Por ora, só o Carlos apareceu por aqui (vc é q nem Rexona: não me abandona HAUSHAUHSAUHSAUH)
Bem, para o capítulo de hoje, recomendo uma trilha sonora beeem nostálgica (pelo instrumental e o desenho, não pelo idioma em questão - não se preocupem, há legendas!):
http://www.youtube.com/watch?v=X6QsYuA61Z4
Vejo que já há almas votando na enquete... Ao que parece, os Blue Djinn têm a vantagem xD
Será que o placar vai se manter? Tudo depende do voto de vocês, meus amigos de seção!
Marid ou
Efreet - De que lado vocês estão, e quem deveria Ireas seguir?
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Capítulo 2 – Dois Oásis no Deserto (Parte 1)
Efreet...
“Ana guy min bilad (Oh, venho de uma terra)
Agab minha mafish (Da mais bela terra)
Fiha osur min dahab wi nahas... (Onde os palácios [são] de ouro e cobre)
Fiha rmal zay elbahr (Onde os desertos [são] como oceanos)
Harri yisih minno essakhr (E o calor derrete rochas)
Fiha essehr da shee adi...ya nas (Onde a magia é coisa normal... vocês )
Fihar reeh guy mishsha (Onde os ventos do Leste)
Shamsib toshro milgharb (O Sol nasce do Oeste)
Min norha tizaghlil elaen (Seus olhos enlouquecerão com a luz)
La'it tirhali yib'a murih (Percebi o quão confortável seria minha viagem)
Fo busat irreeh (No tapete [voador])
Wayyana "Ala iddeen"! (E Aladdin estará conosco!)
Hanla'e nhar... (Vamos descobrir que o dia...)
...modhish zay elleel (… É tão incrível quanto a noite)
Malyan bil hawadit (É cheio de histórias)
Yesh bena Afarit* ( Nos encherá de Gênios)
Talg iw rad iw nar (Neve, trovão e fogo!)
"Ala iddeen" (Aladdin)
Wih kaytu hatkoon (E sua história será)
Malyana asrar (Cheia de segredos)
Wi hazimet ashrar (E de vilões derrotados)
Wi habibto "Yasmeen'” (E seu amor, Yasmin)
(Música Tema de Aladdin (1997 – Disney Enterprises) em Árabe (Egípcio))
Efreet...
O cheiro de açafrão era insuportável para mim, mas Wind parecia ignorá-lo. Peguei-me espirrando por diversas vezes, causando suas risadas, discretas, leves e igualmente irritantes.
Demos de cara com quatro hienas no primeiro andar, e logo encarreguei-me delas; aparentemente, eu exercia algum poder sobre os animais, que deixavam de me atacar assim que eu estendia a mão a eles. Wind estava fascinado, mas evitava demonstrar. Agora, quem se divertia era ninguém menos que eu. Congelei as patinhas do quarteto, que parecia fatigado pelo calor. Não só poupei quatro vidas, como também as fiz um favor.
Wind então meneou a cabeça para que eu subisse as próximas escadarias; obedeci, e logo o vi ceifar a vida de algumas hienas e morcegos tão rápido quanto apareciam diante de nós. Uma pontada de dor atingiu meu coração, mas não demonstrei.
Ele estava sério, concentrado; era como se ele tivesse algo relacionado com aquela Fortaleza. Ele sinalizou para que eu esperasse: ele desceria primeiro. Deixei-o descer os degraus primeiro e logo o segui, apenas para vê-lo laças as najas e hienas que guardavam o caminho. Não pude deixar de soltar um suspiro de alívio e um sorriso ao ver que ele não os matara. Ele percebeu o sorriso e mandou uma piscadela para mim, fazendo-me corar. Rapidamente desfiz o semblante e voltei-me sério.
Andamos mais uns passos até a Fortaleza surgir; paredes de calcário e mármore branco com gárgulas em pedestais, peitoris de pedra e carrilhões a decorar a linda estrutura; aquele edifício parecia um belo cartão de visitas dos gênios de pele esmeralda, cuja fama não era das melhores, se minha memória não falhava.
Ele fez um sinal para que eu chegasse mais perto; acabei parando ao lado dele para que pudesse ouvi-lo bem.
—
Mal' Ouquah,
“O Verdadeiro Lar” — Ele disse ao apontar para a Fortaleza — Esse é o nome da Fortaleza dos Djinns verdes, os Efreets — Ele apontou para a entrada — O nome do segurança desse local é
Ubaid, um velho conhecido meu. — Ele me deu um sorriso — Fique perto de mim e tudo dará certo, sim?
Senti os dedos dele roçarem os meus. Meu rosto enrubesceu e eu rapidamente tirei minhas mãos do alcance dele e segui em frente, ficando diante da porta de ébano e carvalho. Meu coração batia forte, muito forte; a forte mão direita de Wind segurava a minha esquerda, que só aumentava meus batimentos cardíacos. Respirei fundo e abri a porta, entrando na fortaleza com Wind logo atrás de mim.
Havia um tapete bege e verde-escuro com desenhos que mais pareciam o alfabeto ankrahmano em fios dourados e prateados, em um bordoado bem trabalhado e delicado. Havia algumas pinturas na parede, todas voltadas à temática da guerra. As paredes eram ligeiramente avermelhadas. Supus ser por causa do sangue dos que ali jaziam.
Então, sinto a mão de Wind largar a minha, e vejo-o ir até uma pequena lâmpada de cobre e ouro. Ele põe o indicador esquerdo sobre sua boca, pedindo silêncio. Em seguida, ele esfrega a lâmapada com a manga de sua vestimenta, fazendo uma fumaça esverdeada sair dela. A lâmpada sai das mãos de Wind e pairou no ar. A fumaça foi ganhando forma e comecei a sentir o sangue em minhas veias congelar.
A fumaça logo se transformou em uma montanha de músculos que teria por volta de três metros, com braços e tronco muito definidos, um turbante sobre a cabeça, olhos negros como a noite e um longo e fino bigode a adornar as faces de mandíbula quadrada e forte, de aparência quase selvagem. O nariz, por outro lado, era bem-desenhado, quase delicado, e os lábios eram levemente carnosos. A criatura então voltou seus olhares para mim, e senti como se várias flechas me houvessem perfurado.
— Quem é você, feio espécime? — Indagou-me com desprezo — O que faz aqui?
Vi os olhos dele tornarem-se vermelhos como sangue. Ele estava ficando enfurecido com a minha presença! Abri a boca para falar, mas eu havia esquecido a palavra-chave que Melchior me ensinara! Como fui tolo! Eu não a havia anotado... Comecei a recuar discretamente enquanto o Djinn aproximava-se com uma faca em riste.
—
Djanni'hah! - Gritou Wind, ficando à minha frente como se fosse meu escudo, abrindo os braços diante da mágica criatura para me defender.
— Ah... É você, Wind? — Disse o Djinn, guardando a faca e recuando. — Faz muito tempo que não nos vemos... — Cruzou os braços com um semblante assustadoramente sério — Faz tempo que nosso senhor
Malor não te vê. Por onde andou?
— Estive em uma guerra recentemente — Respondeu o Yalahari com um sorriso — Em Goroma. É uma ilha perto de Vandura, não muito distante daqui. — Ele segurou minha mão esquerda e puxou-me para seu lado e um pouco à frente de si — Esse é Ireas Keras. Ele veio aqui para falar com você.
—
D-Djanni'hah... — Gaguejei um pouco assustado e tentando não espirrar; o cheiro de açafrão era forte demais para mim.
— Sou
Ubaid — Disse-me o Djinn com uma reverência. Ele portava algumas folhas de açafrão junto ao seu turbante, que ficaram perto demais de meu nariz. Ao sentir a essência da especiaria, virei meu rosto para a esquerda a fim de não espirrar nele ou em Wind. Ao ver minha crise alérgica, o Djinn sorriu maleficamente.
— Ah, então você é alérgico ao nosso perfume... — Disse ao pegar as folhas — Ah, vamos. Não é tão forte assim, é bem... levinho... — Ele levou as folhas para mais perto de mim, até que sua mão fora afastada por um safanão de Wind.
— Pare! — Bradou o Yalahari — Ele é... A pessoa de que tanto lhe falei. — Eu fitei Wind sem entender o dizer regional, mas foi o bastante para o Djinn parar de me perturbar.
— Esse aí? — Indagou com descrença — Todo de azul... — Ele pronunciou a última palavra com nojo na voz — Que mau gosto, viu? Espere um pouco... Se é... o alguém especial, seu
habib** de quem tanto fala... — Ele parecia examinar meu torso — Rapaz, tire seu robe — Apontou para mim, e eu fiz que não.
Então, sem que eu pudesse detê-lo, Wind abriu a parte superior, revelando meu peitoral. Havia o leve desenho de uma rosa azul nele, algo que eu jamais havia reparado; era quase como se fosse uma marca-d'água. Tão rapidamente quanto o abrira, o Yalahari o fechou, e eu simplesmente queria um local para enfiar a cara de tanta vergonha. Ubaid, por outro lado, começou a rir um riso gostoso, leve; parecia não rir há anos.
— O infeliz é azul até no peito! — Zombou o Djinn — Você tinha razão, Wind, ele tem desenhos na pele. E também tem o físico de um Norsir, apesar de sua estatura dizer o contrário. — Fez um movimento com o braço para zombar de minha altura — E então? — Agora ele se voltou para mim — O que quer de nós?
— Bem, eu... — Comecei timidamente; inconscientemente, eu apertava a mão de Wind, buscando segurança, talvez — Vim aqui... A pedido de... Kazzan.
Tão logo que falei o nome do califa, Ubaid mostrou-se raivoso.
— Quem aquele humaninho pensa que é?! — Urrou — Ele e a raça dele são feitos de traidores, isso sim! Quem ele pensa que é para atropelar a autoridade de Malor, nosso mestre, tentando nos comprar?! Eu devia... — Ele se conteve, cerrando os olhos; então, olhou para mim — Diga a seu mestre... Ireas Keras... Que desaprovamos a conduta dele e rejeitamos sua proposta.
Eu assenti, assustado com o ataque de ira do Djinn. Wind puxou meu braço levemente.
— Ubaid, nós vamos subir. Importa-se? — Ele falou ao Djinn; novamente, voltei a ter uma crise de espirros; desta vez, não parecia que a reação passaria rapidamente. O Yalahari me olhou procupado.
— N-não consigo... Respirar... — Disse entre um espirro e outro, sufocado.
— Ubaid! — Wind estava claramente preocupado —Há algo que o Ireas possa usar para disfarçar o cheiro de açafrão? Ele é muito alérgico!
O Djinn ria discretamente enquanto pegava uma infusão. Aos espirros segurei a xícara; estava quase para beber o líquido fumegante e transparente quando Ubaid deu-me um leve tapa na cabeça.
— Não é para beber, animalzinho! — Zombou — É para cheirar. É chá de
flor-do-sono, perigoso demais para ser consumido, mas excelente para curar males da respiração. Você ficará bem. Apesar de não ser algo de praxe, só porque Wind é um de nossos maiores aliados e você é alguém muito importante para ele.
O Djinn nos deu passagem e Wind abriu a porta. Eu ainda estava segurando a mão dele, sem perceber. Eu segurava o chão com a minha mão livre, mantendo-o perto de meu nariz. Eu podia ouvir a risada do Djinn pelo outro lado da porta.
— Desculpem... Desculpem! — Dizia Ubaid entre risos — Mas não consigo evitar...
— Está se sentindo melhor? — Indagou-me Wind, preocupado.
Sim... — Respondi com voz nasalada — Acho que não consigo sentir cheiro de mais nada...
Ele sorriu para mim e virou as costas. Antes de chegarmos ao próximo andar, pude ouvir a voz de Ubaid:
— Wind, seu cachorro! Você esqueceu o meu hidromel!
— Não se preocupe! — Retrucou o Yalahari — Da próxima vez, trarei!
— Acho bom! — Urrou Ubaid, ainda dominado pelo riso.
Wind puxou levemente meu braço e seguimos escadaria acima. No próximo andar, haviam duas salas trancadas e um Djinn azul, que aprecia ser um comerciante. Eu estranhei a presença dele ali; afinal, não era Mal'ouquah a fortaleza dos Efreets, os peles-verdes? Não cabia a mim julgar...
—
Alesar! — Disse Wind ao Djinn, soltando minha mão — Rapaz, há quanto tempo!
— Já disse que não vou com a sua cara? — Respondeu o comerciante com visível mau-humor.
— Já disse que você é o melhor lojista de todos? — Respondeu Wind com um sorriso, fazendo-me rir levemente.
— Por que o garoto está com o chá na cara? — Indagou Alesar, apontando para mim. — À propósito, garoto, sou Alesar. E o prazer é todo
seu, entendeu?
— É alergia... — Respondeu o Yalahari —
Açafrão; ele não tolera nem o cheiro, que dirá o gosto. Você está com um humor péssimo, meu caro. O que há?
—
Yaman — Respondeu o Marid — Ah, que infortúnio! Inventei de jogar cartas com ele, apostando... Horas de serviço. Não só perdi como Malor veio com sermão... Que infortúnio! Ainda mato aquele retardado mental infeliz... — Ele volta a olhar para mim — Wind, é ele... O
rapaz especial?
Wind acenou positivamente com a cabeça.
— Que seja — Respondeu Alesar com desinteresse — Se for para ficar de namorico, sugiro que suba; não preciso de mais um infortúnio na minha lista...
— Relaxe... — Ele respondeu — Vou te poupar da minha alegria. Ireas, poderia esperar aqui? Preciso falar com
Baa'leal sobre alguns...
Assuntos secretos. Alesar, não o maltrate, sim?
Ele me puxou de encontro ao seu corpo, beijou-me e subiu a escadaria. Apesar de ter sido um beijo rápido, pareceu ter durado uma eternidade para mim. Sem perceber, acabei derrubando a xícara no chão, quebrando-a.
— Agora
você vai limpar — Disse Alesar com um sorriso maléfico — Já me bastam meus infortúnios diários.
Eu assenti e conjurei um pano e um balde de água, fazendo o serviço sem reclamar, o que impressionou o Djinn comerciante. Sabendo de minhas ascendência Norsir, ele não estranharia se, por orgulho, eu me recusasse. Aceitei pra evitar conflitos. Não posso deizer, contudo, que meu orgulho não fora ferido. E Alesar havia percebido isso, tamanho era seu deleite.
— Quais as suas intenções com Wind? — Indagou — Pretende ter algo sério com ele?
Parei de limpar o chão; não sabia o quê responder. Ainda estava muito magoado, ferido, triste com ele. Não sabia ao certo se eu ainda sentia algo por ele que não fosse raiva e mágoa.
***
A noite chegou rápido ao deserto; terminados meus negócios em Mal'ouquah, logo pedi a Wind que me levasse à fortaleza dos Marid. Ele, contudo, se recusou; disse que estava muito tarde, e que era melhor repousarmos. Visando não entrar em conflito, concordei com ele, conjurando duas tendas para nós. Sob os uivos vigilantes do quarteto de hienas cujas vidas salvei, deitei na cama improvisada que fiz e dormi o melhor sono de toda minha vida...
Continua...
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Notas da Autora:
*
Afa'rit ou
Afarit: Outra forma de se escrever Efreet; também existe a forma
Ifrit, mais usual.
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Habib: Em árabe,
“Amado”
O bordão "Que infortúnio" foi tirado da personagem
Funérea, da série da MTV
"Fudêncio e Seus Amigos".
Usei o bordão e a prórpia Funérea como base para a personalidade do NPC Alesar, bem como a descrição dada no TibiaWiki:
"Alesar é um tanto quanto especial, por se tratar de um Djinn Azul a serviço de Malor. A verdade é que ele repudia humanos, mas tolera aqueles que se aliaram à causa de Malor e dos Efreets".