Resultados da Enquete: Que Facção deveria Ireas Escolher?

Votantes
28. Você não pode votar nesta enquete
  • Marid (Blue Djinns)

    17 60,71%
  • Efreet (Green Djinns)

    12 42,86%
Enquete de Múltipla Escolha.
Página 16 de 46 PrimeiroPrimeiro ... 6141516171826 ... ÚltimoÚltimo
Resultados 151 a 160 de 460

Tópico: A Voz do Vento

  1. #151
    Avatar de Sombra de Izan
    Registro
    09-01-2011
    Localização
    Santa Catarina
    Idade
    40
    Posts
    3.405
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão Capítulo

    Nossa ótimo seu capítulo, gostei mesmo do que li, a batalha contra o Morgaroth estava bem complicada, ainda bem que com a força do conjunto conseguiram vencer ele.

    Publicidade:


    Jogue Tibia sem mensalidades!
    Taleon Online - Otserv apoiado pelo TibiaBR.
    https://taleon.online

  2. #152
    desespero full Avatar de Iridium
    Registro
    27-08-2011
    Localização
    Brasília
    Idade
    30
    Posts
    3.372
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    Olá pessoal, tudo bem?

    Pois é, sumi... Minha escola fez chover provas sobre mim, mas finalmente estou livre! Sim, fiz minhas últimas provas de todo o Ensino Médio, e poderei enfim me dedicar um pouco mais às histórias de nosso querido druida Ireas Keras...

    E eis uma novidade: enfim adicionarei alguns desenhos à esse tópico, a começar com um desenho de cada personagem com um breve perfil de cada um. Em breve farei uma espécie de logotipo da história (a exemplo da imagem da história do Dan, a que se encontra na assinatura do rapaz =D).

    Bom, agradeço a todos que acompanham a história; são vocês que fazem todo meu esforço valer!

    Boa noite, beijos e abraços!

  3. #153
    desespero full Avatar de Iridium
    Registro
    27-08-2011
    Localização
    Brasília
    Idade
    30
    Posts
    3.372
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão Capítulo 28

    Capítulo 28 – Atos de Guerra (Final): Pó Sobre Pó

    O epílogo da guerra contra Morgaroth.

    (Narrado por Andarilho do Vento)

    Não sei ao certo o que me levou a acreditar nas palavras do bárbaro. Talvez tenha sido o seu olhar sinistro, ou então o ar levemente tóxico e funesto de Goroma. Ou, mais provavelmente, meu desejo de rever Ireas. A terceira opção seria sim, a mais viável, pois sequer notei o quão macabro era o barqueiro que me tirara de lá nem mesmo o fato de Liive ter sumido sem deixar rastros.

    A macabra barcaça guiou-me para fora da ilha que fora como o Inferno para mim. Pedi-lhe que me levasse a Svargrond, seguindo o duvidoso palpite de Liive. O barqueiro meneou a cabeça e, sem virar o rosto para mim, remou lenta, porém constantemente, para longe de Goroma, rumo a Svargrond. Sem notícias de Ireas, teria que dar algum crédito ao bárbaro...

    ***
    (Narrado por Ireas Keras)

    Ufa! Esses três meses passaram voando! Enfim ,minha obra-prima está completa. A Ankrahmun de hoje em nada se parece com a cidade quase desaparecida sob o manto sangrento, obscuro e nebuloso da Irmandade dos Ossos. Graças a Sírio, pude trabalhar tranquilo nos projetos de reconstrução e renovação da cidade que me acolhera tanto. Devo tudo ao sotero-libertino e a Tothdral, a múmia que todos conhecemos muito bem.

    Substituí quase todo o arenito das estradas por calcário e mármore ora azulado ou alvo como a neve das ilhas do Norte. As pirâmides também ganharam a coloração branca, fruto da união de uma massa de calcário e arenito, que conferiu uma variação de tons de cinza aos enormes construtos artificiais. Dei aos ankramanos a sensação algo que eles jamais viram: neve.

    Transformei embalsamatórios em ambientes mais amigáveis de se entrar, e renovei estoques de fluidos embalsamatórios e outros artigos que fossem necessário a esse ofício. As lojas também foram refeitas, bem como as casa de banho: junto aos poucos druidas da região, desenvolvi uma espécie de “cristal do gelo eterno”, que manteria as águas de algumas das piscinas levemente geladas, muito agradáveis para tal atividade.

    Com meus recentes descobrimentos sobre meus poderes com as águas, consegui criar um eficiente sistema de aquedutos na cidade, que manteria uma fonte constante de água potável, bem como estações de dessalinização para converter água do mar em água potável para um povo sempre à mercê dos oásis.

    Aproveitei a oportunidade para fazer um apaziguamento entre ankramanos e nômades. Visto que Muhad me devia alguns favores pelos serviços que lhe prestei outrora, fiz uma proposta a ele e ao Faráo, em que seria permitida a entrada deles em Ankrahmun algumas vezes ao ano, onde as caravanas nômades trariam produtos de várias localidades. Aqueles ciganos me fascinavam, e o Faraó pareceu concordar prontamente em deixá-los fazer parte da nova era de seu reinado.

    Um hospital foi feito; as lojas de armas e equipamentos foram reformuladas e Tothdral ganhou uma torre Serpentina completamente recauchutada, em que a rampa de acesso à pirâmide realmente teria o desenho de uma naja enrolada sob o próprio corpo, com a cabeça dando o acesso aos aposentos da majestosa múmia. O Templo, em homenagem ao ancião Rahkem, ganhou uma decoração que unia os elementos tradicionais de Ankrahmun com vinhas, folhas e flores, tradição druídica.

    Nesse meio-tempo, fiz algumas visitas ao campo de rebeldes de Svargrond, e voltei de lá adquirindo o péssimo hábito de caçar lebres, visto que seu pelo sedoso e leve me dera uma excelente ideia: criações desse tipo de animal para a indústria têxtil de Ankrahmun, criando roupas leves para o dia e quentes para a noite, como o clima de deserto pedia. Além disso, criei estábulos para camelos e um eficiente sistema de correios internos: escaravelho-correio, em que escolhi os mais dóceis e isentos de veneno para treiná-los no exercício de entrega de cartas, bilhetes e, em conjunto, de pacotes e encomendas.

    Ah,mas não pensem vocês que fiquei apenas com a parte “fácil”, criando e supervisionando a construção. Não! Junto a Dario e os demais homens da cidade, estive na linha de frente da construção, guiando e erguendo cada edificação, pedra a pedra.

    Durante esse tempo, acabei por fazer jus ao meu sangue Norsir, e ganhei musculatura graças ao trabalho pesado e de longa jornada. Ainda que meus trajes buscassem disfarçar meu corpo dos olhares das pessoas, não pude deixar de notar os olhares das ankrahmanas mais jovens, cujos olhos da cor das amêndoas me faziam corar em constrangimento. Não conseguia entender como poderiam elas me desejar, sendo que eu era tão diferente...

    Nesse meio período, não achei cartas de minha mãe; não havia sinal algum dela, e passei a questionar a veracidade daquelas cartas. Contudo, para não me esquecer de tudo o que vinha me guiando ao longo desses dias, fiz brotarem cactos cujas flores eram azuladas nos jardins de Ankrahmun.

    Cartas de minha mãe não vieram, mas recebi uma carta. Minto, não foi apenas uma carta mas também uma pintura: Silfind havia completado o primeiro trimestre de gravidez e já havia sido liberada do hospital, voltando ao seu trabalho em Nibelor. A pintura exibia a mulher de meu falecido irmão orgulhosa com os sinais cada vez mais aparentes da futura maternidade.

    Dizia ela na carta que queria que seu rebento fosse menina. Eu concordei plenamente, pois nada seria melhor para a xamã que a companhia de uma garotinha, uma futura xamã Norsir como ela. E eu, já levemente emocionado, prometi a mim mesmo que seria o melhor tio do mundo para a criança que logo viria.

    Entretanto, apesar das excelentes notícias, de ser amigo do faraó e de ter dado a volta por cima da minha primeira grande decepção, encontrava-me triste. Sírio passava a maior parte do tempo nos mares, e me mandava poucas cartas, por dificilmente achar um local em que pudesse escrever.

    Além disso, eu tinha outros problemas para resolver ainda em Ankrahmun: faltava um Grão-Vizir para o Faraó, e eu não poderia manter-me naquele cargo para sempre. Além disso, precisava de um novo capitão para o porto de Ankrahmun,e eu não gostaria de perturbar Sírio ainda mais do que eu já fizera; eu devia muito ao sotero-libertino, e eu retribuiria algum dia.

    Quando a obra fora completada, ouvi a notícia de que os sobreviventes da empreitada contra Morgaroth estavam retornando às suas casas, e que foram convidados pelo Faraó a passar uns tempos na nova cidade, e ele fazia questão da minha presença, pois queria apresentar meus talentos aos grandes figurões das cidades de todo Tibia. Eu concordei, não pela fama de arquiteto,mas pelo fato de poder rever meus amigos: Brand, Mandarinn, Jack e Liive saíram inteiros; talvez Wind ainda estivesse vivo, mas não me interessava. Não depois das injúrias que ele me escrevera...

    Fui até à Torre serpentina meditar um pouco. Tothdral estava tão triste quanto eu; apesar do tempo, ele ainda não havia deixado o luto a seu irmão Ishebad, e eu não tinha ideia de como substituí-lo. O líder da guilda dos Feiticeiros me dizia que eu tinha bela caligrafia e que sabia administrar bem toda a papelada do Faraó; logo, ele me tinha como substituto ideal para seu falecido irmão, e eu vinha constantemente recusando esse dever, visto que eu já tinha prometido sob o túmulo de Hjaern que eu o substituiria como Xamã de Nibelor. Hoje, eu procurava o Contemplador de Estrelas para tratar de outro tópico.

    A ideia de esculpir a serpente sob a pirâmide fora perfeita; a subida era bem mais agradável do que outrora fora; eu estava orgulhoso de meu projeto, como não? Salvei uma cidade, salvei meu lar. Me senti útil pela primeira vez em muito tempo, e nada poderia tirar de mim essa maravilhosa sensação... Exceto o tópico que iria tratar com a múmia de voz majestosa e gutural.

    Desci pela mandíbula da naja, abrindo vagarosamente a porta de arenito ricamente decorada. Descendo as escadarias, dei de cara com Tothdral, que fitou-me com surpresa: decerto ele não me esperava.

    —Keras? O que te traz aqui? — Indagou-me a múmia com espanto.

    —Precisava conversar com alguém... - Falei com timidez — Há algo que vem me inquietando...

    —É sobre o cavaleiro? — A múmia falava de Wind.

    —Você soube? Os sobreviventes de Goroma estão vindo... São meus amigos... Eu deveria estar feliz, mas... — Pus a mão esquerda sobre meu peito, próximo de meu irriquieto coração.

    —Sente-se, Keras. — Tothdral ofereceu-me uma poltrona — Vejo que há algo que te incomoda mais que tudo. Fale comigo...

    A múmia sentou-se na poltrona à frente em sua posição padrão: pernas cruzadas, dedos entrelaçados e cotovelos sobre os apoios de braço, fitando-me com seus olhos dourados.

    Olhei para meus dedos; eu brincava nervosamente com eles, entrelaçando-os e separando-os a todo instante.

    —E se eu o vir, Tothdral? — Indaguei — E se ele estiver bem? E se ele vier procurando por mim, com ferimentos de guerra e tudo o mais? Que devo fazer? Como reagirei?

    —Tudo a seu tempo, caro Keras — Respondeu-me a múmia — Você ainda está ferido, por mais que tente enganar sua mente. Sua índole é boa demais, e sua inocência é admirável. Te dou um conselho, se me permite, e se é que servem para algo hoje em dia: concentre-se apenas no evento de hoje. Procure não pensar nesse assunto agora. Caso ele se encontre entre os presentes, busque privacidade. Discrição deverá ser sua palavra de ordem.

    —Mas... — Balbuciei tristemente.

    —Sshh... — A múmia fez o sinal de silêncio — Hoje é seu dia, Keras. Seu e dos vencedores, do bem; cumpra os desígnios do Faraó. Seja simpático e escute o que eles têm a dizer. Pode ser que isso abra muitas portas para você...

    Sorri com leve pesar. Eu ainda estava me sentindo triste e só, e creio que a múmia sabia disso. O astrólogo ofereceu-me chá e meus manjares favoritos, e limitou-se a aconselhar-me sobre a etiqueta que a situação requeria: mostrar sempre algum interesse, por mais frívolo que fosse o assunto, não falar mais que o absolutamente necessário, responder às perguntas de forma mais profissional possível, entre outras coisas.

    Olhei para as paredes da sala, e veio até minha mente a pergunta que não podia calar.

    —E Ishebad? — Indaguei à múmia — Como você está lidando?

    A majestosa múmia demorou a me responder. Por fim, seu penetrante olhar dourado pareceu atingir o fundo de minha alma, e um calafrio percorreu minha espinha.

    —Ainda é cedo... — Respondeu-me queixoso — E tenho muito a fazer. O luto é um luxo o qual não me pertence, e meu irmão me levaria até o além-mundo se soubesse que decidi lamuriar sua perda. Enfim, estou lidando da melhor forma que posso... Mesmo sabendo que jamais deixarei de sentir essa dor. Creio que estamos quites... — Ele se levantou e pôs-se a organizar os registros e feitiços de sua biblioteca, e eu sabia que era hora de me retirar.

    Eu assenti com igual tristeza. Ainda que Ishebad não falasse muito comigo, Tothdral me era bem quisto, e doía-me sua tristeza. Queria muito poder achar alguém que pudesse aliviar a dor do astrólogo, e queria achar de pronto, pois não poderia ficar lá por muito tempo. Eu tinha, no máximo, seis meses para achar minha mãe, um novo Grão-Vizir e voltar à Svargrond antes do nascimento de meu sobrinho ou sobrinha. Como sempre, estava contra o tempo.

    ***

    Na casa de banho, fui tratado como rei; as moças que lá trabalhavam aliviaram as dores de meu corpo com óleos perfumados e cristais quentes. Acredito que até hematomas que deveriam ser lancetados para desaparecer foram curados pelas mãos mágicas das damas do deserto.

    Com o corpo imerso nas águas refrescantes do estabelecimento, pus-me a meditar. Seria esse um... recomeço para mim? O que teria acontecido com meus amigos? Terá a guerra os modificado? Que seria de nosso futuro? Só Crunor deteria as respostas...

    Continua...

    -----

    Notas da Autora: Em breve, mais desenhos dos personagens e, se eu tiver paciência, postarei o design da cidade aqui x3

    "...E Pó Sobre Pó" é outra referência ao refrão da música Asche zu Asche, da banda de metal industrial Rammstein:

    Asche zu Asche (2x)
    und stomb zu stomb

    ([De] Cinzas para Cinzas (2x)
    e Pó sobre Pó)
    Última edição por Iridium; 10-11-2012 às 14:30.

  4. #154
    Cavaleiro do Word Avatar de CarlosLendario
    Registro
    23-03-2012
    Localização
    São Paulo
    Posts
    2.376
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    Gostei do capitulo, não teve nada de mais, apenas a apresentação da Nova Ankrahmun para os leitores, e te digo, fiquei impressionado.



    Nunca imaginei ankrahmun de outro jeito, nunca pensei em algo além da cidade desertica; fiquei supreso com tudo que planejou. Ficou quase parecido com a cidade da minha história, Darksand.



    O sistema de escaravelhos-correio foi bem bolado, imagina você de boa na lagoa e aparece um escaravelho segurando uma carta na boca pra dar pra você. O.o
    E a parte que eu achei mais interessante foi Ireas estar mais forte, com mais músculos. Ireas não entende o porque das garotas desejarem ele? Simples: Elas acham ele gostoso e querem fazer coisas selvagens com ele e.e
    E quando se referiu à amêndoas se referiu a seios, certo?






    Bom, é só isso mesmo

    Espero que não demore tanto para escrever o proximo capitulo. Ainda sou seu fã!



    ◉ ~~ ◉ ~ Extensão ~ ◉ ~ Life Thread ~ ◉ ~ YouTube ~ ◉ ~ Bloodtrip ~ ◉ ~ Bloodoath ~ ◉ ~~ ◉

  5. #155
    Avatar de Gabriellk~
    Registro
    16-12-2007
    Posts
    1.065
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    Como o Carlos, posso dizer que este capítulo "não teve nada demais", e isso pra mim foi muito bom.

    Eu gostei muito deste capítulo, de cada detalhe da reconstrução de Ankrahmun, das divagações do Ireas sobre os amigos em Goroma, sobre o Wind, tudo.
    O capítulo novamente começou meio sombrio com o PoV do Wind, mas depois mudou pro Ireas e ficou mais "light". Talvez um pouco leve e idealista demais pros meus gostos (que são um pouco bizarros, admito), mas parece bem o tipo de coisa que você gosta - e sabe - escrever.
    Sua história ao meu ver é a melhor em questão de personagens em atividade atualmente. Eu não costumo classificar histórias em melhor ou pior porque isso é muito subjetivo, mas realmente não encontro nenhuma outra que se compare a esta neste quesito. Nem falarei sobre escrita, pois é mais questão de estilo, alguns preferem uma mais simples, outros um pouco mais refinada.

    Não tenho críticas a fazer no momento, e desculpe ter demorado tanto para comentar.
    Espero que não desanime, porque parece que (novamente ) esqueceram-se de sua história.

    Ta osso esse Histórias, viu. :/




    Publicidade:


    Jogue Tibia sem mensalidades!
    Taleon Online - Otserv apoiado pelo TibiaBR.
    https://taleon.online
    Última edição por Gabriellk~; 10-11-2012 às 08:20.
    “The big questions are really the only ones worth considering, and colossal nerve has always been a prerequisite for such consideration”.
    - Alfred W. Crosby

    Gosta de fics tibianas? Leia a minha aqui!

  6. #156
    desespero full Avatar de Iridium
    Registro
    27-08-2011
    Localização
    Brasília
    Idade
    30
    Posts
    3.372
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão Capítulo 29

    Olá pessoal!

    Primeiramente, quanto tempo! Ufa! Finalmente consegui escrever... A vida anda complicada... Estudar, vestibular, provas, provas... Enfim...

    Sem mais delongas, o capítulo, senhores e senhoras!

    -----

    Capítulo 29 – Diplomacia?

    O pôr-do-sol indicava que a comitiva de sobreviventes logo chegaria. Eu, Ireas Keras, Grão-Vizir (temporário) de Ankrahmun, trajava uma túnica branca com leve tonalidade azul, sandálias prateadas e braceletes dourados com pequenas safiras nas extremidades. Eu havia renovado a camada de resina sob minhas unhas – aparentemente, todo o nervoso que passei nos dias anteriores fizeram a doença piorar um pouco. Sentia-me tonto e com leve febre, e receava arruinar a noite.

    A cidade estava iluminada por lamparinas piramidais brancas, que traziam um pouco do luar para nós; contudo, esses pequenos dispositivos luminosos faziam da Lua a protagonista da noite. Eu sorri leve e espontaneamente, e há muito eu não sorria assim... Sentia falta da alegria.

    Os ventos do deserto sopravam bem convidativos. A noite tinha tudo para ser boa; eu estava torcendo, é claro, para não estragar tudo como de costume...

    — O oásis do Deserto! Terra à vista! — Era Sírio quem gritava; sua voz era inconfundível; era sinal de que a comitiva chegara.

    Meu coração retumbara forte como trovão; eu estava perto de uma pequena pirâmide habitacional, próximo do cais. Eu não sabia se ficava esperando ou se corria para a pirâmide do Faraó; não sabia, também, se me aproximaria de meus amigos ou se aguardaria o jantar. Sírio, diferentemente de mim, os recebia calorosamente.

    Eu só podia vê-lo gesticular; tentando vencer minha timidez e medo, aproximei-me do cais, escondendo-me sob uma das pilastras das docas; Sírio ria e parecia guiar-lhes até a casa de banhos que eu redesenhara. Perguntava-me: por acaso ele falara de mim?

    Respirei fundo e tentei controlar meus sentimentos; eu não poderia estragar aquele momento. Eu estaria prestes a conseguir contatos, pessoas que pudessem me ajudar na busca por minha mãe e entender o ataque feito a Ankrahmun pela Irmandade dos Ossos. Com passadas curtas e ligeiras, segui meu caminho à pirâmide faraônica.

    Lancei um olhar para a comitiva de Sírio. Um a um, eles se dirigiam à casa de banhos: Rei Jack, Brand, Mandarinn, uma elfa que aparentava ser esposa ou amante dele, Icel...e Wind.

    Meus pés pararam e meu coração também; o Yalahari estava lá, com feridas horrendas nas costas, pernas e braços; para minha sorte, ele estava de costas e não me vira. Para meu azar, porém, ele era o último dos sobreviventes a chegar ao aposento e conversava com Sírio. Eu temia que eles estivessem falando de mim.

    De repente, uma das pequenas lamparinas passou por Wind, fazendo o ruivo cavaleiro voltar seus belos olhos castanhos para a direção em que eu me encontrava.

    — Ireas? — Ouvi sua bela voz sussurrar no vazio das ruas de arenito e mármore imaculado.

    O pavor tomou conta de mim; meu corpo estava oculto pelas sombrar, dificultando minha identificação. Não pensei duas vezes: saí correndo do local. Se meus ancestrais pudessem me ver além dos ventos do Norte, com toda certeza sentiriam vergonha de minha atitude; um bárbaro correndo de um homem que em momento algum fora adversário, mas que ferira mais que qualquer guerreiro habilidoso, experiente e sedento de sangue proveniente de minha terra, Svargrond.

    Só parei de correr quando cheguei às portas da residência do Faraó.

    ***

    — Seja bem-vindo, Grão-Vizir — Disse-me um dos guardas do Faraó— Os ilustres convidados de vossa Majestade o esperam.

    Eu meneei com a cabeça de forma afirmativa, buscando livrar-me daquela horrível sensação de pavor, impotência e medo, bem como do rubor que tomara conta de minhas faces. Um dos guardas guiou-me até a sala de jantar; creio que foi o lugar mais belo em que já pisei.

    O aposento era bem iluminado, com uma mesa dourada ricamente entalhada. As cadeiras possuíam arabescos e gravuras típicos da cidade, e eram de madeira escura com almofadas de rubro veludo sobre elas. Os pratos eram prateados, bem como os vários talheres dispostos ao lado deles. As cortinas eram brancas com bordados de bronze. Havia armários e alguns instrumentos musicais ao final da sala.

    Os pratos na mesa eram tão suntuosos quanto a decoração do recinto. Assados, massas, deliciosas e delicadas sobremesas, bebidas espumantes e fumegantes... Ah, que água na boca! Meu estômago estava reclamando de tanto sofrimento, pobrezinho.

    Um clique na porta à minha direita tirou minha atenção da refeição que estaria por vir. Um elfo de longos cabelos louros,belos olhos prateados, túnica amarela-clara sobre uma longa camisa lilás entrou no recinto, seguido de um anão ruivo de olhos verdes e belo sobretudo esmeralda, um homem moreno, com traços orientais e com terno rubro e um outro que, obviamente, era Norsir: seus trajes eram de pele de mamute, a julgar pela pelagem, e havia adereços de conchas entre seus cabelos negros. Um a um, eles vieram me cumprimentar.

    — É você o rapaz que fez essa obra-prima? — Disse-me o elfo com um sorriso impressionado nos lábios — Meu nome é Eriel; sou Embaixador de Ab'Dendriel, pertencente à classe Chelabdil. — Então, ele passou a me analisar com seus olhos prateados — Ora, disseram-me que você era Norsir... Te imaginava um pouco... Mais alto.

    De fato, eu entendia a decepção do ilustre embaixador; meus conterrâneos mediam por volta de 1.80m. O Embaixador, com seus 1.90m, deveria estar rindo em seu interior ao ver um bárbaro de menos de 1.70m e traços mais femininos à sua frente. Corei levemente, ainda que sentisse leve raiva.

    — Não ligue para o Eriel — Era o anão quem me falava — É acostumado a ver as pessoas de cima, se é que me entende... Heh, sou Marziel, principal engenheiro, arquiteto e supervisor de obras de Kazordoon. — Ele me deu um vigoroso aperto de mão — Será um prazer ter sua mente algum dia a serviço de Kruzak, camarada.

    O cumprimento dele elevou-me o humor, e logo vieram os humanos a me cumprimentar.

    Hammoud, embaixador de Darashia, não se engane — Disse-me o moreno com um olhar misterioso — O sultão ficaria mais que lisonjeado com sua presença — Ele se aproximou e sussurrou em meu ouvido esquerdo — Cá entre nós, ele mal pode esperar para ver uma Nova Darashia.

    O bárbaro veio logo em seguida com um sorriso e vigoroso aperto de mão.

    — Sou Hekki, irmão de Sirik. Puxa, não esperava vê-lo tão depressa!

    — E como vai seu irmão? — Indaguei, preocupado com os Norsir. Desde o ataque, não pisei mais em Svargrond.

    — Bem, na medida do possível — Respondeu-me com pouco entusiasmo — Somos fortes, Keras. Já fomos sitiados diversas vezes, e nem mesmo o domínio de Carlin isso mudou. — Então, o Faraó entrou no recinto — Bem, devemos nos sentar. Por favor, sente-se perto de mim; é muito incômodo ser o único Norsir aqui presente...

    Eu ri levemente e cumpri o pedido dele: o Faraó sentava-se na ponta da mesa; Sentei-me ao lado esquerdo dele, e Hekki sentou-se ao meu lado. Caso Wind viesse a entrar, seria mais fácil evitá-lo. Ver suas costas tão profundamente cortadas, a carne tão ferida e maltratada perturbou-me demais, bem como recordou-me das apunhaladas em meu coração que foram as cartas por ele escritas.

    — Agradeço aos seus representantes por os terem mandado aqui — A voz do Faraó trouxe-me de volta ao recinto — Gostaria de dizer-lhes que a reunião de hoje é uma celebração, a abertura de uma nova era em Ankrahmun. Tudo graças a esse rapaz singular e leal — O Faraó lançou um olhar de gratidão para mim — Ireas Keras. Rapaz esse que parecia mais um cidadão comum, um transeunte de Ankrahmun, provou-se mais do que capaz de assumir suas responsabilidades quando a cidade mais precisou. Além disso, esse rapaz é o Grão-Vizir de meu reino, meu representante quando não posso fazer-me presente...

    Eis que o elfo Eriel pôs-se a falar, autorizado pelo Faraó.

    — Nos portos dessa linda cidade, chegaram convidados muito especiais, aos quais devemos muito: nossas vidas, nossa segurança. — A porta principal abriu lentamente — Senhores, os sobreviventes da empreitada contra o desprezível e temido Morgaroth!

    Meu coração parou naquele instante, e senti a palidez tomar conta de minhas faces. Hekki me olhou assustado, e eu não percebi.

    Todos vestiam lindas túnicas amarelas. Brand entrou primeiro, ostentando as condecorações de guerra com orgulho em seu rosto; Rei Jack entrou seguido por Icel e Khantra, a linda moça que vi quando o paladino completara Cem Grandiosos Feitos. Sírio também entrou no recinto tão bem vestido quanto os demais, seguido por Mandarinn e sua esposa elfa – percebi que o era pelo lindo anel que ostentava e pelas juras de amor que sussurrava ao pé do ouvido do mago. Ao ver o casal, Eriel ergueu a sobrancelha esquerda em sinal de pejorativa surpresa.

    Quando achei que poderia ficar tranquilo, não só minhas estranhas tontura e febre começaram a me atacar bem como Wind entrou no recinto. Sua túnica era esverdeada, e havia uma larga ombreira de ouro sobre ela; um cinto branco pendia de sua cintura,e seu rosto, de tão limpo, nem parecia o de um homem recém-chegado da guerra.

    — Grão-Vizir, Keras? — Indagou-me com um sorriso de alegria em seu rosto; parecia contente demais em me ver — Que novidade boa!

    Os demais me fitaram como que esperando minha reação. Eu estava tão travado, apavorado, enraivecido e estranhamente emocionado que não sabia o que fazer senão olhá-lo com surpresa. Eu simplesmente meneei minha cabeça afirmativamente, e ele foi sentar-se entre Jack e Brand... Bem à minha frente. Não havia escapatória.

    Acho que só consegui comer alguns minutos. Não que a comida estivesse ruim, claro que não: estava divina, tão gostosa quanto sua aparência dizia. Contudo, passei boa parte do tempo tentando evitar os olhares do Yalahari, que insistia em chamar-me a atenção. Aquilo certamente me importunava.

    — Seu Faraó está me dizendo que você talvez deixe a cidade — Era Marziel quem falava, fazendo minha mente voltar ao recinto — Por que motivo?

    — Bem... — Comecei, bebendo um gole de chá — Tenho um compromisso... Um dever em Svargrond. Pretendo encontrar um Grão-Vizir à altura de Ishebad para me substituir. Infelizmente, não tenho ideia de onde começar.

    Djanni — Falou Hammoud, atraindo minha atenção — Os Gênios são eloquentes, trabalhadores e de bela caligrafia. Se você conseguir fazer algum deles sair da fortaleza, considere sua missão muito bem cumprida.

    Eu acenei afirmativamente. Excelente ideia! Anotei os dizeres de Hammoud em um guardanapo. Apesar do ânimo renovado, ainda sentia muita dor de cabeça e minha febre tendia a aumentar cada vez mais. Meus olhos começaram a arder, e Eriel percebera isso.

    — Você está bem, Keras? — Indagou-me com a sobrancelha esquerda erguida.

    — S-sinto muito... — Gaguejei — Vossa Majestade, com a sua licença... — Levantei-me de meu assento e rapidamente dirigi-me à saída. Naquele momento, Brand fitava-me com desconfiança.

    — Vou até ele — Sussurrou nos ouvidos de Wind.

    — Não — Protestou o Yalahari — Eu vou. Com a sua licença, Majestade.

    ***

    Minha cabeça doía. Meu coração batia forte... E a febre não queria ceder. Apoiei meus cotovelos no parapeito da sacada, tentando manter-me consciente. Então, ouvi passos em minha direção. Espiei com o canto do olho, e percebi formas muito familiares.

    — Isso tudo é saudade, é? — Disse uma voz muito conhecida — E aquele moreno, quem é? Do jeito que ele se engraçou com você... Fiquei até com ciúmes. — Maldição, era ele. Wind.

    O ruivo aproximou-se timidamente, a passos lentos, porém constantes. Minha mente entrou em conflito: ele me havia ferido com aquelas cartas, com as mentiras que dissera...Contudo, parte de mim parecia querê-lo. A cada passo que ele dava, eu recuava metade.

    — Afaste-se de mim — Eu disse incomodado — Já não me basta as dores que me causou?

    —Como assim? — Indagou-me o confuso Yalahari.

    —Não se faça de inocente! — Bradei quase inconsciente — Você... Você sabe... o que fez... — senti-me desfalecer.

    —Como assim? Keras...Keras?Keras! — Desfaleci nos braços do Yalahari que, assustado, só pode fazer uma coisa: gritar — Ajudem! — Ele urrou — O Grão-Vizir desmaiou! Guardas! Guardas!

    Continua...

  7. #157
    Avatar de Senhor das Botas
    Registro
    14-02-2011
    Posts
    2.320
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    Nuss, seria épico o Ireas deixar o Wind na Friendzone Parei, isso não foi um comentário sério...


    Sério.



    Enfim, história bolou boladamente bem aqui na seção. Começou boa, seguiu boa e continuou boa. Não comentei o último pois não vi(+Vício em LoL e escola, duas coisas que não combinam )

    De resto, nenhum erro que possa ter percebido. Continue do seu jeito (E volte a reescrever mais, férias é a época MAIS movimentada de todas, onde novos/velhos usuários vem e vão... E com uma bom história dessas, vish )


    Não espere algo bem elaborado e feito. De resto...

  8. #158
    Cavaleiro do Word Avatar de CarlosLendario
    Registro
    23-03-2012
    Localização
    São Paulo
    Posts
    2.376
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    Demorou hein Iridium!


    Ótimo capitulo, só as reações de Ireas foram um tanto estranhas para mim. No minimo eu achava que o Wind ia cumprimentá-lo no porto, daí o Ireas ia pegar ele pelo colarinho, dar um soco na cara dele, jogar ele no chão, chutar forte a barriga dele e depois o saco e chamar ele de cachorro

    Mesmo assim foi legal, boas descrições do jantar, só o Wind tava muito safado com as graças dele... E o Ireas muito fraco... Tá muito complicado pro Ireas na minha opinião tudo isso, tu podia baixar um pouco a poeira do Ireas, ele já tem uns músculos mas ainda é fraco



    E como o botas disse, prepare-se para a invasãochegada de muitos novos usuários e velhos usuários nesse fim de ano. Sua história está muito boa, pode acabar ficando melhor do que Dan da cidade de Carlin, se pá. E boa sorte com sua vida extremamente complicada de atualmente...



    Abraços e até mais.



    ◉ ~~ ◉ ~ Extensão ~ ◉ ~ Life Thread ~ ◉ ~ YouTube ~ ◉ ~ Bloodtrip ~ ◉ ~ Bloodoath ~ ◉ ~~ ◉

  9. #159
    Avatar de Gabriellk~
    Registro
    16-12-2007
    Posts
    1.065
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Padrão

    Eu nunca vou entender como alguém pode ter tantas provas e ter que estudar tanto no EM.


    Capítulo: Ótimo como sempre. Realmente não tenho nada de relevante para falar, que os colegas já não tenham dito. Eu descobri que só consigo fazer posts grandes quando eu tenho coisas à criticar, e não encontro nada para criticar neste capítulo.
    Caso ocorra a votação para melhor história este ano, provavelmente a sua levará o meu voto.

    É só isso mesmo, fazer o que.
    “The big questions are really the only ones worth considering, and colossal nerve has always been a prerequisite for such consideration”.
    - Alfred W. Crosby

    Gosta de fics tibianas? Leia a minha aqui!

  10. #160
    desespero full Avatar de Iridium
    Registro
    27-08-2011
    Localização
    Brasília
    Idade
    30
    Posts
    3.372
    Conquistas / PrêmiosAtividadeCurtidas / Tagging InfoPersonagem - TibiaPersonagem - TibiaME
    Peso da Avaliação
    0

    Curtir Capítulo 30

    Inicialmente, gostaria de agradecer a todos q leem e acompanham a história. Saibam q seus comentários fazem da escrita desse roleplay ainda mais gratificante.

    Bom, faz um bom tempo que nada posto...Então, vou aproveitar esse ritmo de férias e postarei mais uma parte da saga do Elder Druid Ireas Keras...

    Boa leitura! Comentários e críticas são sempre bem-vindos aqui!

    -----***-----***----

    Capítulo 30 – Orgulho

    Quando os pesadelos de Ireas voltam a atormentá-lo...

    Tudo estava tão escuro... Quieto...Apavorante. Eu tentava abrir meus olhos, mas minhas pálpebras simplesmente não respondiam; a escuridão parecia bruxulear sob a presença de pontos cinzentos. Estaria sonhando?

    Os pontos cinzentos passaram a ganhar maiores dimensões a tomar forma. Logo, um descampado ermo, com grama marrom, árvores de médio porte com cascas grossas,fendidas e mortas. Animais rastejando, agonizando, esperando sua morte, e restos esqueléticos de seus companheiros ao chão.

    A cena me encheu de angústia. Ainda que a morte fosse parte da ordem natural da vida, como Yandur me ensinara na guilda dos Druidas da Ilha do Destino, ver a face mais cruel da Morte me apertava o coração.

    Tentei falar a magia de Cura Massiva na esperança de salvar àquelas pobres criaturas, mas nada saía de minhas cordas vocais. Por mais que eu me esforçasse para pronunciar as palavras, esbravejar, gritar, nada acontecia; nem um som, nem um ruído. Nada.

    Então, o primeiro som de meu sonho ou pesadelo: uma trovoada; vi o clarão de um trovão e ouvi mais outro. O céu tingiu-se de cinza escuro, quase preto, e nuvens macabras projetaram-se na abóbada celeste, aninhando com sinistro carinho suas crias luminosas e barulhentas, os raios. Cobri meus ouvidos; estranhamente, eu não temia tempestades,mas elas me causavam grande desconforto. Lágrimas involuntárias saíram de meus olhos,principalmente quando um dos feixes de luz acertou o que parecia ser uma Pantera da Meia-Noite.

    O animal desfaleceu diante de meus olhos e não tive sequer tempo de reagir. Mais animais começaram a aparecer e morrer do mesmo modo e rapidez quanto o raro espécime de outrora. As lágrimas saíam de forma torrencial, e eu era incapaz de soltar o grito de cólera que tanto queria. Urrar me fora negado; minha única saída era manter-me de joelhos e chorar. Nada pude fazer.

    Então, um relâmpago rasgou os céus, e algo saiu dele. Uma criatura, que julguei ser feminina com base nos contornos que se formavam contra a luz. Seus pés era pequenos, delicados e assustadoramente brancos. Quando tocaram o chão, seu corpo se materializou; estava coberto por um manto negro, e dos pés só pude ver as pontas dos dedos. Suas mãos eram delicadas, porém cadavéricas. Havia um par de brilhos rosados onde supus serem seus olhos.

    De repente, a matança cessou. Os cadáveres tornaram-se ossos quase que instantaneamente; só pude levar minha mão direita à minha boca em sinal de pavor. Eu continuava a fitar o fenômeno tão curiosa e horrorizadamente quanto sua algoz.

    — Vê os animais? — Ela disse com tom de voz sinistro e estranhamente angelical —Não passam de meras fontes de energia para minha Irmandade... Irmandade essa que dominará esse mundo leniente, abandonado por todos os Deuses que dizem os eclesiásticos nos protegerem.

    Eu tentei protestar; nada.

    — Em breve você estará conosco, Keras. O ódio que sinto em sua alma é mais poderoso que tudo. Você consegue amar na mesma medida em que odeia, e esse sentimento é o alimento de nossa organização...

    As sombras que cercavam a moça começaram a projetar-se em minha direção, como se estivessem vivas... E sedentas de sangue. Sem poder conjurar um feitiço sequer e sem arma alguma disponível, não tive outra alternativa senão correr. E foi o que fiz. Que meus ancestrais Norsires me perdoem...

    — Junte-se a nós... — Sussurrava sua voz de sereia e serpente — Junte-se a nós...

    — Não! Não!

    Enfim, pude ouvir minha voz. As sombras se foram... A mulher se foi. E comecei a ouvir outro conjunto de vozes.

    — Keras? Você está bem? — Creio que era Brand...

    — Ireas?! Calma, parceiro! — Definitavamente era Rei Jack quem falava...

    — Keras? — Deveria ser a esposa de Mandarinn...Era a única mulher de que me lembrava no jantar...

    Meus olhos enfim cederam ao meu comando, e lentamente se abriram. O ambiente estava embaçado, minha cabeça doía, tudo girava...E minha febre parecia pior. Olhei para cima, e constatei, pelos entalhes no telhado, estar no hospital que construí em Ankrahmun. Pisquei com lenta aflição, e os entalhes assumiram sua melhor resolução: eu estava consciente.

    Olhei à minha direita e lá estavam Brand, Rei Jack, Mandarinn e sua esposa cujo nome desconhecia. Meneei minha cabeça lentamente, cansado e aflito pelos eventos mais recentes.

    —Ireas? Indagou-me a élfica esposa de Mandarinn — Creio que ainda não nos conhecemos... Sei que você está muito debilitado, e peço perdão por trazer-lhe novas informações, mas permita-me que me apresente: Sou Solária Brisa-da-Neve, noiva de Mandarinn. — Ela lançou-me tímido sorriso — Meu noivo falou-me bem de você,e é um prazer conhecê-lo.

    — Igualmente — Respondi com fraqueza — Perdoe-me por estar assim...

    A garota pôs uma compressa gelada em minha cabeça; Crunor, que febre! Há tempos não me sentia assim... A última vez que ficara tão doente fora em RookGaard, quando falecera Khaftos. Há muito tempo atrás...

    Então, ouvi gritos do lado de fora de meu quarto. Parecia ser Sírio e Wind; conseguia distinguir-lhes as vozes, porém não entendia o que esbravejavam.

    — Ah, eles ainda estão nisso?! — Resmungou Brand — Quanta criancice!

    —Do que se trata? — Indaguei

    Brand sinalizou para que os demais saíssem pela porta à direita, deixando-nos a sós.

    — Trata-se de alguma coisa de que você acusa Wind de ter feito. Replicou-me Brand em tom seco — Por que você o tem tratado assim? Desde que ele chegou a Ankrahmun, tudo o que você faz é evitá-lo e trancafiá-lo em um caixão de gelo, por assim dizer!

    Apertei o lençol de linho fortemente em minhas mãos.

    — Você não faz ideia do que passamos lá, Keras — Brand continuava seu sermão —, e você também não faz ideia de como Wind sentiu sua falta!

    — Você não diria isso... — Tentei replicar — Se tivesse visto o que ele me escreveu!

    Naquele instante, ouvimos o som de algo se chocando contra a parede e quebrando-a. Ouvi gritos e urros quase que simultâneos aos sons anteriores.

    — Ah, cara! — Resmungou Brand — O que aqueles dois fizeram?! — Ele se levantou e foi até à porta. Com dificuldade, fiz o mesmo.

    Minhas pernas tremiam e pareciam teimar em responder aos meus comandos. Apoiei-me nos objetos mais próximos e, cambaleante, dirigi-me à porta aberta. Brand e os outros estavam apartando Sírio e Wind, que haviam trocado bofetadas enquanto estive adormecido; Sírio estava com arranhões na testa e um olho roxo. Wind, por outro lado, não aparentava estar ferido. Seu orgulho, contudo, deveria estar nocauteado.

    Afaste-se de Ireas! O sotero-libertino gritava a plenos pulmões Você já o feriu demais!

    — O meu relacionamento com Keras não é de sua conta, e desconheço o assunto de que tanto fala! — Rugiu Wind. Eu jamais o havia visto com tanta raiva — Não sei o quê você ouviu, mas garanto que foram mentiras ditas por alguém que não me quer bem!

    — Só você aparenta não querer bem a alguém, Yalahari! — Bradou Sírio.

    — Parem, vocês dois! — Intervieram Jack e Brand.

    Meu sangue Norsir começou a borbulhar em minhas veias. Eu tinha que fazer algo. Sentia minha saúde se recobrar aos poucos. Aproveitando que ninguém parecia ter percebido que saíra de meu leito, corri até minha mochila e abri-a. Havia víveres, equipamentos e outros objetos dentro dela. As cartas também estavam ali. Não houve um dia sequer em que não as li, na esperança de haver algo diferente escrito. Na esperança de não ser verdade. Entretanto, cada vez mais que as lia, mais reais, verdadeiras e ferinas elas pareciam ser. E a minha raiva crescia cada vez mais.

    Os ânimos pareciam ter-se acalmado do lado de fora, pois nada mais ouvi. Ao que parecia, um dos funcionários do estabelecimento expulsara os dois brigões e os demais foram para fora buscando impedir um sangrento duelo na nova cidade. Sentei no leito e pus-me a pensar: será que deveria encará-los? Deveria enfrentar Wind assim, de uma vez? Meu coração e sangue do Norte diziam um sonoro “sim”, mas minha mente, cautelosa, dizia “não”.

    Olhei pela janela, e Sírio não estava mais lá. Decerto voltara ao seu navio ancorado; olhei para o porto, e lembrei-me de mais um item de minha lista de afazeres: encontrar um capitão para o porto de Ankrahmun. Sem ele, não poderia sair da cidade sem ter que ir a Darashia, cidade com a qual era pouco familiar e contava apenas com Hammoud como contato.

    Wind estava conversando com Brand e Mandarinn lá embaixo. Sem pensar duas vezes, decidi sair pela porta frontal de meu quarto e buscar pela porta dos fundos do hospital. Caminhei com passos silenciosos, minha marca registrada, sem saber, contudo, que não estava só em minha caminhada.

    Estava prestes a chegar ao portão dos fundos e sair sem maiores complicações quando alguém segurou meu braço.

    — E mais essa agora?! — Era Wind quem segurava meu braço — O que houve enquanto estive fora?! Com quem esteve e o que andou fazendo?!

    — Por que quer saber? — Repliquei com frieza — Não tive notícias de você durante o tempo em que esteve fora — Desvencilhei-me do braço musculoso do Yalahari em um forte solavanco — Eu que deveria estar fazendo tais perguntas a você, e não o contrário!

    — Como ousa?! — Ele bradou, claramente ofendido — Arrisquei minha vida por você e por nosso mundo, por tudo o que acredito... Eu quase perdi minha vida naquele antro, Keras! Fiz isso por muitos, principalmente por você! Voltei todo estropiado, esperando ser recebido como o soldado ferido que sou e que, após anos de solidão e incompreensão, tenho alguém para quem voltar e por quem lutar... E é assim que você me trata?!

    — Deveria ter pensado em tudo isso antes de me escrever essas coisas odiosas! — bradei, mostrando-lhe as cartas que há muito mantive escondidas — Deveria ter freado sua mão antes de fazer da pena sua espada! — Meus olhos começaram a marejar, mas não deixei lágrimas saírem de meus olhos — Você... Você... Pegue-as e vá embora!

    Wind abriu as cartas com confusão em seu semblante; uma a uma, ele lera os odiosos documentos, que atestavam sua traição. Continham suas palavras ferinas acerca de ter-me seduzido e enganado, aproveitando-se de um ser inexperiente e isento da malícia do mundo. Seus olhos ficaram cada vez mais arregalados, e eu não soube exatamente pelo quê tomaria tal expressão em seu rosto.

    — Essas cartas... Não são minhas... — Ele disse ao baixar o braço que tinha as cartas em mãos — Ireas, essa caligrafia...

    — ...É idêntica à sua! — Interrompi-o com lágrimas que me custavam a não sair dos olhos — Quando estive em seus aposentos em Svargrond, não pude deixar de notar o diário de bordo que você possui... Olhei cada página de forma tão cautelosa que sou capaz de saber exatamente como você desenha cada letra do alfabeto.

    — Pode até ser parecida com minha caligrafia, mas não lhe escrevi nada dessa natureza! — Ele insistia em sua inocência, é claro — Ireas, eu jamais escreveria algo para te ferir... — Ele soltou as cartas e pôs suas mãos em meus ombros. Havia um lampejo triste e desesperado em seus olhos, bem como eles se apresentavam úmidos — Você sabe de meus sentimentos... Por que você age assim? Por que não consegue acreditar em mim? Eu estou dizendo a verdade, nada além disso...

    Ele tentou me beijar, mas virei meu rosto para evitar seus lábios.

    — Eu não sei se posso acreditar em você... — lágrimas tímidas saíram de meus olhos — Eu não sei se consigo... Deixe-me em paz... — Tentei desvencilhar-me dele, mas o Cavaleiro conseguiu arrancar um beijo meu, deixando-me sem reação.

    — Quem lhe entregou isso? — Indagou-me por fim.

    Fitei-o com susto e demorei-me a responder.

    — Liive... — sussurrei — Ele entregou-me as cartas um tempo depois de você ter ido. Disse que você o pedira para entregá-las...

    A ira brotou nas faces de Wind. O Yalahari, contudo, conteve seu ímpeto.

    — Sabia que havia algo relacionado a ele nessa tramoia toda! — Ele soltou meus ombros e eu me preparava para sair dali — Espere! Keras, onde vai?

    — Vou em busca dos Djinnis como Hammoud me sugeriu... — Não sei porque disse a ele onde iria, mas não havia como desfazer o que eu disse — Tenho que achar um Grão-Vizir o mais rápido possível.

    — Já sabe qual lado escolher? — Indagou-me Wind.

    — Como assim? — Repliquei confuso.

    — Você não pode achar que transitará pelas duas fortalezas incólume, ou acha? — Ele me respondeu — Djinns demoram para confiar em humanos, por terem uma natureza mais reservada e focada em seus próprios conflitos. Contudo, podem ser bem cruéis e bárbaros se descobrem a traição de um humano que julgaram confiável. Então, meu doce Ireas, torno a te perguntar: de que lado você está, Marid ou Efreet?

    Continua...

    ***----****

    Nota da Autora: Enfim, um novo capítulo! Que reviravolta, não?

    Quem me conhece, sabe o lado que escolhi com Ireas... Espero poder mostrar um pouco de cada pequeno universo dos seres que acho mais fascinates em Tibia: os Djinns.

    Marid ou Efreet: De que lado vocês, leitores, são? E por quê? Gostaria de ouvir o lado de vocês nesse conflito eterno como o deserto de Darama...

    Publicidade:


    Jogue Tibia sem mensalidades!
    Taleon Online - Otserv apoiado pelo TibiaBR.
    https://taleon.online



Tópicos Similares

  1. [Música] Adele e Florence devolvendo a VOZ à música pop feminina?
    Por Dark Mitu no fórum Fora do Tibia - Off Topic
    Respostas: 22
    Último Post: 26-07-2012, 00:57
  2. Sero x Mano Mendigo (2º Torneio Roleplay - Semifinais)
    Por Lacerdinha no fórum Roleplaying
    Respostas: 16
    Último Post: 12-06-2012, 01:33
  3. voz ao ler
    Por Elton Ayon no fórum Fora do Tibia - Off Topic
    Respostas: 24
    Último Post: 07-06-2012, 16:57
  4. Tecnologia | Reconhecimento de voz do Galaxy SIII
    Por GrYllO no fórum Fora do Tibia - Off Topic
    Respostas: 2
    Último Post: 04-05-2012, 05:22
  5. A Storia de Maggotick (yes! we are back)
    Por endless nameless no fórum Roleplaying
    Respostas: 5
    Último Post: 18-10-2004, 13:23

Permissões de Postagem

  • Você não pode iniciar novos tópicos
  • Você não pode enviar respostas
  • Você não pode enviar anexos
  • Você não pode editar suas mensagens
  •