Meus digníssimos, fiéis e contumazes leitores, sejam bem vindos novamente.
Como todos sabem, os tomos que tratam sobre a vida de Jason Walker foram finalizados n'O Patrono do Apocalipse, cujo epílogo foi postado recentemente. Na oportunidade, sustentei que não havia mais por que dar prosseguimento a qualquer história no fórum em razão da baixa procura e do fato de que o a seção de Roleplaying tinha simplesmente desaparecido no curso do tempo.
Pois é. Mudei de ideia.
O carinho de vocês com o final da saga de cinco tomos de Jason Walker foi tão grande que me senti estimulado. Já vinha escrevendo o tomo Revelations, que não sei se será postado, porque tive preguiça de finalizar. Mas decidi abordar a história, através de uma continuação, por intermédio de uma nova ótica.
Jason Walker e o Retorno do Príncipe é uma espécie de piloto. Terá como personagem principal Eremo Walker, o filho mais velho do nosso personagem icônico, e decidi trazer uma nova abordagem: a escolha das vocações através do NPC Oraculo na quase extinta Rookgaard. Porém, para aqueles que permanecerem dando enfoque e ibope à história, saliento que decidi repaginar a forma de seleção de profissões e lhe dei uma nova roupagem. Espero, a exemplo das histórias recentes, não ser o responsável por nenhum anticlímax.
Façamos um teste, portanto. Se a história tiver apelo, prossigo postando.
Vamos adiante?
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Últimas atualizações
27/03/2019
Postado o Capítulo VI
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Postado originalmente por Índice
Prólogo (neste post)
Capítulo I - Aberração (neste post)
Capítulo II - Destino
Capítulo III - A Antiga e Ancestral Família dos Fletcher
Capítulo IV - Embarque
Capítulo V - Noodles
Capítulo VI - Orientação VocacionalCapítulo VII - O Primeiro Sinal (por vir)Postado originalmente por Dedicatória
Para Bárbara, sempre minha leitora inédita;
Para Carlos, o maior incentivador dos meus trabalhos; e
Para Melany, a musa que inspira cada personagem forte que crio.Spoiler: PrólogoPRÓLOGO
Ele encarou a extensão da campina, sentindo a excitação crescer dentro de si exponencialmente. Era chegada a hora; seus esforços seriam recompensados, e os últimos anos seriam esquecidos quando ele ascendesse à superfície novamente. Aquele que jamais ousavam dizer seu nome, e que tinha matado, torturado e violentado pela simples menção à sua existência e à sua memória.
Assim está melhor, pensou, permitindo que a euforia tomasse conta. O último ano tinha se passado monótona e arrastadamente; agora, era o momento de colher os frutos de todo o trabalho que tão arduamente havia desempenhado.
A câmara refulgiu. Tudo parecia brilhar, aguardando o retorno daquele que representava um futuro não melhor, nem pior, mas alternativo. Seria o que bastaria.
Ele fechou os olhos, saboreando o momento.
Finalmente, uma vitória.
Spoiler: Capítulo I - AberraçãoCAPÍTULO I
ABERRAÇÃO
Talvez por ser filho de quem era, talvez por estar biologicamente preparado para isso, Eremo Walker se sentiu ligeiramente deprimido ao notar a que ponto havia chegado. Nada poderia ser pior, mesmo para um garoto de doze anos.
Seu reflexo no espelho devolvia a imagem de um jovem insolente, de olhos azuis, com uma cabeleira espessa e muito negra como a do pai. Atrás de si, a irmã, muito ruiva, dormia a sono solto. A movimentação nos andares superiores da casa sugeria que os pais já deviam ter despertado e iniciavam os preparativos para um novo dia que começava.
Ainda ensimesmado, Eremo se vestiu com camisa e calça de linho branco, afivelou as botas de couro de dragão e subiu as escadas vagarosamente. No andar de cima, o público habitual: seu pai, Jason Walker, com seus cabelos rebeldes e negros como os dele, sempre reservado; sua mãe, Melany Walker, comprida e fina, arrebitada como sempre, os olhos sagazes registrando de pronto a aparência desleixada do filho; o abobado Leonard Saint, com seu ar despreocupado de hábito; e a já idosa Heloise Pennyworth, rainha regente de Carlin.
Talvez porque Jason e Leonard fossem primos, talvez por afinidade, mas toda a infância de Eremo se desenvolvera tendo Zath, filho de Leonard, como seu melhor amigo. O primo de segundo grau era mais ou menos o seu extremo oposto e se parecia muito com o pai. Embora Bella, a irmã de Eremo, e Bambi, a irmã de Zath, costumassem se estranhar, era convencional que fossem vistas passeando juntas também. Particularmente, Eremo, que não tinha na empatia uma grande característica, se sentia suficientemente satisfeito tendo somente o primo por perto. Era o que bastava.
— Café, crianças — disse Melany, com sua voz aguda e um pouco debochada. — Sentem-se e comam bem.
Eremo se arrastou até a cadeira exatamente ao centro da mesa na sala de jantar suntuosa, sentando-se, infeliz.
— O que há?
A pergunta fora feita por Jason, em voz muito baixa, aproximando-se e pressionando carinhosamente o joelho ossudo do filho. Eremo sempre admirara a perspicácia nos olhos do pai, mas, naquele momento, identificava algo mais do que aquilo.
— E se as expectativas se confirmarem? — questionou Eremo, finalmente colocando para fora tudo que vinha lhe frustrando nos últimos meses. — E se… — ele baixou um pouco a voz, tremendo da cabeça aos pés. — E se eu for uma aberração?
Jason sorriu para ele bondosamente.
— Se você se tornar um feiticeiro, Eremo, então a classe estará muito bem representada. Meu padrinho, que inspirou o nome que você possui, foi um grande druida. E Randal é um grande bruxo.
— Feiticeiro — riu, debochada, a jovem Bella. Tinha exatamente nove anos e era três anos mais jovem do que Eremo. — Que horror.
— É, o filho do maior espadachim da história da humanidade e da arqueira mais competente de que se tem notícia se torna um feiticeiro — disse Eremo, com amargura. — Todo mundo rindo do maior palhaço do circo.
Jason estava prestes a contestá-lo quando Leonard se aproximou, sentando-se ruidosamente.
— Eremo tem manifestado poderes mágicos, é?
Melany assentiu com a cabeça, distribuindo ovos nos pratos de todos. Heloise não dizia palavra; estava muito concentrada em manter o hiperativo Zath sentado quieto.
— Zath também andou pondo fogo em algumas coisas — disse Leonard, despreocupado, enfiando muito bacon na boca de uma só vez. — Mas Heloise possui sangue mágico, e Arthur foi um grande feiticeiro. Então…
Sua voz foi morrendo conforme ele socava mais comida na boca, deixando Eremo ainda mais deprimido. Que será que havia de errado em sua genética? Parecia simplesmente improvável que tivesse manifestado poderes mágicos, considerando-se as habilidades dos pais.
Durante algum tempo, todos eles estiveram absortos em mastigar e engolir. Embora Zath atirasse comida para todos os lados, Bambi era muito comportada apesar da pouca idade. Seus olhos muito grandes para o rosto encaravam a mãe com um misto de espanto e admiração.
Heloise, agora, beirava os cinquenta anos de idade. Leonard tinha trinta e três; quando se casaram, ele tinha dezoito e ela, trinta e cinco. Jason e Melany tinham trinta e quatro cada um.
Há quinze anos, aquele grupo havia criado alguma especialidade em erradicar os maiores males que o mundo já havia visto. Aquilo também deixava Eremo ligeiramente apreensivo, por imaginar que todos esperariam dele os grandes feitos que os pais haviam alcançado.
No primeiro ano, Jason se tornara o detentor da Espada de Crunor, uma relíquia antiga e muito rara, navegando durante quase uma semana até Senja e vencendo cinco desafios demoníacos de Zathroth. No ano subsequente, sozinho, o pai alcançara as profundezas dos Poços do Inferno, enfileirando os demônios de Zathroth e dizimando-os um a um. Um ano depois, enfrentou Lúcifer no passado e no presente, escapando de suas garras por um triz. Após oito meses, venceu Cain e Lúcifer em uma das maiores batalhas campais de que se tinha notícia na era moderna. Um ano e meio depois, Jason reuniu todas as relíquias históricas do mundo antigo e trancafiou Ferumbras outra vez, assumindo o posto de Patrono do Apocalipse e devolvendo a paz à Terra.
Ele, Eremo, nasceu três anos após a vitória sobre Ferumbras. Durante toda a infância, foi conhecido não pelo nome que tinha, mas por ser filho de Jason Walker e descendente de Crunor na linha reta. Achava deveras aborrecido as reverências que a população de Carlin costumava lhe fazer nas ruas, mas, já há algum tempo, deixou de contestá-las.
Agora, aos doze anos, Eremo, que atrasara em um ano sua própria formação para analisar alguns traços da própria personalidade, era desafiado outra vez. Habitualmente, todo ser vivente iniciava sua educação aos onze anos; Eremo, temeroso e um pouco incomodado com a expectativa que havia sido colocada sobre suas costas, optara por aguardar pelo primo mais jovem e dar uma chance às próprias habilidades com uma arma de combate corpo-a-corpo. Evidentemente, aqueles 365 dias não tiveram qualquer serventia; Eremo não possuía qualquer afinidade no manejo de uma espada.
— Não é tão ruim assim — disse Zath, arrancando Eremo de seus devaneios, em um tom de quem sabe das coisas. — A Academia Noodles de Magia é muito lendária. Se eu for para lá, vou mostrar àqueles velhacos como se faz uma boa mágica.
— Deus o abençoe, esse menino — Leonard bagunçou carinhosamente os cabelos do filho, que arrotava ruidosamente após engolir muito ovo de uma vez só. — É parecido com o pai.
Melany consultou o relógio, fazendo um gesto vago com seu cajado no ar. Além de ser descendente de Ártemis na linha reta, ela também tinha sido versada na arte do xamanismo no passado. Todavia, Eremo desconsiderava a possibilidade de ter legado parte de seus poderes da mãe, já que, como druida, a bem da verdade, ela era uma excelente arqueira.
Às nove da manhã, a mesa já estava arrumada e os pratos, lavados. A numerosa família deixou a casa na porção sul de Carlin rumo ao castelo, onde ocorreria a diplomação dos alunos que concluíam seus cursos e seriam designadas as vocações daqueles que ingressariam nas academias de aprendizado. Cada uma das cidades da Terra era versada em alguma das vocações que habitualmente se seguiam.
Carlin era referência na formação de novos cavaleiros e espadachins. Ab’Dendriel, com sua população élfica, tinha um avançado centro de arquearia. Venore formava grandes comerciantes; Kazordoon criava ferreiros de primeira classe; Thais exportava grandes xamãs; Edron possuía a maior academia de feitiçaria do Mundo Antigo, e assim sucessivamente. Particularmente, Eremo amava a cidade de Carlin; Heloise era a Rainha Regente e Jason fora alçado ao posto de Rei Regente ao final da Segunda Grande Guerra. Apesar da maestria que se costumava obter na comarca, era um seio muito misto de grandes especialistas nas mais diversas áreas.
Dizia-se que Kazordoon só tinha patetas e Edron era cheia de velhos. Todavia, a velha Margareth ensinou a Eremo que Edron recebia muito sangue novo todos os anos, e Kazordoon tinha os mais experientes anões da Era Moderna. Aposto que, se não for viver entre os velhos, serei um lenhador, pensava Eremo, com um assomo de pavor.
Carlin sempre fora referência à arquitetura de todas as demais cidades do mundo, exceto, talvez, a futurística Yalahar. Heloise costumava se gabar pelo fato de que somente a sua cidade possuía plano urbanístico definido. Todos os tijolos eram compostos por blocos de argila meticulosamente cortados e aderidos entre si, formando uma estrutura muito sólida que muito pouco ou quase nada dependia de madeira. A cidade possuía mais de vinte por cento de sua área total arborizada, tinha um lago natural na sua região central e não possuía mais ruas de terra; todo o calçamento era composto por paralelepípedos muito regulares. Os telhados eram todos vermelhos e estruturados no mesmo padrão; somente o castelo destoava, preservando suas muitas torres e torrinhas, como um gigantesco colosso de pedra.
A cidade era banhada ao sul pelo oceano, e era abastecida por três grandes rotas comerciais – ao norte, ao leste e ao oeste. O castelo ficava no extremo norte, próximo à saída, mas suficientemente distante das muralhas para não ser alvejado de fora. A casa de Eremo e de sua família ficava no extremo sul, muito perto do cais; Leonard agora vivia no Castelo junto de Heloise. Jason optara por manter a antiga propriedade, dando aos filhos outro tipo de educação.
Naquele instante, a cidade pululava de atividades. Os comerciantes berravam livremente, tentando sobrepor sua voz à dos demais, e as ruas estavam abarrotadas de gente. Carlin não suportava mais crescer na horizontal, então passara a se estruturar na vertical; diversos prédios vinham sendo erigidos ao longo de toda a extensão da cidade, abrigando cidadãos nacionais, mas muitos forasteiros também.
Eremo ficou um pouco encabulado ao notar, outra vez, quantas pessoas cumprimentavam seus pais enquanto caminhavam pelas ruas lotadas. Bella sorria e acenava; ele baixou a cabeça, desejando que aquilo terminasse muito depressa. Parecia um fardo e tanto. Muitos dos antigos colegas de batalha de Jason lhe davam palmadinhas nos ombros e nas costas, estimulando-o. Eremo nunca se sentira pior em doze anos de vida.
Leonard e Heloise também eram muito requisitados. Zath gastava a maior parte do tempo chutando a canela das outras crianças enquanto os adultos não olhavam; Eremo não tinha dúvidas de que o primo seria uma peste de primeira categoria, fosse qual fosse a escola para onde o designassem. Pela posição do sol, a sessão solene começaria em trinta minutos, exatamente às dez da manhã. Para o terror de Eremo, nunca atrasara.
A Guilda dos Cavaleiros ostentava grandes estandartes vermelhos, com as cores douradas da cidade, desfilando livremente pelas ruas. Alguns elfos também se destacavam na multidão – toda a seleção dos nascidos em Ab’Dendriel era realizada em Carlin, também. Os espadachins que concluíam seus estudos eram diplomados na cidade. Edala, o comandante dos elfos, diplomava seus arqueiros também em Carlin. A relação entre os dois reinos era muito boa. Até mesmo alguns representantes dos anões de Kazordoon estavam presentes.
De repente, Eremo foi suspenso do chão. Jason o colocou sobre os ombros e o conduziu com mais velocidade pela cidade. Zath não precisava disso: simplesmente disparou no meio da multidão, sob os olhares nada atentos de Leonard. Bella estava presa às costas de Melany, como uma mochila extremamente tagarela.
— Não se assuste — disse Jason, baixinho.
Eremo pensou por alguns instantes, antes que sua língua se destravasse.
— Como foi a sua diplomação, pai?
Jason sorriu, conspirativo.
— Não foi. Fui à escola somente por dois anos. Passei os outros cinco na estrada.
O filho mais velho arqueou as sobrancelhas, surpreso.
— Como…
— Sempre fui muito burro — disse Jason, surpreendendo o filho ainda mais. — Margareth quase enlouqueceu. Eu não sabia discernir um cão infernal de uma besta infernal. Era um terror.
Eremo mantinha os olhos muito abertos, refletindo longamente sobre a confissão que o pai acabara de lhe fazer. Quando a Segunda Grande Guerra terminou, Leonard retornou à academia de Ab’Dendriel e concluiu seus estudos. Sentia-se um pouco melhor quando o imenso castelo de Carlin se divisou no horizonte. Seu pátio externo parecia totalmente tomado.
Jason abriu espaço gentilmente, conduzindo o filho mais velho consigo, Melany e Bella um pouco atrás, Leonard e os outros ainda mais atrás. As paredes externas do saguão principal haviam sido magicamente removidas, de forma a dar aos habitantes e visitantes visão total da cerimônia.
Finalmente, Eremo e os outros alcançaram o saguão, onde puderam se movimentar com um pouco mais de tranquilidade. Iam se aproximando das dez da manhã.
À direita do saguão, vários rapazes e moças de aspecto feroz e outros tantos homens e mulheres esguios estavam sentados em cadeiras de espaldares retos. À esquerda, exatamente vinte e seis lugares iam sendo preenchidos devagar. Jason desceu Eremo de seus ombros, dando um abraço apertado no filho; um pouco tonto, Eremo acompanhou Zath no caminho para as cadeiras acolchoadas à esquerda, tomando propositalmente um dos lugares mais ao fundo, onde podia ficar mais escondido.
Melany e Bella, e Leonard e Bambi, ocuparam suas cadeiras atrás do púlpito principal, que seria, em breve, o palco de Jason e Heloise. A comprida e desengonçada Margareth se sentou ao lado de Melany, e, próximo de Leonard, um homem de meia-idade, pele morena e queimada de sol, usando óculos redondos, uma longa capa púrpura e com dreads brancos presos em uma espécie de rabo de cavalo e uma barba espessa, também muito branca, até a altura dos ombros, se sentou. Ao seu lado, outro homem careca, de olhos azuis e braços cobertos de tatuagens cinzentas, murmurava em seu ouvido muito baixinho.
Eremo reconheceu Randal e John, respectivamente, instantaneamente. O incandescente e o padrinho, também servente de Crunor, tinham passado mais da metade da sua infância dentro da sua casa. Sabia que ambos ocupavam postos no comando de Carlin e que Randal vinha desempenhando papel de especial relevância em Edron.
— Senhoras e senhores — disse a voz de Heloise, ao que todos se silenciaram. — Sejam bem-vindos à quadringentésima vigésima sétima diplomação de cavaleiros e arqueiros de Carlin e Ab’Dendriel. Ocupem seus lugares, por favor, para que possamos começar.
Com um último solavanco no estômago, Eremo aguardou, aterrorizado.
Na sequência: CAPÍTULO II - DESTINO
É isso, meus caros. Uma (boa) leitura a todos.
[]'s
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