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Tópico: Bloodoath

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  1. #1
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    Padrão Capítulo 3 - Akumonogatari I

    Citação Postado originalmente por Senhor das Botas Ver Post
    Carlão Carlão...

    Enfim, devo parabenizá-lo por começar mais uma história. Saiba que estarei acompanhando esta, e que mesmo que eu não comente uma vez ou outra, estarei sempre lendo.

    Primeiro, eu iria começar o post respondendo o @Neal Caffrey , mas acho que você já cuidou da questão. Eu só gostaria de acrescentar, em minha defesa, que estou na mesma situação do @Edge Fencer , só que ressalto que nem mangas eu estou lendo. Não sei se é o cagaço da faculdade, mas caceti, como isso drena o tempo. Quero nem me imaginar fazendo isso e trabalhando

    Quanto à história em si, ainda está cedo para comentar. Só gostaria de acrescentar que não esperaria encontrar o Stanni’al no estado deplorável em que se encontrava, mas vai saber né...

    Btw:



    Cuidado com esse "cujo", ele não se encaixa como conjunção. Um simples "que", ou substituir a frase por "algo abusivamente caro" já seria o suficiente pra corrigir este trecho.

    Quanto ao detetive e o Manicômio... Me fora despertada a curiosidade. A história ainda está muito no começo, e não sei dizer muito quais rumos tomar; não creio que você vá fazer um outro jogo de "gato e rato" que nem fizera na história passada... Pelo menos não na mesma intensidade/intencionalidade.

    E enfim, é isso. Saiba que estou acompanhando, pois embora o meu corpo esteja na facul, a minha alma aqui está, perdida e jogada no mundo, com somente você e esta seção como meu refúgio
    Diga aí Botas, obrigado pelo comentário e pelos elogios.

    A história não vai ser parecida com a anterior, terá várias mudanças, mas gostaria de ir apresentando tudo aos poucos para situar o leitor nesse universo. Como foi visto nesse capítulo, eu adicionei uma nova era tibiana com mais tecnologias e afins, e preciso explicar aos poucos como ela funciona. Acredito que logo todos entenderão como tudo funciona.

    Bom, antes de você comentar, havia vários outros erros como esse que você mencionou que eu corrigi as pressas, acabei deixando esse passar, obrigado pelo toque. Meio que me empolguei um pouco escrevendo, ao ponto de deixar besteiras como essa passarem.

    Agradeço a presença e conto contigo nos próximos.

    Citação Postado originalmente por Neal Caffrey Ver Post
    Interessante a inserção do manicômio neste segundo capítulo. Parece-me que se tornará um ambiente chave no deslinde da história.

    As questões envolvendo a escrita do capítulo foram resolvidas, Carlos, só tome cuidado com a pressa e especialmente com a extensão de cada capítulo. Vou-te dar um exemplo: se tens a ideia de que a sua história tenha 30 capítulos de 10 folhas, não fará mal se ela tiver 60 capítulos de 5 folhas. Aconteceu comigo neste episódio: fui perdendo a atenção durante o capítulo e, em alguns momentos, precisando retornar para me lembrar do que já havia lido. Isso aconteceu mais ou menos no início do diálogo entre Redeater e Uldin. Deve servir-lhe de referência para o futuro. Sempre ocorreu comigo quando tinha que lidar com textos excepcionalmente longos. Excepcionalmente, não maçantemente, entenda a diferença.

    No mais, como já ressaltado antes, repito: a inserção de St. Olias, da forma como você fez, é interessante. Como não lembrar da famigerada "Ilha do Medo", de Martin Scorsese, com interpretação fantástica por Leonardo di Caprio? Como não elogiar o que Scorsese fez com uma história singela, talvez até clichê, simplesmente porque inseriu um ambiente adequado para ela?

    Finalmente, prossiga com a mesma pegada. Sei o que cada um dos elementos significa para você e a importância que você dá para eles individualmente e todos, coletivamente. Sei, também, que é detalhista nos seus máximos extremos, e sei que é o seu estilo. Considere, assim, considerando a sua habilidade mais importante, que é a de conceder detalhes aos seus elementos, ampliar a duração da história e, nesse sentido, produzir episódios mais curtos. Compreendo que alguns de nós tenham mais tempo e possam se debruçar sobre os capítulos sem grandes preocupações, mas, para alguém como eu, que tenho tempo escasso, sobrevivo para trabalhar e trabalho para sobreviver, pode acabar dificultando um pouco.

    Keep going, irmão. A pegada está excelente e, apesar de ligeiramente dissociados um do outro, os dois primeiros capítulos dão a tônica do que pretende ser (mais) uma excelente história de sua autoria.

    []'s
    Salve Neal, agradeço a presença constante.

    Esses capítulos de agora serão especialmente longos. Mas acho que preciso simplificar melhor as coisas, e é o que tenho tentado buscar ultimamente, já que meus capítulos só tem ficado mais e mais longos. Isso é um pouco incômodo, levando em conta que não há muita coisa acontecendo.

    Minha abordagem com St. Olias é baseada numa história que li há muito tempo, também com um pouco do que você mencionou e outro filme parecido. Certamente deixará de ser meio chato em breve. Espero também que com esse capítulo as coisas fiquem mais interessantes, pois não planejo tomar muito tempo nisso, não seria justo com os leitores.














    Vamos desenvolvendo o mistério desse início. Não sei se vocês tem dúvidas a respeito do detetive, mas talvez esse capítulo gere mais algumas.





    No capítulo anterior:
    Redeater captura um membro da antiga Irmandade, Stanni'al, e descobre que pode haver alguns deles escondidos no manicômio São Olias, então ele se dirige para lá, se disfarça e vira um dos pacientes. E rapidamente ele descobre coisas estranhas por lá, como a ilusão de uma mulher muito bonita.





    Capítulo 3 – Akumonogatari
    Parte 1




    O jovem Joseph seguiu o toque de recolher do manicômio sem pensar em escapadas no meio da noite para investigação, pois dedicou o resto do dia para tentar achar algo a respeito daquela mulher, mas não encontrou nada. É como se ela fosse um fantasma.

    Ele acordou de forma perturbada no dia seguinte. Sabe que o Credo não se trata exatamente de um grupo de fantasmas, então aquele foi um tanto peculiar. Um caso que normalmente ele não lida, e não encontra. Mesmo usando os momentos de fazer os remédios matinais sumirem da sua vista e de se organizar para mais um dia de investigações, ele não conseguiu pensar em nada parecido com o que viu no dia anterior.

    Com isso, o detetive permanece em total alerta pelo resto do dia. Seja na hora do café da manhã, almoço ou eventuais tempos livres para andar no pátio dos fundos do manicômio e tomar sol com os outros pacientes, seus olhos correram todas as pessoas que passaram perto dele, sem resultados.

    A mulher realmente parecia uma ilusão.

    Então, ele deve retornar para onde viu a ilusão.

    Ele vai até a sala do terceiro andar que esteve no dia anterior, e aguarda. Ficou algumas horas no mesmo sofá do dia anterior, atento a movimentos e observando as pessoas. Sua vigília pode dar algum fruto, ou pode ser novamente um fracasso, principalmente pelo cheiro de ervas que insistentemente o distrai.

    Felizmente, uma mulher como a do dia anterior surge. Ela deixa a sala onde esteve antes, do mesmo jeito curioso, e atraindo o detetive da mesma maneira. Mas agora ele tenta suprimir os estranhos sentimentos que surgem ao aproximar-se dela. Precisa ter controle para evitar um erro grave.

    Ele observa os passos da mulher ao longo dos corredores que levam até o quarto andar, aonde eles novamente chegam ao mesmo lugar de antes. Ela para novamente, mas pra sentar-se no banco. Ela olha para os lados, com alguma curiosidade.

    Redeater finalmente foi descoberto pelos olhos verdes e brilhantes daquela moça. Ele, no entanto, não mostra reação.

    — Boa tarde. Eu acredito que seu nome seja Joseph, não é?

    Redeater assente de forma indiferente. Não está surpreso dela conhecê-lo.

    — Sou Lana. Perdão se meu comportamento parece um pouco estranho para você, mas sou alguém que está próximo de sair desse lugar.
    — Oh. Está recuperada, então?
    — Felizmente. Ou infelizmente. O que seria melhor, passar minha vida nessa pequena prisão a frente de um litoral tranquilo, ou me aventurar no mundo sombrio e mecânico do lado de fora?
    — Depende do que lhe deixar mais confortável. Se prefere ficar aqui, respirando o cheiro de ervas e remédios, convivendo com surtos de seus companheiros ocasionalmente, encarada como mais uma problemática e nunca descobrindo sequer o que é liberdade, bem, que seja.
    — Eu não sinto que minha liberdade foi retirada, mas tem razão. — Lana direciona um sorriso tão bonito para o detetive que ele quase perde sua conduta. — A propósito, você já está aqui há um bom tempo, mas sei que não conversa com ninguém. Você deveria tentar. As pessoas daqui são tão honestas, tão bondosas e criativas, sempre com algo novo a mostrar, ou um novo ponto de vista para as coisas. São indivíduos melhores que aqueles que me esperariam lá fora.
    — Então você não está recuperada.

    Lana é tingida rapidamente por um tom melancólico.

    — Quem sabe... Estou há tanto tempo esperando para poder andar um pouco em Olieri...
    — Não encontrará nada senão ruínas e algumas casas para os funcionários.
    — Oh, verdade. Você esteve lá antes, não é?
    — Não olhei muita coisa. Não passa de um lugar praticamente abandonado.
    — Ao menos não está totalmente abandonado.

    Joseph suspira. Ele ia perguntar alguma coisa, mas Lana o interrompe.

    — Bem, você gostaria de sentar-se um pouco aqui? — Disse Lana, apontando para um lugar livre no banco. — Não se preocupe, esse lugar é tranquilo e não há muita gente aqui.

    Ele não vê porque recusar, já que a mulher é seu alvo no momento.

    Ao sentar-se no banco, ele nota melhor a área ao seu redor. O banco fica próximo de uma bifurcação que segue para o lado direito, enquanto o banco fica no corredor para uma direção reta, seguindo exatamente o caminho iniciado da escada para o andar em que estão. O barulho é mínimo, quase inexistente. Para Joseph, é como se ele tivesse entrado em um mundo próprio onde apenas ele e Lana existiam.

    Algo muito estranho considerando que eles acabaram de se conhecer. Ainda assim, ela parece estranhamente familiar.

    — Bem, Joseph... — Disse Lana, ainda um pouco melancólica — O que acha de estar aqui?

    Lana possui um cheiro doce, um pouco forte, apesar de não haver sequer frascos de perfume por ali. Até seu hálito é doce e notável, embora tenham uma relativa distância um do outro. Apesar de tudo, o detetive mantém seu papel, apenas aprofundando-se um pouco mais num personagem que nem mesmo conhece; Ele apenas precisa não parecer estranho próximo dela.

    — Ruim. Não gosto do ambiente, nem da comida, nem das pessoas ao meu redor.
    — Imagino. Deve ser o que te levou a fugir daqui.
    — Não exatamente. Só não gosto daqui, mas, ao mesmo tempo, não gosto de lá fora. Não há nada que me espere, assim como não encontrarei muito se decidir ir atrás.
    — Bem, ao menos você encontrará alguma coisa... Certo?
    — Você é sempre tão otimista?
    — É... Talvez seja um defeito meu. — Disse, serenamente, mas com certa tristeza. Joseph sente-se um pouco mal por isso.
    — Só será um defeito se você decidir ser assim o tempo todo, mas, ao mesmo tempo, ajudará pessoas perdidas a encontrarem seu caminho. Você parece ser do tipo que daria cor a uma alma cinzenta e vagante.

    Por algum motivo, Lana sente que aquele comentário é mais particular do que aparenta.

    — Eu nunca consegui fazer isso, de qualquer maneira. As pessoas continuam se perdendo em ilusões fabricadas por elas mesmas. De qualquer maneira, fico feliz em ter sido de ajuda para elas, ao menos uma vez. É o que me importa.
    — Mesmo que elas nunca mais se encontrem novamente?
    — Eu... Não gosto de pensar nisso, sinceramente.
    — Bom, eu não acho que seja algo relevante de se pensar. Você deve ser uma pessoa realmente boa para se preocupar tanto.

    Lana sorri triste.

    — Então... Talvez você esteja consciente?
    — Defina “consciente”.

    Lana dá uma pausa antes de começar o que pode ser uma longa contemplação.

    — Consciente... Da visão dos médicos, dos funcionários, da sociedade atrás dos muros altos, de dentro das grandes cidades lançando poluição aos céus, do povo que estraga a criação de Tibiasula a cada dia... Não passa de um “estou controlado”. De um “não sou um empecilho”. De um “estou sobre o comando dos poderosos e deles nunca duvidarei”. Você já viu como as amazonas tratam os homens? Você já viu como as guerreiras carlinídeas os desprezam e tratam como lixo? Notou que acontece o contrário em Thais? E nós, que queremos dar uma visão diferente para o mundo, que não queremos desprezar ninguém, que queremos assegurar que pessoas ruins não tomem o controle de tudo, por que somos jogados, colocados aqui? Somos empecilhos? Somos... Pessoas?

    “Será que merecemos estar no mesmo mundo que essas pessoas que nos colocaram? Talvez alguns de nós precisem de fato de tratamento por mal conseguirem falar ou dialogar normalmente, mas e aqueles que conseguem, mas ainda são obrigados a ficar aqui? Afinal, por que diabos eles ainda estão aqui?”

    “A consciência pode ser relativa. Mas se avaliarmos pelo lado das pessoas comuns, da sociedade em si, pode-se dizer que não passa de aceitação sobre a própria miséria e ignorância, Joseph. Aceitar que você nascerá, viverá e morrerá sendo apenas mais uma alma num mundo imenso e vasto, cheio de oportunidades que serão constantemente retiradas de você por pessoas mais abastadas e capacitadas do que você.”

    “É por isso que eu não gostaria de deixar esse lugar. Eu sinto bem mais que minha alma está iluminada do que lá fora, onde basta uma fagulha para que a guerra comece de novo. Não quero isso.”

    Joseph encara-a por alguns segundos, sem ter uma resposta clara para dar a mulher.

    — Você não está recuperada, então.

    Agora é Lana quem o encara da mesma maneira, mas pouco depois, ela começa a rir.

    — É, não estou.

    Após dar para Joseph mais um belo sorriso, eles conversam sobre coisas comuns, tentando entender e conhecer melhor o outro. Um longo tempo de conversa se segue, sem muitos sinais de que algum dos dois deseja parar aquele momento. No fundo, Redeater, o detetive sombrio, sente algo depois de muito tempo no escuro. Não é um sentimento pela mulher, mas um sentimento bom para si mesmo, talvez alegria, talvez satisfação. A positividade da mulher poderia facilmente entrar em conflito com ele, mas não é o que está acontecendo.

    Quando o sol está finalmente se pondo, iluminando as janelas na parte superior do corredor esquerdo e lançando luzes quase vermelhas dentro do edifício, eles percebem que passaram tempo demais ali. Mesmo que Joseph não dê importância, Lana parece incomodada.

    — Veja, o sol já está se pondo... Terei de ir.
    — Para onde? Falta muito para o toque de recolher.
    — Possuo alguns testes psicológicos para serem feitos sempre no começo das noites, todos os dias... Não posso faltar. São compromissos importantes.
    — Se importaria em dizer do que se trata?
    — Um pouco. Talvez eu te conte futuramente. — Disse, levantando-se do banco e espreguiçando-se levemente — Verei você amanhã aqui?
    — Não é como se eu tivesse uma agenda cheia. Afinal, veja onde estou.

    Ele entende, e decide deixá-la ir. Ela se despede rapidamente e segue pelo outro corredor à direita, que provavelmente a levará para o quinto andar. Ele não diz uma palavra, simplesmente a deixa partir. Ele também tem seus próprios compromissos.


    ~*~


    Joseph entra na sala do gerente apenas para vê-lo lendo um livro estranhamente grosso em sua cadeira, enquanto a janela aberta deixa a brisa do fim do dia dar-lhe a atmosfera que precisa para imergir no assunto deste, seja lá qual for.

    — “Vagamente Vivo”, de Gand Villiarda, um escritor vanduriano que se popularizou com a depressão surgida do último ano da guerra, escrevendo... Contos eróticos. Que gostos peculiares, Sr. Uldin. — Disse Redeater, parado em frente da porta fechada da sala, com seu traje habitual e as mãos nas costas.

    Obviamente, o gerente se assusta, mas consegue se controlar e não perder toda a compostura.

    — Coveiro! Diabo, me assustou. Bata na porta antes.
    — Quando eu a abri, você teve tempo suficiente para esconder esse livro, mas nem notou minha presença. Acredito que isso aconteça com certa frequência, estou errado?

    Uldin fita-o nervosamente e guarda o livro.

    — De qualquer maneira, eu sei que esse livro não é erótico. É uma filosofia um tanto cômica sobre a morte por trás de uma história bonita de um casal burguês. Leitura simples se não reparar nesses pontos.
    — É, é, talvez. Mas o que você quer? Eu sei que não veio aqui pra conversar sobre livros. Além disso, seu disfarce...
    — É provindo de uma runa criada com referência a Runa Chameleon*. Peguei um dos seus registros mais próximos do balcão de entrada e repliquei na runa. As próximas continuarão imitando ele.
    — Então isso significa que preciso proteger melhor meus registros.
    — Não se preocupe com isso, gerente. Estão bem protegidos. Só não de mim.

    Uldin cruza os braços, impaciente em sua cadeira.

    — Certo. Eu gostaria que arranjasse quaisquer informações sobre uma paciente conhecida como Lana.
    — Lana? Tem várias aqui, acho que isso vai tomar algum tempo. Não pegou o sobrenome dela, ao menos? Talvez o número de registro na camisa dela?

    Redeater mal podia acreditar que deixou algo tão importante passar.

    — Apenas me informe sobre testes de melhoria e recuperação psicológicos que existem por aqui e os que contam com alguém agora mesmo fazendo. Encontraremos ela dessa maneira.
    — Uh... Agora mesmo?

    Redeater não gosta da resposta.

    — Segundo o regulamento principal de hospitais de recuperação mental e psicológica dentro do estado do Grão-Reinado de Carlin e Amaza, todos os responsáveis pela administração destes respectivos-
    — Tá bom, eu já sei! — Interrompe furiosamente Uldin, não gostando de como o detetive duvida dele ou de seu hospital — Acontece que eu sou um gerente e o verdadeiro fundador desse hospital morreu há tempos, então sobra tudo para mim. Eu coloquei horários certos para receber todos os relatórios dentro de um intervalo de cinco horas pra melhorar minha própria situação aqui. Não recebi o que cobre o final da tarde, então logo receberei. Na verdade, acredito que será daqui a pouco.

    Um clique. Redeater assume a identidade de Joseph em menos de um segundo, enquanto uma enfermeira entra na sala. Vestido branco, indo até um pouco além dos joelhos, com uma pequena jaqueta cinza cobrindo os braços, os ombros e um pouco além do busto notável, esse é o uniforme padrão de muitas das enfermeiras da região, que raramente são atraentes por culpa da Rainha Eloise.

    Ela entrega uma pasta azul relativamente pequena para Uldin, que agradece. Ela faz alguns comentários irrelevantes para o detetive e então logo vai embora, praticamente ignorando a presença de Joseph. Menos mal para ele.

    — Pronto, agora, se me der algum tempo, vou procurar algo relacionado nos últimos minutos.
    — Seja rápido.

    Joseph senta-se na cadeira em frente da mesa do gerente, aguardando pacientemente sua checagem um pouco lenta dos últimos relatórios. Ele nota, entre os olhares sérios e concentrados que Uldin lança aos pergaminhos, algum receio. Dúvida. Estranheza.

    Ele já tem sua resposta.

    Joseph se levanta rapidamente e se dirige para a porta de saída, surpreendendo o gerente.

    — O quê? Já vai? Não achei ainda o que precisa!
    — Não tem nada aí sobre nenhuma Lana. Eu vejo no seu olhar.
    — Como assim? Eu ainda não chequei tudo!
    — Não entendeu ainda, Uldin? — Indaga com seriedade e irritação o detetive — Eu não estou aqui para perder tempo. Tem algo errado com o seu maldito manicômio. E eu preciso resolver isso.

    Sem falar mais nada, Joseph sai da sala. Uldin está preocupado, afinal, de fato, não há nenhum teste programado para as próximas horas. Lana mentiu para ele. E levando em conta a primeira visão que teve ao ir atrás dela, sabe que há algo de errado com ela, e isso pode ser somado à inquietação que ela demonstrou ao notar que o sol estava se pondo. Mesmo que já esteja anoitecendo, ele precisa, ao menos, achar alguma coisa sobre ela.

    Com passos ágeis, ignorando olhares estranhos dos funcionários e médicos e menções de pará-lo por pensarem que ele está em alguma crise, ele chega rapidamente ao quarto andar e toma o mesmo caminho que Lana usou antes. Seguindo pelos corredores, ele checa pra que cada uma das salas e quartos servem através das placas do lado de fora, mas não hesita em abrir a porta de alguns deles. Encontra algumas salas vazias, armários, depósitos, mas nada que corresponda a “testes psicológicos”, como ela mencionara antes.

    Ele está indo para o quinto andar quando ouve um som estranho. Baixo, distante, mas audível e preocupante. Lembra uma música, tocada de maneira estranha e rebarbativa.

    Enquanto desce as escadas, ele continua ouvindo o som. Usando sua audição de guia, ele ignora sua visão e concentra-se nos sons, seu segundo melhor sentido. Conduzindo-se de forma precisa pelo corredor mesmo com os olhos fechados, ele chega até uma porta dupla de correr fechada. Feita de bambu, é diferente das outras e bem curiosa. O suficiente para Joseph abri-la sem hesitar.

    Escuro. Ele simplesmente procura um interruptor nas paredes dos lados, alheio à música e aos sons estranhos daquela sala.

    Antes de achar um e ligar, ele reconhece os sons. Um piano suave. Dentes. Carne. Encontram-se, se unem, mas não se tornam nada. Um existe para ser destroçado pelo outro, desconhecendo a piedade. Não há cena para ser vista, mas há um cenário belamente bizarro para ser imaginado pelas mentes mais criativas, somado pela música que parece sair de uma caixinha de som.

    Utevo Max Lux. — Pronuncia Redeater, irritado e alheio a chance de ser atacado por ter feito isso.

    Eu continuo gritando para Deus...

    Bem o que ele imaginava.

    Na sua frente, está Lana, morta, sendo destroçada por um cão enorme, preto e amarelo. Não há terror ou dor em seu rosto, mesmo após a morte.

    Na verdade, há um pequeno sorriso nele, que contrasta com a sua mão que permanece repousada sobre a caixinha de música ao seu lado. A única coisa que combina ali.


    Redeater respira fundo.




    Próximo: Capítulo 3 – Akumonogatari II

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    Última edição por CarlosLendario; 02-05-2018 às 11:14.



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