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Tópico: Bloodoath

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    Cavaleiro do Word Avatar de CarlosLendario
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    Padrão Capítulo 2 - St. Olias

    Citação Postado originalmente por Neal Caffrey Ver Post
    Que Deus tenha piedade de nós. Que capítulo formidável.

    Antes, gostaria de fazer uma ressalva para quem possa interessar, e peço perdão pelo fato de que o seu tópico é o receptáculo disso: a seção Roleplay está abandonada. Está terminantemente longe de ser o que conheci, há 10 anos, mas isso é compreensível, afinal, muitos de nós deambularam para outra posição. O que não consigo aceitar é que a seção esteja como está. Sinto por aqueles que passam aqui diariamente e que não se manifestam sobre os contos que têm tanta qualidade e são continuamente objeto de atualização. Além de desincentivarem os excelentes escritores que temos (afinal, todos gostam de ver comentários sobre suas obras), acabam por fadar histórias magníficas ao insucesso. Mesmo considerando o que você me disse pessoalmente, a respeito do seu desânimo para a publicação de Bloodoath, peço que prossiga postando os capítulos. Se houver um único ser aqui que se disponha a te incentivar, vale a pena escrever para esse único ser. Considere-o a mim. Como sempre deixei claro.

    De volta ao tópico: secretamente, tomei uma decisão pessoal. Meus comentários abordarão alguns pontos da sua gramática. "Matheus, você quer me foder?", não, longe disso. Como a sua criatividade é ímpar, minha intenção é a de ajudá-lo a aprimorar sua escrita, que só tem melhorado. Então, antes de adentrar nos pontos específicos a respeito da história em si, gostaria de destacar alguns aspectos importantes.

    Primeiro: decida-se. A norma culta da língua portuguesa nos permite escrever os numerais por extenso antes de 10, e por numerais, após 10. Por exemplo: um, cinco, sete, 10, 14, 20. Há um ponto em que você aponta "vinte e seis" e, após, "Somos 507". Entende a discrepância? Faça esse ajuste. É uma idiotice, mas leitores chatos, imbecis e sádicos, como eu, varrem textos procurando por falhas e, se estamos procurando por elas, elas saltam aos olhos. Sabe como é.

    Mais:



    Quem "não tem rugas" não são os "infelizes"? Então, podemos livremente odiar esses infelizes, já que eles não têm rugas. É uma questão de concordância. Singular/plural.



    Isso não é um erro, é uma chatice minha. Ele "segue" cidade adentro, "seguindo" por alguns becos. Saca a questão da repetição? E sabe o que é o pior? O seu vocabulário é vasto. Essas coisas passam mesmo pelas mais minuciosas revisões. Faz parte, mas fica a dica.

    Quanto à história, eu tô um pouco... abismado. Seria o detetive em Thais Nightcrawler? Ou será Dartaul? Teria Nightcrawler sobrevivido no embate contra Senzo? E, mais: a Irmandade, tida como extinta, retornou? Faz vítimas? Manda mensagens. Caralho. Que mindblow. Achei top demais.

    As vestimentas dos cavaleiros (perdão) me lembraram as dos cavaleiros templários. Aliás, com que riqueza de detalhes você é capaz de descrever alguma coisa. Sinceramente. Os policiais e o investigador foram desenhados diante dos meus olhos através das suas palavras. Sensacional. Pena que o tal do Scharvel, aparentemente, é um arrombado de primeiríssima monta. Apesar disso, na nossa nação, a Polícia Militar tem muito respeito pelas técnicas do Exército. É bom retornar a um ponto em que as instituições conflitam entre si. Gostei disso.

    Aliás, é importante pontuar uma coisa: este capítulo parece sofrer uma influência (positiva, não me entenda mal) de Death Note e Monster, dois animes... razoáveis, considerando a natureza de cada um. Mais Monster do que Death Note. Sim, cara, eu já assisti isso. Achei bom na medida do que podia ser. Obviamente, seu conto é um enredo melhor pra um anime do que a cabeça de qualquer produtor.

    Oportunamente:



    Essa é uma abordagem interessante. Como o pentagrama de Vênus, poucos conhecem a origem da suástica nazista. Ela tinha um certo fundo antes de se tornar um símbolo de ódio. Agora, de forma bisonha, lembrei-me do pessoal que tem espalhado gold coins no chão, dispondo-as e fazendo-as assumir a forma da suástica. Muita gente nas lives fica puto com isso.

    O capítulo é excelente e o enredo começou bastante bem. Fico feliz de, apesar de ser vinculada a Bloodtrip, Bloodoath visivelmente ter sua cara própria. Isso mostra o quão capaz você é como escritor.

    No guardo do próximo, Carlinhos! Abraço.
    Salve Neal. A seção só está refletindo a situação do Tibia atual. Embora os bots tenham sido neutralizados de forma massiva, ainda temos o fato de que Tibia não é mais tão atrativo e muitos se renderam ao powergamming, lutando por mais e mais levels, e deixando os elementos tão ricos desse game para trás. Não é a toa que a nossa seção está tão parada.

    Eu agradeço por ajudar na gramática, alguns desses erros passaram pela revisão, mas assumo que o dos números é um mal costume que eu tenho. Vou corrigir isso nos próximos capítulos.

    Devo pontuar que tudo aqui é novo. Esqueça Nightcrawler, esqueça Dartaul. É um novo conto, mas ainda tem suas conexões e referências ao conto passado. Com o tempo, as dúvidas serão respondidas.

    E agradeço por todos os elogios. Me esforcei para detalhar tudo aqui, pois é uma história nova num outro período, que você entenderá melhor aqui nesse capítulo. Explicações sobre as coisas novas virão no futuro. Gostei dos animes que você pontuou que teriam uma influência aqui, mas devo dizer que esse começo tem um pouco de Ergo Proxy (baita dum anime por sinal) e, de fato, Death Note. O clima mais "animesco" de Code Geass já morreu, então eu diria que Bloodoath seguirá como algo mais sério e realista, na medida do possível. Sobre a suástica, é, acho que todo mundo descobriu a suástica distorcida antes da verdadeira e original, mas aqui eu não joguei ela de forma maligna, mas sim com um propósito. Não posso explicar ainda sobre o que é, entretanto.

    Agradeço a presença constante cara, espero que esse capítulo aqui esteja do seu agrado.


    Citação Postado originalmente por Edge Fencer Ver Post
    E ai Carlos. Como eu fui bem negligente com a leitura de Bloodtrip e deixei acumular uma penca de capítulo pra ler, acho justo pelo menos dar um sinal de vida aqui nesse novo tópico. Primeiramente, fico bem feliz por você ter conseguido terminar Bloodtrip; tendo acompanhado a história por um bom pedaço eu já sabia que aquilo era algo que merecia ser concluído, e ver que, apesar de tudo, você conseguiu fazer isso dá uma boa sensação e um ânimo a mais pra ler o que eu perdi dela.

    Dito isso, já vi que levei uns spoilers nesse prefácio aí hahaha (nada mais justo, inclusive), mas nada que vá atrapalhar a experiência de leitura. Até porque a melhor parte das suas histórias é justamente a forma como são narradas, além da explosão de criatividade que você mostra todo capítulo. Tava com saudades desse seu ritmo de escrita bem característico, principalmente dos diálogos (sem dúvidas a sua especialidade). Como tem um bom tempo que eu só tô lendo mangás e textos acadêmicos, acabei ficando um pouco enferrujado pra ler narrativas desse estilo, mas mesmo assim consegui notar que sua escrita melhorou desde Bloodtrip. Boa!

    Por fim, peço desculpas por ter deixado de acompanhar o outro tópico. Sei bem que é difícil se animar quando não há retorno dos leitores, ainda mais numa história tão complexa e planejada como essa, mas é como o Neal disse: se você tem pelo menos uma pessoa te dando força, vale a pena continuar. Vou terminar de ler Bloodtrip o mais rápido que der, e assim que fizer isso irei acompanhar essa sequência aqui, que pelo começo já mostra que vai ser excelente!

    Segue firme ai, cara. Abraços!
    Então você tá vivo mesmo, Edge. Agradeço a presença.

    Cara, já vou adiantando pra você uma boa explicação: A visão do narrador do prefácio é a que os outros civis fora do ciclo "time do Nightcrawler" e "Irmandade" possuem. Eles pensam que tanto Nightcrawler quanto Dartaul morreram, mas a história é outra. Pra você saber o que de fato aconteceu, leia Bloodtrip até o final; Quando chegar aqui e pegar as referências, cagará tijolos ficará tudo mais claro e interessante pra você.

    Estou lutando pra melhorar minha escrita de forma que ela fique simples e fácil de se ler, ainda não acho que consegui isso, já que sempre há muito a se descrever, e não quero deixar isso massante. Mas, ao mesmo tempo, parece ter muita informação pra se ler. É complicado. Devo me encontrar aqui nessa história, talvez. Mas fico feliz em saber que ela melhorou.

    Fica de boa e leia no seu ritmo, quando tiver terminado Bloodtrip, deixa um comentário lá com suas impressões. E bem vindo de volta.















    Esse capítulo demorou mais que o habitual pra ser escrito, mas saiu um bom resultado, no fim. Ao menos eu acho. Digam vocês o que acham.

    Espero que gostem.






    No capítulo anterior:
    Um crime bizarro ocorre na capital de Thais, o que move muitos membros da Primeira Delegacia Distrital da Capital para o caso, incluindo membros do exército, como Arthur. Ele e um inspetor, Mirladan, recolhem provas estranhas que são dadas a alguém que conhece bem a respeito.





    Capítulo 2 – St. Olias



    Do terceiro andar de um apartamento, construído há sete anos, mas mostrando inúmeros sinais de malcuidado, ele lê um dos muitos livros finos que estão espalhados pelo apartamento. Em sua capa, está escrito “Ressurreição” e parece ter sido feito a mão, assim como os outros.

    Iluminado por apenas duas lâmpadas, ele para sua leitura para observar algo vindo diretamente de algo parecido com uma ponte, a uns bons metros de distância de sua janela. Da esquerda, ele, lembrando mais uma minhoca gigante de ferro furiosa em alta velocidade, corta o silêncio da noite, e revela gatunos na escuridão.

    O aerotrem, criação dos yalaharianos*, existe em alta quantidade dentro da capital de Thais, com várias estações espalhadas pela capital para tomá-los. Os trilhos elevados de ferro e aço que os sustentam foram criadas com magia e um alto suprimento de mana, mas com um esforço considerável e um alto número de trabalhadores. O objetivo era transferir recursos e suprimentos entre as regiões e distritos da cidade com mais facilidade no período de guerra, mas agora, todas as plataformas são usadas para transporte público, cujo é abusivamente caro.

    Ainda assim, quando a máquina passa e lança as luzes fortes de dentro dela no apartamento parcialmente iluminado, é possível ver muitas pessoas dentro dela. Alguns empregos costumam dar passagens mais baratas para andar nessas minhocas gigantes, mas esses empregados normalmente ficam nos primeiros ou nos últimos vagões. Os vagões centrais são os melhor trabalhados, com suas próprias cabines, para os mais abastados. Apesar de tudo, são muitos detalhes para se analisar pra algo que se move tão rápido, e necessitando apenas de mana líquida para alimentar seus motores relativamente simples.

    Mana líquida. O detetive na janela lembra a revolução que foi a criação dos gnomos em união com os yalaharianos. Algo que pudesse alimentar qualquer máquina e fosse capaz de fazê-la funcionar de qualquer maneira só poderia ser coisa de um mundo mágico.

    Mas isso não é o importante para o detetive, no momento. Seu livro fino, assim como os outros, apenas relembram e confirmam que sua missão naquela noite foi um sucesso.

    Ele, vestido apenas de uma calça preta e botas relativamente altas, desce para os andares logo abaixo. Não há ninguém para observar sua invejada musculatura nem comentar sobre a falta de modos, até porque o detetive tomou o prédio inteiro. Ao terminar de descer as escadas, ele se dirige por um corredor de paredes alaranjadas. O saguão do prédio possui apenas uma luz fraca no gabinete próximo da entrada, mas não possui ninguém atrás dele. Tudo isso para sinalizar que o prédio não está aberto para ninguém naquele dia.

    Há uma porta de madeira no final do corredor. Ele abre-a e desce as escadas, indo para o escuro. Ao terminar de descer, ele liga um interruptor logo ao lado da escada, e luzes de algumas lâmpadas pequenas revelam algo chocante no escuro.

    Há um homem preso num poste de aço curto. Adiante, lado a lado, estão painéis dentro de estruturas grossas de ferro, com canos grossos de metal atrás deles, de cada lado oposto aos painéis, ligados à caixas semelhantes a reservatórios de água nas paredes de ambos os lados. Há fios vindos desses painéis conectados a alguns dispositivos colocados no corpo deste homem, sustentados pela mana dentro de ambos os painéis. Esses painéis estão protegidos por uma porta de vidro do mesmo tamanho, que o detetive não hesita em abrir e acionar uma das suas seis alavancas.

    Um choque elétrico severo contorce o homem preso, que não grita. Leva alguns segundos para o detetive peculiar puxar a alavanca e parar o choque.

    — H-Hehe... Boa noite para você também, homem amaldiçoado.

    O torturado não parece exatamente um homem. Sua cabeça possui algo que lembra um capacete esquisito e sombrio, que retira sua visão, mas protege quase toda a sua cabeça. Há vários espinhos negros formando algo parecendo uma coroa, e dois maiores se destacam, indo na direção contrária ao seu rosto, com algo em torno de quatorze centímetros. Seus dentes são horríveis, banhados em sangue, bem como a parte visível do seu rosto, e o resto do corpo, que possui várias aberturas aqui e ali com corais saindo de dentro deles. Não há sangue nessas áreas, entretanto.

    Está com uma calça também, bastante surrada e suja. Há muita água e sangue no chão abaixo dele, e o poste onde ele está amarrado também está banhado em sangue. Aparentemente, ele esteve sofrendo com aquela tortura por um bom tempo.

    O detetive não parece estar tão paciente. Ele cruza os braços e encara o homem estranho com um olhar vazio.

    — Me pergunto quando que você finalmente irá se desfazer em água que nem o resto dos putos do seu Credo. — Disse o detetive, com um olhar sério e uma voz sombria e gelada.
    — Heh. Heheheh. Nunca. — Responde o homem estranho, com uma voz um pouco aguda, por pouco animalesca, digna de um psicopata em meio a uma crise sem fim.
    — Vamos, Stanni’al. Não tenho o dia todo. Explique-me melhor de onde você surgiu. Era pra você ter morrido junto com todo o resto, mas você está aqui ainda, vivo, e fazendo assassinatos a céu aberto no meio de cidades imensas.
    — Ora. Ora ora ora... Quer me exigir respostas... Sendo que nem responde as minhas? Além disso, eu lembro de ter te pedido um café.
    — O Credo de Sangue, a segunda geração da Irmandade, tem feito ressureições, uma atrás da outra, na tentativa de jogar os locais onde vocês não estão atacando em caos. É uma tática realmente covarde, mas não tenho tempo para saber como funciona. Quero saber porque não pensaram nem mesmo em ressuscitar Senzo.
    — Por que ele era um merda. — Responde rispidamente Stanni’al, sem hesitar.
    — E você era o amigo mais próximo dele.
    — Tá louco? Eu só não queria morrer. Senzo não era maluco, mas era perigoso. Ele tinha uma conexão com alguma maluquice de outra dimensão, e eu não faço ideia do que era.
    — E você escapou pois fugiu da visão dele antes do fim de tudo?
    — Fim do quê? Eu mal lembro da porra da minha vida antes de ser ressuscitado por aqueles moleques.

    O detetive põe uma mão no queixo. Finalmente começou a fazer suas perguntas ganharem respostas. Stanni’al está apenas fazendo um jogo com ele, e para conseguir o que quer, precisa jogar também.

    — Não lembra? Eles não te explicaram nada?
    — Não, ué. Me jogaram como responsável de um Órgão no norte de Carlin junto de três outros esquisitos. Quando percebi, eu já era o Coração deles.

    Ele lembra-se do termo como algo semelhante a um líder. E do Órgão como uma base.

    — E mesmo sendo o Coração, você simplesmente os deixou pra trás e decidiu vir para Thais?
    — Eles nos deram ordens. Fomos largados em Porto Esperança. Depois, em Thais.
    — E onde estão os sobreviventes?
    — Eles simplesmente desertaram e foram para o norte de Carlin de novo. Eles mencionaram o nome de um herói de guerra chamado de Olias, mas não me contataram mais nada. Agora, e o meu café?

    O detetive vira-se de costas e começa a refletir. Isso prova mais uma vez que os Órgãos não são formas de comunicação, e que eles utilizam outra coisa para planejar seus próprios objetivos, já que eles não possuem mais uma região central para se concentrarem como antes. Poucas são as coisas que ele pode fazer no momento com essas informações, mas aparentemente, o Império não é mais lugar para ele permanecer.

    — Ahh é. De vez em quando, eles trocam alguns nomes, e já vi mencionarem um detetive chamado de Redeater. É você? Digo, você tem aquela máscara vermelha e tal... E o nome combina com o que você faz. Quer dizer, reflita. Não é como se qualquer ser humano conseguisse matar um Sangrento agora, que nem antigamente. Heheh.
    — Acertou.

    O homem ativa uma alavanca diferente das outras, presente em cada painel, e sai do lugar a passos largos, enquanto um dispositivo estranho é ativado no teto. Algo grosso, pontudo e brilhante surge do escuro.

    — Ei... Não estava esperando por isso.

    Uma grande estaca de metal surge, presa e auxiliada por suportes de ferro, que a levam diretamente para o rosto de Stanni’al. Redeater continua seu caminho para o andar superior, subindo as escadas com alguma pressa, ignorando o som grotesco que a cabeça do seu prisioneiro faz ao ser atingida pelo objeto.




    ~*~




    Com uma mala verde-escura na mão esquerda, e um papiro relativamente pequeno na outra, ele encara o grande prédio diante dele. Logo depois, ele olha de volta para a anotação.

    — Hm... Manicômio São Olias. É aqui.

    No norte da capital de Carlin, há um vilarejo construído durante o período de guerra para enviar e receber suprimentos e armamentos com mais velocidade e melhor organização, mas agora, ele está praticamente abandonado. Poucas almas são corajosas de viverem nele, pois mesmo que seja uma comunidade recentemente construída, o lugar parece mais antigo do que deveria.

    Ainda há marcas da violenta guerra de anos atrás naquele lugar, com uma das torres de observação próximas do pequeno porto com um buraco gigante na lateral direita, provavelmente um feito de uma bola de canhão. O telhado das casas possuem muitas folhas, e parecem ter sido estragados com o tempo pela chuva e pela neve que nunca fora retirada, que derretia e estragava mais os telhados com o tempo.

    As várias casas ficam um pouco abaixo do morro onde o manicômio foi construído. É a única área realmente ativa do vilarejo de Olieri, ao oeste de Northport. A construção lembra a grande casa próxima do cemitério de Carlin, construída com tijolos escuros e estendendo-se para até seis andares, com um pequeno pátio na entrada após os muros. Ao lado da entrada, há um grande letreiro de metal com o nome do manicômio e uma pequena escultura de um guerreiro. O edifício bem largo, então provavelmente é fácil esconder alguma coisa lá.

    Redeater entra. Está com sua roupagem padrão, vestindo um sobretudo negro e aberto, mostrando uma camisa social cinza-escuro e calças de mesma cor. Suas botas e luvas são negras, assim como o chapéu relativamente largo na cabeça, mas sua máscara é vermelha. Ele é uma presença certamente peculiar, ao ponto de faltar apenas um corvo acompanhando-o em seu ombro.

    Ele se dirige ao saguão com passos calmos e intimidadores. O assustado recepcionista por trás de um balcão precisamente feito em madeira maciça, assim como o piso, as paredes e o teto, recebe-o a contragosto.

    — Redeater, detetive independente. Gostaria de conversar com o gerente.

    O recepcionista sai a passos largos sem dizer uma palavra sequer, entrando por uma porta bege na parede atrás do balcão. O detetive não se incomoda.

    O gerente do lugar surge pela mesma porta após algum tempo, e passa pela portinhola do balcão com velocidade e naturalidade. Tem um sorriso no rosto e um jaleco sobre o gibão marrom.

    — Coveiro! Como está?

    Redeater odeia profundamente esse apelido, mas seu assunto é de maior prioridade. E precisa que o gerente coopere.

    — Bem, gerente... — Disse, lendo rapidamente seu nome gravado em seu jaleco — Uldin. Gostaria de conversar em particular.
    — Claro, claro. Acompanhe-me.

    O detetive o segue até o andar seguinte, indo pelo corredor da entrada e subindo um lance de escadas. Mais um lance de escadas no outro andar e quase quarenta segundos e eles já estão numa sala relativamente pequena, com três estantes cheias de livros e uma mesa de escritório larga ocupando a parede com a janela simples de correr, junto de uma cadeira atrás. Uldin senta atrás da mesa e Redeater toma o outro lugar.

    Iluminados por uma única lâmpada no teto, a atmosfera mostra-se tensa e curiosa. Redeater está impassível, e Uldin mal sabe como começar, passando a mão pelo cabelo curto, fortemente atingido pela calvície, e também pelo pescoço, a mais vezes que pode contar. Está de frente para um detetive conhecido e temido, e o que mais o preocupa é que esse detetive sabe muito bem que ele está nervoso.

    Com isso, ele prefere quebrar o silêncio.

    — O manicômio está em boas condições pelo que observei até aqui. Os doentes ficam no terceiro andar e acima?
    — Ah, bom... — Balbucia levemente Uldin, agradecendo por ter sido salvo daquela situação a tempo — Há alguns aqui no segundo, mas aquele corredor é especificamente para aqueles com uma condição mental mais saudável.
    — Entendo. Bem, vamos ao assunto principal, se não se importa. — Disse o detetive, colocando os cotovelos sobre a mesa e juntando as mãos. Uldin assente com alguma hesitação. — Como informei-lhe no passado, quando te encontrei no leste da capital imperial, estou caçando o Credo. Mas conforme eles se separam e se espalham mais e mais, eu fico mais e mais sem informações. Mas recebi dados e rumores fortes a respeito desse manicômio estar servindo de esconderijo para dois ou três deles.

    Uldin engole em seco. Reação suspeita, no mínimo.

    — O que quer dizer? Coveiro, se tivesse qualquer um daqueles monstros aqui, eu saberia. — Defende-se fracamente Uldin, um pouco nervoso.
    — Fala como se você e seus vinte e sete funcionários soubessem o que acontece em cada canto desse manicômio. — Contra-ataca Redeater, sem rodeios, incentivado pelo apelido.
    — É, mas eu saberia! Meus funcionários são pagos para isso!
    — Está defendendo de forma podre seu próprio manicômio falho construído num vilarejo praticamente abandonado. Vamos lá, Clark Uldin. Não estou lhe acusando de nada. Eu quero me infiltrar aqui dentro e investigar. Se não tiver nada, eu irei embora sem que você perceba.

    Uldin encara-o de forma apreensiva.

    — Eu sei. Mas o quão ruim seria para mim e para a minha reputação se escapasse que esses assassinos e comedores de gente estavam escondidos aqui? Ninguém internaria mais ninguém nesse manicômio, eu sairia totalmente no prejuízo.
    — Você não irá perder nada. Minhas investigações são sigilosas.
    — Não sei se posso confiar totalmente em você. Além disso... Como vai se infiltrar? Precisa tirar essas roupas, e... Revelar sua face.

    Uldin sente que não deveria ter dito aquilo, mas Redeater não reage.

    — Mas já estou disfarçado.
    — O qu...

    Instantaneamente, alguém diferente surge na cadeira onde o homem estava sentado. Um rapaz com cabelos e olhos castanho-claros, não passando dos vinte anos. Tem olheiras enormes contrastando com seu rosto cansado. Também está com a roupagem comum dos pacientes do manicômio, com calça e camisa simples e de cor bege.

    — Quando... Você...
    — Pois bem. Tenho sua permissão? — Apesar do disfarce, ele permanece com a voz pesada.

    Uldin para pra raciocinar o que acabou de acontecer por alguns segundos, ao mesmo tempo que se esforça para encontrar uma boa resposta para o detetive.

    — É... Sim. Eu irei apenas criar um registro pra você e arranjar um quarto também. Preciso classificar seu nível psicológico também, e...
    — Apenas coloque o nome de Joseph Kamina. Alguém que passou por aqui antes, mas... “Desapareceu”.

    Uldin começa a ficar cada vez mais chocado com o tanto de informações que ele tem em mãos, mas decide fazer o que o homem diz. Não demora muito tempo até Redeater sumir da sala, como se não passasse de uma ilusão.


    Redeater agora é Joseph. O vislumbre do rapaz desaparecido parece chocar os funcionários, mas ele não dá importância, pois, naquele momento, ele é apenas um paciente. Um que não consegue conversar direito, e quando quer falar, fala um monte de baboseiras e fantasias. Combina com um detetive excêntrico.

    Na sala de estar do terceiro andar, o detetive permanece sentado num dos quatro sofás, divididos entre a sala de dois ambientes, um de frente para o outro, também contando com poltronas nas outras pontas, todas ao redor de uma mesa simples de madeira para cada sala. Há sofás menores encostados próximos de janelas, estes sempre ocupados por alguns pacientes específicos. Alguns simplesmente perambulam pela sala, ignorando os cinco funcionários, como se não fossem parte de seus mundos particulares.

    Há apenas um guarda na sala. Ele usa um uniforme semelhante ao dos policiais de Thais, e usa um quepe pequeno e simples, sem decorações ou qualquer outra coisa visível. Parece mais um segurança do que um policial.

    Redeater fica sentado por horas, analisando cada individuo. Durante esse tempo, ele já foi registrado novamente como Joseph, e que fora encontrado recentemente e internado de novo. É dito que Joseph agora tem condições mentais melhores, mas ainda é difícil de se interagir. O que é conveniente para o homem, que não deseja ser incomodado pelos médicos.

    Após uma longa espera, algo chama sua atenção. Algo surpreendentemente bonito.

    Uma mulher de pelo menos trinta anos, mas mais nova do que aparenta, segue para fora da sala. Ele não acredita ter visto ela antes, e isso o surpreende, pois ele já sabe o rosto de cada pessoa que está ou esteve ali com ele. Seus cabelos longos e negros, sua pele branca e bonita, e sua aparência levemente oriental o lembram de alguém, então ele opta por segui-la e ver se ela tem algo interessante para mostrá-lo.

    O homem mantém uma boa distância do alvo, que não chega a notar sequer alguma presença no corredor fora da sala. Ela caminha calmamente, com passos calculados e precisos, de alguém totalmente são. Ela parece mais diferente e atrativa que uma pessoa comum, principalmente pelas curvas precisas mostradas de vez em quando pelos reflexos de sua roupa de paciente, conforme ela se move. Algo assim não deveria estar tirando a concentração de Redeater, mas ele não consegue segurar seus próprios instintos.

    Que mulher. É o pensamento mais forte que teve nas últimas horas. Certamente há algo de errado com ela.

    Ela vai até o quarto andar e navega da mesma maneira pelos corredores, seguida de longe por ele. Os corredores tem paredes com design dividido, sendo a parte inferior aparentando ser feita de madeira, e a superior de algo mais forte, pintado de branco e com várias linhas pretas retas para o teto. Vez ou outra, ela passa uma mão por essas paredes, como se estivesse em paz com o ambiente.

    Quando ele nota um banco de madeira num dos corredores, seu raciocínio leva a crer que a moça irá parar ali, e logo iniciarão um diálogo. Mas, ao invés disso, ela decide surpreendê-lo.

    O braço esquerdo dela cai. Seguido do direito. Logo, a perna direita cai, seguida da esquerda, segundos depois, trazendo o torso ao chão. Um líquido de um azul muito claro, mais lembrando uma gosma, começa a sair dos ferimentos, e Redeater, parado, não sabe o que fazer.

    A cabeça, a última parte que deveria cair, ao invés de o fazê-lo, vira para trás. A mulher encara-o com olhos abertos ao limite, e com um sorriso. Um sorriso insano e assassino. O sorriso de um Sangrento.

    Os corredores tremem e começam a despencar, e a própria realidade ao seu redor parece estar falhando, como um reflexo sendo feito na água. Tudo dura pouco menos de trinta segundos.

    As coisas voltam ao normal rapidamente, mas a mulher não está mais ali, nem suas partes ou seu sangue esquisito. O corredor está vazio, e o detetive realiza que a perdeu.

    Há algo de errado com o manicômio.





    Próximo: Capítulo 3 – Akumonogatari





    Notas:

    *Na história passada eu chamava os cidadãos de Yalahar de Yalahari normamente, mas preferi mudar isso por causa do governador e do povo de Yalahar original não serem humanos, então eu estabeleci uma diferença entre eles: Os humanos são chamados de Yalaharianos ou Yalahariano, e o povo original de Yalaharis ou Yalahari. O governante é O Yalahari e sempre O Yalahari.

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    Última edição por CarlosLendario; 18-04-2018 às 10:51.



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