Resultados da Enquete: Que Facção deveria Ireas Escolher?

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  • Marid (Blue Djinns)

    17 60,71%
  • Efreet (Green Djinns)

    12 42,86%
Enquete de Múltipla Escolha.
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Tópico: A Voz do Vento

  1. #211

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    Padrão Trama

    Não foi desta vez que Ireas invadiu a fortaleza, mas tenho certeza que no próximo capítulo iremos conferir, e posso apostar que Ireas irá encontrar a pista do segundo tomo nesta missão.

    Outro ponto é a guerra que irá ocorrer, provavelmente na minha história irá ter uma, e poderei ter certa noção de como narrar certos fatos.

    Ps: Também senti falta de comentários seus, principalmente sobre meu "ótimo" português.

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  2. #212
    Avatar de Sombra de Izan
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    Padrão Respostática

    Vish tava olhando as histórias que acompanhava e vou vendo uma por uma das que deixei para trás e vi a sua Iridim, bom como estou de férias e baixando uns episódios de South Park para ver, to aproveitando para ler os capítulo que não li, claro que depois que votei nas histórias do torneio, vou comentar capítulo por capítulo para mostrar que li tudinho

    Capítulo 28: Nossa o poder dela é espantoso, a forma que seu poder de manipular água permite que transcenda uma cadencia destas, podendo reestruturar a cidade e dar paz aos antigos oponentes. É admirável a forma com que a múmia dá os conselhos, eles são importantes, algumas vezes vivemos os anseios do futuro ou os temores do passado e esquecemos do hoje, ótimo capítulo.

    Capítulo 29: Nossa a forma com que é tratado os sentimentos fica de uma forma bem sensível, Achei um errinho (Oculto pelas Sombrar - era sombras), compreensível pela quantidade de frases desse capítulo, nossa esse final deixou um clima tenso e ansioso para o próximo capítulo.

    Capítulo 30: Eita que esse início mostra algo surpreendentemente avassalador, imagina a situação vista, pode lembrar aquela parte do filme constantine que os bois (eu acho) morrem e viram carniça, é esses sentimentos podem tanto ajudar quanto destruir e por final fica uma difícil decisão, um verdadeiro turbilhão de sentimentos.

    Capítulo 31: Hehe, ver uma cidade mercadora é algo animador e de notícias que os ataques dos nômades se tornaram mais raros é uma coisa boa, mas é surpreendente alguém nessa situação querer se redimir, mas todos merecem uma segunda chance não é verdade? ou não?

    Acho que vou terminar de comentar mais para frente, tem muuuiiitooo material para ler ainda, haja inspiração para tanto, parabéns, quem sabe amanhã eu termine de comentar, ai edito aqui.

  3. #213
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 16

    Saudações, povão!

    O Torneio continua, a Comunidade Roleplay inunda... E A Voz do Vento ficou só no vento, sem voz alguma... Até hoje!

    Depois de mais de um mês, Ireas e seus amigos hão de fazer sua volta triunfal ao jogo! Espero terminar esse Pergaminho ainda nesse ano, rs...

    Mas, tenham calma! O Ireas ainda vai passar por muitas coisas... Vocês vão ver.

    Por falar nisso, quem está acompanhando meu Life Thread? Criei-o recentemente para mostrar o progresso de meus três personagens - Kallisto, Soraya e o Ireas (lógico) - e tem tudo dado certo até agora. Bom, para quem não está acompanhando ainda, eis o link.

    Life Thread: Ireas, Kallisto e Soraya

    Agora, vamos aos Comentários (só dois, mas tão valendo e estão de bom tamanho!):

    Spoiler: Respondendo aos Comentários

    ----

    Sem mais delongas, ao Capítulo de Hoje!

    ---

    Capítulo 16 - Dois Oásis no Deserto - Por Ashta' Daramai! (Parte 3)

    ...Agora e Para Sempre...

    (Narrado por Ireas Keras)


    Era uma sensação estranha estar junto a Wind de novo; por um lado, estava feliz por vê-lo são e salvo. Por outro lado, não acho que ele tenha gostado do fato de eu ter escolhido o outro lado da guerra Djinn. Além disso, o livro, o Tomo que Brand me dera, me intrigava, e muito - que segredos de minha mãe haveriam ali? Quem seria aquela mulher de fato?

    O caminho, com Wind ao nosso lado, não mostrou-se lá muito difícil, pois o Cavaleiro Yalahari, com muita destreza e força, eliminava de seu caminho quaisquer adversários. Najas, escorpiões e até ferozes leões pereceram ao fio de sua espada.

    Em um dado momento, quando havíamos subido bastante montanha adentro, ele sinalizou para que parássemos.

    — Aqui mora um Wyvern... — Disse-nos o Yalahari, com um sorriso melindroso — Vamos derrotá-lo...

    Engoli em seco. Wyverns eram como dragões em miniatura! E eu nunca havia enfrentado sequer um filhote de dragão! Como eu lidaria com um animal daquele porte? Emulov me fitava com receio — não gostara da ideia de matar um Wyvern. Decerto a criatura teria parentesco com algum ser que ele conhecesse, talvez por isso ele estivaria relutante.

    Pé ante pé, seguimos Wind escadaria acima, através de uma pequena entrada. Quando nós dois chegamos, ouvimos um chiado estridente e forte. Em seguida, vi o Yalahari combatendo um estranho e franzino dragão de escamas marrons, olhos verdes e garras afiadíssimas. Ele tinha cerca de cinco metros de envergadura por sete metros de comprimento da cabeça à cauda espinhosa.

    As chamas chegaram perigosamente perto de mim e Emulov, e eu fiz o jovem Feiticeiro recuar. Observamos Wind enfrentar a criatura de peito aberto, desviando das chamas por ela atiçadas ou curando-se rapidamente de suas investidas, mordidas ou garradas. O veneno que ela jorrava parecia não ter afetado em nada a performance do ruivo que, em poucos golpes de espada, desfigurou por completo a criatura.

    — Quanto poder... — Sussurrou Emulov, visivelmente lívido ante a morte do Wyvern.

    Wind pegou uma garrafa de água e derramou o líquido sobre seus cabelos e ombros, lavando o sangue e o limo venenoso de sua pele. Quase que desmaiei ao ver essa cena... Não fosse Emulov para tirar-me daquele transe... Bem, teria sido uma cena um tanto quanto constrangedora...

    — Vamos adiante! — Falei, recompondo-me — Temos uma longa invasão pela frente...

    Emulov e Wind assentiram, e o Yalahari tomou a dianteira. O restante do caminho fora tranquilo, e Wind conseguiu distrair os Djinns verdes de modo que eu e Emulov pudéssemos ficar invisíveis* e, assim, descer até o porão, onde falamos com Rata' Mari.

    — Djanni' hah! — disse ao ver, para minha surpresa, um ratinho no chão.

    — Saudações! — Respondeu-me o ratinho, animado. — Ei! Espere um segundinho aí! — Ele logo assumiu uma postura desconfiada, ficando sob as patas traseiras e cruzando as patinhas dianteiras — Onde foi que você aprendeu...?

    PIEDPIPER. — Falei sem rodeios — Fa' hrahdin nos mandou. — Falei por fim, apontando para mim e Emulov enquanto dizia nossos nomes. — Sou Ireas Keras, e esse é Emulov Suv.

    — Oh! Ótimo, ótimo! — Aplaudiu o ratinho — Achei que tivessem se esquecido de mim. Oh... Vocês devem querer os relatórios...

    O ratinho estava para nos estender os pergaminhos quando, com um sorriso melindroso, se deteve.

    — Nã, nã, nã! — Protestou com um tom sacana — Antes, meu pagamento.
    Eu e Emulov nos entreolhamos.

    — Que pagamento? — Desconfiado, indaguei.

    — Ora essa! — Esbravejou o ratinho em um meio sorriso — Estou com fome! Ouve isso? — Ele apontou para seu pequeno ventre de roedor — Há tempos ele ronca sem parar... Uma roda de queijo fresco é tudo o que peço...

    Eu me controlei muito para abafar o riso. Com um sorriso ladino, estendi minha mão esquerda para o ratinho e pronunciei a fórmula da solução de seu problema:

    "Exevo Pan" — Ao dizer isso, uma roda de queijo fresco apareceu, e o ratinho atracou-se a ela com fome singular.

    Com uma de suas patas, entregou-nos os documentos, e pudemos seguir em frente. No andar de cima, Wind nos esperava, curioso para saber do que se tratava o papelzinho.

    — Nã, nã, nã! — Disse-lhe com um risinho melindroso, afastando-lhe com uma de minhas mãos — O conteúdo desse Pergaminho é confidencial... Lamento.
    Creio ter conseguido arrancar um leve riso de Emulov, pois ele parecia tentar abafá-lo quando viu minha interação com Wind. A verdade é que, a despeito de tudo que estava acontecendo ao meu redor, estava feliz por ver Wind de novo, por ele estar bem... Por tê-lo perdoado, e por ele estar ao meu lado ainda...

    ***

    Novamente, Wind esperou por mim do lado de fora de Ashta' Daramai, sereno em seu repouso, com os olhos cerrados, braços cruzados e cabelos balançando suavemente ao vento. Eu e Emulov tratamos de falar logo a Fa' hradin, o qual mostrou-se surpreso em nos ver.

    — Sinceramente, não achei que sobreviveriam. — Disse o Djinn em um tom bem austero, recebendo os pergaminhos — Bem, Rata' Mari está bem e ativo, e é isso o que importa. Bem, vocês já estão conhecidos aqui, e acho que já podem ter a honra de falar com nosso senhor Gabel em entidade...

    Eu olhei para Emulov. Enfim, a chance que tanto esperávamos! Reverenciamos Fa' hrahdin e seguimos escadarias acima, onde Gabel, o senhor dos Marid (e antes senhor de todos os Djinns) nos esperava. Seu semblante era doce e altivo ao mesmo tempo. Seus belos olhos negros ostentavam um brilho arroxeado. Seu corpo era forte e de um azul brilhante como safiras.

    — Entrem, crianças... — Disse-nos Gabel, com a voz mais gentil que já havia ouvido. Talvez mais gentil até que a de Cipfried. — Entrem, por favor...

    Aproximamo-nos respeitosamente do rei, que parecia ter um semblante melancólico, a despeito do sorriso que nos oferecia.

    — Ah, fizeram tanto por nós... — Suspirou — Eu sinceramente não queria ter que lhes pedir mais esse favor... Eu não queria que tivessem que lutar a nossa luta. Contudo, se Malor percebesse o quão louca e errada é sua concepção, não teríamos que pedir a humanos que nos ajudassem. Daraman está com vocês, crianças, e eis que lhes peço esse último favor.

    Ele respirou fundo. Havia muito pesar em sua voz.

    — Eu nunca quis que nada disso chegasse a esse ponto... — Disse-nos com melancolia — Contudo, Malor passou dos limites, e já desrespeitou demais os ensinamentos de Daraman. Não posso mais dar a ele o benefício da liberdade... — Sua voz tornou-se mais grave e decidida — Vocês marcharão até a Rocha de Ulderek! Lá, falarão com o Rei Ogro, que há muito guarda o único artefato que poderá selar Malor para todo o sempre: sua Lâmpada Encantada, a qual ele tentou usar para me prender. Peguem a lâmpada e invadam Mal' Ouquah para nunca mais! — Ele apontou seu enorme dedo indicador azul para nós — A batalha é inevitável, e vocês derramarão muito sangue. Ao chegarem aos aposentos de lâmpadas de Malor, troquem as lâmpadas, e o malfeito terá sido desfeito. Eu espero vê-los vivos para contar essa história... Tenham cuidado... Daraman os protegerá, crianças...

    Seu semblante voltou a ser melancólico e, lentamente, ele se sentou em seu trono, fitando-nos com um sorriso triste.

    — Tão jovens... — Sussurrava em um triste mantra — Gabel... Daraman não aprovaria isso... A guerra não é deles, Gabel...

    Respirei fundo e, ao lado de Emulov, desci silenciosa e solenemente as escadas, até chegar à entrada, onde Wind, já desperto, nos esperava com um semblante sério.

    — Meu bem — Começou ele, estranhamente sisudo, olhando-me de soslaio —, já sei o que quer. Já sei o que me veio pedir... — Ele suspirou profundamente — Agora deves saber o porquê de eu não ter querido que você se aliasse a eles: sua aliança implica em uma traição a eles por minha parte.

    Ele me olhava no fundo de meus azuis olhos. O brilho do pôr do sol em suas orbes castanhas dava a elas um brilho avermelhado estonteante e um pouco sinistro.

    — Esse caminho, meu bem, você escolheu. — Disse-me sério — E eu entendo o porquê; por isso, se eu tiver que ser esfolado vivo e degolado por Malor, eu não me importo.

    Arregalei meus olhos. Estava Wind certo disso? Ele encontraria a morte certa se decidisse me ajudar!

    — Ireas... — Ele agora semicerrara seus olhos e sorria para mim — Eu escolhi você. Isso não é novidade; depois de tudo o que passei com e por você, não temo inimigo algum. Portanto, Ireas Keras e Emulov Suv... Eu os ajudarei do início ao fim. Desde a invasão do castelo Orc na Rocha de Ulderek até a invasão a Mal' Ouquah, pelos fundos da mesma. Brand há de nos ajudar, e encontraremos mais pessoas interessadas nessa missão. Ireas, se os Marid podem lhe mostrar o caminho até sua mãe, então eu não serei um empecilho. Farei de tudo para ver-te feliz, meu amor.

    Continua...

    ---

    Nota da Autora:

    (*): A Invisibilidade pode ser detectada por Djinns. Contudo, para fins de Roleplay (e pra diminuir um pouco o perigo dessa parte), fiz os Djinns cegos para a Invisibilidade. Contudo, isso não é realidade no jogo. Portanto, não repitam isso.

    ----

    Aee, revivi essa bagaça!

    Comentários please!

    Tá chegando o capítulo MAIS ESPERADO desse Pergaminho!

    Se preparem!

    Até o próximo!
    Última edição por Iridium; 08-10-2013 às 18:20.

  4. #214
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    Padrão

    E aí, Iri.


    Bem, meu comentário será pequeno por eu estar com um pouco de pressa.

    Não comentei mais, mas estive comentando um pouco contigo sobre a história, e talvez seja suficiente - só não sei se é pra você.

    Eu gostei do capítulo, mesmo não sendo tão longo, tendo poucas coisas. Gabel pareceu gentil da mesma forma que no jogo, pois me uni a ele e estou nessa parte da lâmpada, que vai ser muito complicada, devido a quantidade de criaturas em Ashta'Daramai(Acho que errei o nome).

    To aguardando o próximo capítulo, e fico feliz por estar voltando(de novo hu3), logo mais estarei retornando também. Fiquem atentos, antigos leitores.

    ~Carlos



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  5. #215
    Avatar de Sombra de Izan
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    Padrão Engraçado

    Nossa to rindo até agora, já pensou o caboclo lê aqui que eles não vêem o buneco invisível, dai ele vai lá todo bobo caçar uns djins com anel de invisibilidade e puff morre, dai o que ele vai pensar, humm vou arrumar um advogado fodastico e processar a autora, vê se pode kkkk, ótimo capítulo hein, ta muito massa.




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  6. #216
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 17

    Salve, salve, povo!

    CHEGOU! ELE CHEGOU!

    O CAPÍTULO MAIS ESPERADO DO SEGUNDO PERGAMINHO, NO QUAL A TRETA REALMENTE ACONTECE!

    Mas antes... Respondendo aos fiéis leitores:

    Spoiler: Respostas aos Comentários


    Sem mais delongas, ao Capítulo de Hoje, esse grande divisor de águas!

    ---

    Capítulo 17 - Os Renegados: REVOLUÇÃO VANDURANA! (Parte 1)

    ... Liberdade ou Morte!

    (Narrado por Liive, o Bárbaro do Inferno)


    Nunca antes, em toda a minha existência, presenciei um evento desse porte. Não, nem mesmo a guerra contrar Morgaroth se compara a isso. Éramos uma frota de, no mínimo, dez navios, sendo quatro deles galeões thaianos, comandados por mim, Jack, Sírio e Raymond Striker.

    Ouvi um burburinho detrás de mim. Os homens pareciam lembrar-se de alguma música antiga, sufocada pela tirania. Vi Sírio à estibordo (direita), e ele parecia instigar os homens a cantar. Aos poucos, os meus, enquanto preparavam suas munições, afiavam espadas e calibravam canhões, começaram a cantar, em alto e bom som, a mesma melodia. O hino nacional de Vandura, há muito esquecido, e agora honrado e lembrado:

    Despertai, Vandurano, de teu sono de morte
    No qual estiveste afundando, graças aos Bárbaros tiranos
    Aos Bárbaros Tiranos!

    Agora ou nunca
    Façamo-nos novo destino
    Para o qual teus inimigos se curvarão
    Teus inimigos se curvarão!

    Agora ou nunca
    Daremos a prova ao mundo
    Que em estas veias ainda correm
    O sangue de Vandura!
    O sangue de Vandura!

    Em nosso peito, um nome seguramos com orgulho
    Nome vitorioso em combate, o nome de Raymond!
    O nome de Raymond!

    Olhai, sombras imperiais,
    Morgan, Sumeis , Cordelius*
    A Nação Vandurana,
    para teus netos!
    A teus netos!

    Com os braços armados,
    Com fogo em nossas veias,
    "Vida em liberdade!"
    "Ou a morte!", gritamos todos!
    "Ou a Morte!", gritamos todos!

    Xamãs, com seus cultos!
    Nossa armada é pagã
    O lema é liberdade,
    e o objetivo é sagrado!
    O objetivo é sagrado!

    Antes morrer em batalha, com toda glória
    Do que escravos novamente, em nossa
    Terra antiga!
    Em nossa terra antiga!

    Antes morrer em batalha, com toda glória
    Do que escravos novamente, em nossa
    Terra antiga!
    Em nossa terra antiga!
    **

    Na medida em que nos aproximávamos dos mares da Baía da Liberdade, o canto ficava mais grave e forte e, assim que vimos as galeras brancas e rubras de Thais se aproximando, os homens foram tomados de fúria e coragem que nosso mundo jamais vira — nem mesmo eu, sendo Norsir, vi homens tão inflamados e apaixonados.

    Das galeras, vi, infelizmente, um rosto familiar. E eu não pude acreditar em meus ohos.

    — Não pode ser...

    Jack, que estava a bombordo, também viu. E, pela primeira vez, vi o sorriso do rapaz esmorecer enquanto um semblante triste, como de quem teve seu coração partido, surgiu em sua face. Ele cerrava fortemente seus olhos enquanto lágrimas de ódio caíam de seu rosto. Súbito, com as faces desfiguradas pelo ódio, ainda com as lágrimas a descer-lhe pelas faces alvas, ouvi-o rugir.

    — Maldito seja! — Urrava Jack — Maldito seja, seu astardo inglório! Como pôde?! A causa deles é justa e você sabe disso! Por que está fazendo isso?!

    Vocês querem saber quem é o patife, não? Sim... O patife não era apenas um, senão dois. O que estava mais atrás, calado, tinha cabelos lisos até os ombros com um brilho azul escuro. Seus olhos eram escuros como a noite e sua pele, branca como a neve de Svargrond. Ireas já o viu antes, quando ele havia completado seu... Centésimo Grande Feito. Esse homem era ninguém menos que...

    Icel! — Berrou Jack, já com sua besta calibrada e com o virote posicionado — Seu bastardo! Calhorda! Filho de um cão leproso! Traidor!

    O outro... E esse, confesso-lhes, até doía vê-lo ali, dado o que passamos, dados os anos de amizade e até mesmo o que passamos pelo jovem Ireas, pensei, realmente, que sua mente tivesse expandido, e que ele compreendera o sofrimento pelo qual passam os Vanduranos... Pelo qual passa o povo de Sírio. Pelo visto, nem mesmo a escravidão diplomática imposta a meu povo foi capaz de comover... Seus olhos eram rubros como sangue e, a despeito de sua juventude, apresentava a cabeleira lisa, à altura da nuca e sempre bem-arrumada completamente grisalha. Ele lutara ao meu lado, e recebera, por sua inteligência e bravura, toda as honrarias. Era ele...

    Jovem Brand Terceiro... — Pronunciei seu nome em alto, solene som e lentamente, enquanto caminhava até a proa. — Patife desgraçado, filho de mil vagabundas desterradas! Vai pagar caro por isso! Virou comandante-em-chefe e isso subiu-lhe a cabeça! Aquele rei gordo está te usando, seu imbecil!

    Icel parecia ter-se assustado com minha voz e com os urros de Jack, mas Brand manteve-se inflexível. Vi-o andar até a proa de sua galera alva, com o olhar apático e frio.

    — Não esperava que entendessem. — Disse-nos friamente, com uma voz um pouco mais grave que de costume, mantendo-se sublime em sua hipócrita postura — Mas Jack, logo você, traindo Thais? Desculpe...Esse crime não será perdoado, ainda mais vindo de alguém que defendeu nosso mundo de Morgaroth! Todos vocês estão sendo acusados de pirataria! Se não morrerem em seus navios, morrerão nas forcas de Thais e Venore! Rendam-se enquanto ainda podem!

    Brand ouviu de nós vários urros, vaias e tiros de garrucha como resposta. Raymond e Sírio, furiosos, comandaram seus navios à frente; eu e Jack, naturalmente, fizemos o mesmo.

    — Icem as velas! — Ordenei — Vamos ao ataque! Esses latifundiários verão como se empunha uma arma de fato! — empunhei meu machado, pronto para a luta

    Do outro lado da batalha, com um sorriso de canto arrogante, os olhos de Brand brilhavam diante do amanhecer, deixando-o com um aspecto mais sinistro. Ele empunhava seu Arco Micológico e suas Flechas Cristalinas, pronto para o embate também.

    — Que seja. — Ele falou, ríspido — Às armas, povo de Thais! Vamos mostrar a esses escravos que o lugar deles é na senzala! A Casa-Grande será nossa para sempre!

    Ele disparou sua flecha em minha direção, e esse foi o início da batalha. Nossos navios passaram pelos deles, disparando inúmeras bolas de fogo contra seus cascos imaculados. Os homens de Thais, todos de armaduras brancas, desceram aos nossos navios por meio de cordas. O que os otários não se deram conta fora do número de espadas, garruchas, lanças e machados que os aguardavam. Os conveses faiscaram em meio à dança de lâminas e jorrar de sangue de ambos os lados.

    Icel veio em minha direção, e eu apenas dei-lhe um sorriso debochado. Aquele esguio Paladino não teria a menor chance contra um Norsir de meu porte. Jack e Brand certamente se enfrentariam, e eu vi um estranho vulto indo em direção ao navio de Sírio — quem seria?

    Continua...

    ----

    Notas da Autora:

    (*): Como não há registros de grandes líderes ou imperadores em Vandura antes do domínio Thaiano, deixo esses nomes como possíveis antigos líderes do povo Vandurano.

    (**): Esse Hino foi todo baseado no hino nacional da Romênia. O original está abaixo:

    Deșteaptă-te, române, din somnul cel de moarte,
    În care te-adânciră barbarii de tirani
    Acum ori niciodată croiește-ți altă soarte,
    La care să se-nchine și cruzii tăi dușmani.

    Acum ori niciodată să dăm dovezi la lume
    Că-n aste mâni mai curge un sânge de roman
    Și că-n a noastre piepturi păstrăm cu fală-un nume
    Triumfător în lupte, un nume de Traian

    Priviți, mărețe umbre, Mihai, Ștefan, Corvine,
    Româna națiune, ai voştri strănepoți,
    Cu brațele armate, cu focul vostru-n vine,
    "Viața-n libertate ori moarte" strigă toți.

    Preoți, cu crucea-n frunte căci oastea e creştină,
    Deviza-i libertate și scopul ei preasfânt.
    Murim mai bine-n luptă, cu glorie deplină,
    Decât să fim sclavi iarăși în vechiul nost' pământ.


    ---

    Começou, galera! Começou a Revolução Vandurana, a que sempre quis escrever!

    E aí, quem ganha, a Casa-Grande (Thais) ou a Senzala (Liberty Bay)? Escolham um lado, senhores, e se preparem, que esse Pergaminho é fúria, guerra e detonação geral!

    Até a próxima, galera! Divulguem, comentem! Mostrem A Voz do Vento a seus amigos!

    Saudações,
    Iridium.
    Última edição por Iridium; 17-10-2013 às 09:58.

  7. #217
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    Padrão Extras

    Saudações!

    Um double post bem rápido - enfim, chegaram os desenhos de quatro personagens marcantes: Icel Emonebrin, First Yami, Yumi Yami e Emulov Suv! Fazia tempo que eu os havia prometido! Seus perfis estão na página principal, junto às suas imagens!

    Os novos desenhos:








    Os antigos (já disponíveis na página principal):















    Última edição por Iridium; 13-10-2013 às 23:06.

  8. #218
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    Padrão Batalha

    Para batalha e afrente homens, muito massa a canção e até que enfim postou os desenhos, eles foram muito bem feitos, eu não conseguiria nem traçar a reta deles pelo menos faria a sombra
    Engraçado que tava lendo rápido e quase li que morreriam para as focas, focas sanguinárias.

  9. #219
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 18

    Saudações, pessoal!

    Faz mais de meses que fiquei sem postar um Capítulo sequer... O Fórum que me perdoe, mas hoje,
    COM TODA A CERTEZA, irei floodar levemente esse tópico, postando TODOS os Capítulos atrasados
    dessa Saga!

    A revolução continua, enquanto Ireas, Wind e Emulov marcham em direção à Rocha de Ulderek!
    O Segundo Pergaminho é só sangue, gelo e aço!

    Divulguem, comentem, falem comigo! Adorarei ouvir suas opiniões. Para quem ainda não acompanha a LT
    do Ireas e meus outros chares, basta clicar no link em minha assinatura! Estarei voltando a atualizar o LT
    também!

    Primeiramente, respondendo (com MUITO ATRASO) ao Sombra:

    Spoiler: Respostas aos Comentários


    Sem mais delongas, o retorno triunfal de Ireas e seu comboio!

    Vamos... AO CAPÍTULO DE HOJE!

    ----

    Capítulo 18 - Os Renegados: REVOLUÇÃO VANDURANA! (Parte 2)

    Quando os caminhos se bifurcam...

    (Narrado por Jovem Brand Terceiro)


    Eu não esperava deles nenhuma compreensão. Nenhuma mesmo. Aceitei aquela missão, aquele fardo, de peito aberto e semblante altivo; eu era, sou e sempre serei um Thaiano e, portanto, estarei sempre pronto para cumprir os desígnios de nosso Rei até o dia de sua morte. Não espero, jamais, que me entendam.

    Fui criado assim. Nasci para chegar aonde cheguei. Servir a Thais e ao mundo de Tibia - eis minha razão para viver. Se a vida dos vanduranos tiver que ser sacrificada para que o desígnio de minha vida se cumpra...

    Que assim seja.

    Sendo assim, disparei aquela flecha em direção a Liive, que entendera o recado — e que dificilmente recuaria ante às minhas investidas. Os meus navios, alvos como a luz das estrelas na noite mais densa, avançaram mar escuro a dentro, indo de encontro às escuras e talvez pútridas barcas piratas.

    Foi como se um caminho se abrisse para mim; meus homens iam de encontro aos piratas, os quais sequer me atingiam. Contudo, em meio àquela balbúrdia, vi outro homem caminhar quase tão tranquilo quanto eu. Um rapaz de pele branca, olhos verdes como olivas, cabelos curtos, negros e lisos, com uma franja que tocava gentilmente suas espessas sobrancelhas. Era um Paladino, assim como eu. Era aquele que pude, por muitos anos, tomar como amigo e irmão. Era Rei Jack Spider — e estava furioso comigo.

    Por que?

    A arena estava pronta — tínhamos o convés só para nós. Ele estava com suas Lanças Encantadas prontas, e seu olhar denotava suas intenções.

    — Sei que não vai dar meia-volta, mas eu insisto. — Disse a ele. — Não quero feri-lo, sabe disso. Venha comigo, e deixe para lá essa grande tolice!

    — De jeito nenhum! — Vociferou Jack — E você não ouse dizer o que penso ou sinto! Como pode ser tão hipócrita?! Defendemos a liberdade juntos, não se lembra?!

    — Não estou gostando do rumo que essa conversa está tomando... — Repliquei calmamente, retesando meu arco, já com uma Flecha Cristalina posicionada. — Bem... Visto que você não quer dar ouvidos à razão, vejo-me sem escolhas.

    — Não me venha falar de razão! — Urrou Jack — Você não tem esse direito! Exori Gran Con!

    Jack posicionou as mãos à frente do rosto, com as palmas viradas em minha direção e os dedos indicadores e médios de ambas mãos encostando levemente em sua testa. Ao urrar o feitiço, seus olhos brilharam em um tom azulado, e vi uma Lança Etérea voar rapidamente em minha direção.

    Não tive tempo de reagir — a lança atingiu-me em minha perna, fazendo-me urrar de dor. A arma desaparecera pouco depois, deixando uma enorme e profunda ferida exposta para trás. Olhei Jack com ódio.

    — Muito bem. — Falei no tom mais controlado que consegui. — Você pediu. Exori San!

    Apontei minha mão esquerda para ele, e dela saiu uma linda, porém mortífera cruz dourada, que atingiu-o rapidamente. O míssil divino abriu-lhe pequenas chagas em sua carne*, fazendo-o recuar três passos de sua posição original.

    Utori san! — Gritamos em únissono, curando nossas feridas.

    Retesei meu arco e comecei a atirar; juro por Banor que perdi a conta do número de flechas que comecei a disparar. Começamos nossa dança mortal — Jack atirava suas lanças e ora ganhava, ora perdia distância, e o mesmo acontecia comigo e minha saraivada de Flechas Cristalinas. Eu atirava, mas, por algum motivo... Eu errava.

    Minha mira, sempre tão precisa e ferina, estava falhando. E justo na pior hora! Pelos deuses, o que era aquilo?! Como poderia vencê-lo se sequer conseguia acertá-lo?!

    Utito Tempo San! — Gritei, usando o feitiço que faria de mim o melhor dos atiradores.

    Novamente, atirei contra ele três Setas Cristalinas de uma só vez, e todas acertaram seu alvo — feri-o em suas pernas e em seu ombro, fazendo-o ajoelhar-se a cinco metros de distância de mim. Contudo, não saí ileso, pois ele pôde me acertar em meu abdome com uma de suas Lanças Encantadas. Com dificuldade notável, levantei-me. Meu sangue — e o de Jack também — lavava uma parte do convés.

    Parte de mim queria ferir Jack, e ferir de morte — ele traiu Thais, traiu o rei, traiu... A mim. Sim, traiu minha confiança, traiu os ideais de nossos familiares, traiu toda uma sociedade sob a qual nascemos e nos moldamos. Jack traíra a tudo e a todos, e para quê? A troco de quê?! Nada! Absolutamente nada!

    Contudo, a outra parte de mim hesitava. Essa outra parte fazia minhas mãos falharem a cada tiro por mim dado, e apertava meu coração a cada acerto em Jack. Eu estava ferindo meu melhor amigo e meu irmão de alma! Essa parte de minha mente sabia o quão severo era o crime que eu estava cometendo... E queria frear-me a todo custo.

    Estava em transe: senti meu arco cair de minha mão. Meu olhar era vazio e translúcido — era como se minha alma não estivesse mais atada ao meu corpo.

    — Lute! — Urrou Jack — Exevo Mas San!

    Saí do transe no momento exato em que ele conjurou o mais mortal feitiço em área do qual um Paladino dispõe — eu vi as várias cruzes subindo em minha direção, e só tive tempo de gritar:

    Utamo Vita!

    A defesa absoluta fora um sucesso — nenhuma das cruzes fora capaz de me ferir, para minha sorte. Decidi revidar na mesma moeda.

    Exevo Mas San! — Urrei em retorno.

    Agora, o símbolos sagrados voltaram-se contra meu amigo, que sequer tivera tempo de se defender diante de tanta luz. Vi seu corpo receber rasgos divinos, chagas de cor dourada, que o faziam urrar de dor pelas queimaduras, fossem as externas... Ou as internas.

    Ele gemia de dor, mas não estava perto de se render. Pelo contrário — sua fúria alimentava sua vontade de me ver no chão, humilhado, ferido e derrotado. Apanhei meu arco sem desviar minhas orbes vermelhas dele. Vi-o ficar de joelhos, tentando endireitar seu corpo. Lágrimas rolavam em meio ao sangue que escorria de seu corpo ferido.

    Retesei meu arco, com outra Flecha Cristalina pronta para ser atirada. Como estava sendo covarde... Atacar um inimigo enquanto este está vulnerável?! Que tipo de homem eu me tornei?

    — Atire! — Urrava Jack em meio à dor, já apoiado sobre um de seus joelhos — Atire se for capaz, brand! Atire se for homem! — Suas orbes verdes me olhavam no fundo de minha alma, e eu sentia a fúria dele passar por todo meu corpo, ferindo-me por dentro, corroendo meu espírito e destruindo o que restava de minha alma.

    Entrei em transe, e as imagens de minha infância regressaram à minha mente. Isso aconteceu quando eu tinha oito anos...

    (Dezessete Anos Antes...)

    Várias crianças corriam pelas ruas de pedra de Thais. Uma delas, branca como a lua, com os cabelos da cor da pelagem dos lobos e olhos vermelhos como rubis, estava sempre para trás.

    — Ele é estranho — Diziam alguns.

    — Parece um demônio! — Gritavam algumas mães — Vejam seus olhos! A vilania transborda deles!

    As mães chamavam por seus filhos, que corriam para seus braços, deixando Brand sozinho. Ser filho de um Paladino rico e de alta patente parecia servir de nada — ninguém queria ser seu amigo. Ninguém queria tê-lo por perto. Ele era temido... Simplesmente por existir.

    Então, já que ninguém o queria por perto... Por que não recorrer à morte? Por que não encerrar aquele fatídico evento de uma vez por todas em vez de amargar sua sorte?

    Seus olhinhos viram o parapeito de pedra a alguns metros acima de sua cabeça — a altura certamente seria suficiente para causar sua morte. Portanto, por que não aproveitar aquela chance? Seu pai estava longe, trabalhando em uma missão de patrulhamento perto da cidade élfica de Negroespinho, e sua mãe... Bem...

    Ela há muito não caminhava no mundo dos vivos.

    Brand era como sua mãe — olhos vermelhos, cabelos brancos. Ele se lembrava pouco dela, pois falecera de uma doença estranha quando ele tinha seus quatro anos de idade. Fora privado do amor de mãe, e certamente não podia contar com a presença paterna em sua vida.

    Estava sozinho. Sempre sozinho. Essas afirmações ecoavam em sua mente enquanto seus pezinhos ágeis galgavam as escadarias de pedra até chegar em seu destino. Suas mãozinhas o levantaram acima do parapeito de pedra, sobre o qual se sentou, vendo a cidade de cima.

    O vento soprava gentil em suas melenas, convidando-o a uma passagem só de ida para o mesmo local onde sua mãe descansava, e esperava por ele.

    Seus olhinhos se encheram de lágrimas. Suas perninas o levantaram, deixando-o pronto para saltar. Ele já sentia o corpo leve, pronto para ir de encontro às pedras da estrada abaixo dele. Ele cerrou seus olhos, esperando o vento guiá-lo para longe dali... Para perto de sua mãe, onde as pessoas jamais falariam mal dele outra vez.

    — Pare!

    A voz aguda de uma criança um pouco mais nova o trouxe de volta à realidade. Ela era menor que ele, e estava segurando seus tornozelos, impedindo que Brand se atirasse.

    — Você vai se machucar muito! — Disse a criança, em tom choroso — Seu papai e sua mamãe não vão gostar se você se machucar! Não faça isso não!

    Brand olhou para ele — um menino de pele um pouco mais bronzeada, com cabelos negros, lisos e de longa franja e os olhos verdes mais vivos que ele até então vira. Os olhinhos do menino estavam cheios de lágrimas, e ele olhava no fundo dos olhos da criança mais velha e sem esperança. Brand sentia a compaixão que eles transmitiam.

    — Não ligue para o Dorian — Dizia o rapazinho dos olhos verdes — Ele e Alexei** são malvados assim. Eles não gostam de gente diferente, e acham que é legal machucar essas pessoas, sendo que não é. Eles me tratam mal também, me fazem chorar, me batem e eu não gosto deles. Mas sou mais legal que eles, sei disso. E você também deve ser...

    — Você não sabe disso! — Retrucou Brand às lágrimas — Como sabe que sou bom, sendo que nem me conhece?!

    Ele me disse. — Replicou a criancinha de olhos verdes com um sorriso terno em meio às lágrimas. — Ele me trouxe aqui. Ele me disse que você estava triste, que sentia falta de sua mãe... E que queria ir até ela.

    Brand arregalou seus olhos, surpreso e assustado.

    — Quem... Quem te disse isso? — Indagou, em meio a sussurros.

    Ele... — Replicou o menininho, limpando as lágrimas — ... O Vento. Quem mais poderia ser, tolinho?

    — O Vento... Fala? — Indagou Brand, sentindo o menino tirar as mãos de seus tornozelos.

    — Sim. — Replicou o garoto, com um sorriso — Foi ele que me trouxe até aqui... — Em seguida, estendeu a mão direita a Brand — Meu nome é Jack. Jack Spider. E o seu, qual é?

    Antes de falar, Brand sentou-se no parapeito, um pouco desconfiado. Apertou gentilmente a mão do menino, o qual finalmente sabia o nome.

    — Sou Brand... Terceiro. — Disse o rapaz de melenas prateadas — Seu nome... É engraçado! — Completou com um riso discreto, com as faces ainda úmidas das lágrimas.

    — O seu também! — Riu Jack — Você é legal, Brand. Vamos ser amigos?

    Brand arregalou seus olhos, estático. Uma pessoa queria sua amizade? Sinceramente, sem pretensões ruins, sem descaso, sem piadas de mal gosto?

    — Até quando? — Brand indagou, surpreso — Até quando vai querer ser meu amigo?

    Jack sorriu docemente para ele.

    — Para sempre. Quero ser seu amigo para sempre. O que o Vento me traz, eu não vou me desfazer, pois é importante, é bom, é especial. Quero ser seu amigo até o fim dos dias, Brand. Ou até o dia em que não pudermos mais ser amigos.

    Jack tirou Brand do poço, livrou-o de sua pior mazela e fez de sua alma menos miserável. Fez de sua vida, ainda que cercada de riqueza e fortuna, menos miserável e mais suportável. Até o dia de suas mortes, suas vidas estavam atreladas. Cada alegria e tristeza seria compartilhada, dividida. O mundo seria deles e apenas deles. Tudo graças... Ao Vento.


    (Tempo Atual)

    (Narrado por Jovem Brand Terceiro)


    Jack ofegava; seu corpo estava coberto de chagas, e ele sangrava, sangrava muito, mais do que qualquer outro homem poderia aguentar. Eu também estava ferido — meu escudo mágico não resistiria por muito mais tempo, e eu ainda estava em transe.

    — Pois bem! — Urrou Jack, trazendo-me de volta à realidade — Se você não vai atirar, então eu o farei! Utori San!

    Sua cura trouxe-me de volta ao campo de batalha. Respirei fundo — o combate continuaria, então.

    Exevo Mas San! — Urrou Jack.

    Utamo Vit...

    Tentei conjurar o escudo novamente, mas não houve tempo — as cruzes me atingiram, me rasgaram e me arremessaram longe, muito ferido. Eu não queria lutar contra Jack, mas também não queria perder.

    Não assim. Não desse jeito.

    Cerrei meus olhos e esperei — não tinha forças nem para pegar minhas poções. Estava cansado demais. Tudo girava; meus olhos pesavam, mas não se fecharam. E eu ouvia tudo.

    Tiros de canhão.
    Balas disparadas de garruchas mal calibradas.
    O tintilar de espadas dançando e se acertando.
    Runas que singravam os céus com suas magias elementais poderosas.
    E passos.

    Passos conhecidos.

    Jack estava vindo.

    Era meu fim.

    (Narrado Por Rei Jack Spider)

    Eu não queria nada disso. Eu nunca quis nada disso. Por que, Brand, por que?

    Por que insistir nisso?

    Ele estava no chão, inerte e com chagas em seu corpo. Sua pele, sempre tão branca, havi sido castigada pela minha fúria. Castigada pela traição — e pelo pesar em seu coração. Sim... eu podia ouvi-lo.

    Batia fraco, pesaroso — seu coração ressoava em meus ouvidos, e apenas nos meus, fraco como a respiração de uma criança pequena. Soava igual ao dia em que nos conhecemos. Se eu acabasse com ele ali e naquele momento, ele se lembraria?

    Teria Brand se esquecido da promessa, da jura de amizade eterna?

    — Não... — Murmurava Brand, cheio de dor — Não... Posso...

    Aproximei-me lentamente de meu agonizante amigo. Em meu olhar, toda a tristeza que sentia em assim vê-lo começou a converter-se em lágrimas, as quais busquei não deixar sair de meus olhos.

    — A que ponto chegamos, Brand? — indaguei com a voz embargada — A que ponto sua necessidade de se provar a tudo e a todos chegou? É isso que define como lealdade?

    Seus olhos se abriram. Em meio ao sangue, ao suor e às lascas de madeira, seus olhos brilhavam como faísca em meio à noite sombria. Nunca havia visto o rubro de seus olhos tão vivo.

    — Eu tenho... Minha missão... — Replicou-me com voz rouca — Manter... A Baía... Como... Terreno... Thaiano...

    — Isso é errado, Brand. Você sabe disso. — Repliquei no tom mais gentil que minha alma me permitia. — Esse não é o Brand justo e íntegro que conheço.

    — Então... Você... Não... Me conhece. Ou... Conhecia. — Retrucou Brand, ofegante, sentindo sua vida se esvair.

    — Nada disso trará seus pais de volta do além-túmulo, meu irmão.

    Naquele momento, Brand, que estava estatelado no chão, começou a se levantar.

    — Não ouse. — Replicou-me com ferocidade. — Você não tem o direito de falar dela! Não você!

    — E quem mais poderia falar dela, senão eu, que entendo sua dor? — Indaguei, elevando a voz — Brand, pelo amor de Banor, pare! Eles se foram, e nada do que você fizer aqui os reviverá! Não temos esse poder! Ninguém nesse mundo tem!

    Brand tossia sangue, gemia de dor e permitia lágrimas rolarem de seu rosto em meio à sua tentativa de ficar de pé. O máximo que conseguira foi ficar sobre um dos joelhos, fitando meu rosto com fúria. Suas lágrimas mesclavam-se ao sangue que escorria de suas feridas expostas e que manchava a madeira clara em um tom rubro.

    — Lembra-se de quando nos conhecemos? — Indaguei-lhe.

    — Jamais esquecerei desse dia. — Replicou-me, sem tirar os olhos dos meus. — Se vivo, foi por sua causa. Se ainda respiro, é por sua amizade.

    — Então... Como pode lutar contra mim? Como pode ferir a mim e a si mesmo? Como pode ignorar a Voz do Vento?
    Brand arregalou seus olhos, fitando-me com surpresa; em seguida, vi-o abaixar a cabeça e colocar as mãos à frente dela, com os dedos entrelaçados, como quem reza.

    — Quantos homens mais deverão morrer por uma causa estúpida? — Continuei a dizer-lhe — Quantos oficiais de Thais terão de perecer por causa de um Rei que sequer preza por eles? Seu pai morreu por causa desse homem a troco de nada! Seu pai morreu em Negroespinho e o que o Rei Tibianus fez em sua memória? Nada!

    — Não é verdade... — Replicou-me Brand em meio tom, balançando a cabeça negativamente.

    — Nada, Brand! Nada! — Continuei a dizer, completamente entristecido — Ele te deixou a ver navios em Rookgaard! Mesmo com toda a riqueza dos seus familiares, jamais o Rei poderia comprar-lhe lealdade! Não depois de tanto desprezo com o melhor Marechal que ele já teve!

    Parei de falar, olhando para o lado. Algumas das barcas de Thais já haviam sido destruídas. Eu ouvia a voz de homens em seu último fôlego de vida, afundando em meio aos destroços reais. Ouvia a voz contente dos piratas a vada homem morto, a cada barco destruido e cada mastro Thaiano destruído. Eu ouvia a morte. Pura, simples e terrível.

    Então, o vento me trouxe outro som. O som de um choro. O choro baixo e sincero, como o de uma criança confusa e perdida. O som estava a alguns passos de mim; era Brand quem chorava. Brand meneava lentamente a cabeça para os lados, chorando o choro mais triste que eu já ouvi. O lamento que há dezessete anos ele encerrara em seu coração estava em fim livre, e fluía por ele, transbordando por seus olhos.

    — Eu não vou atirar em você, Brand. — Disse-lhe, por fim — Ainda somos amigos... Se você quiser que eu seja.

    Eu me ajoelhei a um pé de distância dele, e seu abraço veio, rápido e forte. Sua cabeça estava enterrada entre meu pescoço e meu ombro esquerdo, e ele chorava. Chorava sem parar, mas sem soluçar.

    — Você é meu amigo! — Ele dizia, choroso — Você é meu irmão! Minha família! O que tenho de mais precioso em minha vida miserável! Eu sinto muito por causar-lhe tanto mal! Eu nunca quis...

    — Eu também não, Brand... — Repliquei, retribuindo o abraço — Eu também não...

    De repente, ouvimos uma explosão, sentimos um forte solavanco e fomos atirados ao chão impiedosamente. O navio onde estávamos —o comandante da frota Thaiana — havia sido atingido pelos canhões de dois navios piratas. Para completar, havíamos atingido uma das partes mais hostis da ilha — o navio encalhara em meio as pontiagudas rochas do litoral de Nargor.

    Estávamos eu e Brand em meio aos mortos daquele navio. Eu ouvia os passos dos piratas, mas nada podia fazer.

    Estava inconsciente. E Brand também desmaiara, e ao meu lado.

    Continua...

    -----

    Notas da Autora:

    (*): Chagas - provavelmente, seriam as consequências da Divine Caldera quando utilizadas contra quaisquer adversários, sendo mais agressivas, obviamente, quando usadas contra Mortos-Vivos.

    (**): Alexei - Nome fictício do NPC Black Bert

    ---

    Tô voltando! \o/

    Hoje choverão Capítulos - o Desfecho da Guerra dos Djinns e da Revolução em breve serão postados! Fiquem ligados para mais novidades!

    - - - Atualizado - - -

    Saudações, Galera!

    Vou continuar com a chuva de Capítulos!

    \o/

    ----

    Capítulo 19 - Dois Oásis no Deserto: Por Ashta' Daramai, INVADIREMOS! (Parte 1)

    ...Pela Facção Marid!

    (Narrado por Ireas Keras)


    Wind estava determinado a me reconquistar. Meu coração ainda estava balançado — ainda não conseguia crer completamente nele; contudo, havia verdade em suas inteções. Eu sentia isso atravéz do vento que soprava seus lindos, curtos e ruivos cabelos.

    Saímos de Ankrahmun o mais depressa que pudemos; Wind havia mandado cartas a Jack, Brand e Liive para que pudéssemos contar com sua ajuda, mas de nada adiantou — não obtivemos respostas de nenhuma sorte.

    — Começo a me preocupar. — Disse Wind, sério — Liive até que costuma demorar com suas respostas, mas Brand não é de deixar de retornar. Não é de seu feitio... Não mesmo.

    Eu ouvia as palavras de Wind soarem surdas em meus ouvidos, pois havia algo que me preocupava também — Jack. Eu tentei entrar em contato com ele novamente, mas não obtive sucesso. Estava preocupado com meus amigos. Há muito não via Sírio, e Liive sumira do mapa novamente. O que estava acontecendo?

    — Ireas! Ireas!

    Arregalei meus olhos e voltei à realidade. Wind estava me chamando, e estalara os dedos em frente ao meu rosto, buscando trazer-me de volta do mundo das ideias. Pisquei os olhos rapidamente, recompondo-me.

    — De fato, é estranho. — Repliquei.

    Emulov acenou afirmativamente com a cabeça — parecia-me ainda mais tímido do que antes. Talvez isso se devesse ao fato de estarmos eu e Wind juntos ali. Pouco sabia a respeito de Emulov — teria ele família, outros amigos... Uma amante, talvez? Um amante? Alguém? Ninguém?

    — De todo modo, não temos tempo a perder. — Disse o Yalahari — Precisaremos de um time para entrar na Rocha de Ulderek e sair dela com vida. Nós três não seremos páreo para os desafios daquele local.

    — Conhece alguém que pode nos ajudar? — Indaguei, preocupado.

    — Não sei... — Replicou Wind, cordial — Tenho poucos amigos. Não é comum gente de Yalahar ter muitas amizades...

    — Talvez...

    Nos viramos; era a voz de Emulov.

    — Talvez eu... Eu tenha a... Solução. — Disse-nos. — Conhecem... Solstícia Solarii?

    Balançamos nossas cabeças de forma negativa.

    — Não... — Repliquei, um pouco envergonhado.

    — Nunca ouvi esse nome... — Disse Wind. — É sua amiga?

    — Sim... — Disse Emulov, tímido — Ela tem amigos... Poderosos... Que podem... Ajudar.

    — Excelente! — Disse Wind com um sorriso maroto nos lábios — Onde estão ela e seus poderosos amigos?

    — Bom... — Começou Emulov, com as faces bem avermelhadas. — Da última vez que nos falamos, ela estava em Carlin, mas disse que logo iria a Ab' Dendriel, que é onde ela reside.

    — Ótimo, ótimo! — Disse o Yalahari — Estaremos bem perto da Rocha, então! Vamos a Ab' Dendriel! — Ele se virou para mim, sussurrando — Você vai conhecer os Elfos, meu bem.

    Elfos... Elfos! Eu só havia escutado esse nome em histórias que Asralius e Cipfried me contavam na hora de dormir. Seres altos, belíssimos, donos de imenso poder. Só conheci, até hoje, dois pertencentes a essa mítica raça: Solaria e Dario de Ankrahmun. Naquele dia, estaria prestes a conhecer outros...

    ***

    (Narrado por Andarilho do Vento)

    Acho que Emulov me foi mandado por algum motivo — ele vai acabar me ajudando a reconquistar Ireas! Assim que ele falou de seus amigos, animei-me: terei ação, ajudarei o Norsir o qual amo e... Talvez... Talvez eu tenha uma chance de reconquistar seu amor por completo.

    — Bem, se iremos a Ab' Dendriel, que caminho sugere, Emulov? — Indaguei-o cordialmente.

    — Bom... Conheço pouco os sistemas de transporte dessa região... — Respondeu-me humildemente — Mas parece-me adequado irmos... De navio... Não?

    — Bom... Será caro... E demorado, não? — Repliquei. — De todo modo...

    Olhei para o cais de Ankrahmun. Ireas já estava pronto para partir, e o navio estava lá. Sentado perto do timão, estava...

    — Yami... — Rugiu Ireas, e eu não entendia o porquê.

    — Ainda que o senhor seja meu superior, Keras, não é educado rugir para as pessoas... — O rapaz de Darashia exibia um sorriso estranho em seus lábios. — Para onde os levarei hoje?

    — Ab' Dendriel. — Replicou Ireas, com um sorriso triunfante. Certamente, ele sabia que Yami não o poderia levar até lá.
    Yami vacilou um pouco, arregalando suas orbes douradas enquanto fitava o sorriso de Ireas. Rapidamente, ele semicerrou os olhos e sorriu para ele. Naquele momeno, senti o ciúme surgir em minha alma.

    — O que vossa senhoria desejar... — Replicou cordialmente, em um tom que julguei um pouco sedutor. — Estou disposto a levá-los lá por duzentas e dez peças de ouro... Cada. Aceitam meu preço?

    Antes que eu e Emulov pudéssemos protestar, Ireas ergueu a mão direita, pedindo silêncio. Em seguida, jogou a Yami uma enorme bolsa de couro, cheia de peças de ouro e seis peças de platina. O Darashiano sorriu, pegou a bolsa e pôs-se a contar as peças de ouro.

    — Vejo que está pagando por eles... Pois bem, entrem. — Disse-nos Yami, muito cordial — Aproveitem a viagem. Creio que não demoraremos a chegar...

    Eu entrei no navio primeiro, e Emulov me seguiu. Ireas entrou por último, e não me parecia satisfeito. Ele chegou perto de Yami e sussurrou algo em seus ouvidos. A julgar pelas feições de ambos, pareciam não estar se dando tão bem.
    Assim que Yami desancorou o barco, senti que esse se movia mais rápido que as demais embarcações. Surpreso, fui até o parapeito a estibordo* para ver o quão rápido a barcaça se movia. Para a minha surpresa, não estávamos nos movendo nas águas, mas acima delas!

    Estávamos... Voando.

    Ouvi uma risada discreta e grave vir do timão. Era Yami.

    — Sabe por que sou chamado de 'Senhor das Marés', Andarilho? — Ele me indagou em alto e bom som — Porque não preciso controlá-las: não estamos acima delas, se é o que está pensando, mas sou tão bom em meu manejo de embarcações que sei aproveitar a força de Bastesh por completo! Até as feras em Calassa sentiriam inveja de meu dom!

    Ele olhou para mim de soslaio; eu estava longe demais para ver seus olhos, mas senti o brilho deles invadir minhas pupilas e penetrar em minha alma. Um calafrio subiu por minha espinha.

    O que Yami tinha de tão terrível em sua essência?

    ***

    (Narrado por Ireas Keras)

    Sem truques
    . Foi o que eu disse a Yami em particular, e eu duvidava que ele cumpriria com sua parte. Wind ainda não sabe, e não pretendo contar a ele, pois eu, somente eu, resolverei minhas desavenças com Yami.
    Esse Djinn, ou seja lá o que ele for, há de me pagar...

    Nossa viagem nos custou cerca de doze dias. Nesse meio tempo, eu estava alheio a tudo o que ocorria no mundo. Estava concentrado em minha missão, e apenas nela.

    Durante a viagem, vi outra pintura de Silfind — logo seu filho, ou filha, estaria no mundo. Sua gravidez avançava depressa, e eu logo teria que regressar a Svargrond. Queria estar presente no parto dela, ajudá-la a cuidar da criança que estava por vir. Eu devia isso a ela... E a Hjaern. Era meu dever.

    Yami nos deixou em Ab' Dendriel, e estávamos prontos para encontrar os amigos de Emulov. Crunor, como Ab' Dendriel era linda! As casas, em sua maioria, eram suspensas, tendo sido construídas sob os largos galhos das frondosas e milenares árvores. As folhas que delas caíam faziam um majestoso tapete sob suas raízes, e as flores e folhas cresciam tão belas e bem-cuidadas como jamais havia visto. Nem mesmo o jardim que fiz em Ankrahmun pareceria tão belo...
    Emulov nos guiou em silêncio à casa de Solstícia, que estava acompanhada por outros sete guerreiros, todos com armaduras e armas caras e muito poderosas. Emulov certamente tinha contatos de muito poder.

    Ele e Solstícia falavam em uma língua que eu não compreendia de modo algum. Pouco depois, eles vieram até nós, e Emulov tinha um sorriso no rosto.

    — Solstícia concordou em nos ajudar! — Disse o Zaoano — Ela e seus amigos nos auxiliarão em nossa missão de invadir a Fortaleza dos Orcs!

    Assim que Emulov disse isso, Solstícia se aproximou de mim — ela tinha exatamente minha altura, pele branca como a neve, orelhas pontudas e um pouco maiores que as minhas, olhos azuis como safiras e cabelos negros como a noite, os quais estavam amarrados em uma longa e enfeitada trança. Suas vestes eram roxas e pareciam exibir um grande poder. Ela sorriu para mim e me fez uma reverência.

    — Será um prazer para nós ajudá-los, Keras. — Disse- me com uma voz aveludada. — Sugiro que vocês descansem hoje, pois a jornada exigirá o máximo de suas mentes e corpos.

    — Muitíssimo obrigado por sua gentileza, Solstícia. — Repliquei com cordialidade. — Se puder nos indicar quartos...
    Ela sorriu e nos mostrou os quartos vazios dos quais dispunha. Pela primeira vez desde que o conheci, Emulov manteve-se de pé por mais tempo, conversando animadamente com os demais amigos de Solstícia.

    Estávamos eu e Wind, sozinhos, no corredor dos quartos, no segundo andar da casa de Solstícia, a qual se localizava dentro do tronco de uma milenar árvore na parte nordeste da cidade. Ficamos de frente para as portas de nossos quartos, em silêncio. Não sei por quanto tempo aquilo durou, mas pareceu-me uma eternidade. Eu cerrei meus olhos e respirei fundo, buscando controlar meu ímpeto Norsir.

    — Eu só quero uma chance, Ireas. — Disse Wind por fim, rompendo com o silêncio. — Eu sou inocente de suas acusações, e quero a chance de provar isso para você. Só espero conseguir provar logo; do contrário, se eu não te convencer... Serei forçado a te abandonar.

    Sua última sentença fez-me abrir os olhos e virar meu rosto em sua direção lentamente. Estava surpreso e triste em ouvir aquilo. Meus olhos encontraram os dele e eu vi, em sua melancolia, a certeza de que ele faria cumprir sua promessa se fosse necessário. Ele virou seu rosto em direção à porta e pôs sua mão esquerda sobre a maçaneta.

    — Homem algum suporta essa provação por tanto tempo, Keras... — Ele respirou fundo e abriu a porta. — Tenha uma boa noite de descanso.

    Antes que eu pudesse dizer algo, ele entrou pela porta e fechou-a rapidamente. Fiquei mais alguns minutos fora do quarto antes de tomar a mesma decisão. Eu não queria ser mau, não queria ser o vilão, mas não conseguia evitar.

    Eu não conseguia acreditar completamente em Wind.

    Entrei em meu quarto, depositei lentamente meus pertences nos armários ali presentes e sentei-me em minha cama. Os raios de luz da lua entravam pela janela, e o vento acariciava meus cabelos gentilmente, que já estavam na metade de minhas costas. Olhei através da janela, lembrando-me de quando Jack tentara me contatar. Sentei-me sob o parapeito da janela, olhando para Lua.

    — Vento, ó vento... — Sussurrei para os céus, triste — Estou só e desolado; meus amigos sumiram, minha mãe agora quer me matar e mandou um de seus capangas para fazer esse serviço. Tothdral não me dá respostas, e o homem que me ama, bem... — Fechei meus olhos, deixando uma lágrima tímida escorrer deles — Talvez ele já não me ame mais, e por culpa minha. Vento, nunca lhe pedi nada, creio estar em descrédito com você por nunca ter-lhe ouvido, mas tenho certeza de uma coisa: você é o único que me entende, que pode me ouvir e me ajudar...

    Sequei gentilmente a lágrima que percorria meu rosto, convertendo-a em um floco de gelo, o qual deixei em minha mão.

    — Tome esse floco como símbolo de minha súplica. Escute-me e tente me ajudar. Se você puder... Me dar respostas... Eu as ouvirei e seguirei, eu juro. Preciso de tua Voz, mais do que nunca. Preciso... Ouvi-lo, meu amigo...

    Dito isso, soprei o floco de neve em meio à corrente de vento gentil, e assisti-o voar em meio às folhas de carvalho e aos vagalumes. Desci do parapeito, deitei em meu catre e pus-me a dormir.

    ***

    (Narrado por Yami, o Primeiro)

    " ...Tome esse floco como símbolo de minha súplica. Escute-me e tente me ajudar. Se você puder... Me dar respostas... Eu as ouvirei e seguirei, eu juro. Preciso de tua Voz, mais do que nunca. Preciso... Ouvi-lo, meu amigo..."


    Um floco de neve chegou até minhas mãos enquanto eu ouvia a doce voz de Ireas ecoar pelo vento; semicerrei meus olhos, encantado com a perícia do rapaz — a julgar o quão gentil era o ardor em minha mão, certamente o floco teria sido originado a partir de uma lágrima**. Sorri enquanto admirava aquele pequeno cristal temporário, que já começara a derreter em minha mão.

    Estava sentado sobre o parapeito na proa do navio. O capitão Gaivota se encontrava em seu repouso, e deixou-me ficar por aquela noite antes de regressar a Ankrahmun. Olhei para os vagalumes com um sorriso no rosto — como eram belos! Sendo o que sou, não estava acostumado a tanta beleza.

    — Eu vou te ganhar, Keras...

    Declarando isso em meio a um sussurro, o floco começou a se derreter, e o vento tomou para si as gotículas salgadas, varrendo-as para longe de mim.

    — Eu não faço isso por Esquecimento Eterno... — Sussurrei com um sorriso cheio de majestade e a voz cheia de maldade — Faço isso por mim mesmo... por mim mesmo.

    Levantei-me, deixando brilhar as marcas esverdeadas em meu corpo. As gotículas flutuavam ao meu redor, circundando-me gentilmente. Pus minhas mãos à frente de meu corpo e comecei a recitar um feitiço que apenas os de minha raça seriam capazes de entender.

    Em instantes, um clone meu surgiu ao meu lado, olhando para mim com um olhar vazio.

    — Escute-me, e escute bem. — Disse a ele — Você voltará a Ankrahmun e exercerá suas funções de barqueiro normalmente. Se for indagado acerca de Ireas, Wind, Brand, Jack ou Emulov, diga apenas 'não sei'. Não entre em detalhes e se enteire de todos os fatos. Fui claro?

    O clone respondeu afirmativamente com a cabeça e subiu em minha barcaça. Eu olhei uma última vez para o luar e para as gotículas, que voaram alto em direção à Lua, antes de ir para dentro do convés do barco para dormir.

    Continua...

    -----

    Notas da Autora:

    (*): Estibordo ou boreste é, em termos náuticos, o lado direito da pessoa que se encontra em uma embarcação, voltada para sua proa.

    (**) A lágrima: Referência a uma das missões da Djinn Wars - Efreet Faction. Ainda que nada tenha a ver com as Lágrimas de Daraman, creio que lágrimas possam fazer um mal verdadeiro a um Djinn verde, visto que esses desprezam boas ações e compaixão, quaisquer sentimentos que levem à "fraqueza militar".


    ----

    Hoje ainda tem mais! Aguardem!

  10. #220
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 20

    Capítulo 20 - Os Renegados: REVOLUÇÃO VANDURANA! (Parte 3)

    A guerra continua...

    (11 Dias antes de Ireas chegar a Ab' Dendriel)
    (Narrado por Liive, O Bárbaro do Inferno)


    Minha cabeça girava em meio a tanto sangue — perdi a conta de quantos da Guarda Thaiana pereceram graças ao meu machado, mas tinha certeza de uma coisa: Icel seria o próximo. Vi o Paladino Real lutar ao longe, ceifando a vida de vários dos meus. Mas ele estava em desvantagem, pois aquele era o meu navio.

    — Melhor voltar ao seu navio, garoto! — Bradei em alto som, fazendo os homens que me restavam ir ao navio de Icel e me abrir caminho — Você não precisa me combater, sabe disso. Vai acabar perecendo ao fio de meu machado!

    Icel respondeu-me com um sorriso debochado e três virotes atirados de uma só vez. Sem escudo, tive que usar meu machado para me desvencilhar. Dois virotes me acertaram, e eu comecei a sangrar; contudo, nada disso me iria parar. Nada.

    — Que tal uma luta sem frescuras, como homens de verdade? — Propus a ele, com um sorriso selvagem.

    — O que quer dizer? — Ele indagou, surpreso.

    Em resposta, coloquei meu machado em minhas costas, embainhando seu cabo, e cerrei meus punhos.

    — Falo de um mano-a-mano, garoto. — Repliquei — Desse modo, amacio meus punhos em seu rosto, te faço perder uns dentes e você pode viver. Sem falar que é um combate bem mais divertido. O que acha?

    Icel sorriu para mim de forma debochada, e guardou sua besta em suas costas, fazendo o mesmo que eu. Ele arregaçou as mangas de seu largo sobretudo, pronto para o combate.

    — Vamos ver quem vai apanhar de quem aqui, Liive. — Replicou o Paladino com um sorriso maroto.

    Antes que ele pudesse dizer algo mais, corri até ele e desferi um poderoso soco em se abdome; o rapaz recuou, com dor, e eu aproveitei para acertar uma cotovelada fortíssima em suas costas, que o fez dobrar ainda mais seus joelhos, mas não foi o suficiente para fazê-lo cair.

    Em represália, ele começou a desferir uma série de ágeis socos, muitos dos quais desviei. Os poucos que me acertaram não me feriram muito, mas eram fortes, tive que reconhecer isso. Aquele combate seria muito, muito interessante.

    ***

    (Narrado por Sírio Snow)

    Estou atordoado. Estou em choque. Fui atingido em minha coxa.

    Meus amigos parecem estar ganhando a briga, pois vejo navios Thaianos afundarem facilmente. Vejo a madeira cara e branca voar alto em meio a tiros de canhões, e marinheiros parecem chover nos mares, caindo pesadamente em meio às negras águas da costa. Levei uma cotovelada em meu abdome.

    Minha vista está embaçada — um soco causou isso.

    Quem me soca, quem me fere, quem tenta me matar quase sem resistência de minha parte... é uma pessoa de que gosto muito. É uma pessoa que tomei por morta há tempos, e que jamais pensei ver novamente.

    U... Utamo... Vita! — Gritei. Era tudo o que pude fazer.

    Evitei levar o pior corte de espada com aquele feitiço. Minha mana me salvou, mas os ataques continuaram. Era um homem um pouco mais alto que eu, mas tão moreno quanto. Seus cabelos eram mais compridos e com mais dreadlocks que os meus. Seus olhos, por outro lado, eram muito, muito verdes, e ele trajava uma armadura muito forte.

    — Lute! — Ele urrava — Lute contra mim!

    — Não posso... — Sussurrava, exausto — Não posso... Morzan.

    Snow. Morzan Snow. Mais conhecido como... Morzan Rider. Meu irmão mais velho.

    — Muito bem. Então, não terei piedade de você! — Rugiu Morzan, com sua Espada Relíquia em mãos.

    Ele estava pronto para desferir-me mais golpes. Mas eu não estava pronto para morrer. Não ainda. Não agora. Meus olhos, que outrora estavam fechados, abriram-se bruscamente

    Exevo Gran Mas Flam! — Urrei.

    Tudo o que estava ao meu redor explodiu, e eu ouvi os gritos graves de meu irmão em meio às chamas. Elas diminuiram rapidamente, e pude ver que, a despeito de toda a proteção de meu irmão, partes de seu corpo haviam se queimado, ainda que levemente.

    Utura. — Rugiu meu irmão, apoiando-se em sua espada.

    Ele rapidamente recuperou seus ferimentos, mas não se levantara por completo.

    Exori... HUR! — Ele berrou por fim, levantando de uma só vez.

    No que ele se levantou, arremessou sua espada em minha direção, e o impacto fora tão forte que, ainda que estivesse com o escudo para me defender, acabei recuando, quase perdendo o equilíbrio.

    Utani Tempo Hur! — Ele gritou, aproximando-se rapidamente de mim, como um touro furioso — Exori Ico!

    Assim que ele se acelerou, Morzan estocou meu escudo com sua espada, trincando-o. Eu não tive muito tempo para poder reagir, e meu irmão aproveitou-se disso.

    Exori Mas! — Urrou meu irmão, fincando sua espada no chão e fazendo a embarcação tremer tão forte que vi muitos de meus compatriotas caírem no mar.

    O chão do convés cedeu em alguns pontos, fazendo outros sucumbirem aos escombros. Eu caí, ferido, tentando me levantar, com a raiva me corroendo por dentro.

    — Por quê, irmão? — indaguei, rugindo — Por que? A troco de quê nos trai dessa forma?! Por que traiu seu povo?!

    — Esse homens nada fizeram por mim! — Replicou Morzan, furioso — Lembra-se dos primeiros Assaltos* contra o regime Thaiano?! Lembra-se que eu caí em desgraça, graças à denúncia feita por um de meus homens?! Por um Vandurano como nós?! Lembra-se que o filho de Charlotte me traiu?! Por que eu confiaria nessa gente?!

    — Por que confiaria em Thais?! — Explodi de raiva — Por que confiaria nessa gente?! Eles sim matam, roubam, estupram e queimam sem piedade?! Qual será sua recompensa depois, irmão?! Voltar aos canaviais e cortar cana e destilar rum indefinidademente?!

    — Eles me deram um lar. Um treinamento apropriado. Um motivo para lutar. — Replicou Morzan, para o meu horror. — Eu os apoiarei até o fim.

    — Então... Você escolheu a morte! Traidor! — Rugi, furioso, em meio às lágrimas — Meu maior ídolo, o único familiar que tenho, escolheu a morte! Exevo Gran Mas Flam!

    Novamente, fiz arder em chamas o convés já avariado; aproveitei para me reerguer, mas vi meu irmão sair das chamas como uma besta selvagem, pronto para partir-me ao meio com sua espada muito afiada.

    Exori Vis! — Gritei, eletrocutando-o.

    Ele recuou, berrando de dor. Vi-o beber três Poções Fortes de Cura, e aproveitei para fazer o mesmo com minhas Poções Fortes de Mana. Jogamos os potes vazios para longe e voltamos ao combate.

    Utito Tempo! — Ele gritou — Utori Kor!

    Foram duas ações muito rápidas: na primeira, senti seu poder militar aumentar e, na segunda, ele me acertou tão forte com a lâmina de sua espada que vi-me sangrando sem parar.

    Exura Gran! — Berrei, desesperado — Exevo Vis Hur!

    Assim que me curei, criei um cone poderoso de energia, que foi com tudo em direção ao meu irmão traidor. Vi a eletricidade percorrer sua carne e marcar sua pele com rigor, deixando-o muito atordoado. Ele chacoalhou a cabeça e pôs-se a se curar de novo. Eu, contudo, não dar-lhe-ia chances de me ferir novamente. Meu corpo ainda sangrava, mas não tinha tempo de me recuperar por completo.

    Utani Gran Hur! — Gritei, aumentando minha velocidade.

    Desloquei-me rapidamente para trás dele.

    Exevo Gran Vis Lux! — Urrei novamente, acertando-lhe com um feixe poderosíssimo de energia, fazendo-o gritar de dor.

    Morzan ajoelhou-se, mas não se dava por vencido.

    — Irmão, pare! — Gritei, desesperado — Não quero matá-lo! Pare!

    Ele consumiu quatro Poções Fortes, e fincou sua espada no chão.

    — Eu... Também não... — Replicou-me, ofegante — Mas tenho... Uma dívida... Com Thais.

    — Não! — Protestei, com lágrimas nos olhos. — Não, irmão, não! Não vê que está tudo errado?! Queremos ser livres, irmão! Livres para liderarmos nosso povo, sob as nossas regras, como sempre deveria ter sido!

    Morzan levantou seu rosto em minha direção, com a espada ainda fincada no assoalho de madeira chamuscada.

    — Não vê, querido irmãozinho, que esse radicalismo todo só trará mortes, e não liberdade? — Replicou meu irmão, estranhamente calmo — Não vê que essa destruição, essa guerra, não liberta ninguém? Vocês estão combatendo violência com violência. Isso não libertará vocês.

    Arregalei meus olhos e vacilei, surpreso. Por mais absurdas que fossem as afirmações de Morzan, havia nelas um fundo de verdade. Senti meu coração mais pesado do que já estava,pois não queria, em momento algum, concordar com a "sabedoria" de meu irmão mais velho.

    — O que libertará, então?! — Indaguei, furioso — O que poderemos fazer?! Não vê que não nos restou nenhuma outra opção?! Irmão... Junte-se a nós nessa briga, por favor.

    Morzan sorria melindrosamente para mim; eu ofegava, sentindo meu coração bater forte devido à adrenalina, mas pesado, apertado, por ferir meu irmão daquele modo.

    — Bom, se você quiser vencer essa batalha, irmãozinho... — Começou Morzan em tom malandro — Vai precisar do melhor mercenário de que poderá dispor. Para sua sorte... Ele está na sua frente.

    Comecei a sorrir como uma criança diante de seu brinquedo favorito, ou diante de uma guloseima a ela oferecida após ter-se comportado tão bem. Ajudei meu irmão a se reerguer e, juntos, fomos enfrentar a guarda Thaiana, que estava em choque por ver Morzan virando a casaca (novamente).

    — Não se preocupe, irmãozinho... — Disse-me Morzan — Vamos vencer esse embate e fazer de Vandura uma terra livre!

    Dito isso, ele foi à frente, bloqueando vários guardas a fim de que os derrotasse à distância. Morzan seria meu escudo, enquanto eu seria sua garantia de sobrevivência — seu suporte e seu melhor atirador.

    Havia ainda alguns piratas em meu barco, e eles se juntaram a nós em nossa empreitada contra os guardas. A pólvora e o sangue banhavam meu corpo e molhavam meus cabelos, deixando-me impregnado com a essência da guerra.

    Meu irmão lutava como um bárbaro desenfreado, e eu fazia de tudo para mantê-lo de pé. O dia estava quase no fim, e as tropas de Thais haviam sido massacradas — grande parte da frota havia sido arrasada, e vimos muitos navios darem meia volta. Os poucos soldados que escaparam de nossas armas recuaram com os rabos entre as pernas.

    Eu ouvia as vozes dos rufiões compatriotas comemorando de alegria. Eu sentia o sangue e suor meus escorrerem e pingarem a granel sobre o piso de madeira de lei. Senti minha vista se embaçar; meus calcanhares giraram.

    Eu vi o rosto de meu irmão antes de tudo se apagar. Senti a madeira acertando meu rosto.

    Depois, não senti mais nada. Não ouvi mais nada. Tudo ficou escuro.

    ***

    Horas depois, acordo em uma das cavernas de Nargor, deitado em um catre improvisado. Meu corpo está completamente enfaixado. Quando abro meus olhos e viro meu rosto para a direita, vejo meu irmão Morzan adormecido em uma cadeira, com várias ataduras em seu corpo.

    Olho ao redor, e não vejo mais ninguém - nem Liive, tampouco Jack. Nem sinal de Raymond e os outros piratas.

    Onde estavam todos?

    Continua...

    ---

    (*) Assaltos: Referência às Raids de Piratas que ocorrem em Liberty Bay.

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