No capítulo anterior:
Redeater invade o apartamento onde as criaturas que criaram a contradimensão estão e as mata, mas uma delas revela não estar morta e destrói o apartamento, buscando matar o detetive, que consegue escapar. Mas ela também sai do apartamento com sua forma completa, buscando matá-lo.
Capítulo 6 – Resolução
Parte 2
A fumaça se dissipa, revelando um tipo de dragão fundido com algo semelhante a uma ave de rapina, com leves inclinações para uma hidra. A partir do seu pescoço até a sua cauda, há uma linha reta de penas douradas e brilhantes, e também há penas ao redor do rosto da criatura e nas patas. Ela é escura, e sua pele parece resistente, embora não tenha placas ou escamas a protegendo. Suas asas possuem vários metros de largura, tornando-o maior do que o normal.
Aquela criatura era antes a mulher que ele supostamente matou na entrada do apartamento, a mesma com o cabelo curioso e o corpo atraente que surgiu atrás da ruiva que o recebeu. A criatura que parecia mais estúpida é justamente a mais poderosa dentre elas. Esta, que estava de olhos fechados, agora os têm bem abertos; Estes são diferentes das outras criaturas, sendo o esquerdo com um formato totalmente humano, de coloração verde, e o direito sendo o diferente, totalmente cinzento, mas com uma pupila amarela no centro.
Ela fita Redeater com ódio. Este está apontando sua pistola na sua direção, junto de um grupo de seis arpões, controlados por uma magia ligada a sua mão esquerda. Dois estão no topo do apartamento, mirados para a sua cabeça, e os outros quatro estão distribuídos nas casas do lado direito.
— Certo, Varmuda. Normalmente eu não peço conselhos seus, mas como eu derroto isso?
— Você não pode e nem vai me derrotar. — Responde uma voz grossa e animalesca, mas com um leve tom de uma ave no fundo.
Para a sua surpresa, o dragão penoso consegue falar. E identificar pensamentos também.
— Não, na verdade, eu não posso me dar a esse luxo. Minha paz foi retirada de mim. As razões que me motivavam a não voltar a essa forma abominável... Se foram. Meu pequeno mestre me deixou há tempos, e agora eu estou sozinha. Você precisa pagar por isso.
— Oh, interessante. Mas isso começou a partir do momento que seus companheiros criaram aquela contradimensão tentando acessar esse lugar.
— Eu não sei do que está falando.
— Não se faça de desentendido.
O dragão bate uma das patas contra o chão. É praticamente o equivalente a um terremoto.
— Meu nome é Quetzalcoatl, homem mascarado, não sou um macho. Ao menos se refira a mim da forma correta.
— Não exija coisas de alguém que você tentou matar um minuto atrás.
— Ora, ora... Que afiado.
Embora Redeater esteja atento aos movimentos do dragão, ele ainda não sabe o que fará para derrotá-lo. É algo totalmente diferente de qualquer coisa que já tenha visto ou enfrentado em Tibia.
Porra, Varmuda. Responda. Não é do seu feitio ficar quieta assim.
— Não, chega. Não sou mais considerada uma deusa, e não tenho mais motivos para me manter ligada a esse mundo. Eu amoleci demais... Mas você ressuscitou um lado meu que morreu há milênios.
— Engraçado. Finalmente alguém que entende como eu me sinto.
— Farei o favor de acabar com a sua dor, então.
Não demorou nem um segundo para ela abrir sua boca e lançar uma onda de força contra o detetive. Ele escapa por muito pouco da onda que destrói o asfalto e treme os arredores com força. Há barulhos estranhos, lembrando sinos, ao redor da cidade. De alguma forma, ele sente que as pessoas na cidade sabem que algo está acontecendo ali.
O chão treme sem parar. Redeater não consegue se posicionar para atirar decentemente. Ele tenta lançar os tiros dos arpões, mas eles são lançados para longe. Emberwing tenta enfrentar a criatura, mas ela desaparece antes que o detetive possa fazer algo para impedir. O dragão está lançando tantas daquelas ondas e mexendo-se tanto que ele não tem chance de contra-atacar com seus poderes.
Orbes de luz giram ao redor da criatura. Elas lançam dardos elétricos e chicoteiam o chão com eletricidade, por pouco não o atingindo. Redeater conta apenas com a sorte para não ser atingido naquela situação. A ferocidade da criatura é real, mas controlada. Aparentemente, ela não quer causar mais destruição do que já causou e não quer ferir humanos, o que lhe dá uma ideia.
Usando os poderes de Varmuda, ele consegue saltar até o prédio. Ele envolve seus braços e pernas com o poder espiritual do demônio para escalar mais rápido. Como esperado, a criatura não o ataca enquanto faz isso.
— Por que faz isso? Por que resiste? — Questiona a criatura, que se aproxima a passos lentos.
Redeater continua subindo. Chegando próximo do topo, ele salta, agarra-se a ponta do terraço e lança-se para o chão. Ao levantar, ele aponta sua pistola de imediato para a criatura.
— Me ataque! — Grita Redeater, do topo. Dá pra ver que o dragão não gosta da ideia.
— Está ameaçando humanos de propósito. Não tem vergonha?
— Não compreende os valores humanos o suficiente pra falar isso.
— Você matou meus amigos!
— Seus amigos humanos estão vivos. Você e as criaturas que matei que são as verdadeiras ameaças, e tudo o que eu fiz foi eliminar essa ameaça. Estou errado?
A deusa fica em silêncio. Dartaul entende porquê: Ela sabe que é verdade. Aqueles dragões disfarçados de humanos têm vivido num mundo cheio de humanos que nem sabiam da existência deles, tampouco sobre como derrotá-los. O detetive fez um favor para a humanidade; Mesmo que de forma cruel.
Decepcionada, Quetzalcoatl salta do chão e vai até o ar, impulsionada pelas suas asas. Não se importa mais em ser vista. Por outro lado, isso não preocupa Redeater nem um pouco.
— Livro do Santificado Paladino Real, Capítulo Seis, Primeiro Parágrafo... — Disse Redeater, fazendo a capa escarlate repousar sobre seu ombro novamente — Oro para que o Santo Charlew encontre e destrua. Toque e destroce. Mas que sua santidade prevaleça e o mantenha honesto frente aos tolos.
Quetzalcoatl parece curiosa a respeito da oração, mas não se preocupa a respeito. Sua atenção está focada numa bola de fogo que está preparando para ceifar especialmente seu oponente.
— Per Uman Et Charlew, Exori Gran Altem Mas San. — Pronuncia com calma e concentração Redeater, sacrificando quase toda a sua mana num golpe arriscado.
Da sua mão esquerda, uma luz imensa surge, seguida de um ankh dourado que cresce de tamanho conforme se afasta do seu invocador. Com tal tamanho, Quetzalcoatl sabe exatamente como desviar daquilo.
Mas, de repente, aquela magia some. O dragão parece surpreso, mas mostra graça.
— Usa coisas grandes demais para um humano tão fraco como você é! Se é que posso chamá-lo dis-
A ankh reaparece, mas dentro do pescoço da criatura, atravessando-o e mantendo a maior parte do outro lado, enquanto lança torrentes de sangue roxo pelo ferimento. Conforme os segundos passam, a energia e a força da criatura caem rapidamente. Está acabado. Logo desabará no chão, e Redeater precisa se afastar, senão será atingido pela força da queda. A magia se desfaz enquanto ele se afasta, bem como a capa escarlate.
Mas quando o ankh some, a criatura ressuscita como mágica, berrando aos céus.
Seu corpo é quase inteiramente coberto pelas penas douradas que possui, enquanto a bola de fogo de antes é preparada novamente. Redeater mal pode acreditar que uma magia tão poderosa não fez efeito algum em Quetzalcoatl.
Quando a bola é disparada, Redeater nem tem tempo de escapar. Ele tenta pular do prédio, mas o golpe o atinge antes dele conseguir saltar.
Mas, por algum motivo, ela não faz nada. A bola simplesmente se mantém ao seu redor, sem causar danos. Incomodado, ele salta pra fora, mas ao fazê-lo, é preso por inúmeros cipós roxos, e em seguida eletrocutado por dezenas de cópias elétricas que imitam os dragões que matou antes.
Apesar do tamanho, Quetzalcoatl é bem rápida. Algo que o detetive não esperava.
O choque é tamanho que ele é jogado para o ar e o terraço é coberto por fogo. No meio do processo, o fogo sobe e toma a forma do corpo humano de Quetzalcoatl; Este o agarra, virando-o de cabeça para baixo e atirando-se junto com ele na direção do chão.
São poucos segundos até ele chegar lá.
Varmuda.
Ele já passou por metade do apartamento.
Varmuda?
Quatro metros até o chão. A pressão da queda está quase fazendo o trabalho de matá-lo.
VARMUDA!
Outra mulher, totalmente laranja, aparece diretamente do subterrâneo. Ela, em menos de um segundo, pega Redeater pela gola do seu sobretudo negro com a mão esquerda, e com a direita, esbofeteia a mulher com chifres, atirando-a para a direita.
Varmuda, que ainda está vestida com o robe zaoano, as calças desérticas e o cachecol – embora eles tenham a mesma coloração do seu corpo espiritual –, põe Dartaul no chão. Ele se manteve sem sua máscara e seu chapéu o tempo todo, mas provavelmente eles já teriam sumido depois daquela queda.
— Finalmente. Agradeço.
— Olhe pra trás.
— O quê?
O corpo humano de Quetzalcoatl para no ar, transforma-se numa cópia de fogo do dragão que ela era antes, e também invoca o próprio corpo de dragão do outro lado. E este já prepara algo em sua boca: Uma esfera negra, cheia de pequenas estrelas brancas no centro, assim como o outro.
— Ela desistiu da humanidade, é? Pois bem, Varmuda. Vamos com a fusão.
— O quê? Você vai acabar morrendo!
— Eu vou ficar bem. Anda logo.
— Seu desgraçado! Sabe o quão problemático seria pra mim se você morresse agora?
— ANDA!
O demônio engole em seco. Sem opções, ela salta pra dentro do corpo de Redeater, com seu formato espiritual cobrindo o corpo normal do detetive. Em alguns segundos, uma energia começa a girar ao redor de Dartaul, e começa a alterá-lo.
Sua pele começa a ficar alaranjada, e fileiras de placas envolvidas por uma pele resistente semelhantes as presentes no corpo de um demônio cobrem suas áreas vitais. Uma espécie de armadura toma seu corpo rapidamente, e seu rosto é coberto por aquelas mesmas placas e pele, ocultando até mesmo sua visão. Não há espaço para sua boca, nariz ou olhos. Uma transformação completa.
Quando a energia se dissipa, Quetzalcoatl dispara seu golpe de ambas direções. Mas, para a surpresa da deusa, ambos os golpes são aparados pelas mãos de Dartaul. Em seguida, ele soca um atrás do outro para o ar, e quando estes alcançam uma distância longa do chão, eles explodem juntos. A explosão é tão poderosa que o dia vira noite por dois segundos, enquanto várias partículas de luz se espalham para todos os lados.
— Deusa, é? — Disse Dartaul. Sua voz está mais grossa do que o normal. — Mande-me algo melhor, então.
— Humano, é? — Responde a criatura, enquanto seus olhos e seu peito começam a brilhar. Um golpe diferente virá dessa vez — Espero que lide com isso.
A terra continua tremendo. Pedaços do prédio ao lado dele começam a cair. O dia está escurecendo de novo. Tudo ao redor dele parece estar ficando amarelado ou cinzento.
— É triste que eu seja obrigada a usar isso contra você, mas um certo deus me ensinou a depender melhor dos meus próprios artifícios, em nome dos que desejo proteger.
Embora Redeater tenha aumentado bastante seus poderes, ele não sabe se aguentará o que está por vir.
— Ela está manipulando a realidade — Disse Varmuda, dentro de sua cabeça — Terá que matá-la com um golpe só, ou ela te arrastará pra algo que você não conseguirá fugir.
— Tenho a coisa certa pra isso.
Redeater abre a mão direita. Nela, surgem milhares de partículas prateadas até formarem uma lança de cavalaria. Posicionando-se para usá-la, ele apressa-se em sair daquela situação rápido. Até mesmo o chão está mudando para um tipo de calçada de pedra lapidada, cheia de vegetação de selva. Se não agir, será engolido para dentro da realidade da deusa.
— Usar isso só vai piorar a sua situação, Dartaul!
— Pare de se preocupar comigo, demônio.
Uma roda dentada surge ao redor da ponta da lança. Ela sopra um vento visível a olho nu a partir da parte de trás, cobrindo quase toda a lança. A parte da frente é envolta por uma esfera laranja.
— Et movebo, qui malum animae meae. Saras!
Um raio imenso é disparado a partir da ponta da lança. Quase ao mesmo tempo em que a criatura estende as suas asas, aproveitando o fato de que sua mudança na realidade já fez o prédio ao seu lado desaparecer. Das suas asas, inúmeros símbolos estrangeiros surgem. Dois golpes imensos estão prestes a se chocar.
À esquerda, uma luz aproxima-se com velocidade. Ela salta num dos prédios, que some em seguida, enquanto esta lança-se na direção de Quetzalcoatl.
No segundo seguinte, ela atravessa a cabeça da deusa. No outro segundo, toda a realidade volta ao normal e o golpe da lança passa raspando a cabeça do dragão, que tem um olhar chocado, enquanto desaba no chão.
Tudo acontece tão rápido que Dartaul nem mesmo entende porque o dragão caiu.
Ele procura nos arredores. Qualquer coisa servia. Apenas para dar-lhe entendimento do que aconteceu. E, em cima de um prédio logo adiante, do lado do corpo morto de Quetzalcoatl, está uma figura humana. Parece uma mulher, com armas lembrando algo como uma chave nas duas mãos. Ela está envolta pelo que parece uma chama branca enorme, mas ao mesmo tempo, fraca.
Ela some em seguida. Redeater desativa os próprios poderes, sem entender o que aconteceu. A armadura deixa o seu corpo e a lança volta ao nada. Sobra apenas sua roupagem padrão, e um cansaço imenso.
— Ei! Caralho, já estão todos mortos? Cuidado onde pisa, Zidaya!
Ele escuta a voz de Ankari, à sua direita, no prédio maculado e semidestruído. Quando sente seu corpo falhar em seguida, percebe que estará devendo um favor para ela, mais uma vez.
Próximo: Capítulo 7 – A Venoreana Esquecida
Meu hiato começa hoje. Não sei se voltarei, pois a seção morreu.
Nós deixamos ela morrer.
2005-2018
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