Citação Postado originalmente por Neal Caffrey Ver Post
O gato de Schrodinger, po. Manquei. Tu sabe que eu tava já sob o efeito do remédio pra dormir no último comentário, tanto que saiu um vacilo ali sem querer, mas corrigido em tempo. Deus é mais. Há um gato dentro de um determinado espaço, e, até que o gato saia, não se tem certeza sobre se o gato está vivo ou não. No nosso caso, o gato está vivo. Mesmo que eu perceba a vontade dele de morrer de vez em quando. Não preciso tecer maiores considerações.

Gostei do capítulo, curto, dinâmico e floral. Estamos ingressando no horrível, péssimo e indesejado mundo de Oramond, pouco a pouco. Redeater tem se consolidado, é um bom personagem. Não esperava muito dele no início, afinal, temos um precursor poderoso, que é Nightcrawler, mas os instintos do novo detetive são bons como os do seu antecessor. Ponto pra ele.

Com relação ao final do capítulo, interessante também. A nova "seita", por assim dizer, se me permite dizer, tem sido tão misteriosa quanto a que a antecedeu. Claro, embora ainda não mencionado com todas as letras, existe a (grande) chance de que Redeater seja Dartaul, então, é uma forma de manter Bloodtrip em aberto e dar vida a Bloodoath na mesma medida.

Keep going, irmão. É ruim, não há público, nem aqui, nem nas demais, e quem costumava estar aqui pura e simplesmente abandonou a seção, então, estou me esforçando pra não ser mais um. Espero poder acompanhar o prosseguimento de Bloodoath ainda assim.

Nota: li o capítulo no avião, de fato. Só não consegui postar antes, por razões já consabidas.

Um abraço!
Salve Neal. Quero que Redeater seja tão memorável quanto Nightcrawler, mas não espero que o supere. Na verdade, o personagem que desejo que supere nosso amado detetive fará sua aparição nesse capítulo, então, espero que goste deste.

Embora as pessoas que eu conhecia que frequentavam a seção tenham dito que teriam mais tempo por volta desse mês, elas decidiram não aparecer. Não posso deixar de ficar decepcionado, mas não estou surpreso. O desapego e desinteresse à seção são naturais, vem com o tempo. Eu mesmo já estou sentindo isso e, como disse, não tardará até que eu dê um tempo. Por outro lado, será bom, posso voltar melhor do que antes escrevendo.

Obrigado pela presença constante Neal, você é realmente um bom amigo.











Esse capítulo servirá como o começo da introdução de novos personagens. Espero que gostem deles tanto quanto eu estou gostando de trabalhar neles.




No capítulo anterior:
Redeater vai a Yalahar para encontrar mais informações valiosas sobre o Credo, que Nightcrawler pode ter deixado no passado. Mas ele não contava com a emboscada dos seus inimigos, que o prendem no Arsenal de Ratos ao lançarem um maremoto sobre o Quarteirão 04, colocando-o debaixo d'água.





Capítulo 5 – Incursão




Redeater acorda soado. Seus pesadelos com qual ele lida diariamente foram mais violentos naquela noite. Ele agarra-se a qualquer coisa por perto para sentir que voltou a realidade, mas tem dificuldade.

Isso porque ele não está mais no mesmo lugar onde dormiu.

Ele senta-se imediatamente, mas quase desmaia no processo. Seu corpo ainda está lutando pra se acostumar de novo e ele colocou pressão demais na cabeça. Ele põe uma das mãos no rosto, e com horror, repara a ausência da própria máscara.

Irritado, ele começa a olhar para os lados. Está numa sala larga numa caverna, que está muito bem iluminada. As paredes de pedra possuem archotes com pequenas lâmpadas com luz mágica. Há uma mesa de madeira à sua esquerda, cheia de papiros com inscrições diferentes, um criado-mudo ao lado da cama com uma vela apagada em cima, e outras duas camas do outro lado da sala, com um quarto pequeno fechado do lado esquerdo delas. Há outra sala à direita, sem porta.

Ele olha para a direita. Encontra outro criado-mudo com um copo de água sobre ele, e próximo da cama, uma garota curiosa. Albina, ela usa uma capa branca que envolve seu pescoço e metade do seu torso, e a parte de trás direciona-se até sua cintura. Ela tem uma blusa cinza por baixo e veste uma saia longa e bordada, coberta de desenhos relacionados a espíritos. Tem um capuz que cobre só parte da cabeça, como se ela tivesse esquecido que ele está caindo.

Redeater não parece convencido com sua aparência e considera-a um inimigo imediato, pois seu chapéu, sua máscara e o fichário não estão ali, e ele está mais fraco, além de ser impossível um resgate aonde ele estava. Seu braço direito é envolvido pelo espirito alaranjado de antes, e ele tenta um golpe contra a garota, que se assusta.

PARE AGORA OU VAI MORRER! Grita uma voz poderosa na sua cabeça. Ele a reconhece, mas não é a mesma que ouviu nos últimos dias.

Seu poder enfraquece e ele quase cai da cama. Ele se apoia sobre o braço direito e respira rápido e pesadamente, sentindo náuseas e dor de cabeça.

Ele levanta a cabeça de novo, e vê a moça entregando seu chapéu negro e sua máscara vermelha. Ia tomá-los de sua mão quando percebe que seus pés estão presos numa corda. Não sente dificuldade em destroçá-la, tampouco de levantar e munir-se de seus pertences, ainda assustando a garota, que pode ter vinte anos ou um pouco mais. Ele também calça seus sapatos, que estavam ao lado da cama.

— É realmente um homem impressionante!

Embora esteja com seu casaco, ele está desarmado e sem suas munições ou soqueira. Notando a voz, julga estar em perigo e não hesita em se preparar para lutar.

Ao virar-se para trás, vê uma mulher bem mais velha do que a garota. Seu cabelo castanho-escuro está preso num grande e curioso rabo de cavalo onde metade do cabelo está destacado e espetado. Ela veste um casaco verde e bem aberto, que ultrapassa os seus joelhos e vai próximo ao tornozelo. Por trás deste, há apenas um shorts feminino marrom que acaba indo até além dos joelhos, e uma camisa sem mangas preta. Tem uma bolsa bege com uma alça larga na sua cintura, uma bandana vermelha no pescoço e usa sandálias. Parece abraçar um estilo jovem que não bate com seus quarenta anos, mas a torna bem única.

— Ora, não me olhe com esses olhos. Sinto muito se te despi do seu... Disfarce? É, algo do tipo, e também do seu armamento. Mas, em compensação, minha dedicada aluna Zidaya esteve lhe vigiando por todo esse tempo. Bom, não é como se tivéssemos muito que fazer nesse buraco.
— Esqueceu da corda nos meus pés. — Responde Redeater, ríspido.
— Isso foi a Zidaya. Ela é uma conjuradora! E das boas, tanto que você nem vê sequer uma pronúncia de uma magia, ou os selos de um feitiço em suas mãos. Basta ela pensar e puff! E se ela fez isso, significa que você a intimidou. O que você fez, hein?
— Mais importante do que isso — Disse Redeater, saindo de perto de Zidaya e indo ao lado da ponta da cama onde esteve deitado, ficando entre as duas mulheres — Identifique-se.
— Ei, ei! Não me ameace! Está em meus domínios e eu te dei uma cama quente sem nem mesmo pedir algo em troca!

Um dos olhos de Redeater está negro e laranja novamente. A mulher repara isso a distância e parece ficar nervosa.

— Você é impressionante, mas muito impaciente. Vamos lá. Meu nome é Ankari! — Disse ela, animada, colocando uma mão sobre o peito e balançando sua camisa folgada ao fazê-lo — Sou uma druida, e os psicólogos dizem que sou totalmente saudável! Me envolver com a natureza e ingerir alguns cogumelos de vez em quando não me fizeram mal.
— Não te pedi esses detalhes.
— E aquela é Zidaya, minha aluna! Ela é tímida e quieta, mesmo que a obrigue, ela não vai falar a menos que ache necessário.
— Certo. Agora, como me salvaram?
— Estávamos em Yalahar também, mas ficamos assustadas quando ouvimos um baque imenso contra a muralha ao leste. Ouvimos isso lá do centro da cidade, homem! Corremos pra lá e vimos o Quarteirão 04, agora chamado de Quarteirão Afundado, completamente coberto de água. Eu não queria, mas Zidaya me pediu para tentarmos encontrar algum sobrevivente que estivesse em meio a água quando esta cessou um pouco sua velocidade, ou nas torres, o ponto mais distante. Ela que me levou até a torre, e lá resgatamos você. Mas se quiser saber, você é o único que encontramos vivo no quarteirão inteiro.
— E esse aqui seria seu esconderijo?
— Isso é algo a parte, meu caro amigo que não sei o nome. Ah é! Eu não sei o seu nome. Qual o seu nome, rapaz sem nome?
— Eu espero que você não diga “nome” mais uma vez.
— Mas eu preciso saber o seu nome!

Redeater põe uma das mãos no rosto.

— Me chame apenas de Redeater.
— Mas isso é um codinome!
— Eu não tenho um nome. E esqueçam que viram meu rosto. Não vou falar de novo.
— Ai... Tá certo! Detetives nem sempre são pessoas fáceis de se lidar, principalmente os independentes... — Disse Ankari, cruzando os braços. Finalmente tornou-se perceptível o quão alto o número de busto de Ankari é, mas o detetive não deu importância pra isso.

Como um fantasma, Zidaya aparece do lado de Redeater, numa distância segura, e entrega para ele uma sacola vermelha, ao lado da sua inseparável pistola e da sua soqueira de ouro. Redeater toma tudo de sua mão com pouca gentileza, sem agradecer. Ele retira as munições da sacola e as organiza nos bolsos certos, enquanto a garota albina se afasta e vai pra perto de Ankari.

— Quanto tempo fiquei apagado? — Pergunta Redeater, enquanto recoloca suas munições em seus respectivos lugares.
— Duas semanas.

Nem em sonhos Redeater pensaria que uma noite sem sono seria tão cruel com ele.

— Na verdade, você acordaria em dois dias no máximo, mas eu induzi um tempo maior, pois seu corpo estava perigosamente fraco e perdendo as funções principais. Em suma, você estava morrendo. Um tipo de maldição foi lançado em você, e eu tomei uma semana para retirá-la por completo e deixar seu corpo limpo. Se eu não tivesse olhado, você morreria alguns dias após ter acordado de falha múltipla de órgãos ou de morte cerebral. Divertido, não é? Eu adoro a medicina. Tem muitos nomes longos e bonitos, mas terríveis de se ouvir.
— Nossa. Bem divertido mesmo.
— É por isso que eu quero lhe pedir um favor.

Ele percebe o quão esperta a druida é. Se ele estiver correto e recusar seu pedido, algo vai acontecer com seu corpo em poucos minutos.

— Diga.
— Sei que não quer ajudar um estranho, pois tu deve ter tuas razões, afinal, te encontrei no topo das torres proibidas. Mas não tem pra onde correr, camarada. Estamos presos nessa caverna, e para sair dela, precisaremos do que eu acredito ser o seu poder.
— Explique melhor.
— Zidaya move-se de dimensão em dimensão usando o mundo astral. Ela pode pular de um quilômetro a outro num equivalente a um passo com quem estiver perto dela. Mas algo deu errado no resgate, pois viemos parar aqui nesse beco sem saída. Enquanto estive cuidando de você, ela estava estudando o lugar, e percebeu que o lugar em que estamos agora é uma contradimensão.
— E o que seria isso? — Questiona Redeater, guardando mentalmente o fato de Zidaya ter uma habilidade familiar.
— Bem, detetive, estamos num vazio que não deveria existir entre uma dimensão e outra. É como se fossemos o recheio de um sanduiche, mas ao mesmo tempo, é como se tivessem botado um sanduiche em cima do outro e botado um recheio no meio desses dois sanduiches.

Redeater se frustra com a explicação mais do que deveria.

— Não precisa explicar mais. Só diz como saímos.
— Dimensão confusa assim só pode ser criada por algo que não é desse mundo, logicamente. E nós vimos essas criaturas. São criaturas estrangeiras poderosas que não temos chance numa luta direta. Não entendemos totalmente o que são essas criaturas, quem dirá o mundo em que vivem.
— E o que te faz pensar que eu consigo vencê-las?
— A coisa que fez a retirada da maldição tomar mais do que um dia, que está dentro da sua alma.

Ankari refere-se a Varmuda. Finalmente o detetive entende.

— Certo, e Zidaya não pode nos tirar daqui usando o poder de novo?
— Enquanto formos um recheio que não deveria existir, não encontraremos uma saída pelo plano astral.
— Porra. Excelente.

Redeater começa a andar um pouco pela sala. Tanto Ankari quanto Zidaya ainda estão um pouco incomodadas com a presença pesada que o mascarado tem, então elas continuam afastadas, disfarçando o nervoso. O detetive entra na outra sala. Não encontra nada nela senão inúmeros símbolos representando selos de segurança e afastamento, todos ao redor da entrada para outra sala, que vai para o lado esquerdo. Ankari surge logo atrás dele, admirando o trabalho de ambas.

— Eu poderia dizer que isso tudo foi trabalho meu, mas, ah, não dá. Zidaya ficaria nervosa comigo por dias. Mas, sim, o que está ali do outro lado é o acesso para a dimensão dessas criaturas. Se não estiver se sentindo bem, não tem problema, até porque temos muito a conversar.
— Estou bem. Logo volto e sua pupila nos tira daqui.
— Não, sério, preciso conversar contigo. Olha, estamos precisando de uma ajuda realmente grande, pois tem gente nos perseguindo. Eu acredito que o que aconteceu em Yalahar seja relacionado a isso.
— Bobagem. E quando eu sair daqui, cada um seguirá seu caminho. E fim de conversa.
— Não, não, você não tá entendendo, cacete! — Disse Ankari, começando a alterar sua voz. Ela toca o ombro de Redeater, buscando chamar a atenção dele — Escute, realmente tem algo atrás de nós duas e não sabemos a quem recorrer. Qual é, detetive! Você me deve uma!
— Obrigado por cuidar de mim, mas já estou fazendo um favor pra você, que é matar os monstros que você mencionou. Eu acredito que se eu matar os donos dessa dimensão, ela se ligará a que pertence a Tibia e conseguiremos voltar, não é?
— Sim, mas isso não é bem um favor, né? Está tentando salvar sua pele também!
— Se eu quisesse, eu encontraria a dimensão certa e sairia por conta própria. Então, é um favor. Se me der licença, estou indo.

Redeater anda a passos calmos, mas rápidos até o outro lado da sala. Ao chegar no espaço onde muitos dos selos se reúnem, encontra, indo para a sua frente, e na direita da sala, uma escadaria de pedras, e um portal que lembra mais um grande espelho coberto de névoa. Ignorando Ankari e o leve cansaço do seu corpo, ele decide ir.

— O nome Zidaya Nubila não lhe é familiar?

Redeater para. Seus olhos estão arregalados, seu corpo paralisado. Há anos ele não escuta aquele nome, “Nubila”. E muito menos o primeiro nome.

— Eu percebi que você poderia conhecê-la, pois a mãe dela também já lutou contra as coisas que estavam inundando aquele distrito de Yalahar. Eu sei quem são. E são eles quem estão atrás de nós. E você está lutando contra elas, não é?

O detetive fita-a, sem dizer nada.

— E nós estamos atrás da prima dela para nos ajudar a nos livrar dessas criaturas há mais de dois anos. Não restou mais família para aquela menina. Precisamos encontrá-la. Ajude-me, Redeater.

O mascarado continua a encarando por pouco mais de um minuto, sem saber o que responder. Ajudá-la parecia fora de questão até o momento em que ela menciona alguém que ele também vem buscando há anos, mas perdeu seu rastro, pois alguém esteve ajudando ela a não ser encontrada por ninguém por ser extremamente valiosa.

A filha de Zoe Nubila.

Redeater engole em seco. Ele vira-se para o portal e continua sua marcha para ele, sem responder a druida. Ela toma um semblante frustrado.

— Zoe não pode ter confiado num cara desses. Não pode, não tem como. — Murmura pra si mesma, enquanto anda em círculos pela sala. Ela permanece resmungando por algum tempo, não conseguindo manter o próprio incomodo com o detetive.

Zidaya está do outro lado, encostada na parede, escutando, um pouco irritada, mas também triste. No entanto, sua expressão é difícil de ser lida.

Após algum tempo, Ankari aparece na sala do outro lado, visivelmente irritada. Ela cruza os braços enquanto encara uma Zidaya em dúvida.

— Vamos, garota. Prepare tudo para entrarmos naquele portal em 10 minutos.








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