarejo das novas. Já soltaram a noticia que eu tinha fugido, e que Trevor ficou na minha cola, mas me perdeu no norte da capital. Por isso, ele foi rebaixado para Tenente de Guarda, pois a razão dele ter sido promovido foi por causa da minha captura. E havia suspeitas de que ele não estava atrás de mim, e sim me ajudando. Buscando evitar esses rumores de prejudicarem a imagem das Guarnições, ele foi simplesmente rebaixado.

    Trevor apareceu pouco tempo depois em Greenshore, quando eu me escondi numa casa abandonada. Então, eu percebi. Ele entregou sua chance de continuar subindo profissionalmente entre os militares de Thais pra me ajudar. E de bom grado. Nunca conheci alguém como ele. Passei a confiar no homem, que tinha alguns 43 anos e muita merda no passado.

    Ele me contou sobre o seu passado tempos depois, enquanto ainda se acostumava com minhas exigências. O cara era realmente filho de aristocratas, como eu brincava de vez em quando. Afinal, quem tem “Van” ou qualquer merda do tipo no nome provavelmente é riquinho. E ele era, mas, como descreveu, era um garoto muito mais imerso em lutar e virar um aventureiro.

    Seus parentes não concordavam. Um filho de aristocratas e diplomatas virando aventureiro e vivendo nas piores condições apenas pra caçar aventura e exploração? Era ridículo, na visão deles. Mas ele tinha um incentivo vindo de sua mãe, que apoiava que ele corresse atrás dos seus sonhos, e também de um tio dele. Mas o restante não gostava da ideia. Porém, ele não tava nem aí: Podia ter 15 anos, mas nada do tipo iria derrubá-lo. Ele continuou treinando, dia após dia, e mostrando uma habilidade sem igual, como a de um herói de lendas antigas. Ele realmente tinha uma destreza sensacional segundo as pessoas que o conheceram na época, um dom genioso com a espada.

    Então, um dia, parece que seu sonho de aventureiro foi por agua abaixo. Um grande evento abalou a Baía da Liberdade, lugar onde ele nasceu e foi criado. Uma grande invasão de piratas ocorreu, dezenas de navios cercando a cidade. Uma infestação de piratas vieram em pouco tempo, e os soldados mal estavam preparados. A defesa dos distritos da cidade foi feita quase que na base da guerrilha, pois eram piratas demais, e eles precisavam usar ideias mais eficientes pra vencer.

    Detalhe interessante: Os piratas já tinham pólvora e possuíam canhões enormes nos seus navios, de alguma forma. Além de portarem garruchas e bacamartes que não eram lá tão bons, mas úteis. Esses montes de piratas bombardearam a cidade por uma hora antes de virem todos juntos atacá-la, e antes disso, eles mataram mais pessoas ainda com os tiros de canhão. As bolas de ferro foram longe, e atingiram até as mansões no distrito norte e no leste.

    Uma delas atingiu a mansão onde Trevor vivia. Foi bem rápido. Ele foi até um corredor da casa e achou sua mãe com uma serviçal, correndo. No momento seguinte, a parede estourou logo ao lado dela, e alguns segundos depois, ele viu o corpo da mãe no chão. Tudo tava lá, menos a cabeça, que explodiu em mil pedaços. A bala do canhão estava coberta de sangue. A serviçal não foi atingida, mas desmaiou ao ver como sua patroa estava.

    Trevor ficou entre catatônico e furioso. Ele foi até sua sala de treino, pegou sua espada e correu para a entrada da mansão. Antes disso, seu pai e sua irmã tentaram impedi-lo, mas não conseguiram. Ele avançou como um cão até a cidade, armado e nem um pouco preocupado se iria morrer ou não; Apenas queria levar uns piratas consigo. Parece comigo nos meus tempos de glória. Heh.

    A batalha durou até o amanhecer do dia seguinte. No meio da madrugada, a elite do exército retornou antes do distrito ao norte, o último da cidade, ser invadido. Muitos deles estavam em missão ao redor de Nargor e de Sabrehaven, bem como em Porto Esperança, mas quando voltaram, os piratas nem se preocuparam em continuar lutando como antes. Seus saques e violência acabaram rápido. Eles voltaram para seus navios com tudo que conseguiram e abandonaram a cidade.

    Muitos soldados comemoraram, mas os membros da elite e outros soldados mais conscientes evitaram comemorações, e se apressaram em checar o estado da cidade, ver a quantidade de mortos. Eles encontraram Trevor, mas ele não estava no chão, e sim de pé. Ele fitava os navios indo embora ao longe com um olhar vazio e destruído. Parecia morto por dentro. E ainda estava coberto de sangue.

    O general que o encontrou, parte da elite, olhou-o mais de perto, tomando cuidado com seus movimentos inumanos. Seu corpo estava torcido para o lado, encarando parte do céu, e parte do mar. Na sua mão, um sabre danificado. Sua espada foi colocada de volta na bainha, para preservá-la, nos seus últimos instantes de consciência. E nenhum – Repito – Nenhum ferimento. Todo o sangue nele era dos piratas. Ele matou tantos que até hoje não existe número correto. Sabe-se que, depois daquele dia, ele entrou no exército, formou-se rápido e logo estava dentre as fileiras da Baía da Liberdade, ignorando avisos de familiares e até mesmo o poder e influência de sua família. Ele entrou por conta própria. Sem ajuda.

    Suas primeiras três missões foram simples. Os soldados sabiam que ele era um cão desalmado e sedento por piratas. Então, quando eles rastreavam os piratas nas ilhas ao redor, eles lançavam Trevor na sua direção com a melhor espada que tinham. Quando ele finalmente foi atingido por um bacamarte próximo da cintura, no lado direito, ele se acalmou e ficou mais realista, e esse tipo de estratégia não dava mais certo. Com isso, ele passou a ser mais estratégico. Em cinco anos, já era major. Isso porque ele era genial quando se tratava de caçar piratas e rebeldes. Nargor ficou com o cu na mão. O nome do cara já era mais temido que o de deus. Quando eu crescer, quero ser que nem ele.

    Ele se tornou comandante com 25 anos e quase comandante-em-chefe. Suas táticas eram geniais. Ele sabia melhor do que ninguém como os piratas se comportavam, ganhando o nome de “Ceifador do Rum”. Ele ficou conhecido assim quando conseguiu botar fogo num navio inteiro atirando numa garrafa de rum com um arco e uma flecha flamejante.

    Por que ele desistiu de tudo que é a questão principal. Mas ele explicou: Logo o seu ódio passou, e ele precisava de novos ares. Então ele foi para Thais. Perdeu seus cargos pois uma transferência de uma colônia para o reino não era bem aceita e geralmente era mais fácil conseguir um cargo nas colônias do que no reino em si. Trevor passou seus anos seguintes trabalhando para o exército, depois para a Guarnição. Suas habilidades diminuíram de forma significante. Não tem pirata em Thais, afinal de contas.

    Ele ficou um bom tempo como Cabo, e então como Tenente de Guarda, até me capturar. Perdeu os dois cargos que conseguiu, e os recuperou quando a Irmandade nos atacou em Thais e ele os segurou sozinho. Eu sabia que podia confiar nele, pois ao longo do tempo em que trabalhamos juntos, ele nunca mostrou sinais de que iria me trair. Confio nele, mas não totalmente. E eu também sei que ele espera que eu volte. Trevor é uma das pessoas que mais se entristece com o fardo que coloquei sobre mim mesmo, e espera que ele acabe.

    Ele acabará, Trevor. Assim que eu colocar Chaur no chão.

    Não estou mais no meu ápice, e não tenho a mesma habilidade que tinha quando matava demônios atrás de demônios em Yalahar, há décadas.

    Mas sou mais que o suficiente pra acabar com uma cambada de ninjas fedendo a sangue.

    Eu já matei mais de duzentos demônios, caralho. Um filho da puta de vermelho jogando sangue em mim nunca será o suficiente pra me parar. Por isso, se prepare, Senzo e companhia.


    Eu estou chegando.








    Próximo: Capítulo 33 – Dilúvio




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  6. #6
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    Para dar início, deem uma olhada nessa ilustração feita pelo Showman (E que eu intensifiquei as cores, pode me socar depois)
    Que nada, o importante era passar a ideia, a partir daí vc que decide o que faz com o desenho, se quisesse poderia botar até os personagens de lingerie nayrnyarnyar. No mais boa sorte com a história (Y)
    (OuO)

  7. #7
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    Que final de capítulo. Céus.

    Nigthcrawler, como não economizo em dizer, é um dos personagens mais impressionantes com que já tive contato. A força que ele demonstra e a aparente calma diante de certos desafios somente o tornam uma figura ainda mais peculiar. As reflexões de Suzio ao encarar seu eu também foram um alto ponto do capítulo e, embora ele discorde, considero-o o maior detetive de Tibia. Sensacional, como sempre.

    No mais, mais um capítulo que finda com um combate pela metade. Isso é importantíssimo pra que as atenções estejam voltadas pro próximo. É evidente que Bloodtrip é uma história que chama a atenção por si só, mas, verdade seja dita, as cenas em excesso enriquecem a história em seu nascituro. E a representação do @Showman do Nightcrawler, rapaz. Já tinha tido a oportunidade de comentar sobre ela contigo oportunamente e, embora não tenha sido exatamente uma surpresa, continuou sendo uma ilustração muito, mas muito legal. Deve ser a mesma sensação que J. K. Rowling teve quando viu sua série de 7 tomos se transformar em 8 filmes, ou quando J. R. R. Tolkien viu o que foram capazes de fazer com sua série de volumes.

    Sensacional o seu trabalho até agora como de praxe, Carlos. Prossiga nesse caminho que ele só tem um destino.

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    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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  8. #8
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    Padrão Capítulo 34 - Fatal

    Citação Postado originalmente por Showman Ver Post
    Que nada, o importante era passar a ideia, a partir daí vc que decide o que faz com o desenho, se quisesse poderia botar até os personagens de lingerie nayrnyarnyar. No mais boa sorte com a história (Y)
    Boa Wrath, disse isso pois tem muitos desenhistas que se incomodam quando suas obras são alteradas, então fiquei um pouco receoso de fazer o que eu fiz (Apesar de não ter mudado tanto o que você mandou de início).

    Mais uma vez, muito obrigado pelo desenho, cara. Ele tá realmente excelente.

    Citação Postado originalmente por Neal Caffrey Ver Post
    Que final de capítulo. Céus.

    Nigthcrawler, como não economizo em dizer, é um dos personagens mais impressionantes com que já tive contato. A força que ele demonstra e a aparente calma diante de certos desafios somente o tornam uma figura ainda mais peculiar. As reflexões de Suzio ao encarar seu eu também foram um alto ponto do capítulo e, embora ele discorde, considero-o o maior detetive de Tibia. Sensacional, como sempre.

    No mais, mais um capítulo que finda com um combate pela metade. Isso é importantíssimo pra que as atenções estejam voltadas pro próximo. É evidente que Bloodtrip é uma história que chama a atenção por si só, mas, verdade seja dita, as cenas em excesso enriquecem a história em seu nascituro. E a representação do @Showman do Nightcrawler, rapaz. Já tinha tido a oportunidade de comentar sobre ela contigo oportunamente e, embora não tenha sido exatamente uma surpresa, continuou sendo uma ilustração muito, mas muito legal. Deve ser a mesma sensação que J. K. Rowling teve quando viu sua série de 7 tomos se transformar em 8 filmes, ou quando J. R. R. Tolkien viu o que foram capazes de fazer com sua série de volumes.

    Sensacional o seu trabalho até agora como de praxe, Carlos. Prossiga nesse caminho que ele só tem um destino.

    []'s
    Opa Neal, obrigado pelo comentário e pelos elogios.

    Nightcrawler brilhará muito nesse final, para o seu alento. Isso eu garanto. E, originalmente, eu não ia colocar essas reflexões, mas foi algo que me surgiu enquanto escutava alguns dos mixes que deixei no capítulo da luta entre Nuito e Senzo. Ele simplesmente entrar em Chaur e matar todo mundo me parecia muito seco.

    E sim, Wrath fez um ótimo trabalho, mas não me senti exatamente como Rowling ou Tolkien; Talvez parecido com como quando algum fã fez uma reprodução artistica de algo dentro da obra de ambos. Mas ainda assim, é uma ótima sensação.

    Espero que esse capítulo te agrade, pois pra mim, foi um ótimo trabalho.













    E aí, vamos ao penúltimo capítulo de Bloodtrip?

    Para quem curtir ou não se incomodar com eletrônica ou dubstep, eu recomendo escutar algumas das músicas do Dex Arson enquanto a luta estiver no seu ápice, o que dura boa parte do capítulo, e recomendo fortemente essas duas pro início da luta, pois são as que usei para escrever.


    Espero que gostem do capítulo! Essa será a última semana de Bloodtrip!





    No capítulo anterior:
    Nightcrawler aceita seu lado ruim antes de entrar em Chaur, o que lança uma grande massa de poder aos céus forte o suficiente para atrair a atenção da Irmandade. Dessa forma, ele consegue entrar na cidade e chegar até a catedral onde eles se organizam. Lá, ele acaba com a maioria dos Sangues antes de se encontrar e começar a lutar com Soulslayer.





    Capítulo 34 – Fatal



    A morte aguarda as criaturas mais bondosas e as mais nefastas, dando-lhes uma punição na mesma medida: Um descanso.

    O jovem moreno de olhos escuros observa o deserto logo além das fronteiras da cidade de Darashia. Logo, um jovem, com padrões um pouco pálidos de pele para os darashitas, surge por trás de um edifício. Eles estão logo ao lado da torre de vespas e abelhas, de onde vem outra grande fonte de riqueza para Darashia: O mel.

    O moreno está com uma expressão agridoce – um pouco preocupado, e um pouco animado –, tão distraído que nem perceberia se um ladrão batesse seus bolsos. Não que ele tivesse algo neles, já que não passa de um jovem com vestimentas puídas, sujo de areia, fácil de ser ignorado. Já o outro parece melhor cuidado e limpo. Está de bermudas verdes e uma regata branca e folgada. O moreno usa bermudas brancas e um único colete bege e sujo.

    — Ei, Suzio! O que faz aí? É perigoso! — Questiona o rapaz branco, de dez anos, assim como Suzio.
    — Ontem... Ontem, eu vi ela. Aquela criatura gigante, de olhos alaranjados.
    — Você viu... O Nightcrawler?
    — Sim... Ele olhou pra mim e voltou pro chão. E não voltou mais.
    — Eu não acredito! Você será alvo dele na próxima vez... Suzio... Você não pode morrer tão cedo!

    Suzio virou-se para Senzo e abriu um sorriso sorrateiro.

    — Não esquenta, Senzo. Meus pais me deixaram a mercê dos vizinhos doidos que eu tenho e eu não morri até agora. Não vai ser uma lacraia gigante que vai me matar agora. E se eu continuar vivo, vou tomar o nome dessa criatura pra mim, pode apostar!

    Senzo parece preocupado, mas ri da frase de Suzio. Ria muitas vezes dele sempre que o encontrava.

    — Tudo bem. Vamos embora de Darashia logo, então.
    — Vamos!


    Queria que essa época tivesse durado mais tempo.

    Pra eu não me matar dessa maneira estúpida só por sua causa, Senzo.



    O choque das armas de ambos sacode todo o salão da catedral. As armas de Nightcrawler evaporam ao contato, então ele se vê obrigado a tomar outra decisão rápida para contra-atacar os punhais vorazes de Soulslayer.

    Ele enche ambos os braços de sua energia demoníaca mais uma vez e aplica vários jabs seguidos no oponente, mas ele desvia de todos. No último, ele desaparece em sangue e aparece logo atrás de Nightcrawler, dando-lhe um chute reto na ponta final de sua espinha, fazendo ele se curvar e morder a própria língua tamanha a força do chute. Jogado para a frente, ele aproveita que está indo direto para o chão para entrar dentro dele antes que Soulslayer tente algo, mas ele é mais rápido. Ele atira seu punhal, ligado com uma corda quase transparente, e acerta a arma no sobretudo do inimigo, puxando-o em seguida.

    Para o azar do detetive, sua vestimenta é mais resistente que o normal, e ele é puxado para trás pela força colossal de Soulslayer. Ele força sua entrada contra o chão tocando ambos os pés nele, e tem sucesso; Ele reaparece logo atrás de Soulslayer, mas este já estava preparado previamente, e usa um chute cavalar – do mesmo tipo que Nightcrawler usou antes – forte o suficiente para atirá-lo contra o ar. Em pouco tempo, dezenas de agulhas surgem ao lado de Soulslayer e correm em alta velocidade atrás de seu alvo. O homem só tem tempo de proteger o torso para cima, e criar uma proteção superficial para as pernas. No último segundo, ele ainda consegue tempo para uma última proteção.

    Utamo Vita!

    Ninguém nunca o colocou sobre tanta pressão antes. A situação está exatamente como na primeira vez em que ambos se enfrentaram.

    Nightcrawler se impulsiona com energia psíquica contra a parede do salão logo atrás dele, e reaparece no lado esquerdo de Soulslayer, chutando a lateral de seu torso. Ele retorna aos jabs logo ao chegar perto dele, mas mais uma vez seu oponente desvia com facilidade. O detetive aplica uma diferença para os golpes, invocando fogo do chão logo onde Soulslayer está pisando, a cada golpe, sem pronuncias. Quando seu oponente ameaça desaparecer, ele envolve-o com seus braços demoníacos, que crescem livremente de tamanho o suficiente para funcionarem como cordas.

    O detetive arde em chamas por conta própria, fazendo o oponente avermelhado gritar de dor. Ele só para quando Soulslayer faz surgir mais um pulsante na mão direita e o explode na própria mão, obrigando-o a recuar. Logo em seguida, dezenas de agulhas o precedem, mas ele tem sucesso em entrar no chão.

    Mas, para a sua surpresa, ele acaba surgindo no mesmo lugar em que estava.

    As agulhas o acertam e o perfuram, mas ele consegue segurar a maioria com a proteção do espírito de Varmuda. Parado, ele atrai Soulslayer, que faz mais um punhal surgir em sua mão. Ao chegar perto, ele é surpreendido por um espírito que sai do corpo de Nightcrawler e agarra seu pescoço com a própria mão. Nightcrawler surge por trás dele e dá um dos socos mais fortes que já deu em sua vida no queixo de Senzo, lançando-o no ar.

    Mas ele não será derrotado dessa maneira. Um dos portais roxos, com um círculo e um hexagrama cobertos de símbolos em tenrajiinês que ele criou em Yalahar, surge na direção de onde ele estava indo, e o portal o atira de volta contra o chão. Ele quica ao se chocar contra o chão, e usa esse impulso para ficar de pé e se atirar como um míssil na direção do detetive. Logo, o detetive percebe que todo o chão ao seu redor está roxo, com o mesmo formato do portal anterior, que provavelmente o cobrirá de agulhas em breve.

    Ficar no chão será a sua morte, ir para o chão também será. Ficar parado também. É uma situação digna para um detetive como ele resolver.

    Ele leva todo o seu poder de uma vez para a perna direita e dá um chute imensamente poderoso para cima, acertando Soulslayer antes que ele o alcançasse. Mais uma vez atirado para cima, mas alheio ao dano físico, ele usa a tática do portal mais uma vez.

    Não é possível que alguém com tanta experiência de combate usaria a mesma tática mais de uma vez...Pensa Nightcrawler, enquanto observa a formação do portal roxo.

    Nightcrawler prevê seu próximo movimento. Ele salta para trás, mas percebe que o portal trouxe o inimigo logo para onde Nightcrawler saltou. Hora de um golpe arriscado.

    Um espírito semelhante ao que o protege agora soca as costas de Nightcrawler, mas seu soco a atravessa. A mão do espírito se transforma em várias facas, lançadas na direção de Soulslayer enquanto este vem em alta velocidade na sua direção. O detetive junta as mãos.

    Consumationnem!

    Uma explosão gigante surge em seguida, por pouco não pegando Nightcrawler também, graças ao seu controle sobre o fogo. Direcionada para cima, ela faz o inimigo sumir no meio do fogo, e atirar o homem em dúvidas. Mas quando ele cai no chão sem sentir nada o perfurando, ele sabe que sua aposta deu certo: Ele lançou aquela explosão para que a área roxa diminuísse. Onde ele caiu é justamente um lugar seguro.

    Não demora muito para Soulslayer surgir, na outra ponta do salão. Nightcrawler se levanta também, e o encara.

    Ambos ficam em silencio por alguns segundos antes de se atirarem um contra o outro na mesma velocidade insana de antes.

    Facas na mão do detetive, punhais brancos na do assassino, ambos se chocam novamente e sacodem a estrutura, que já apresenta sinais de que não vai aguentar mais outro choque daqueles. Em seguida, vem uma troca de golpes surreal, numa velocidade quase impossível de se acompanhar. Facadas, chutes, o espírito de Varmuda interferindo algum golpe ou o sangue de Soulslayer criando proteções e escudos para si, tudo surge para completar aquele combate entre dois deuses de um mundo próprio criado por eles.

    Ambos se afastam por um instante. Nightcrawler gira e atira quase todas as facas que possui em alta velocidade. Soulslayer atira agulhas de vários tamanhos.

    Tumultuantuem!

    Explosões de fogo e sangue se convergem e se misturam numa dança sincronizada e coreografada engenhosamente. Não há descanso. Sempre que elas surgem, ambos se chocam novamente para uma nova troca de golpes. É uma verdadeira dança sem fim, um show exclusivo para aqueles que trilharam caminhos que os fizeram abandonar a própria humanidade.

    Sarutevo assiste pacientemente junto de outros seis Sangues que sobraram. Não há dúvidas de que aquilo era muito esperado. Era melhor que eles tivessem lutado desde o começo; Ainda seria um espetáculo sem igual. E muito provavelmente Nightcrawler acabaria com todos também, da mesma maneira.

    Entretanto, o detetive já está escondendo qualquer sinal de cansaço há algum tempo. Aquilo está desgastando ele demais, e seu corpo se esforça para não perder a velocidade, assim como sua alma. Soulslayer é forte demais, e mesmo que ele soubesse disso, ele preferiu vir sozinho. Mesmo que Sarutevo acabe com sua raça no fim e seus esforços sejam em vão, ele quis que fosse assim. Não quer que mais ninguém morra. Essa luta desgastante é a forma dele se redimir pelos seus pecados, pelas pessoas que morreram por sua culpa. Então, pouco importa o resultado final para ele.

    Eles recuam novamente. Soulslayer nem parece estar cansado, mas o chão coberto pelos portais dele já recuou bastante. Seus movimentos perderam levemente a velocidade. Isso significa que ele possui um limite.

    O avermelhado corre na sua direção em alta velocidade, mais uma vez. E dessa vez, Nightcrawler faz o mesmo, mas antes mesmo deles ficarem a alguns passos um do outro, ele para com o pé direito, concentra mais energia na mão direita e soca Soulslayer. Dessa vez, o golpe acerta seu inimigo, atirando-o para o outro lado, num choque feroz.

    Soulslayer sente o golpe, mas ao invés de demonstrar dor, ele faz um sorriso surgir em sua máscara acompanhado de olhos saltitantes e animados. Ele volta a correr, mas desaparece em sangue no meio do caminho. Nightcrawler se vê cercado de longas lanças feitas de sangue logo em seguida, mas vê uma solução simples para escapar, e uma oportunidade.

    Ele pula, fazendo as lanças se chocarem. Em seguida, Soulslayer surge do meio do choque e tenta atirar algo contra o detetive, mas ele faz uma das suas chakrams cair de seu sobretudo e acertar a cabeça de Senzo. Ele junta as mãos outra vez.

    Motum!

    Dezenas de runas esverdeadas surgem e cobrem seu rosto, e em pouco tempo, todo o seu torso. É a chance perfeita.

    A alma de Nightcrawler arde em fúria e dor. Em troca, o poder dele cresce grandemente, cobrindo-o de um brilho alaranjado. O laranja de seus olhos fica mais forte e mais intenso.

    — A primeira e a última habilidade criada por mim usando Varmuda! Bu’Koros!

    Nightcrawler cria várias cópias suas, que se espalham e começam a acertar Soulslayer com facas. Inúmeros golpes seguidos são dados contra Senzo, sem que ele consiga reagir. Sua cobertura de manequim se destrói aos poucos, sua roupa é reduzida a frangalhos. Não há como se defender dos golpes nem dos clones, que surgem e desaparecem em menos de um segundo. A paralisia não dá nenhum sinal de que vai parar. É a pior situação possível para um dos Sangues mais poderosos da Irmandade.

    Após vinte segundos de golpes incessáveis, os clones recuam. Eles deixam um rastro alaranjado e brilhante pra trás. Num segundo, um círculo tão brilhante quanto os rastros se forma, conectando cada clone, que erguem em suas mãos algo semelhante à pistola que Nightcrawler deu para Dartaul.

    Todos atiram ao mesmo tempo. Os tiros destroem toda a proteção de Soulslayer na região do torso e perfuram seu corpo pálido. É o fim.

    Os clones desaparecem, e Nightcrawler finalmente demonstra seu cansaço. Ele anda ofegando até Soulslayer, que ainda se mantém de pé, mas a um fio de cair no chão. Sua máscara se quebrou e seu capuz sumiu. Ele está sorrindo.

    Suzio vai até a sua frente.

    — Já sabíamos o final dessa história.
    — É... A-Acho que sim. — Responde com esforço Senzo, melancólico e conformado.

    Nightcrawler preenche seu braço direito do poder de Varmuda mais uma vez e enfia sua mão no peito de Soulslayer. Dali, ele consegue envolver sua mão em seu coração, e ao fazê-lo, arranca-o para fora com força, contudo, com leve cautela para não destruí-lo.

    Ele levanta o coração adiante dos olhos chocados e irritados de Senzo, mostrando algo que só podia ser visto uma única vez na vida.

    — Adeus, velho amigo.

    Nightcrawler explode o coração de Soulslayer com a própria mão, atirando sangue para todos os lados. Ele cai no chão, sem vida. Suzio mostra indiferença para a sujeira sobre sua roupa e sua máscara. Respira fundo, tentando encontrar folego e evitando a todo custo sentir algo pelo que causou a Senzo naquele momento. Em seguida, ele olha para Sarutevo.

    Mas ele não está mais lá.

    Ele olha para trás, para os lados, e se esforça em tentar sentir qualquer energia estranha, mas ele não consegue. Os membros de antes também desapareceram.

    Ele não aguenta mais e ajoelha-se. Não está mais em condições de continuar lutando, e nem enfrentou o líder ainda.

    E antes que ele pudesse refletir sobre a própria vida, algo surge embaixo do chão. Fios. Muitos fios. Fios grossos, desfazendo-se devagar.

    Ao olhar para os lados, ele percebe que todo o seu arredor é feito de fios grossos. Todos se quebrando, destruindo-se com a estrutura ao redor, que parece nada mais que um novelo de lã por dentro. Enquanto ele se destrói, ele revela vários Sangues ao redor. Quando todos viraram pó, Suzio percebe que caiu na maior armadilha da sua vida.

    Todos os Sangues que ele matou antes estão vivos, todos reunidos, seja no andar de cima ou no de baixo. Ao fundo, destaca-se uma estátua estranha que Nightcrawler não reparou antes, feita junto com a estrutura da catedral, possuindo um tamanho quase colossal. Todo o seu corpo brilha numa cor alaranjada. Ela ajuda a mostrar os mais de noventa membros reunidos na catedral.

    Adiante, está Soulslayer, sentado numa cadeira, com as pernas cruzadas. Sarutevo está ao seu lado. Lalori está um pouco a frente, ajoelhado. Ele parece olhar para o desacreditado e chocado Suzio.

    — Desculpe. — Disse Lalori, com uma voz fraca.

    O membro desaba no chão, morto. Certamente criar uma reprodução tão fiel daqueles membros e de Soulslayer acabou com ele.

    Senzo cruza os braços e torce a cabeça para o lado.

    — Nuito. Vamos conversar.






    Próximo: Capítulo 35 – Machina


    THE END IS COMING



    ◉ ~~ ◉ ~ Extensão ~ ◉ ~ Life Thread ~ ◉ ~ YouTube ~ ◉ ~ Bloodtrip ~ ◉ ~ Bloodoath ~ ◉ ~~ ◉

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    Viaaaaaaaaaaaaadoooooooooooooo, que capítulo do caralho!

    O final, totalmente imprevisível, adiciona os últimos detalhes daquilo que foi um dos maiores, senão o maior, capítulo de Bloodtrip. Pra mim, isso só mostra o quanto o compacto cheio de conteúdo é melhor do que o dilatado cheio de divagações. Este capítulo é consideravelmente menor do que os demais mas, a bem da verdade, a condensação das informações nele só fez com que ele se tornasse, pra mim, o melhor de todos até agora.

    Achei muito interessante o Nightcrawler se tornando um supersayajin em determinado momento do combate. É óbvio que não foi a sua intenção, mas, neste momento, pra Suzio é um alento ser comparado ao Goku, não?

    A propósito, as descrições do combate têm se tornado um forte especial dentro da própria força da sua história. A bem da verdade, você sempre foi um cara muito intenso com as suas narrações; agora, tem degringolado suas habilidades também pro ramo das descrições, o que é um ponto positivo que te enriquece enquanto escritor, não somente como um contador de histórias. Fortalecer pontos que você considera fracos é essencial, especialmente quando a sua criatividade pode ser posta à prova com algo com que você não tem tanta intimidade. Acabou de criá-la. É um excelente capítulo e, pra mim, o melhor.
    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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    Padrão Capítulo 35 - Machina

    Citação Postado originalmente por Neal Caffrey Ver Post
    Viaaaaaaaaaaaaadoooooooooooooo, que capítulo do caralho!

    O final, totalmente imprevisível, adiciona os últimos detalhes daquilo que foi um dos maiores, senão o maior, capítulo de Bloodtrip. Pra mim, isso só mostra o quanto o compacto cheio de conteúdo é melhor do que o dilatado cheio de divagações. Este capítulo é consideravelmente menor do que os demais mas, a bem da verdade, a condensação das informações nele só fez com que ele se tornasse, pra mim, o melhor de todos até agora.

    Achei muito interessante o Nightcrawler se tornando um supersayajin em determinado momento do combate. É óbvio que não foi a sua intenção, mas, neste momento, pra Suzio é um alento ser comparado ao Goku, não?

    A propósito, as descrições do combate têm se tornado um forte especial dentro da própria força da sua história. A bem da verdade, você sempre foi um cara muito intenso com as suas narrações; agora, tem degringolado suas habilidades também pro ramo das descrições, o que é um ponto positivo que te enriquece enquanto escritor, não somente como um contador de histórias. Fortalecer pontos que você considera fracos é essencial, especialmente quando a sua criatividade pode ser posta à prova com algo com que você não tem tanta intimidade. Acabou de criá-la. É um excelente capítulo e, pra mim, o melhor.
    Grande Neal, sempre mandando elogio até não poder mais


    Não é pra menos, eu imaginei que fosse gostar desse capítulo a esse nível. Foi o prometido retorno dos combates e da violência, e com força, pra compensar o tempo que só houve tensão e mistério. E combates são a minha especialidade.

    E... Nightcrawler supersaiyajin?

    Juro que não foi a intenção, o que eu queria era passar a impressão que a alma dele brilhou através do corpo por um breve instante, sem mudar cor do cabelo dele nem nada. Tive uma inspiração especial para os movimentos, mas Dragon Ball não tem nada a ver, e nunca terá. assim espero kj

    Também não acho que seja exatamente um alento o Suzio ser comparado ao Goku, já que o Goku é meio retardado e só quer saber de lutas, o extremo oposto ao Suzio. Então...


    Obrigado pela presença até o fim Neal, tu me ajudou bastante a continuar com a história até o final. Diria que você foi fundamental para que Bloodtrip continuasse e até tivesse o fim que terá agora. Obrigado mesmo, e fico feliz que o anterior tenha te agradado tanto. Espero que esse também agrade (Não no mesmo nível né, mas que seja um bom final).















    Agradeço a presença de todos! Bloodtrip chega ao seu fim. Esse é o último capítulo da história, e não sei exatamente quando lançarei sua sequência. Tenho algumas coisas pessoais a resolver antes de decidir dar início a essa história nova, pra que eu possa inclusive ter tempo suficiente pra trabalhar nela e escrever capítulos ao mesmo nível que vocês estão acostumados a ver aqui.

    Obrigado por tudo! O Epílogo sairá amanhã.





    No capítulo anterior:
    Nightcrawler e Soulslayer lutam mortalmente na Catedral Sombria. Nightcrawler vence, mas ele descobre que aquele Soulslayer era uma ilusão, assim como os outros membros que matou, criados pela Segunda Natureza de Sangue de Lalori, e agora se vê diante dos reais sem poder para lutar.





    Capítulo 35 – Machina



    Não existe céu ou inferno para demônios como nós, Nightcrawler.

    Então fico feliz em recebê-lo no nosso purgatório particular.



    Nightcrawler mal podia acreditar. Ele se desgastou ao extremo somente para derrotar uma cópia de Soulslayer criada por Lalori, então ele não consegue mais imaginar como seria Soulslayer com seu poder total, sem limitações. Outro fato inacreditável é o próprio Lalori estar ali, após Nightcrawler ter o salvado, quando este pensara que ele era o único Sangue consciente do que está acontecendo e do que está fazendo, acreditando que ele poderia ser salvo.

    Mas ele não conseguia dizer se o tecelão estava errado ou não. Afinal, é incompreensível a traição de Lalori. Certamente ele desejava ser cooperativo com Nightcrawler e seu time, mas algo o impediu no meio do caminho. E esse algo provavelmente era Sarutevo.

    Sarutevo. Ele está exatamente do lado do que deveria ser seu trono. Soulslayer está triunfante enquanto sentado nele. O líder da Irmandade tem uma expressão de como aquilo fosse totalmente natural. O líder da Irmandade deveria realmente estar de pé ao lado do que deveria ser o seu trono, enquanto o mais poderoso fica nele? São as únicas coisas que Nightcrawler consegue pensar no momento.

    Ele se recusa a pensar que perdeu pois decidiu ir sozinho enfrentar o inferno.

    — Nuito, Suzio, Nightcrawler... — Disse Soulslayer, levantando-se de seu trono e dando passos lentos até o detetive — Não importa quem você é. Nightcrawler não passa de uma figura, um símbolo sem rosto que qualquer um corajoso e capaz o suficiente pode tomar para si. Não importa a figura por trás, e sim o próprio estar aqui, nas minhas mãos, para eu fazer o que eu bem entender.

    Nightcrawler não perdeu seu chapéu ou sua máscara ainda pois ambos estão presos com linhas invisíveis, mas parece que ele não será mais capaz de defendê-las do inimigo para defender sua verdadeira aparência.

    Soulslayer aproxima-se e retira sua máscara com força, e depois seu chapéu, e deixa-os cair no chão, perto dele. A surpresa e o choque pode ser ouvido e visto por todos os lados, apesar de não ter como ver as expressões dos Sangues.

    — Então você realmente não morreu, Suzio.
    — Eu morri. — Disse Suzio, permitindo o luxo dos Sangues verem suas expressões — Morri desde o dia em que todos os meus amigos morreram nas Plataformas do Inferno. Por sua culpa.
    — Ah, você quer dizer a Poção de Kia, que deu horrivelmente errado? Ah, aquilo acabou sendo útil pra mim. É parte dos poderes dos Sangues agora.
    — Milhares de pessoas morreram ao redor do mundo inteiro por sua incompetência. Sua inexperiência.
    — Não diga isso. Eu estava totalmente ciente dos riscos.
    — E por que acabou fazendo do mesmo jeito?
    — Eu estou velho demais pra me preocupar com a vida alheia, Suzio.

    O detetive está ciente que nasceu no mesmo ano que Senzo, mas provavelmente as coisas não foram tão normais assim.

    — Veja bem. — Soulslayer vira-se, levantando sua cabeça para o teto — Eu estou vivo há mais de 80 anos. Quando eu entrei nessa vida, eu conheci aquele que foi o irmão do seu bisavô, chamado de Nuito Resgakr. Genial até o último resíduo de pó de seu corpo, ele desenvolveu algo para destruir minha ferramenta de criação orgânica sem nem mesmo ser um alquimista, e ainda assim, foi executado em praça pública, pra aliviar os problemas que o governador de Edron estava lidando com as questões públicas.

    Suzio realmente não se lembra de ter um parente tão distante que tenha feito tal coisa, mas lembra-se de menções a um homem que salvou Edron de uma doença degenerativa que atingia a flora e a fauna, que tinha uma forma semelhante aos membros da Irmandade.

    — Achei aquilo nojento, e ainda hoje eu acho. É pior do que tudo que eu já fiz... Matar um herói para aliviar a carga de reclamações no gabinete. Não concorda?
    — Não, seu filho da puta. Não há nada que se compare com o que você já fez.

    Senzo dá uma gargalhada bem alta e medonha. Sarutevo parece incomodado.

    — Senzo. Até quando irá continuar com isso?
    — Cala a porra da boca, Norbron. Eu sou o dramaturgo. Eu decido o que eu faço no meu palco.

    Sarutevo cerra os olhos em desaprovação. Suzio lembra-se desse nome, mas não sabe exatamente de onde. Está tudo confuso para ele.

    — Ah, a propósito, Suzio. Você já deve ter reparado, mas não é Sarutevo o nosso líder, e sim eu.

    Suzio dá uma risada triste.

    — Você fez isso pra distrair minha atenção de você, assim considerando-o apenas um inimigo comum, não é?
    — Exatamente. Seria mais conveniente se você evitasse Sarutevo por ele ser o líder, pois assim você nunca imaginaria para que ele serve. Dessa forma, você continuaria distante de me matar da mesma maneira, bem como do plano original. Preocupando-se com seus amigos mortos, com os demônios aparecendo em todos os cantos, você não teria tempo de ir atrás de mim. Acabei tendo tempo suficiente para formar isso aqui.
    — É. E graças a você, Devovorga pode surgir em qualquer ano para tentar devorar esse mundo, e não há um raio de previsão pra quando isso pode acontecer. A taxa de mortos por ela só sobe a cada ano que ela surge.
    — Eu não me importo.
    — Não se importa com o tanto de pessoas que morreram por sua causa?
    — Suzio... Alguma vez você já se preocupou em não pisar nas formigas que estão no chão enquanto você anda?

    Suzio irrita-se com aquela frase, mas não tem forças para reagir. Seu olho esquerdo está totalmente branco e o outro está perdendo a cor, bem como a sua pele. Agora, sangue sai do seu olho direito e do seu nariz, e as dores no corpo continuam, mas piores que o normal.

    — Olhe. Deve se lembrar de que as vítimas da Irmandade não morreram, apenas estão em coma. É parte do plano original, como eu disse. Pois quando ele estiver completo, essas pessoas voltarão a vida mais poderosas do que qualquer tibiano que ande por essa terra.

    Suzio não responde, apenas abaixa a cabeça.

    — Permitirei que saiba dessa vez, mesmo que não haja sentido em contar isso para alguém que vai morrer logo, logo... Enfim. Muitos anos atrás, eu morri. Mas Machina permitiu que eu voltasse a vida um século depois, que eu reencarnasse. Na minha reencarnação, em algum lugar do mundo, Norbron também surgiu. Ele foi minha primeira vítima. O primeiro que sofreu nas mãos do arauto seria o receptáculo perfeito para o patrono de Tibia.

    Suzio levanta a cabeça e faz uma expressão de como não se importasse com o que está sendo dito para ele.

    — Ele também foi a primeira vitima humana dos meus experimentos nessa nova vida. Ele funciona como um relógio para saber o quão próximo estou de trazer Machina. As veias gigantes são os ponteiros. Um está inteiramente vermelho. O outro está quase. Falta apenas um lugar.
    — Então... Todos os lugares que você atacou...
    — Eram preparações. Todos eles formam triângulos de invocação. Rookgaard, Carlin e Monte Sternum. Nargor, Baía da Liberdade e Sabrehaven. Vengoth, Yalahar e, em breve, Razachai. Todos os triângulos se ligam até uma única linha de sangue formada a partir de Chaur, alimentada pela completa falta de vida nas Planícies do Horror. Elas terminarão formando um tridente. É aí que Sarutevo será possuído pelo nosso deus e tomará o tridente para mudar Tibia para sempre.

    Suzio ri com algum esforço. Senzo não entende a atitude.

    — Tudo isso... Apenas para dominar o mundo? Você não tem algo menos clichê em mente? Que não inclua transformar as pessoas em bonecos e um deus pagão em um titereiro?
    — Falou um dos principais bonecos da trama.

    Suzio levanta uma sobrancelha.

    — Deixe-me falar uma coisa interessante para você, Suzio. Ninguém será controlado. O poder de ter poderes que correspondam aos seus desejos mais profundos, as suas habilidades mais notáveis, isso será possível. Todos terão isso. Formarei um novo mundo ao lado de Machina, e se caso ele não der certo, eu mesmo volto tudo do zero e desapareço.
    — Verme. Você realmente pensa que pessoas são seus experimentos, seus ratos de laboratório? O quão desumano você pode ser?
    — Ser humano ou não já não tem mais importância. Meu plano já começou há dez anos. E você tem sido um experimento ótimo ao longo de mais anos do que você pode imaginar.
    — O quê?
    — Ora. Cadê o Suzio do loop? Essa normalmente era a hora dele se revelar.

    Suzio tenta achar alguma explicação para o que ele quis dizer, mas não consegue. Mas sente que a resposta é a mais óbvia possível.

    — Ué, Suzio! Você realmente achou que Varmuda quem lhe dava as instruções do que fazer na sua mente, tudo ajeitadinho, para você fazer perfeitamente, como um detetive genial? É óbvio que não. Você sabia onde ficava Chaur, pois já veio aqui quatro vezes antes. Você sabia exatamente como fazer o plano da emboscada usando a população de Yalahar, pois já o executou da mesma maneira quatro vezes antes. Tudo que você já sabia exatamente o que fazer, foi porque você já fez. Já tivemos essa conversa quatro vezes. Essa é a quinta. E última.

    Suzio é atingido por uma onda de água fria. A sensação em seu peito é indescritível, assim como em sua cabeça. Ondas de pensamentos, memórias e sensações parecidas, que ele já havia sentido antes. Agora, nem mesmo o mundo parece real o suficiente para ele. Não há mais onde ele se apoiar. Está sozinho e sem resposta contra um fato praticamente impossível em sua concepção.

    — Você teoricamente morreu há mais de dez anos atrás, mas, na verdade, você fugiu. Eu sabia que você faria isso, então eu apliquei uma maldição em você durante nosso combate, parte dos meus experimentos. E o loop tem funcionado bem. Na primeira vez que você me confrontou, exatamente nas mesmas circunstâncias de agora, você perdeu do mesmo jeito e morreu. Voltou exatamente ao mesmo ponto de antes, quando fugiu. Tentou mais uma vez e morreu mais uma vez. Voltou pro mesmo ano, tentou de novo, e morreu de novo. Foi aí que os cinco anos passaram a funcionar, e na terceira vez, você voltou pra cinco anos após nosso confronto. Quando Rookgaard foi atacada.
    — Você só pode estar tirando com-
    — O fato de você ter perdido tantas vezes e não se lembrar que esteve fazendo a mesma coisa é porque você perdia a memória do que fez logo ao voltar ao ponto de início. Seu verdadeiro eu não tinha controle do seu corpo. Ele só podia assistir, e eventualmente, com muito esforço, achar espaço e oportunidade pra fazer algo que o salvasse do loop. Mas parece que ele nunca conseguiu nada senão lembrá-lo dos locais de onde ir e do que fazer. Heh. Detetive um cacete. Pois no começo você não era metade do que é agora.

    Suzio põe as mãos na cabeça. Mais sangue sai dos seus olhos. Não está mais suportando a dor do que fez, nem as revelações que está recebendo agora. Ele é capaz de segurar isso, mas algo está destruindo sua resistência. Algo tenta tomar o controle, luta para sair. O homem sente sua cabeça querer explodir.

    E, finalmente, o verdadeiro aparece.

    Com esforço, ele limpa seu rosto, pega sua máscara, seu chapéu, e levanta-se. Ele põe seus principais apetrechos de volta e fita Soulslayer com uma fúria animalesca, mas um pouco controlada.

    — Eu venci. Eu conseguirei reverter tudo para o ponto principal se algo der errado, mas não acho que isso vá acontecer. Machina, aquele que nasceu dos ossos e do sangue de Tibiasula, o Senhor das Dimensões, jamais permitirá que isso aconteça.
    — Eu já me cansei de ouvir isso.
    — Essa será a última vez. Depois disso, você morrerá. Definitivamente.
    — Você está muito convencido para alguém que matará a própria criação a partir do momento em que tomar um golpe fatal.

    Senzo ri, mas não responde. Suzio ainda sangra pelos olhos. Será difícil continuar. Seu corpo está esgotado, sua mente está esgotada. Reviveu tudo várias vezes, sem parar. Viveu tantos anos que já perdeu a vontade de contá-los. Mas sabe que já tem quinze anos desde que tudo começou.

    Nightcrawler toma seu último artificio de dentro de seu sobretudo: Uma faca congelada e cinzenta com uma runa de Morte Súbita gravada nela. Se ele conseguir usar em Soulslayer, ele morrerá em um golpe. Se ele morrer, toda a Irmandade morre junto, pois todos eles estão diretamente conectados ao líder.

    Soulslayer toma distância e prepara-se para avançar. Tem um pulsante em mãos.

    — Farei você sentir a sensação de viajar... Ao menos uma vez. Nunca soube como criamos isso, não é? Mas é a forma dos humanos de liderarem com uma avalanche de informações vindo na sua cabeça. De forma descontrolada. Sobre tudo que está além de Tibia. Sobre todos os universos, dimensões e mundos que existem além daqui. Eu tenho todo esse conhecimento na minha cabeça, Suzio. E sabe de uma coisa? É maravilhoso.
    — Eu não te perguntei nada.
    — Eu gosto de falar. É um costume que tenho desde que eu era um jovem alquimista em Yalahar.
    — Há quantos anos será que foi isso, velhote?

    Soulslayer ri.

    — Não sei. Não importa mais.

    Ambos se preparam para avançar. Mas Nightcrawler não avançará, apenas fará de conta. É a melhor forma de usar a experiência que adquiriu.

    Num momento inoportuno, ele se lembra de memórias que não são dele. Via Senzo sentado numa escadaria. Senzo trabalhando numa espécie de inseto gigante de ferro. Uma elfa lhe dando socos não tão sérios. Coisas envolvendo um Senzo jovem e pessoas que não conhecia. E então, Norbron sendo vítima da criação de Senzo.

    Ele olha para Sarutevo uma última vez. Ele nem mesmo parece ser um combatente. E se ele era o tal mago que foi a primeira vítima do alquimista pálido, faz sentido que ele esteja ali.

    Terminadas as contemplações, Nightcrawler vira seu olhar para seu nêmesis.

    — Vamos.
    Com Tibiasula eu me deito, com Tibiasula eu me levanto.

    Soulslayer salta na sua direção em alta velocidade, com o pulsante. Nightcrawler fica no mesmo lugar, dá alguns passos pra frente e golpeia o ar, aproveitando-se da velocidade do seu oponente. Mas seu inimigo cessa o avanço antes da faca acertá-lo e consegue usar o pulsante próximo da cintura do detetive.

    Ele estoura e vira um grande acumulado de poeira vermelha, assim como nas outras vezes que Nightcrawler testemunhou aquilo.

    Vou morrer? De novo?

    Eu falhei mais uma vez? O mundo será tomado mais uma vez por ele e seu deus?

    Deixarei que todas as mortes e experiência que adquiri sejam em vão?

    ...

    Não.

    Não dessa vez.

    Pois agora eu também tenho um deus do meu lado.


    Uma proteção branca e clara surge ao redor do corpo de Nightcrawler e a poeira do pulsante é sugada por um buraco semelhante ao vácuo, formado na região onde Soulslayer o acertou. É a proteção espiritual que Zoe deixou no corpo de Suzio. Dessa vez, quem está chocado é Senzo.

    Nightcrawler sorri, vai para o chão e volta atrás dele, e usa a faca amaldiçoada no pescoço de seu inimigo. Uma pequena implosão escura cerca a área afetada e põe Soulslayer de joelhos.

    — É hora de ouvir o choro das almas vazias dos seus bonecos. — Disse Nightcrawler, deixando o resto da faca cair no chão.

    Quem grita de dor primeiro é Sarutevo. Em seguida, todos da catedral gritam. Eles sentem a mesma dor, e colocam as mãos na cabeça ou no pescoço, sentindo como se todo o corpo deles estivesse prestes a explodir. E, em sequência, todos eles explodem em sangue, deixando de existir, um a um.

    Não demora muito para toda a sala ser inundada por sangue. A estátua gigante, abstrata e estranha no fundo da catedral, perde sua luz, e começa a se quebrar e a se desmanchar. Todo o resto da catedral começa a sofrer o mesmo efeito. Sarutevo cai de joelhos, as veias desmanchadas, jorrando sangue pelo seu corpo, enquanto olha com terror para um Nightcrawler mais sombrio do que nunca.

    — O Nightcrawler sempre matará a presa quando ele a ver pela primeira vez.

    O detetive lança uma das runas que ele deixou sem uso num dos últimos bolsos do seu sobretudo, aparentemente, guardada especialmente para Sarutevo. Uma runa roxa, com símbolos circulares. Quando ela se choca contra o ex-receptáculo de Machina e antigo amigo de Senzo, ela o faz explodir em pedaços. Após isso, ele se vira para Soulslayer.

    A implosão fez o capuz e a máscara de manequim de Souslayer sumirem. Ele está chorando, mas não parece ter uma expressão triste. Conforme o teto cai, a luz ilumina a catedral. Não está mais chovendo.

    — Por quê...? — Pergunta Senzo, fraco, quase sem voz.
    — Foi necessário. A balança que formamos dentro de Tibia é poderosa demais para esse mundo. Ela precisa ser quebrada.
    — Mas você também irá morrer...
    — Eu já fiz tudo que precisava fazer nesse mundo, Senzo. E você também. Hora de descansar.

    Senzo sorri. Suzio também, apesar de não saber que seu inimigo também está sorrindo.

    — Olhe o que você fez... Eu sou um maldito criminoso agora.

    Senzo cai no chão cheio de sangue, morto. Agora, Nightcrawler tem certeza que aquilo não é mais uma ilusão. Ele realmente matou seu algoz, depois de tantas tentativas.

    Ele fita o céu. Um grande pedaço do telhado está prestes a cair em cima dele, mas ele não se importa. Ele retira sua máscara e seu chapéu, e se dá ao luxo de contemplar algo bonito antes de morrer, embora o céu esteja nublado.

    Ele ajoelha-se, sem força. Seus olhos estão totalmente brancos. Sua alma já está quase morta. O veneno logo matará o seu corpo. Mas ele conseguiu dar cabo da Irmandade do Caminho de Sangue, mesmo ao custo de sua própria vida. Mesmo que ninguém mais saiba o que eles realmente eram, e quem realmente os liderava.

    — Eu também, Senzo.

    O pedaço do telhado cai.

    Mas não há mais vida no corpo de Nightcrawler.

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