Ireas voltou às batalhas com tudo, mostrando que ficou ainda mais monstro durante esses anos. A luta com Kjesse foi bem legal e dinâmica, com cenas brutais e sangrentas (selo @CarlosLendario de qualidade).
Infelizmente eu não sei quase nada sobre Roshamuul, mas fiquei curioso com os comentários acima e com a forma como você introduziu isso na história. Darei uma pesquisada pra entender melhor.
Ah, adorei a Skadi. Tava implícito que ela não era cega igual a Siflind, mas não imaginei que ela já havia presenciado uma coisa dessas com o Kjesse. Fiquei até com pena do véio, na verdade era o tubarão agindo :/
A escrita tá ótima, como sempre. Gostei especialmente da forma como você intercalou as narrações do Ireas com o Kjesse durante a luta, deu uma dinâmica interessante pras cenas. Muito bom mesmo.
Aguardo pela sequência, as coisas com ctz vão esquentar bastante nessa reta final.
Abraço!
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Semestre começou de fato na facul (aleluia) e está tudo dando certo, finalmente, com as minhas matérias. Sigo jogo forístico, trazendo a vocês mais um capítulo. Ah! Para quem gosta de escrever e quer uma proposta diferenciada para liberar a criatividade, basta conferir esse tópico para participar. Inclusive, estou prestes a entregar os livros novos que @Thomazml me requisitou.
Vamos, então, aos Comentários:
Spoiler: Respostas aos Comentários
Postado originalmente por Motion Flamekeeper
Porra, esse episódio foi muito foda, a musica que você escolheu, começou, desenvolveu e terminou, tudo na hora certa. Quando terminei de ler o ep. a música acabou junto, ficou muito foda.
Agora estou ansioso para ver como o Ireas vai fazer pra acabar com os Terrorsleep junto aos Teshial.
Genial !
Quero mais, obrigado, de nada !
PS: No jokes today. kkkkkkk
Saudações!
Affs, quero jokes HAUEHAUEHAUEHUE
Fico muito feliz que tenha gostado <3 penei pra escrever e escolher música pra esse cap, mds HAUEHAUEHUEH
Abração!
Postado originalmente por CarlosLendario
Parece que você tá envolvendo Roshamuul e os Dreamwalkers de lá com os Teshial, a prova disso é esse Terrorsleep que se aliou com Kjesse. Na verdade, quando Skadi disse "tubarão", eu imaginei aquele tubarão lá da série do Flash, mas depois do comentário do Motion, faz mais sentido que seja aqueles bichos de Roshamuul, que por sinal, são bem legais.
Agora eu quero saber como os eventos seguintes serão. Kjesse morto, Skadi viu tudo(Coitada, viu uma cena brutal) e agora há uma ponte dos sonhos em Svargrond também. Acho que, com isso, Ireas voltará a ter boas relações com os Norsir, até porque, pelo que me pareceu, ele pode acabar com essa cidade toda se quiser, os poderes que ele manifestou ali na tenda do xamã são sinistros. ainda assim ele não derrota o george nem fodendo kek
Aguardo o próximo capítulo, Iri. imagine o kiritsugu falando iri pls
LOL
Bom, vamos ver no que vai dar xD
Era para ser um Terrorsleep ou Feversleep, não sei qual é o mais fraquinho deles huehueheuheue
Agora as coisas melhoram... Ou não ehueheuheuehuehe
Espero que goste desse capítulo! <3
Abração!
Postado originalmente por Edge Fencer
Muito bom o capítulo, Iridium xD
Ireas voltou às batalhas com tudo, mostrando que ficou ainda mais monstro durante esses anos. A luta com Kjesse foi bem legal e dinâmica, com cenas brutais e sangrentas (selo @CarlosLendario de qualidade).
Infelizmente eu não sei quase nada sobre Roshamuul, mas fiquei curioso com os comentários acima e com a forma como você introduziu isso na história. Darei uma pesquisada pra entender melhor.
Ah, adorei a Skadi. Tava implícito que ela não era cega igual a Siflind, mas não imaginei que ela já havia presenciado uma coisa dessas com o Kjesse. Fiquei até com pena do véio, na verdade era o tubarão agindo :/
A escrita tá ótima, como sempre. Gostei especialmente da forma como você intercalou as narrações do Ireas com o Kjesse durante a luta, deu uma dinâmica interessante pras cenas. Muito bom mesmo.
Aguardo pela sequência, as coisas com ctz vão esquentar bastante nessa reta final.
Abraço!
O veio foi fragado kkkkkkk
Edge, meu querido, obrigada pela presença constante <3
Espero que continue gostando e que fique aqui até o fim!
Abração!
Postado originalmente por mago nobre
Boa tarde!
Capitulo incrível.
Não tenho mais o que comentar, a galera já falou tudo.
Boa sacada @Iridium fazer uma ligação dos sonhadores com os Terrorsleeps de Roshamuul, só espero que não apareçam as "Dentaduras" com piercing
Esse capitulo já foi para conta, manda o próximo...
Abraço!
Valeu pela presença, mago!
Espero que goste desse Capítulo também!
Abração!
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Spoiler: Bônus Musical
Para hoje, tia Iridium recomenda:
Capítulo 7 — Os Bichos-Papões (e a Cidade do Pesadelo)
E começa a jornada à cidade que nunca há de dormir… Os pesadelos não tem fim…*
(Narrado por Lisette, a Amante Pirata)
Sentada em meus aposentos no navio, eu tinha uma carta em mãos. Ireas havia escrito antes de eu viajar e já era a terceira ou quarta vez que eu relia aquele pedaço de papel que cheirava a folha-grande** (similar a endro), erva-da-geleira*** (muito parecida com menta) e sal: o mesmo cheiro que exalava de seu corpo e que tanto me agradava.
Suspirei uma vez mais após sentir o cheiro do papel, relendo a carta uma última vez antes de guardá-la na gaveta do pequeno criado-mudo que eu tinha na embarcação.
“Lisette,
Tão logo que nos juntamos, já tivemos que ser separados! Sei o tanto que gosta do mar, ao qual pertence, mas queria, sim, que você pudesse ficar mais tempo em terra firme comigo. Às vezes sou melancólico e ranzinza demais para minha idade, mas sou uma boa companhia — na maior parte do tempo, creio eu.
Escrevo essa carta para que você tenha sempre em mente que, independente da distância, você estará sempre em meus sonhos e pensamentos — lembre-se de que você sempre terá um lar para voltar em terra firme, e que Nibelor é mais amena e calorosa por você existir em minha vida.
Cuide-se, meu amor: e tenha cuidado com a preciosidade que carrega em seu ventre. Mal posso esperar para estarmos juntos novamente.
Com todo amor, carinho e afeto,
Seu eterno servo,
Ireas.”
Ouvi um trovão ao longe e guardei a carta rapidamente. Kinahked abriu a porta de meu aposento rapidamente, olhando-me com um semblante sério.
— Se prepara, Lis. — Falou o pirata — A coisa vai ser feia hoje; a deusa está bem descontente.
Concordei, engolindo em seco. Kinahked saiu da frente da porta e eu o acompanhei com o olhar. Por debaixo da mesa, passei a mão em meu ventre e suspirei.
Eu devia ter ouvido Ireas e ficado. Ninguém ainda sabia de minha situação. Ninguém naquele navio poderia saber.
******
(Narrado por Yami, o Primeiro)
Enquanto Keras estava fora, eu tomava conta dos afazeres dele na Sociedade das Almas: além da burocracia, isso também incluía atender esporadicamente mulheres gestantes, às quais dependiam de Ireas para a chegada de suas crianças. Sim… Xamãs também eram, em sua maioria, parteiros. Mesmo que fossem homens, era uma das poucas atividades ligadas à intimidade feminina que o povo Norsir permitia o ingresso de homens.
Para meu alívio, tudo parecia em ordem conforme Ireas esperava (e dentro, claro, das minhas capacidades na área, que eram poucas) e pude me debruçar em uma atividade mais enfadonha: a arte da burocracia.
Já devia ser, provavelmente, minha terceira pilha de documentos quando, subitamente, senti uma agitação no ambiente. Um vórtice luminoso se abriu e vir sair dele Ireas e Jack, visivelmente transtornados.
— Keras? Spider? — Indaguei, preocupado e cansado ao mesmo tempo.
— Yami, não vai dar tempo de conversar agora. — Ireas respondeu secamente, com o semblante transtornado. — Preciso que você nos acompanhe em uma Caminhada dos Sonhos. Dessa vez, no entanto… Vamos mais longe do que jamais fomos. Vamos até a Fronteira.
Engoli em seco, com os olhos arregalados.
— Ireas, eu não dou conta! — Protestei, impressionado. — Eu não caminho bem pelos sonhos, não me é tão natural!
— Yami… Você consegue. — Assegurou-me Ireas, estranhamente dócil. — Em sete, quase oito anos de treinamento, você tem se destacado entre raças que sonham naturalmente. — Ele colocou a mão em meu ombro. — Além disso, para investigarmos aquele local… Precisamos estar em um número menor para não chamarmos a atenção.
— E quem ficará para cuidar de tudo? — Indaguei.
— Lisette logo voltará. — Replicou o druida, e finalmente entendi o motivo de tanta docilidade. — Ela tomará conta das coisas enquanto estivermos fora.
Engoli em seco e concordei, a total contragosto. Independente do tempo de relacionamento deles, eu ainda sentia total desconfiança naquela mulher. Eu sabia algo sobre ela que Keras não sabia.
E eu não fazia a mínima ideia de como contaria a ele sem acabar com a pouca felicidade que ainda tinha em seu semblante marcado pelo sofrimento, a culpa e a frustração.
*****
(Narrado por Rei Jack Spider)
A bem da verdade, eu estava muito apreensivo com tudo aquilo; ir à Fronteira significaria ter que encarar um dos meus piores pesadelos: e ter que lidar com a reação de Ireas diante do fato. Minhas mãos suavam enquanto Ireas e Yami sussurravam o plano de exploração na calada do que seria noite na Sociedade das Teias Infindas.
Rumamos a Oeste por meio de uma estrada feita de teias e teias emaranhadas; o ambiente todo – um corredor de árvores com pouquíssimas folhas – era composto por essas teias, etéreas e sólidas ao mesmo tempo, que luziam fracamente na medida em que passávamos por elas. Algumas aranhas pequeninas vinham nos saudar, descendo dos galhos ou aparecendo detrás dos troncos das árvores.
— Nornur nos guie… — Era a voz de Tameran no ar. — Nornur nos ajude… Tire-nos da prisão…
Eu olhei para Ireas e Yami, e os dois confirmaram ter ouvido a mesma voz no vento.
— Ajuda… — Outras vozes começaram a se sobrepor à de Tameran, com tons mais aflitos. — Ajuda…! A prisão… O limbo nos consome! Os pesadelos não tem fim…!
— Isso é mal… — Resmungou Yami, olhando ao redor. — Nunca ouvi nada disso nesse Reino em todo esse tempo!
— É sinal de que Tameran falou a verdade. — Replicou Ireas, compartilhando do sentimento de Yami. — E talvez a situação seja bem pior do que ele descreveu.
— ...Na cidade de… A cidade que sempre dorme… — As vozes continuaram, e eu senti um aperto em meu peito a cada palavra proferida e cada silêncio percebido. — ...Onde até a luz deve morrer… E a jornada continua...
O céu do Reino dos Sonhos estava enfeitado por um espetáculo de luz inusitado; raios de luz de várias cores dançavam em meio à noite escura e sem estrelas****. O fenômeno era tão hipnótico que eu juraria ter visto ao menos o reflexo de alguns animais caminhando por entre as pontes luminosas; Vento do Norte também parou por uns momentos para apreciar o belo espetáculo acima de nós. Seu semblante exibia serenidade, que logo foi convertida em preocupação.
— Na cidade… Dorme o Pesadelo… — As vozes voltaram, e dessa vez estavam mais altas e vinham de todas as direções. — Onde a Jornada continua… Onde o Vazio espera dormindo em sonho… E a vida persiste no terror sem fim...
— Ireas… — Comecei, apreensivo.
— Estamos perto da Fronteira. — Falou o Norsir, que partilhava de meu fardo. — Estejam preparados…
As raias luminosas desapareceram dos céus; o vento começou a soprar de encontro a nós. Ireas respirou fundo e seguiu vagarosamente. Yami o seguiu e eu retomei a caminhada por último. O chão parecia mais áspero, e não demorou muito para começarmos a ouvir loucos e ruidosos uivos no vento que não parava de soprar.
— Em Yalahar os mortos não descansam em solo que se possa enterrar… — O coro de vozes parecia mais feroz e desesperados. — E nem em Ab’dendriel as estrelas podem nos abrigar… Na cidade…. Onde o eterno pode para sempre vingar… E em eras estranhas… Onde até a Morte pode definhar…*****
Subitamente, o vento parou; estávamos em uma porção escura, descampada e infértil do Reino dos Sonhos: era essa a Fronteira. As vozes, agora baixas, continuavam em seu mantra de lamentos. Uma chama de cor púrpura apareceu em meio à terra estéril e logo tomou uma forma circular e constante; uma fina membrana apareceu em seu centro. Era uma passagem.
— Em Yalahar os mortos não descansam em solo que se possa enterrar… E nem em Ab’dendriel as estrelas podem nos abrigar… Na cidade…. Onde o eterno pode para sempre vingar… E em eras estranhas… Onde até a Morte pode definhar…
Ireas respirou fundo. Eu sentia minha garganta seca. Precisava falar aquilo que mantinha preso em meu peito.
— Ireas, tenho algo a confessar. — Falei, apreensivo.
— Agora não, Jack. — Podia sentir o terror começando a tomar conta da voz de Ireas, que tentava manter-se firme diante daquele cenário. — O que quer que seja, tem que esperar.
— Não vai dar. — Repliquei, nervoso.
— Vai ter que esperar! — Retrucou Ireas, já sentindo uma boa carga de estresse. — Seja o que for, vai ter que esperar a travessia!
Fiquei calado; era melhor não desafiar Ireas enquanto ele estava prestes a ficar nervoso. Eu e Yami nos aproximamos de Ireas e, juntos, passamos pelo portal.
*****
(Narrado por Ireas Keras)
Foi o mais inconcebível dos horrores que testemunhei em minha vida. A passagem pelo portal foi agoniante, com a membrana grudando em minhas roupas e tentando queimá-las. As vozes continuavam ali, mas falando em um dialeto que eu jamais ouvira e que certamente não conseguia compreender. Ao sentir que enfim havia atravessado, em dolorosos segundos que pareceram milênios, abri meu olho, e desejei quase instantaneamente jamais tê-lo feito.
— Jack… Yami… — Murmurei, paralisado.
Os céus eram escuros e avermelhados, com estranhas nuvens de poeira passando do firmamento às construções em ruínas; alguns pedaços de alvenaria flutuavam livres pelo espaço em meio a uma profusão sinistra de poder; chiados estranhos, grunhidos ininteligíveis e o ressoar das batidas de mil corações podiam ser ouvidos ao longe e ao pé de nossos ouvidos ao mesmo tempo.
— Que porra de lugar é esse?! — Indagou Yami, paralizado.
— Ireas…. — Começou Jack, também muito aflito. — Aquilo que eu tinha para te dizer…
A nova tentativa de confissão de Jack foi entrecortada por uma profusão de gritos; nos abaixamos próximos a pedras altas perto de nós e vimos o impensado.
Tubarões com asas em carne pura; mandíbulas e dentes ocupando o lugar de seus olhos. Criaturas feitas de carne, unha e chifres. Criaturas que tinham membros longos e um vazio onde ficariam suas cabeças. Havia gaiolas gigantes pendendo de algumas edificações, contendo prisioneiros nelas. Dentre eles, alguns se destacaram.
Os pais de Jack. Tameran. Todos em um perverso estado de transe, com os olhos revirados, a boca escorrendo espuma e com uma palidez mórbida em meio a um semblante estranhamente entediado. Eles pareciam estar murmurando algo; e não apenas eles: os outros prisioneiros também estavam adicionando suas vozes ao coro quase mudo que, aos poucos, ganhava força e mais vozes em seu cânone.
— Nornur nos ajude… Nornur nos guie… Tire-nos da Prisão! O limbo nos consome! Os pesadelos não tem fim…!
Para piorar, as criaturas lá embaixo começaram a recitar a parte deles, e tudo começou a fazer mais sentido.
— Na cidade de Roshamuul, dormem os Pesadelos... Onde a Jornada continua… Onde o Eterno espera dormindo em sonho… E a vida persiste no terror sem fim…
E todas as vozes se juntaram, como se soubessem que estávamos os três ali. Sozinhos. Despreparados. Vulneráveis.
— Em Yalahar os mortos não descansam em solo que se possa enterrar… E nem em Ab’dendriel as estrelas podem nos abrigar… Na cidade de Roshamuul onde o Eterno pode para sempre vingar… E em eras estranhas… Onde até a Morte pode definhar…
Mesmo abaixado, senti minhas pernas tremerem e meu corpo congelar; aquele cenário, aquele cântico… Aquelas criaturas… Era tudo absurdo demais, louco demais… Real demais. Ouvimos, então, um barulho ao longe. O som de algo caindo pesadamente no chão. Todas as criaturas se viraram e começaram a regozijar-se e gargalhar de insana alegria.
— GAZ’HARAGOTH! — Gritavam as perversas entidades em sinistra felicidade, clamando por alguém muito mais terrível que todos eles. — GAZ’HARAGOTH!******
Continua…
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Glossário:
(*): Referência à fala do boss Il'gynoth, da raid "Emerald Nightmare" (Pesadelo Esmeralda) de World of Warcraft. No original, ele diz: "N'Zoth... I'll journey to... Ny'alotha.". Ny'alotha é conhecida como "sleeping city" (cidade dormente) e é referência a uma das cidades de The Call of Cthulhu, de H.P. Lovecraft, conhecida como a cidade "velha, terrível e de crimes incontáveis". (**): Tradução livre de Fern. (***): Tradução livre de Frostbite Herb. (****): O fenômeno descrito trata-se da Aurora Boreal, que é vista em países e localidades nos extremos norte ou sul do mundo. Consiste na colisão de partículas elétricas livres com a atmosfera terrestre, revelando o campo magnético de nosso planeta em um belo espetáculo de luzes. (*****): Inspirado em um trecho de "The Nameless City", de The Call of Cthulhu, de H.P. Lovecraft. O original diz: “That is not dead which can eternal lie, And with strange aeons even death may die.”. Uma tradução para isso seria: "Não está morto aquilo que pode eternamente viver, e com eras estranhas até a Morte pode morrer.". (******):Referência à abertura de Anh'Qiraj: o Reino Esquecido, uma das primeiras raids de World of Warcraft. É uma paráfrase aos gritos dos Qiraji: "C'THUN! C'THUN!" que ecoava durante a abertura do Templo de Ahn'Qiraj, que dava acesso a esse boss. A raid pode ser feita e acessada até os dias de hoje.
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Capítulo RUIM de sair, mas saiu! Espero que esteja bom xD
Deixem seus comments por favor! Um feedback é sempre apreciado!
Nossa, que agonia, que aflição, que desespero... Nunca mais verei Roshamuul da mesma forma.
Ótimo capitulo Irê, adorei a introdução de Gaz'Haragoth
We bury what we fear the most, approaching original violence, is the silence, where you hide it? 'Cause I don't recognize you anymore ---------------------------------------//------------------------------------------------------------------------------------------//--------------------
Caralho Iri, você mandou bem nesse capítulo. Jamais vi Roshamuul de forma tão forte e tensa. E essa travessia da Sociedade até a Fronteira foi certamente bem escrita e bem pensada, principalmente quando chegaram em Roshamuul. Por um instante, senti como se tivessem entrado no próprio inferno(Como se houvesse grande diferença, kek) e você estivesse descrevendo as criaturas de lá. Lembrou até Agony por um instante(Aquele jogo que é um survival horror no inferno).
E esse final... Porra, eu achei que quem ia fazer Gaz'Haragoth aparecer ia ser o Yami, po. Falei disso a tanto tempo atrás.
Mentira. Eu não imaginei que você colocaria o chefe mais poderoso do jogo até o momento na história. Estou realmente curioso pra ver o que virá em seguida, pois essa introdução a ele ficou fantástica, realmente bem escrita.
Aguardo o próximo capítulo.
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Vamos dar continuidade a esse novo "mini-arco" dentro do Terceiro Pergaminho! Com esse capítulo, faltam mais sete para o final! Vamos ver se termino o quanto antes... Vai fazer falta atualizar esse tópico, mas é a vida HAUEHUEHAUEHAUEHAUHE
Spoiler: Respostas aos Comentários
Postado originalmente por Motion Flamekeeper
Nossa, que agonia, que aflição, que desespero... Nunca mais verei Roshamuul da mesma forma.
Ótimo capitulo Irê, adorei a introdução de Gaz'Haragoth
Kkk eae men, vamo correr rosha? HUSAHUEHUAHE
Brincadeira, vamos não xD
Vlw pela presença <3 espero que goste desse cap tmb <3
Tá acabando mds :'(
Abração!
Postado originalmente por CarlosLendario
Caralho Iri, você mandou bem nesse capítulo. Jamais vi Roshamuul de forma tão forte e tensa. E essa travessia da Sociedade até a Fronteira foi certamente bem escrita e bem pensada, principalmente quando chegaram em Roshamuul. Por um instante, senti como se tivessem entrado no próprio inferno(Como se houvesse grande diferença, kek) e você estivesse descrevendo as criaturas de lá. Lembrou até Agony por um instante(Aquele jogo que é um survival horror no inferno).
E esse final... Porra, eu achei que quem ia fazer Gaz'Haragoth aparecer ia ser o Yami, po. Falei disso a tanto tempo atrás.
Mentira. Eu não imaginei que você colocaria o chefe mais poderoso do jogo até o momento na história. Estou realmente curioso pra ver o que virá em seguida, pois essa introdução a ele ficou fantástica, realmente bem escrita.
Aguardo o próximo capítulo.
No Gaz'Haragoth pra vc HAUEHAUEHAUEHUUEHAUEHAUE
Eu fico muito lisonjeada com seu comentário <3 eu não esqueci da Bloodtrip, comentarei assim que tiver mais calma para ler mesmo (e sem estar sob pressão de terminar projetos). E você com essa sua ideia fixa me diverte HAUHEUAHUAEHUEHAUEHUAHEUA
No mais, espero que goste desses próximos capítulos. A princípio, não sei se vou colocar o Gaz de fato, mas... A ideia tá na mesa HUAHEUAEHUEHHE
Abração!
Sem mais delongas, o Capítulo de Hoje!
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Spoiler: Bônus Musical
Para hoje, a tia recomenda:
Capítulo 8 — Aflição (ou Quinze Semanas)
É preciso traçar um plano… E rápido.
(Narrado por Ireas Keras)
Os momentos seguintes passaram rápida e desordenadamente, como peças de um quebra-cabeças cuja imagem final era incerta. Tudo que eu conseguiu me recordar eram pequenos recortes de uma cena final grotesca.
Não ousamos ficar ou tentar lutar. Em um número tão pequeno, mesmo com os poderes que tínhamos, não seríamos páreo para aquele montante de inimigos; lembro de ver alguns daqueles tubarões rasgando os céus sangrentos com suas asas vampíricas em revoada. Abaixamos e caímos em uma área mais baixa. Estranhamente, Tameran estava lá, assim como os pais de Jack, desacordados e muito feridos.
Gritos esganiçados e estridentes rompiam o silêncio sepulcral daquela área desolada. Tentávamos gritar e falar, mas nossas vozes não saíam: nossas cordas vocais moviam, mas nada ressoava. Pegamos os três caídos e saímos de lá sem hesitar. Olhei para o céu uma vez mais e pude jurar que um daqueles seres aterradores abriu as mandíbulas para mim.
*****
(Narrado por Lisette, a Amante Pirata)
Foi por muito pouco.
Meus braços finalmente conseguiram alcançar o litoral escuro e gelado de Nibelor. Eu ofegava, exausta; chegar até ali havia sido um suplício, mas eu precisava voltar à terra firme. Meus braços tremiam em contato com a neve. Meu torso estava nu.
— Droga… — Resmunguei, ofegante. — Eu devia ter ouvido o Ireas…
Um relâmpago cruzo os céus e logo ouvi o rugido de um trovão. Olhei para trás e o redemoinho de água e vento ainda era visível; era como se aquela massa implacável estivesse clamando por mim. Um clarão passa por dentro do redemoinho e eu consigo ver claramente seu interior.
A Deusa estava lá, parada, me olhando.
“Seu tempo em terra firme vai acabar, minha criança.” Eu ouvi a voz dela em minha mente, como se ela tivesse sussurrado ao pé de meu ouvido. “Você é minha. Minha para mim.”
Voltei meus olhares para frente, sentido um arrepio; saí das águas trêmula e exausta. Olhei para mim mesma; meu ventre, agora sem um espartilho de couro e uma blusa intacta para protegê-lo, exibia o volume que eu havia tentado esconder de toda a tripulação.
— Tsc… Quinze semanas, Lisette. — Resmunguei para mim mesma, passando a mão em meu ventre desnudo. — Quinze semanas com uma criança no ventre e você inventa uma presepada dessas…
Com dificuldade, consegui me levantar; minhas pernas tinham algas enlaçadas e as escamas ainda demorariam a desaparecer. Suspirei ressabiada. Voltei meus olhares ao altar em Nibelor.
— Eu deveria já ter contado a ele de minha condição… — Murmurei, aflita. — Ele já deveria saber que… Não sou exatamente… Humana.
Respirei fundo e comecei a andar lentamente sobre a neve macia e gélida; na medida em que o altar ficava cada vez mais próximo, um vórtice luminoso e cálido se formava atrás da pedra riscada, antiga e deitada sob o chão eternamente invernal. Fechei meus olhos e deixei a luz tomar conta de mim.
*****
(Narrado por Yami, o Primeiro)
Engraçada, estranha e inusitada é a arte da tocologia*. Isso é, ao menos para homens: em se tratando de como humanos tem suas crias, que difere, e muito, da maioria dos Djinni (com exceção, claro, de minha irmã e pouquíssimas outras), era um tanto desconcertante ver Ireas apalpando o ventre de sua amante enquanto, vez ou outra, colocava um de seus ouvidos sobre a barriga de Lisette, tentando ouvir algo.
— Bom… Aparentemente, ele ou ela está bem. — Diagnosticou o druida por fim, com as feições um pouco menos aflitas. — O coração ainda está batendo em bom ritmo e bom som. Só te peço, meu amor, que fique em repouso em Nibelor. Por favor.
— Era um bom negócio, segundo Kinahked. — Replicou Lisette, cruzando os braços, amuada. — Não contávamos com a tempestade.
— Vocês dois poderiam ter morrido. — Retrucou Ireas em tom sério, firme e zangado. — Vocês poderiam ter morrido sem que eu ao menos conseguisse fazer algo para impedir.
— Ireas, é só o mar! — Replico Lisette, séria e determinada. — Se fosse para morrer lá, já teria acontecido. Eu tripulo o Caçador de Almas, não é fácil destruir aquele barco.
— Você está grávida, Lisette! — Ireas elevou um pouco o tom de voz, engolindo a raiva para corrigir-se logo em seguida. — Sei que não gosta de ficar em um mesmo lugar, sei que o mar é o seu lar tanto quanto as terras de Hrodmir são para mim, mas eu imploro: fique em terra firme mais tempo. Deixe as navegações por um tempo, só até você dar à luz. Depois seguimos com nosso esquema original!
A fim de não atrapalhá-los, eu me dirigi a um outro canto da sala, procurando por algo para me entreter, dada a natureza do assunto. A Vandurana suspirou ruidosamente, inconformada.
— Quinze semanas, Ireas. — Falou a moça. — Eu já passei da quarta lua cheia**, meu amor. Tenho muitas razões para acreditar que esse aqui vai vingar.
— No primeiro nós também estávamos totalmente certos, meu amor. — Replicou Ireas tristemente. — E a nossa menininha não sobreviveu. Você não lembra?
Lisette engoliu em seco e eu fechei meus olhos enquanto passava os dedos por cima da capa de um livro bem antigo. Um presente de Tothdral para Ireas.
— Eu nunca esqueci. — Replicou Lisette, com a voz trêmula. — Era a décima quarta semana, estava chegando perto da quarta lua minguante quando aconteceu. Eu estava perto do Vento do Sul.
Olhei de soslaio para trás, tentando disfarçar o desconforto e pesar que sentia ouvindo tudo aquilo. A despeito do que eu sentia por Lisette e da forma como ela conseguira aproximar-se de Ireas tão rapidamente, tal situação era de entristecer até a mais seca e apática das almas.
— Eu só… Entenda que eu só quero te proteger, Lis. — Falou o Norsir em tom manso. — Quero proteger vocês dois. Se ficar na parte Norte da Sociedade não lhe agradar, eu peço a Jack que te dê um lugar para ficar na porção Sul, e eu poderei ficar contigo todos os dias ou na maioria deles até que dê tudo certo.
— Eu… Eu ficarei aqui. — Replicou a moça da pele tostada e sardas douradas, secando uma lágrima teimosa que saíra de seu olho. — O frio não vai me incomodar e eu vou me comportar.
— Acho bom. — Replicou Keras, zombeteiro. — Moça teimosa, descansa. — Ele deu um beijo na testa da mulher e levantou, saindo do quarto. — Vou cuidar de algumas coisas… Estou preocupado com… Uns outros eventos mais recentes.
Lisette e eu ficamos em um constrangedor silêncio nos momentos seguintes; ela, que estava trajando uma longa túnica de dormir, ficou mexendo nas cobertas de espessos pelos enquanto olhava ao redor. Eu, por outro lado, estava com um livro em mãos e alguns questionamentos em mente que precisavam ser verbalizados.
— Quando é que você vai contar para ele? — Indaguei, sério. — Quando é que você vai dizer para ele que você não é humana?
— Você quer dizer: quando eu vou falar para ele que sou uma Sereia e que pertenço a Bastesh, a deusa do mar? — Replicou Lisette, sentindo-se atacada.
— Precisamente. — Respondi cruzando os braços e com os olhares fixos nela.
— E como você acha que ele vai se sentir quando souber, Yami? — Continuou Lisette, irritada. — Você acha que vai ser reconfortante para ele saber que sou amaldiçoada por definição? Que sou uma mulher que foi atirada ao mar por estar em um navio pirata, e que só me salvei porque Bastesh me modificou para impedir a minha morte?
— E você acha que vai ser confortável para ele continuar vivendo sem saber? — Respondi. — Ele te dá honestidade e verdade, e em troca você lhe traz preocupação e segredos. O acaso já tirou de vocês dois filhos que nunca chegaram a nascer. Não acha que talvez isso seja um sinal de que você deveria ser sincera com ele?
Ela me fitou com um olhar feroz e cruzou os braços, desgostosa.
— Nossa convivência nunca foi fácil, Yami, o Primeiro. — Falou a Vandurana. — Mas nunca pensei, por um segundo, que seu desgosto por mim fosse tão grande. Especialmente depois de me dar todo o amparo que você me deu quando perdi a segunda criança.
— Posso ser um escroto na maior parte do tempo, mas eu tenho sentimentos e empatia, por mais incrível que isso possa parecer. — Repliquei, erguendo uma das sobrancelhas. — Por isso te ajudei: porque você faz Keras feliz. Você pode dar a ele alegria em meio a um mar de tristezas. Mas há algo de errado com a constituição de vocês dois. Algo impede que você consiga ter filhos. Espero que três seja o número da sorte de vocês. Odiaria ver Ireas sofrer com mais uma perda que ele não conseguiria evitar.
— Não fale como se eu quisesse que isso acontecesse. — Replicou Lisette. — E não fale como se fosse fácil para mim.
— Por isso mesmo que eu falo. — Completei. — Para que você nunca esqueça. E para que você o ouça de vez em quando e seja menos cabeça-dura.
Dito isso, saí daquela sala e fui atrás de Ireas, que certamente não tinha outros problemas a resolver senão consigo mesmo.
*****
(Narrado por Ireas Keras)
Eu segurava duas coisas: uma carta em minha mão esquerda e dois pequenos frascos em minha mão direita. A carta era de Kinahked.
“Caro Ireas,
O Caçador de Almas chegou bem a Nargor. Não houve nenhum problema de nenhuma sorte. Don disse que conseguiu recuperar o Teatro dele em Thais… Aparentemente, ele fez uma oferta que ninguém poderia recusar.
Quanto ao que você falou, sobre os Pesadelos… Seria bom se nos encontrássemos. Dessa maneira, você poderá explicar tudo e verei como poderei te ajudar. Mandarei uma carta a Don, também, pedindo pela ajuda dele. Don ou não, ele ainda tem gosto para o combate por causas justas.
Ked.”
Mentiroso. Eu logo teria com ele para entender melhor essa situação toda.
Guardei a carta no bolso e suspirei, resignado. Coloquei um dos frascos em minha mão livre e fiquei ali, olhando para eles. Havia algo pequeno e coagulado ali. Pele com um pouco de sangue. As únicas lembranças que eu tinha dos meus filhos que não nasceram.
Fiquei ali, apoiado no parapeito da sacada de meus aposentos, olhando para os vidrinhos em minhas mãos.
— O que será que eu estou fazendo de errado? — Indaguei a mim mesmo, triste. — Será que não é para ser? Será que eu e ela… Não deveríamos formar uma família? E se… E se vocês tivessem vingado? Como estaria a minha vida agora?
Suspirei, resignado, e fechei meu olho sadio. Passei um cordão através das argolas no topo dos dois vidrinhos e coloquei em volta de meu pescoço, amarrando-o firmemente.
— Me deem sorte, por favor. — Pedi, suplicante. — Que vocês possam um dia voltar e reencontrar seu irmãozinho ou irmãzinha que ainda está por vir… E por favor, que ele ou ela viva. Só isso que eu quero. Só isso que eu preciso.
Abri meu olho e voltei meu olhar para o horizonte estrelado e etéreo do Reino dos Sonhos. Agora, estava nas mãos do acaso e dos deuses permitir que a natureza seguisse seu tão esperado curso.
Continua...
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Glossário:
(*): Sinônimo de obstetrícia. Obstetrícia é o ramo da medicina que estuda a reprodução na mulher. Investiga a gestação, o parto e o puerpério nos seus aspectos fisiológicos e patológicos. Em tempos antigos, xamãs (e seus equivalentes em cada sociedade) eram instruídos em várias áreas de cura, e a obstetrícia era uma delas, e tais ensinamentos eram passados adiante de mentor a discípulo. Sendo Ireas um xamã, esse conhecimento não seria de todo estranho para ele.
(**): Contagem de gestação a partir das fases da lua. Antes da existência de conhecimentos mais refinados sobre o ciclo menstrual feminino, era usado o ciclo lunar (e consequentemente o calendário lunar) para a contagem do tempo de gestação da futura mãe por uma questão de periodicidade. Algumas pessoas ainda adotam esse calendário.
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E é isso galera! Capítulo novo na área, espero que gostem!
Aguardo os feedbacks de vocês ansiosamente! Até o próximo!
Ótimo capitulo, amo a forma como você descreve os ambientes !
O fim está próximo né ? :/
Ansioso pelo próximo capitulo.
Cya
We bury what we fear the most, approaching original violence, is the silence, where you hide it? 'Cause I don't recognize you anymore ---------------------------------------//------------------------------------------------------------------------------------------//--------------------
Demorei um pouco mais a escrever e postar... Faltam agora seis capítulos e essa última semana foi muito difícil e corrida...
No dia 11, faleceu o @Lobo Cinza, um amigo meu. Apesar de não ter sido tão próxima dele, senti uma dor muito grande em saber de sua partida. Ele se envolveu em um acidente gravíssimo e, apesar de ter chegado a ser atendido no hospital, não resistiu. Espero que, onde quer que ele esteja, esteja em paz, bem e sem dor.
Spoiler: Respostas aos Comentários
Postado originalmente por Motion Flamekeeper
Olá, bom dia !
Ótimo capitulo, amo a forma como você descreve os ambientes !
O fim está próximo né ? :/
Ansioso pelo próximo capitulo.
Cya
Olaaaar! <3
Tá chegando o fim... Mas fico muito feliz com a sua presença e que bom que está gostando :3
Abração!
Postado originalmente por Edge Fencer
Muito bons os capítulos!
Foi muita informação pra processar. Vejo que foi um erro deixar pra ler os dois de uma vez kkkk
Enfim, gostei bastante, como de costume. Aguardo pela sequência!
Abraço!
Zela sumido kkkkk
Espero que goste desse cap tmb e vê se volta pra lumi logo =(
Abração!
Sem mais delongas, o Capítulo de Hoje!
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Capítulo 9 — As Sombras Se Reúnem
Quando o Corvo engole o dia…*
(Narrado por Don Maximus Meridius)
Quanta saudade eu senti daquele tablado de bétula bem serrada e envernizada.
Daquelas cortinas.
Daquele palco de arena perfeitamente elevado.
Daqueles assentos bem-costurados.
Daquele elenco bem-selecionado e que eu fazia questão de pagar muito bem.
E, é claro, dos meus aposentos no último andar daquela magnífica construção de madeira, ferro, alvenaria e tecido. O Teatro de Arena de Thais era meu novamente depois de três anos fechado. Com os pés pousados no centro daquele tablado, traguei meu charuto com gosto e soprei a fumaça densa com um sorriso triunfante.
Duas Semanas Antes.
— O que você quer, Meridius?! O que você quer de mim?!
O local era pequeno, vazio e pouco iluminado; as paredes e o chão eram de pedra. Um homem estava atado a uma cadeira de madeira; era já um senhor de quase sessenta anos, mas com o físico de quem fora guarda uma vida inteira. Estávamos eu e Harkath ali. Sozinhos.
Aquele corno sacana… Por anos, o traidor continuou no comando da Guarda de Thais sem ser questionado. A corrupção, a degeneração, os favores na surdina e o sufocamento das vozes honestas… Foram mais de vinte e cinco anos de crimes arrastados para baixo dos tapetes vermelhos da Coroa. Naquele instante, porém, chegara a hora daquela palhaçada toda acabar. Diante do líder corrupto atado a uma cadeira, com o corpo cansado e com alguns hematomas à mostra, sabia exatamente o que tinha que ser feito.
Era hora do acerto de contas.
— Uma confissão. —Falei, firme e resoluto e estranhamente calmo. — Uma renúncia.
— Tsc! — Protestou Harkath, cuspindo sangue aos meus pés, incrédulo. — Vai ter que fazer melhor que isso para me quebrar, recruta!
Em resposta, acertei sua cabeça em cheio com um Cetro de Caveira**. Atordoado, o homem balançou a cabeça e cuspiu mais sangue em meio à tosse. Eu franzi meu cenho, mantendo o semblante firme.
— Não preciso. Você já está arrebentado, fodido e mal pago. — Repliquei com o cetro em mãos. — E tem coisas piores por aí do que a morte. Bem piores.
Incineron. Esquecimento Eterno. Morgaroth. Apenas para nomear alguns mentalmente, assim como outros conceitos ou entidades. Harkath estremeceu, e eu tamborilei levemente os dedos sobre a caveira entalhada.
— Eu vou te fazer uma oferta que você não pode recusar. — Falei, com um sorriso cínico. — E nós dois sairemos ganhando com isso.
Tempo Atual.
— Sr. Meridius!
A voz jovem de uma das dançarinas trouxe-me de volta à realidade. Ela tinha cabelos ondulados, volumosos e ruivos, era sardenta dos olhos verdes e com um sorriso bem aberto, que hoje estava sendo substituído por um semblante interrogativo. Sorri levemente de volta.
— Diga, minha jovem.
— Qual vai ser a peça? — Indagou a menina, com os olhos brilhando de ansiedade. — Qual vai ser a peça de reinauguração?
Sorri de canto, em um misto de deboche, certeza e alegria.
— Bastardos Inglórios**. — Falei.
A menina concordou com a cabeça e saiu correndo para os bastidores, feliz da vida, pronta para espalhar o meu comando. Puxei mais um trago de meu charuto e sentei na beirada daquele glorioso tablado, olhando para os céus com alegria. Mal sabia eu que as coisas mudariam muito em breve.
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(Narrado por Jovem Brand, o Terceiro)
— Por favor, crianças! Colaborem com o pai!
“Ser pai é padecer no Paraíso”, já dizia o meu velho. Minhas crianças não eram humanas: os três nasceram com parte dos poderes da mãe. Os três eram meios-Djinni. E estavam começando a aprender a levitar. Que inferninho.
— Osirian, solta o cabelo da sua irmã! — Protestei, segurando o meu filho mais novo, que insistia em puxar os cabelos de Ahmosamun. — Filha minha, não faz assim! Não bata no...
Ouvi uma risada infantil e olhei para cima. Seti estava indo para perto de uma tocha; arregalei meus olhos e pulei para agarrar o menino que, contrariado, começou a se debater.
— Me solta pai! Me solta pai! — Seti começou a espernear, totalmente contrariado.
— Você não me desacata, moleque! — Protestei, segurando o menino a fim de diminuir seus movimentos. — Sua mãe já falou para vocês não voarem pela casa! — Engoli em seco, estranhando a naturalidade daquela frase naquele contexto em especial.
— Mas ficar com o pé no chão é chato! — Protestou meu menino, contrariado, cruzando os braços. — Mamãe é Djinn, ela devia deixar a gente voar…
Seti emburrou e começou a ficar choroso. Ahmosamun, àquela altura, estava segurando a mão de Osirian, que finalmente estava se equilibrando sobre os próprios pezinhos. Ambos me olhavam com um semblante interrogativo, mas triste.
— Pai, a gente tem defeito? — Minha menina perguntou, triste.
Eu olhei para Seti e senti que ele queria fazer a mesma pergunta, tanto que já havia parado de se debate e começou a descruzar os braços. Meu coração ficou pesado, e eu o coloquei no chão e agachei para ficar à altura dos meus pequenos.
— Como assim? — Perguntei de volta. — Quem disse isso para vocês?
— Mamãe não deixa a gente fazer um monte de coisa… — Falou Ahmosamun. — E você também fica preocupado. A gente tem defeito?
— Claro que não! — Repliquei, chocado. — Claro que não, meus filhos! — Estendi minhas mãos para que eles se aproximassem de meu abraço. — Não há nada de errado com vocês. Ser diferente não é defeito.
Os três vieram e eu os envolvi em um abraço. Suspirei ruidosamente, sabendo que esse dia chegaria cedo ou tarde. Eles já tinham noção perfeita de suas diferenças óbvias em comparação às outras crianças. Meu maior medo, no entanto, era quanto às suas expectativas de vida. Será que eles viveriam menos que Yumi? Mais que eu? Menos que nós dois?
Ouvi o trinco da porta se mexer e logo Yumi reapareceu com algumas sacolas de pano em mãos: certamente, as provisões da quinzena. Ela deixou as sacolas no canto e veio até mim e às crianças; quando os ânimos se acalmaram, pude perceber, enfim, que tínhamos visitas.
Emulov, Solstícia e o filho pequeno deles, que não teria muito mais que três meses.
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(Narrado por Kinahked)
Emergir daquelas águas turbulentas foi muito mais difícil do que deveria ser; o Caçador de Almas estava intacto como deveria, e eu agora singrava as águas do Reino dos Sonhos atrás de uma pessoa em particular.
A Amante Pirata.
Minha sempre fiel esposa Unna estava sentada na beirada do deque de comando, em direção à popa e olhando para frente, com um semblante contemplativo; suas pernas já estavam convertidas em uma linda cauda de peixe com escamas azuis-claras, que brilhavam em vários tons quando a fraca luz aparente da lua batia sobre elas. Olhei de canto para minha bela sereia, tentando descobrir o que seus olhos viam que eu não poderia ver.
— Você acha que a Deusa vai tentar intervir aqui? — Indaguei.
— Bastesh sabe das intenções de Lisette. — Replicou minha esposa, vigilante. — Ela sabe que a Amante está tentando de tudo para manter-se em terra firme.
— Você acha que ela não deveria? — Indaguei novamente, voltando meu olhar para o horizonte. — Digo, ela e Ireas… Você não acha válido?
— Ireas tem uma afinidade com a Deusa, isso não posso negar, mas… A Deusa não vê isso com bons olhos, Ked… — Continuou Unna, com pesar em sua voz. — Lisette não é como eu e algumas das outras… Ela era uma boa mulher, mas não chegou viva à deusa.
— Como assim? — Indaguei, intrigado, olhando-a de soslaio.
— Lisette morreu no navio antes de ser atirada ao mar. — Falou minha esposa, com tristeza. — A bem da verdade, ela estava naquele estado estranho entre a vida e a morte, e a Deusa viu que a alma dela queria permanecer… Entretanto, por ser uma Sereia não-viva, mesmo com um corpo quente, sangue pulsante e respiração constante, Lisette não pode ter o que as demais de nós tem: a possibilidade de viver em terra firme com uma família. A não ser que, estando com Ireas, ela encontre uma forma de reverter a condição dela.
— E como seria isso? — Continuei, interessado.
— Sendo capaz de gerar uma criança. — Replicou minha esposa, com um sorriso triste. — Estranhamente, a condição de não-viva permite que ela engravide, mas não sei se ela seria capaz de dar à luz a criança.
— Bom, eles estão a anos juntos… — Matutei, olhando para frente. — E ele ainda não falou em nada desse tipo… E por acaso existe algum prazo para isso? Para Lisette poder ter uma criança e, assim, não estar tão presa ao mar?
— O prazo dela acaba esse ano. — Minha esposa anunciou pesada e solenemente. — Se ela não conseguir, ela não terá mais outra chance e poderá perder até mesmo o próprio corpo físico e virar um espírito das águas, sem chance alguma de viver em outro local senão o mar.
Engoli em seco; quando terminamos a conversa, já estávamos atracados ao porto etéreo da porção norte da Sociedade das Almas, onde Ireas provavelmente me esperava. Assim como Lisette.
Em nome de Bastesh, precisava falar com ela. Urgentemente.
*****
(Narrado por Ireas Keras)
A visão de Roshamuul ainda estava fresca em minha memória, o suficiente para levantar questões demais para minha mente lidar. Tameran e os pais de Jack já estavam mais recuperados; a fim de não pressionar Marcus e Elena, já cansados de seus anos de serviço aos Sonhos, voltei minhas atenções ao Teshial.
Estávamos eu, Yami, Jack, Morzan e Sírio em meus aposentos; assim que começamos a falar, surgiram Kinahked e Unna no recinto, e eu podia sentir uma energia diferente neles.
— Ked! — Falei, surpreso. — Achei que você demoraria mais a vir!
— Pensei em fazer logo uma visita para você ficar menos preocupado. — Disse Kinahked, dando-me um abraço e se afastando para beber um gole de sua garrafa de rum.
— Fala capitão! — Sírio e Morzan disseram a Kinahked, cumprimentando seu superior.
— Bom, vamos voltar ao assunto em pauta. — Yami tornou a falar, sério. — Roshamuul. Bichos-Papões. Pesadelos.
Engoli em seco. Yami tinha razão. Precisávamos nos ater àquele problema.
— Eu nasci nesse Reino — Começou Tameran —, e nunca antes vi os Pesadelos com um domînio tão amplo e tão fortemente guardado. Quando os Cavaleiros do Pesadelo caíram, os Demônios que serviam os Sete Implacáveis voltaram suas atenções para nós uma vez mais. A fim de nos tornarem escravos, eles começaram a pensar em uma maneira mais cruel e eficiente de usar o Caminhar dos Sonhos contra nós.
— E a partir dessa ideia, nasceu Roshamuul? — Indaguei, cruzando os braços.
— Quase isso. — Tameran falou. — Roshamuul foi feita pelos próprios Bichos-Papões, depois que os Demônios os conceberam. Eles viraram uma ameaça maior e mais forte que eles previram e, na medida em que ficaram mais consciente de quem eram, passaram a agir por conta própria. Mesmo assim, a missão primordial que tinham não ficou para trás, e continuaram a nos caçar. Roshamuul nada mais é que escombros da última cidade Teshial.
O sentimento de luto foi de todos os presentes. Engolimos em seco, tentando imaginar os horrores que o povo de Tameran vivera até ali; pequenas lágrimas iridescentes desceram dos olhos do elfo, que respirou fundo para tentar manter o foco no relato.
— O que precisamos, Ventos do Norte e Sul, é de uma saída. — Falou Tameran. — Somos poucos os sobreviventes, mas, por vocês terem me salvado aquele dia, consegui mandar uma mensagem aos demais refugiados: e eles estão chegando. Precisamos sair do Reino dos Sonhos e regressar a Ab’dendriel. Só assim estaremos seguros.
— E como podemos ajudar de fato? — Falou Jack. — Será que vocês não vão deixar de existir ou ter algum problema com a existência de vocês caso deixem esse Reino?
— Não sei ao certo… — Falou Tameran, hesitante. — Digo, nesse Reino, os sonhos são matéria e são a realidade… Mas, no Reino de vocês, não.
— Hm… Podemos tentar “cristalizar” sonhos para vocês usarem como fonte de nutrição. — Falei, pensativo. — Ou criar algum mecanismo que funcione dessa forma. É algo a se pensar. Quanto ao transporte, teremos que criar uma Ponte para Ab’dendriel. Para isso… Você terá que vir comigo, Tameran, para que Eroth e os outros saibam que os Teshial estão de volta e que vieram para ficar e sobreviver. Todos concordam?
Não houve protestos; todos assentiram, unânimes. Quando dispensei a reunião, Kinahked veio até mim.
— Ireas, precisamos conversar. — Falou o pirata, sério, mesmo depois de sua sexta garrafa de rum. — É sobre a Lisette.
Continua...
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Glossário:
(*): Essa frase é tradução livre da canção de ninar dos Arakkoa (povo-pássaro) de World of Warcraft na expansão Warlords of Draenor. O texto original (o fragmento) é: "Shadows gather/ When the raven swallows the day".