Salve Neal. Infelizmente St. Olias só irá até o próximo capítulo, pois já planejei a maioria das partes da história e já existe um final pensado. Mas não se preocupe, acredito que veremos cenários como St. Olias no futuro mais vezes, vamos ver o que o futuro nos guarda.
Redeater é um cara sério, não iria aceitar algo assim enquanto está trabalhando. É parte da personalidade do detetive, que será bem visível durante a história, e que se mostrará diferente do antigo detetive.
E de fato eu não estou 100% desprendido de Bloodtrip, mas a razão disso é que não dei tempo suficiente entre Bloodtrip e Bloodoath, então minha intenção de mudar a atmosfera de uma história pra outra pode acabar mudando um pouco em consequência. Mas não se preocupe, nada que afete a história. Conforme as coisas vão se desenrolando você vai entender porque eu não quero me manter só nesse manicômio.
Espero que goste desse capítulo!
Opa Iri, agradeço a presença e fico feliz em saber que ainda está acompanhando. Tome seu tempo.
Esse capítulo tem muitas coisas importantes pro futuro da história, fiquem ligados aos pontos. Eles aparecerão no futuro.
No capítulo anterior:
Redeater procura o gerente e não o encontra, e decide procurar nos seus arquivos qualquer coisa a respeito de Lana, sem sucesso. Ao ir procurar por ela, ele a encontra e faz algumas perguntas, mas não consegue tirar nada dela. O gerente aparece e revela onde esteve, e também tenta ajudá-lo a encontrar registros sobre Lana, mas ele não encontra nada e ela some. Ao encontrá-la de novo, ela está sendo devorada pelo cão gigante mais uma vez.
Capítulo 3 – Akumonogatari
Parte 4
Dúvidas. Dúvidas. Muitas dúvidas.
Redeater corre manicômio adentro disfarçado como Joseph, alheio ao por-do-sol lá fora. Agora ele lembra do caminho para a sala, mas precisa encontrar o gerente antes. Algo está muito errado.
Já estava entardecendo e a noite logo chegaria. É mais ou menos a hora em que ele viu Lana sendo morta da última vez. Agora, ela foi morta da mesma maneira, e dessa vez, ele conseguiu reagir a isso, embora não tenha certeza de ter feito algo contra a criatura. O mais provável é que nada tenha acontecido a ela.
Joseph chega à sala do gerente como uma manada de elefantes. É questão de vida ou morte contar o que está acontecendo e o que descobriu.
Ele chega nela só para encontrá-lo morto.
Nem Joseph acredita naquela visão. A visão do gerente, sem o terno ridículo, mas com seu jaleco habitual e uma camisa social por trás, indicando que a única coisa que ele tirou foi o terno. Seu corpo está sentado em sua cadeira, e metade de seu torso está estirado sobre o seu gabinete. Sangue sai de sua cabeça e provavelmente do seu peito também, e a baixa quantidade deste indica que ele foi morto há poucos minutos.
O mesmo gerente que encontrou antes, todo animado, agora está ali, na sua sala, morto. É algo surreal.
Mas aquele detetive já se acostumou com essa sensação.
— Não é culpa sua.
Joseph olha para sua esquerda e nota um homem ali. É o mesmo velho de antes, com as roupas de fazendeiro, a pele negra e a mesma barba grisalha e malfeita. O homem não responde, ao ponto que esse velho precisa prosseguir.
— Eu sei... Estou numa cena de crime. É, estou cometendo um erro. É o que eu normalmente pensaria se não fossem as circunstâncias.
— Quem é você?
— Não é assim que você deveria perguntar a meu respeito.
— Certo. O que é você?
O velho sorri.
— Um conceito.
Redeater abre em partes o seu disfarce, tornando-se algo entre ele mesmo e Joseph, apenas para sacar sua pistola e atirar contra a figura. E, para a sua surpresa, ele acerta o tiro, que acerta a área entre as suas sobrancelhas. Entretanto, o velho nem sai do lugar, tampouco cai no chão.
— E conceitos são imortais. Até que seja decidido o que será desse mundo. Você está pronto para quando esse dia chegar?
— Você já sabia desde o começo quem eu sou.
— E eu não sou quem você pensa. Não estou do lado deles. Mas sirvo a um propósito.
— Não está? Então desembuche sobre Lana. Agora. Neste momento.
— Oh, céus... Eu não disse que esse é o seu trabalho? Descubra, detetive.
O velho desaparece do mesmo jeito que antes. Mas agora, na parede atrás de onde ele estava, está o que parece o desenho de uma adaga. E, ao olhar para o gabinete, nota alguns outros símbolos parecidos ao redor do gerente, bem como um de alguém sendo crucificado.
Redeater parece perdido outra vez, mas não há o que fazer. Ele refaz seu disfarce e tenta analisar a cena próxima do corpo. Não se preocupa em deixar digitais, pois sua magia não as deixa.
Embora tenha analisado o que pudesse nas circunstâncias em que ele se encontra, a causa da morte parece estranhamente simples. Um assassinato com uma faca que não está presente ali. E que provavelmente pertence ao velho de antes.
Frustrado, ele tenta pensar em algo para fazer naquela situação. Se o gerente for encontrado morto, é mais do que certo que o manicômio acabará sendo fechado e os pacientes serão transferidos para outro lugar. Isso acabará com seus planos para descobrir o que Stanni’al apontou antes, e não permitirá que ele descubra o culpado pela morte de Lana. Além disso, não há lugar por perto que permita ocultar seu cadáver e esconder seu odor.
Joseph cruza os braços e começa a bater com o pé no chão, tentando pensar da melhor forma possível nos lugares que viu no manicômio e como esconderia aquilo sem ser visto. Tem pouco tempo. Se o gerente está presente, isso significa que as enfermeiras aparecerão para dar os relatórios nos horários comuns. E a julgar pelo entardecer do lado de fora, logo uma dará as caras.
Ele está quase aceitando seu destino quando percebe algo. As batidas do seu pé. Elas estão fazendo um barulho. Um eco.
Um alçapão debaixo dele.
Ele procura por trancas ou qualquer coisa que ajude a ocultar a entrada para poder abri-lo, e consegue em alguns segundos. Ao abrir, nota que ele é mediano, um tanto pequeno, e que esconde apenas um monte de livros velhos e arquivos. Por algum motivo, há algumas ferramentas quebradas formando um “N”, mas Redeater não faz ideia do que isso signifique.
De qualquer maneira, ele suspira, aliviado. Vendo todo aquele trabalho pra fazer, ele tranca a porta e começa.
~*~
Já anoiteceu. Redeater está andando pelo quinto andar há quase uma hora. Ele deixou os fichários que encontrou no seu quarto para analisar durante a madrugada, algo que o ajudaria a encontrar o paradeiro dos pacientes desaparecidos, e também sobre Lana.
Enquanto anda, ele tenta pensar no motivo dele estar tão obcecado por Lana. Talvez fosse por ela ser a única chance dele descobrir o que está errado ali, mas ele sente que há algo a mais nela. Algo grande. Além disso, ela lembra alguém importante do passado desse detetive, então não é pra menos que ele deseja assegurar que ela esteja livre daquele inferno.
Há muitas histórias onde detetives se apaixonam por alguém envolvido em seu caso. Mas Redeater nem de longe deseja se dar a esse luxo.
Embora a cada momento em que permanece naquele lugar, ele se sinta mais atraído por ela, embora não perceba isso. Lana lembra, de fato, alguém. Seus cabelos negros, sua aura calma e suave, suas palavras com tom gentil. Talvez não fosse atração, de fato. Pode ser seus próprios instintos tentando dizer outra coisa. Mas é tudo tão confuso que Redeater prefere não pensar a respeito daquilo.
Em meio aos seus devaneios, ele mal percebe que chegou ao final de um corredor em que já esteve presente antes. Aquele onde encontrou os corpos. Mas tudo que está ali agora é uma porta simples de madeira, do qual ao abri-la, tudo que ele vê são materiais de limpeza.
Ele dá meia volta e deixa o lugar para trás. Decide olhar em qualquer uma das portas que vier a seguir pra ver se encontra algo relevante, pois ele acredita que as noites possam mostrar algo que ele não consegue ver de dia.
Ao abrir, ele acha uma sala relativamente pequena, com algumas estantes. Trata-se de uma pequena biblioteca. As janelas estão abertas e a luz da lua ilumina o lugar. Ele fecha a porta atrás dele para começar a sua investigação.
Ele vai checar as estantes. Numa das seções, o detetive nota uma súbita falta de livros em uma estante próxima. Vê uma lamparina pendurada próximo dali, e a acende para poder analisar melhor. Tudo que encontra é um único livro, grande, aparentemente ilustrado. Ao pegá-lo, vê que seu título é “Inertes”. A capa ilustra homens de chapéu e capas longas e escuras andando sobre uma campina clara, iluminada pelo pôr-do-sol.
Ao começar a lê-lo, se surpreende. Ele é de fato ilustrado, mas não há nada escrito. Há vários símbolos, mas nenhum deles é familiar para o detetive. Há cenas de homens de chapéu, iguais aos da capa, em vários lugares diferentes, como em fazendas, mercados, lojas, portos, acampamentos, todos com várias pessoas aleatórias fazendo suas atividades diárias, mas com esses homens os observando.
Logo, ele encontra uma ilustração menor do que as outras. Nela, há uma casa de dois andares e uma escada do lado de fora dela, por onde um homem comum desce por ela. Logo atrás, um dos homens de chapéu observa ele descer, e há uma faca fina em sua mão. Há um símbolo de alguém crucificado desenhado na parede da casa próximo do homem, e este homem carrega duas mesas de forma tão peculiar que parece formar um H. Do lado direito, Redeater finalmente vê símbolos que reconhece. Um idioma específico e incomum.
"Ele não quer mais lutar, pois eles já deixaram esse mundo há muito tempo.
O meu Deus deixa que eles andem sobre a terra. Os deuses tibianos deixam que eles pratiquem de sua heresia livremente pois eles têm medo do deus dos hereges.
No meio disso tudo, eu só poderia contar com os lendários Van Mena, mas todos eles deixaram esse mundo após o falecimento da gigantesa. Talvez os filhos da estrela pálida conseguissem fazer algo a respeito. Os cultos do sol. Os caminhantes dos sonhos. As crias de Banor. Os falcões esquecidos. Qualquer um.
Sobrou mais alguém para combater os de vermelho?
Será esse o legado do miserável das mil linhas do tempo?"
Redeater não encontra mais nenhuma ilustração depois daquilo, apenas páginas em branco. Ele não entendeu muito bem o texto nem a utilidade dele, mas parece os augúrios de um conhecedor da existência do Credo de Sangue, a julgar pelo “os de vermelho”. Guiado pela curiosidade do livro, ele acaba guardando-o, pois pode lhe ser uma pista valiosa sobre St. Olias.
Redeater se dirige a saída. Mas antes de chegar na porta, ele nota algo à sua direita com o canto dos olhos. Mas antes que pudesse reagir, já estava desfalecendo no chão.
~*~
Redeater acorda, mas é de manhã. Está sentado num banco, ausente de seu disfarce. Não se lembra de como foi parar ali.
Na verdade, ele lembra-se de ter sido vergonhosamente nocauteado ao tentar sair da biblioteca. Lembra-se de por aquele livro curioso dentro do seu sobretudo, mas ao checar, percebe que ele não está mais ali. Como esperado.
Ao olhar para os lados, reconhece onde está. É o mesmo banco onde Lana costuma se sentar. A luz distante do sol, vinda do oeste, lança uma iluminação forte no lugar. À esquerda, ele repara que a própria está vindo com um livro verde-escuro em mãos, e está distraída. Redeater tem tempo de recolocar seu disfarce antes que ela notasse que ele está sentado ali.
Lana surpreende-se com a presença do rapaz. Os pacientes não costumam andar por aí tão cedo como naquela hora. Ainda assim, ela sorri.
— O que faz aqui tão cedo, Joseph?
— Pergunto o mesmo pra você.
— Manhãs são boas. E positivas. Não parece seu habitat.
— E não é mesmo. De qualquer maneira, sente-se.
— Tem mais perguntas? — Questiona Lana, pressionando o livro contra o peito, apreensiva.
— Algumas.
Lana aceita a derrota rapidamente e senta-se ao seu lado. Ela põe o livro sobre as coxas, e mantém as mãos juntas. Não dá pra saber o título nem do que se trata, mas é totalmente diferente do livro que o detetive encontrou na noite passada. Ainda apreensiva, mas com um pequeno sorriso no rosto, parece gostar da presença de Joseph por ali. É a única pessoa que a compreende melhor em todo aquele manicômio.
Joseph levanta o rosto com irritação.
— O que é você?
Lana encara as próprias mãos por vários minutos. Vários minutos sem resposta. Sem reação. Que tentam vencer a poderosa paciência de Redeater, um detetive de muitos anos, que viu mais coisas que um humano normal poderia ver, e que aventureiros odiariam ter a oportunidade de olhar.
Finalmente, a moça olha-o com uma expressão quase aterrorizada. Põe tanta força no livro que não seria surpresa se ele começasse a se desfazer.
— O que eu sou? — Disse Lana, num tom de pergunta.
— O próprio manicômio, tentando falar comigo.
A expressão da mulher muda para algo vazio e indescritível.
— Ah. Faz sentido.
Tudo ao redor do detetive muda de repente. As paredes, antes de madeira, brancas e marrons, parecem dar a impressão que o detetive está dentro de um corpo. Veias e circulações seguem pelas paredes como num corpo humano. O banco também é feito de carne. Todas as áreas ao redor estão vivas, vermelhas, e o sangue é abundante, assim como os inúmeros gritos de várias direções do manicômio.
Lana não está mais ali. Apenas o livro, que o detetive toma para si, enquanto retira seu disfarce mágico mais uma vez.
Ele abre-o na última página, por instinto. Vê algo escrito a mão, provavelmente por Lana.
“Olias viveu o suficiente para ver eles controlarem nosso mundo pouco a pouco.
Deve ser por isso que eles estão aqui agora.”
Ele o fecha com uma única mão. No corredor, logo adiante, está o gerente. Ou o que parece ser ele, já que mesmo que ele esteja com a roupa amarela de antes, ele tem um sorriso que cobre quase metade do seu rosto, além da outra metade da sua cabeça estar coberta por uma espécie de capacete. Seus braços estão nas costas, e suas mãos seguram uma marreta de combate enorme.
— Bem vindo, Redeater.
Próximo: Capítulo 3 – Akumonogatari V
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