Salve Neal, obrigado pelo comentário, mas manda uma tradução aí rapidão dessa primeira linha pls
Redeater é forte assim e pode ser ainda mais, mas ainda estamos muito no começo para vermos tudo que ele é capaz. Mas como eu disse antes, isso aqui não vai virar nenhum Dragon Ball, não se preocupe.
E sim, Redeater de fato é Dartaul. Ele é o novo protagonista. Ainda irei explicar aquela frase que ele mandou, desmentindo o que Zoralurk disse. Mas acredito que isso não será algo que eu poderei explicar normalmente, mas sim usando a própria história.
Espero que goste desse capítulo!
Vou aproveitar aqui pra mandar algo que me esqueci totalmente de mandar, devido a algumas circunstâncias. No mês passado o @Don Maximus Meridius desenhou o Nightcrawler:
Eu assumo que não é exatamente como eu imagino o personagem, mas ficou excelente do mesmo jeito, e mais próximo da realidade, então eu gostei bastante. Don é um puta desenhista, faz trabalhos pro mundo todo e está crescendo mais a cada ano. Vocês podem olhar mais desenhos dele por aqui.
No mais, vamos ao novo próximo.
No capítulo anterior:
Redeater derrota Masgaratt e seu parceiro, Alutai, num combate estratégico e rápido. Ao voltar no manicômio, percebe que ele está cheio de pacientes loucos, diferente de quando encontrou Lando. Em pouco tempo, ele entende o que está acontecendo e percebe que o manicômio, Lana, e tudo que Lando contou era mentira, e que ele na verdade é Zoralurk, do Triângulo do Terror. Ao mesmo tempo que as revelações, Redeater se revela como Dartaul Aurecino.
Capítulo 4 – Êxodo
Há vários anos atrás, aquele mesmo detetive entrava naquele mesmo quarteirão, vendo aquele mesmo horizonte. Ele sentia muitas coisas naquele dia, principalmente porque ele nunca tinha vindo para Yalahar antes. Lembra-se que não era ninguém, que praticamente nenhuma alma viva lembrava seu nome, nem de onde veio. Tudo estava começando para ele.
Agora, ele voltou para este mesmo quarteirão, para ver o mesmo horizonte belo contrastando belamente com o pôr-do-sol. Ele não sente nada, ele já veio várias vezes para Yalahar, está morto para o mundo todo e todo o mundo o conhece e sabe de onde ele vem, e ele ainda não sabe quando tudo terminará.
Redeater respira fundo. Está disfarçado como um coronel para poder entrar naquele quarteirão, mas não há muitas pessoas andando por ali. Os militares começaram a mover suas bases para Mistrock e Fenrock, trabalhando em união com alguns anões e ciclopes, e o Quarteirão 04 começa a se tornar apenas uma peça memorial de um passado conturbado de constantes lutas contra o povo lagarto.
O detetive desce apressadamente as escadas para o térreo, e ao chegar, segue com a mesma pressa pelo morro logo a frente, subindo suas escadas lapidadas. Comparado aos inúmeros lugares luxuosos feitos de materiais da mais alta qualidade, com as cores amarelas e brancas, aquela parte da ilha era bem menos sofisticada, onde a natureza constantemente faz mais entradas e enche de verde numerosos lugares próximos do morro ou das várias cabanas e casas altas do lugar.
Ao terminar de subir, a visão que tem é um pouco triste.
As Torres Orientais*, o trio de faróis que ajudam na navegação para Yalahar, são uma atração da cidade devido a bela vista do topo destes, mas esse lugar parou de ser visitado há anos. Não há mais barracas por toda a extensão até a atração, tampouco pessoas. Está fechado e vigiado constantemente.
Ainda assim, algumas pessoas ainda podem subir o morro e admirar os faróis de longe. Que é o caso de um senhor sentado num dos bancos de madeira, virados para o corredor que segue até as construções. Este senhor é moreno, usa um chapéu de aba larga e um largo casaco, ambos de cor bege, e uma camisa de botões branca. Seu cabelo castanho-escuro levemente grisalho indica que ele pode estar na casa dos sessenta.
Redeater para ao seu lado, também parando para olhar os faróis.
— É uma visão nostálgica — Disse o velho, sem tirar os olhos dos edifícios — Esse lugar era tão borbulhento de gente... Ser um comerciante bem sucedido aqui era difícil, mesmo que o quarteirão seja imenso. Acontece que os militares não precisavam de muito pra viver e acabávamos depositando nossa confiança nos muitos turistas que visitavam o lugar.
— E pensar que um bando de gente maluca viaja em navios por dias apenas para visitar um lugar, em meio a um mundo onde guerras podem acontecer a qualquer minuto. — Responde Redeater, com as mãos nos bolsos do sobretudo negro.
— Eu também pensava assim, meu jovem. — Disse, com uma voz ainda mais melancólica do que antes — Mas Tibia é um mundo mágico onde tudo pode acontecer. Antes que percamos nossas vidas para alguma criatura esquisita que surja no meio da nossa estrada, temos que aproveitar a curta passagem que temos para visitar todos os lugares possíveis, e ver todo tipo de coisa. E eu acredito que muitos jovens pensem dessa maneira, pois o número de aventureiros só tem crescido.
— Ah, é mesmo?
— Sim! É terrível se prender a arrependimentos do passado ou apenas a uma coisa na sua vida. É desperdiçar a chance que os deuses lhe dão de poder experimentar o que eles criaram apenas para nós, sem ter motivo ou razão para tal. Uman e Fardos lutaram tanto por nós que chega a ser uma piada ver como o mundo está hoje em dia. Mas eles nunca pediram nada em troca para que pudéssemos viver. Eles só esperam que nós não desperdicemos tudo por amargura e tristeza.
Redeater fita o horizonte. Não falta mais do que uma hora para o sol se por.
— Por que será que você me lembra alguém que eu conheci no passado?
— Vai saber. Eu ao menos não reconheço sua voz.
Finalmente o detetive percebe que o homem é cego. Seu olho direito é branco, com uma cicatriz peculiar, mas pouco visível. O outro olho também é bem claro, o que sugere que sua visão é quase ineficiente.
O velho levanta-se do banco com alguma dificuldade e despede-se balançando o braço direito, dirigindo-se para as escadas. Redeater também toma seu rumo para uma das torres, sem dizer mais nada.
Redeater tomou o mesmo caminho que tomou dezenove anos atrás para chegar na torre, entrar e utilizar o elevador para o último andar. O feitiço de Redeater é complexo o suficiente para não só fazer com que ele seja reconhecido como outra pessoa, mas também permite que ele ultrapasse outros tipos de feitiços e selos, como os que foram colocados sobre as torres, evitando que qualquer pessoa tenha acesso a torre – uma vez que ela foi selada há muito tempo pelo seu antigo dono. O detetive passou alguns longos anos tentando descobrir como quebrar esse selo, mas quando finalmente o fez, nem reparou que teve sucesso.
O mascarado se livra de seus devaneios só quando nota que está na sala de documentos do último andar, uma área coberta de estantes de placas de alumínio, com inúmeros parafusos expostos, lembrando o visual das fábricas de Yalahar e regiões industriais, o que sugere que a torre foi construída no mesmo período dessas fábricas, mas não ao mesmo tempo que a cidade.
O detetive, um pouco distraído, também nostálgico, checa diversas estantes. Há muitas pastas sobre inúmeros assuntos. Há seções apenas para Yalahar com assuntos relacionados aos cultos que se assentaram no subterrâneo do norte da ilha, teorias e pesquisas a respeito do desastre que acabou com o Quarteirão de Alquimia, tornando-o inabitável pelos próximos anos ou séculos, o que motivou a rebelião dos gladiadores e o que enfureceu os animais no oeste, e até mesmo entrevistas com os ex-lideres de dois quarteirões semelhantes: O de Comércio e o dos Estrangeiros, que foram os primeiros a serem libertados pelo renascido exército de Yalahar.
Além dos assuntos de Yalahar, há muitos relacionados a assuntos diversos do mundo. Focados nos assuntos internos de Thais, de Carlin, pesquisas de Edron, maiores comerciantes e melhores contatos em Venore, e os cultos espirituais ou demoníacos de Svargrond. São tantos assuntos que Redeater facilmente ficaria dias naquela biblioteca, ou semanas para ler tudo.
É o feito máximo de Nightcrawler, pensa o detetive, um pouco melancólico.
Após uma hora procurando, Redeater chega numa seção relacionada a Oramond. Encontra uma pasta larga e verde, com informações sobre um alvo em especifico, e decide olhar. A contracapa exibe um nome curioso.
Demermona Van Mena.
Van Mena.
Redeater começa a ficar ligeiramente confuso. Embora já tenha revirado o mundo pesquisando sobre inúmeras coisas ocultas apenas para encontrar algo que o levasse até o Credo de Sangue, as menções a esse nome de família só começaram a aparecer agora para ele. Ele começa a olhar melhor o documento, mas as informações são escassas. Indica apenas sobre uma mulher que precisa ser investigada, e que tem mudado as coisas naquele continente. Enquanto lê, percebe algo importante.
Enquanto Nightcrawler era vivo, ninguém sabia sobre a existência de Oramond.
O detetive decide olhar a última página, por curiosidade e instinto. Como o documento possui poucas páginas e está incompleto, talvez haja alguma nota importante do autor ali.
No crepúsculo.
São quase sete horas da noite e o sol irá se por em breve. É a hora que essa única linha sinaliza.
Seu olho direito toma a forma maldita. Coloração negra, losango laranja ao centro, uma pequena pupila negra no meio. Ele olha para o documento usando este olho, mas não acha nada. Olha para a estante de onde o tirou, e para a sua surpresa, nota um compartimento secreto escondido por trás dessa pasta, e também por um feitiço especifico. Dentro do compartimento, acha um fichário negro e retira-o com dificuldade.
Ele o abre, mas encontra poucas folhas também. Decide folhear e tentar achar qualquer coisa, até que acha os símbolos que conseguiu ler no manicômio. A tradução salta na sua cabeça com facilidade.
Sei que você está lendo isso Dartaul, e espero que você esteja mesmo. Não conheço outra pessoa viva com os mesmos olhos que os seus.
Estou fazendo o que pediu enquanto você esteve investigando. Minhas operações tem falhado e pessoas tem morrido para que eu consiga fugir vivo. É com isso que você convive diariamente? Não fazia ideia da pressão. Parece que eu te entendo melhor agora, bem como aquele desgraçado de máscara.
Minhas operações tem falhado, como eu disse. Há mais um inimigo além dos vermelhos. Alguém tem tentado me impedir de conseguir informações valiosas principalmente a respeito do alvo que você leu a pouco, que também chamou a atenção do autor no passado, e eu completei com algumas informações adicionais. Essa família, os Van Mena, eu não sei quem são. Mas você vai encontrar coisas a respeito deles em Oramond, embora eles sejam naturais de Thais, ou se preferir, do sul do continente central.
Eu descobri ao menos que essa tal Demermona já morreu há anos. Mas a família dela não. Talvez sejam os responsáveis por quase me matarem, mais de uma vez.
Vá pra Oramond. Leve isso aqui contigo. E não ouse ir sozinho, ou irão te matar e tudo será em vão.
Redeater reconhece Alayen através do documento. Imaginava que ele estava lidando com muitas dificuldades, mas não imaginava que fosse algo tão grave. E essa família é realmente um empecilho, algo que o detetive precisará lidar futuramente.
O detetive começa a folhear as últimas páginas. Há informações sobre membros do Credo, conhecidos como aqueles que ele elegeu como os possíveis líderes. Entre eles está Masgaratt, alguém com quatro orelhas de coelho e dentes imensos, outro com um chapéu com uma pena larga lembrando mais uma espinha dorsal cheia de penas, que não contrastam com sua armadura escamosa, um encapuzado com uma máscara de coruja que não parece como os outros, e um último com vários olhos pelo corpo e duas cabeças.
Alayen colocou dois símbolos peculiares sobre a ficha do das orelhas de coelho e o do chapéu. O símbolo em hanrajiinês** confirma que eles não são os líderes como Redeater imaginava.
Há um símbolo no mesmo idioma sobre o que está de capuz. Alayen escreveu algumas coisas abaixo deste.
Anomalia. Chamado de demônio mesmo entre os Sangrentos. Eu tentei investigar a respeito dele e quase fui morto no processo. Evite-o.
Eu também descobri algo importantíssimo a respeito dele. Sei que já o enfrentou no passado, mas sei o que o motivava a lutar com tanto vigor contra ele. Esse demônio...
A torre sacode. As luzes da sala se apagam. Redeater ficou ali por tempo demais.
Ele pega o fichário, fecha o compartimento e o esconde com a pasta sobre Demermona, mas levando as páginas dentro, e fecha a estante, como as outras, com uma portinhola de deslizar. Em seguida, ele corre para a sala das plataformas, cujo acesso está no fundo da sala onde ele está presente. Uma vez lá, repara que algumas das luzes que sempre estão ligadas ali estão desligadas, principalmente as que indicam as celas especiais da torre, que traz algumas lembranças em cima da hora para o detetive. Tudo está no escuro, sendo iluminado por uma luz que passa por um buraco redondo na divisão entre o andar térreo e o que ele se encontra.
O detetive tem certeza de ter ouvido uma voz na sua cabeça por um breve instante, mas a ignora. Ele sobe os andares com pressa. A torre sacode mais uma vez enquanto isso. Ele sobe um andar, mas a torre sacode outra vez. Ele sobe dois, está próximo da saída.
Uma das janelas seladas com aço no andar de baixo explode, lançando torrentes de água adentro. Outra janela se rompe, e mais outra.
Antes que chegasse ao andar certo para ir até a porta de saída, várias placas estouram no andar das celas, lançando muito mais água do que antes. Ele sai do andar das plataformas e entra no principal com os armários, indo para a porta de entrada. Ao abri-la, ele vê uma visão que nenhum outro ser vivo gostaria de ver em sua vida.
Um maremoto, com metade da altura das torres, aproxima-se do Quarteirão 04.
Se o detetive decidir correr até as escadarias para acessar a cidade interna, ele será pego no meio do caminho. Morrer ali está fora de questão.
Redeater entra de novo na torre e corre pelas escadas até o andar mais alto. Durante o caminho, o agito da água na base da torre continua a fazendo tremer. O detetive quase cai das escadas estreitas mais vezes do que ele poderia contar no momento. Ele ouve nitidamente a água do lado de fora. A onda está muito próxima, mas ele também está próximo do topo da torre.
Dois andares antes do seu destino, a onda finalmente chega ao Quarteirão e acerta as torres em cheio. Um pouco mais da metade dessas torres é submergida pela água, enquanto a água invade as janelas da torre onde ele está presente, quase o acertando. Muita água está entrando sem parar. A água está alcançando as escadas. Está próxima dos seus pés. Embora apenas metade da torre tenha sido submergida, a água ainda está enchendo-a furiosamente, culpa dos poucos espaços para ela escoar.
Redeater chega ao último andar e chuta a porta que lhe dá acesso ao topo. O terraço é protegido por um telhado em formato de cone. Há uma mureta para ele se apoiar e ver com exatidão o que está acontecendo.
Está chovendo, mas o pôr-do-sol ainda está lá. Enquanto isso, todo o quarteirão é inundado por uma quantidade surreal de água, e muitas pessoas lutam para subir pelas escadas que os levarão a cidade interna. Algumas ainda observam, surpresas, a água cobrindo todo o antigo quarteirão militar. Outras fitam o horizonte com rostos chocados.
Você está próximo. Ouve Redeater, em sua cabeça. Ele reconhece a voz, igual a do sonho em que teve no manicômio.
O detetive olha para o outro lado, e deixa seu fichário cair no chão.
Há quatro membros do Credo de Sangue flutuando vários metros acima da água, um pouco acima da altura onde o detetive está no momento. Eles são exatamente como os da ficha, e aqueles que estão com o símbolo que não os reconhece como líderes não estão ali. Ao invés disso, há outros dois desconhecidos, sendo um deles inteiramente vermelho, sem mãos ou pés, mas com sangue escorrendo deles ao invés disso. O outro usa uma armadura imensa e completa. O de duas cabeças está ali, bem como o encapuzado, que está todo de branco. Todos girando suas próprias armas, comandando a água.
Redeater acaba de entender o que aconteceu.
Ele senta-se na mureta e traz pra perto de si o fichário. Tem estado mais fraco após sair do manicômio, e sua própria fé em seu objetivo tem tornado ele o contrário do que ele costumava ser um dia. Está cansado, nem mesmo chegou a dormir na noite passada, e o estresse está consumindo-o por completo.
Isso porque ele percebeu que não sabe como sair daquelas torres. O monte que dá acesso as torres está completamente coberto de água. É quase um quilômetro ou mais para se nadar até alcançar as escadarias.
Resignado, Redeater aceita sua derrota e adormece.
Próximo: Capítulo 5 – Incursão
Notas:
*: Há três torres no leste do Sunken Quarter em Yalahar, e parte delas está submergida. São as torres que dão acesso as Quaras, mas elas não tem esse nome, sendo uma criação minha.
**: Pra quem não leu Bloodtrip, hanrajiinês é como eu me refiro ao japonês aqui na história. Ele é semelhante a linguagem dos Altos Lagartos de Zao e Razachai, e trata-se do idioma dos lagartos de Chor e dos rebeldes de North Zao. A palavra é formada pelas palavras “hanran” e “jiin” que significam, respectivamente, rebeldes e templos em japonês. Também criação minha.
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