Baita comentário que você fez há quase 1 ano.
Você já elogiou meus textos mais vezes do que eu acharia necessário, mas sempre agradeço por todos eles. Eu realmente estive sempre disposto a melhorar e adaptar minha escrita ao que servir melhor para quem lê. Você me pontuou bastante sobre o tamanho dos textos, e ao invés de eu os diminuir, eu decidi que vou diminuir Bloodoath em muitos capítulos e cortar os arcos que eu tinha planejado pra deixar as coisas mais interessantes, e talvez repetir um pouco da sensação de Bloodtrip.
E, a propósito, a seção continua morta pra mim. Mas é engraçado ainda insistirmos. Acho que é difícil se mover pra outro lugar tão rápido. Então o melhor seria fazer isso gradualmente. Eu teria um trabalho desgraçado pra mover todo Bloodtrip pro Wattpad, então acho que preciso de um tempo antes. Enquanto isso, posso ao menos escrever mais um arco.
Grato pela presença e apoio constantes, parceiro. Fique com o capítulo.
Capítulo 7 – Esquecidas
A noite traz horrores. Lembranças. Momentos.
Ficar sozinho no quarto do próprio filho o leva a refletir sobre o que aconteceu há apenas alguns anos, e o que poderia ter feito para dar outro caminho para as coisas. Sempre ao olhar o rosto calmo, de traços muito parecidos com os de sua mãe, ele se lembra do que o trouxe até esse dia, onde ele vive em paz com uma família. Isso também o lembra do velho Borges, e o quão orgulhoso ficaria o chefe de escritório se visse como está agora.
Embora ele pense muito nessas coisas, ele admite que tomara o melhor caminho possível, mesmo com tantas perdas. Perdas que tiram-lhe o sono e estremecem suas mãos e pernas, bem como o tira o ar.
— Ele não precisa ser vigiado por você mais, querido. O que faz aí?
A voz de Aika vem como a mão que puxa um quase afogado do mar.
Ao encará-la, nota que mesmo à meia-luz, Aika não perde uma fração sequer de sua beleza. Embora seu filho, Anges, tenha vindo há três anos, nesses três, a antiga feiticeira não perdeu a forma atraente de seu corpo, e seus olhos e traços orientais não cederam nem um pouco. Desde que se casaram, ela não tem deixado de ficar bela. E cada vez que ela o pega sozinho em algum canto da casa por causa da sua insônia, é como se ele a visse pela primeira vez, inúmeras vezes.
Ela se aproxima de Dartaul, que ainda está calado, observando o berço de seu filho. Ele nasceu com alguns problemas, mas a ajuda que Lea e Padreia lhe deram quando levaram-no para Carlin tem o ajudado a se recuperar, e em breve, ele deixará o berço para dormir numa cama normal. No entanto, não é com seu filho que ele está preocupado.
Aika fica ao lado da sua cadeira, observando Anges dormir pacificamente. O quarto está iluminado pela poderosa luz de Suon, mas Aika cobriu um pouco dessa luz, fazendo Anges se mexer um pouco de incômodo.
— O sentimento nunca vai sumir.
— Eu sei... Nem o meu.
— Se eu tivesse sido um pouco mais...
— Desculpe, mas não quero ouvir isso de novo.
Normalmente, a mulher oriental é pacífica, calma e harmoniosa, mas quando problemas do passado surgem para atormentá-la de novo, ela muda totalmente. Esse Dartaul de meia-idade já não se surpreende mais com essa mudança de comportamento dela.
— Darashia desapareceu, Aika. Zoe está cada vez mais ausente. Criaturas sugadoras de sangue estão surgindo com mais frequência no continente. Não consigo mais dormir direito, é responsabilidade demais, coisas demais a fazer.
Aika simplesmente fica em silencio.
— Thais combinou há pouco tempo que não iria mais se envolver com problemas mundiais a menos que a humanidade estivesse ameaçada, mas desde o começo, eles nunca entenderam o que a Irmandade significava, e aquele miserável sabia disso. Por isso, nunca pediu ajuda. Mas eu tenho certeza que havia uma razão especial pra ele ficar três anos entocado em Greenshore. Eu preciso descobrir o porquê.
— Você é um Inspetor-chefe... Por que não pede pros seus subordinados te ajudarem?
— Eu já pedi. Sabe qual é a resposta.
A moça abaixa-se para envolver seus braços em Dartaul, enquanto deixa sua cabeça ao lado da dele, carinhosamente.
— Não desista. Você não está sozinho. Eu digo que, se pedir para as pessoas certas, elas virão te ajudar.
— Que pessoas certas, Aika? Alayen já está ocupado demais. Rodney já está a um fio de deixar esse caso pra lá. Provavelmente serei enviado para combater esses sugadores de sangue ao invés de ir investigar sobre quem fez aquilo em Darashia, sendo que isso é trabalho da Inquisição...
— E quem disse que tudo isso é responsabilidade sua?
— Aquele merda de máscara.
Aika respira fundo. Ela o solta, e por algum tempo, eles ficam calados, observando o calmo sono de Anges, sua criança de cabelos castanho-claros, com pequenos traços de Aika aqui e ali.
— Eu sei que não adianta nada falar isso, mas... Vá com calma, por favor. Não pense que deve fazer tudo que ele fez, só porque ele fez. Suzio era Suzio, você é você. É um pai de família agora, o inspetor-chefe da capital e um advogado. Quando eu te conheci, embora não parecesse, eu tinha certeza que você ia ser grandioso um dia, e que eu estava pronta para acompanhá-lo, apoiá-lo e ajudá-lo com cada obstáculo, cada dificuldade no seu caminho.
Dartaul fica ainda mais cabisbaixo, com uma expressão mais fechada.
— Sabe, esses dias, eu sonhei com minha própria morte pelas mãos dele. Eu a vi, mas pelos olhos daquele membro que roubou meu corpo original. Ele não hesitou nem por um instante, mesmo sabendo que estava cometendo um erro.
O loiro cerra os punhos, lembrando de toda a cena, e do que sentiu.
— Eu... Meio que mudei, depois daquilo. Percebi que eu não tinha sorte, e que minha vida foi totalmente longe de algo normal. Não tive pais, meus irmãos sumiram no mundo, e até minha própria irmã gêmea ficou contra mim. Eu me sinto triste, todos os dias, por ela. Mas... Bastou eu notar que você nunca deixaria de ficar ao meu lado, que eu vi que tudo valeu a pena.
“Então, mesmo que você me deixe agora, eu tenho certeza que te esperarei. Mas, se você decidir seguir aquele meu sentimento egoísta, sempre presente no meu coração, de ficar aqui comigo e nunca mais me deixar solitária, eu também te apoiarei no mesmo nível, e mesmo que o céu caia sob as nossas cabeças, eu ainda continuarei te salvando e te mantendo de pé, quantas vezes eu puder.”
“A decisão é sua, meu querido inspetor. Saiba que, qualquer decisão que decida tomar, eu ainda estarei presente. Pois você é o amor da minha vida.”
Dartaul vira o rosto quase choroso para o de Aika, parada logo ao seu lado, com um belo e sereno sorriso o recebendo. Não sabia o que fazer, mas, ao menos, ele não estará sozinho em qualquer um dos caminhos que ele tomasse. E, com apenas um sorriso, ela conseguiu o fazer decidir o que faria em seguida, pelo bem dela e de seu filho.
Ele nunca soube o que fazer, mas sempre encontrou seu caminho, e sempre evoluiu por conta. Talvez, naquele instante, aquilo fosse parte de um caminho que nunca tinha terminado, e que ele ainda estivesse trilhando. O caminho que ele tomou quando se encantou mais uma vez pelo sorriso de Aika.
O caminho onde ele se encontra apontando uma pistola para a cabeça de uma jovem.
De cabelos brancos, aparência jovial, e vestimentas brancas e laranjas, ela se vê resignada e de joelhos, frente a um destino incerto, ou para o fim da própria vida. Ela não sabe o que fez para alguém como aquele homem de máscara vermelha e sobretudo negro surgir para ela, mas, ao menos, sabe que o caminho que trilhou era o certo.
Ao contrário dele, que ainda está em dúvidas.
Por isso, ela irrita-se, impaciente com a inercia do seu inimigo.
— Não vai me matar? Então para que foi tudo isso?
Ela se refere a sua casa com parte do telhado explodido, cobrindo a cozinha de tijolos e cascalhos verde-claros. Há fios de ferro, cobre e cordas para todos os lados, restos de armadilhas perfeitamente colocadas em todos os cantos da casa para ceifar invasores, mas nenhuma das várias armadilhas e itens de ferro, aço e bronze afiados e mortais, cheios de pontas e lâminas sedentas, bem como as bombas, conseguiram parar Redeater.
— Para conversarmos.
— Eu odeio conversas. Mate-me. Você me venceu! Sabe o quão raro é isso? Há uma década inteira que NINGUÉM me derrota, mas você...
— Sim. E eu não me importo.
A mulher se irrita mais ainda, mas as dores pelo seu corpo controlam-na de voar novamente no mascarado, mesmo sabendo que isso não ia dar certo.
— Como eu disse no começo, você é Gala Nubila, não é?
— É, sou. Merece saber, após tudo isso.
— Meu Uman. Você é completamente diferente de Zoe ou da irmã dela. Chega a ser vergonhoso.
Gala surpreende-se com a menção do detetive.
— Não é possível... Como... Como sabe dela?
— Pois eu fui enviado aqui por sua prima e pela mulher que está de olho nela, Ankari. Elas me disseram que você conhece sabe o Credo de Sangue, e principalmente sobre os Van Mena de Rathleton. Eu quero respostas. E você virá comigo para respondê-las.
Gala sabe que não é nem de longe um bom negócio unir-se aquele homem, e que aquilo pode muito bem ser uma armadilha.
Ela é uma descendente direta de uma deusa. Seus poderes são amplificados por manifestações da luz, e as tardes a deixam mais forte. Estar próxima de templos também. Por isso, ao longo de vários anos, ela tem derrotado inimigos muito mais poderosos do que ela, surpreendendo-os com suas próprias táticas. Tudo porque ela já correu o risco de ser emboscada e morta várias vezes, simplesmente por ser albina e ter poderes grandes demais, podendo ser uma escrava valiosa, um objeto de estudo raríssimo, ou uma arma surrealmente poderosa, capaz de destruir reinos inteiros.
Mas, por algum motivo, ela não conseguiu usar nenhuma dessas coisas contra seu oponente. Talvez ela não sinta que é uma armadilha, pois Zidaya é a única capaz de repelir seus poderes. E se o detetive conseguiu fazer isso, sua prima pode realmente estar com ele.
— Certo, eu irei.
Portanto, sua resposta é óbvia.
Próximo: Capítulo 8 – A Caravana







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