Resultados da Enquete: Que Facção deveria Ireas Escolher?

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Tópico: A Voz do Vento

  1. #301
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 47

    Saudações, moçada!

    Botas voltando, Torneio seguindo em frente, impeachment com sinal verde pra prosseguimento... Esse ano tá insano!

    Lamento, novamente, pela gigantesca demora! Farei o possível para postar com maior frequência! E espero trazer a vocês, nesse post de no. 300 desse Tópico, um bom Capítulo!

    Spoiler: Respostas aos Comentários


    Spoiler: A Voz do Vento 2016, Extras #11



    Sem mais delongas, o Capítulo de Hoje!

    -----

    Spoiler: Bônus Musical


    Capítulo 47 — Esquecimento, a Eterna: A Fronteira Final (Parte 3)

    Que Possa o Imperador Reinar por Muito Tempo.

    (Narrado por Yami, o Primeiro)



    Keras havia esquecido de colocar-me de novo na Lâmpada; geralmente, ele fazia isso após sentir que eu não era mais necessário naquele momento, ou que eu estava sendo, de alguma forma, inoportuno; o fato era que eu estava do lado de fora e sem a menor vontade de ficar recluso em minha Lâmpada; eu havia dormido bem durante o jantar de apresentação dos familiares de Emulov, e decidi dar uma volta pela propriedade.

    Abri a porta de correr o mais silenciosamente que pude; não queria que Keras acordasse segundos após minha pequena transgressão. Em vez de caminhar, deixei meu corpo mais leve e pus-me a flutuar, descendo as escadarias; um barulho abafado pelas paredes me chamou a atenção. Era o barulho de algo sendo jogado em direção a metal; algo que não fazia muito sentido ali.

    Assim que desci as escadarias e fui para o cômodo que parecia ser uma sala de jantar, vi Emulov e um Lagarto com vestes femininas saírem de uma outra porta com os rostos tomados pela tristeza. A Lagarto retirou-se de cena e, com ela, foi-se embora a luz que havia no cenário. Emulov parou em frente à porta, encarando-me. Eu parei de flutuar e pousei no chão sem fazer muito barulho.

    — Ainda acordado? — indagou o Zaoano, sério.

    — Sim… — Repliquei, monotônico. — Keras não me liberou do serviço, mas também capotou antes de fazê-lo. E você?

    — Insone… E aproveitando para colocar conversa em dia com minha mãe. — Replicou Emulov. — Melhor você voltar e descansar, Yami… Os dias a partir de amanhã serão muito, muito longos…

    Dito isso, o rapaz silvou e veio em minha direção, subindo as escadarias; eu esperei até que ele desaparecesse na escuridão para olhar aquela porta. Havia algo errado ali, dava para sentir. Desde que eu abri o vórtice para Zao, o rapaz estava agindo mais estranho que de costume. De fato, sua personalidade parecia ter mudado radicamente nos últimos tempos, e aquilo poderia ser preocupante.

    Aproximei-me da porta e continuei a ouvir os barulos estranhos, e meus olhos se arregalaram quando consegui distingir algo a mais lá embaixo.

    O som de grunhidos ininteligíveis, mas que lutavam muito para serem entendidos.


    ****


    (Narrado por Emulov Sun)

    Demorou um tempo até eu conseguir digerir aquela informação… Meu pai… O bravo Yao Kai… O perito em táticas de combate… O mais honrado e exímio combatente que conheci… Corrompido. Ensandecido. Pútrido. Morto… E vivo.

    Ajoelhei-me sobre minha cama de olhos fechados; a fúria dentro de mim queimava como as chamas que eu já sabia usar a meu favor; doía-me saber que outros Lagartos haviam sido corrompidos e que os Dragões seriam culpados por isso. Sempre me contaram histórias sobre os Dragões e como eles haviam nos salvado de nós mesmos. No entanto, jamais imaginaria que agora teríamos que nos salvar de nossos salvadores… Antes que sua praga continuasse a nos afetar, e a nos matar um a um.

    Eu não deixaria minha ira morrer; tomei essa decisão quando vi Yami naquele corredor. Eu o dei uma palavra de comando para que o Djinn entendesse uma única coisa: aquela era a minha terra… E eles teriam que seguir as minhas regras para fazer o que deveria ser feito.

    Depois de muito tempo meditando e convivendo com Ireas e sua turma, percebi que aquela era minha missão; eu não seria mais que um Sacerdote guia, uma entidade conectada aos Deuses e ao Fogo, a qual serviria como uma tocha iluminando o caminho escuro e tortuoso no qual estávamos nos metendo.

    Ainda assim, minha família precisava de mais de mim; precisavam de mais um filho no Caminho da Drakinata. Além disso, precisavam de um Alto Guarda e, com certeza, um novo Zaogun. Enquanto meu pai não fosse curado, precisava que dois de meus irmãos fossem promovidos dentro da sociedade dos Lagartos. Acima de tudo, queria compensar a ausência de meu pai na defesa desse Ninho… Até porque precisaria de tempo para revelar a situação à única pessoa que julgava ser capaz de recuperar a sanidade física e mental de meu pai.

    E essa pessoa, no dado momento, estava exausta – e dormia na cama de palha ao lado, com uma Lâmpada de brilho esverdeado em uma cômoda próxima. Juntei as palmas de minhas mãos com os dedos retos, curvei-me em direção à estátua de naja negra que havia à minha frente e tirei o robe mais largo e grosso que compunha minhas vestes de dormir; em seguida, deitei-me em meu catre e tentei dormir.



    ****


    (Narrado por Jovem Brand, o Terceiro)


    Acordei com o som de metal caindo sobre a madeira; tentei mover-me devagar sob as cobertas, para não acordar Yumi. Quisera eu não ter que acordar e ajudar Ireas com esse embate final com sua mãe: por mim, poderia ficar para sempre naquela cama…
    Saí vagarosamente do quarto, trajando um robe preto e escarlate com o par de chinelos que outrora havia calçado; desci as escadas e dei de cara com os demais de pé e com dois dos irmãos de Emulov – Zula e Zala – vestidos com armaduras similares àquela que Emulov geralmente trajava, só que de cores cinza e avermelhadas.

    — Estão prontos? — Falou Emulov, encaixando duas grandes bandeiras nas costas dos Lagartos.

    — Ora essa, nascemos prontos! — Silvou Zula, animado.

    — Quem diria… Os caçulas do ninho Suv vão se tornar os novos Altos Guardas do exército imperial! — Silvou Zala, ajeitando as ombreiras de sua vestimenta. — Nem acredito que vamos trocar a Drakinata pelos Manguais de Ferro!

    — Calma, meus irmãos! — Silvou Emulov, saindo de perto de Zula. — Fico feliz que estão empolgados, mas lembrem-se do que lhes falei!

    — O que está acontecendo aqui?! — Indaguei, confuso.

    — Bom dia, Brand! — Cumprimentou Ireas, acenando para mim. — Junte-se a nós; vamos explicar o plano…
    — Que plano? — Falei, intercalando um longo bocejo à minha fala.

    Ireas, Sírio, Wind e Jack se entreolharam; Emulov chamou por Icel e Morzan, pedindo-os para tirar Zula e Zala da sala; uma vez que os irmãos do Feiticeiro estavam fora da sala, eles pediram para eu me aproximar.

    — Eu conto ou você conta? — Ireas indagou a Emulov.

    — Eu conto, pode deixar. — Emulov replicou, sério. — Só precisava que meus irmãos saíssem da sala; quanto menos eles souberem, melhor.

    — Dá pra alguém me dizer o que está acontecendo aqui?! — Indaguei, já ficando irritado.

    — Nós investiremos contra o Imperador. — Emulov me respondeu, seco, curto e direto.


    E eu não pude acreditar em meus ouvidos.


    ****


    (Narrado por Emulov Suv)


    Respirei fundo; pensei muito nisso quando acordei. Para ser mais exato, pensei bastante nesse plano desde a conversa que tive com minha mãe, assim que despertei. Acordamos antes de todos, e tivemos um bom tempo para conversar sobre o que eu havia visto naquele porão. Sobre aquele ser que um dia fora o meu pai.

    — Eu tenho uma confissão a fazer. — Falei, suspirando. — Vocês devem ter notado que meu pai é uma espécie de… Assunto proibido aqui em casa.

    — Como um tabu? — Indagou Wind, de forma retórica.

    — Isso mesmo. — Continuei, concordando com um aceno de cabeça. — Há um motivo para isso. Não consigo ainda acreditar em meus olhos, não gostaria de falar sobre isso, mas, para que vocês entendam o que teremos que fazer e o que está em jogo aqui, contarei a vocês.
    Todos, incluindo Brand, concordaram com acenos de cabeça e ficaram em silêncio, aguardando minha fala.

    — Meu pai, Yao Kai, era um Zaogun. — Comecei. — Em nossa cultura, os Zaoguns costumavam ser nossos generais e defensores de elite, chegando a ser governantes de pequenas vilas, mantendo a segurança e a ordem com disciplina, austeridade e respeito. Eram figuras de muito poder e prestígio, que governavam Zao com honra. Entretanto, os Orcs um dia começaram a ganhar mais força e, graças a uma profecia, vimos nos Dragões nossa salvação.

    — Já estou vendo aonde essa zorra vai dar… — Comentou Morzan — Continue, Lagartinho.

    Lagartinho. Definitivamente, desgostava desse apelido; fechei os olhos, respirei fundo e continuei a contar a história.

    — Os Dragões vieram até os Lagartos como se fossem enviados do Deus Cobra. — Continuei. — Eles aceitaram ajudar meus criadores em troca de sua obediência, e assim foi selado o acordo. Com a ajuda dos Dragões, conseguiram fazer os Orcs recuarem para o Sul, ficando restritos às Estepes. Entretanto, ua vez feito isso, os Dragões viraram os novos Imperadores e Imperatrizes de minha gente; a princípio, tudo parecia bem, até a criação dos Drakens.

    — O que são os Drakens? — Indagou Ireas.

    — Como o nome sugere, são metade Dragões, metade Lagartos. — Falei, com asco em minha voz. — Foram criados através de magia, e nascem em Ninhadas de Lagartos como filhotes quaisquer, cujas escamas começam a se diferenciar lá pro terceiro ano de vida. Os Drakens foram criados para serem os emissários do Imperador; foram forjados com sangue, escamas, fogo e magia para manter os Lagartos obedientes à vontade do Imperador; os Legionários se conformaram, os Altos Guardas foram calados e os Zaoguns, destituídos, tornando-se nada além de guerreiros irresponsáveis que lutam por uma sociedade que não se importa com eles, tampouco consigo mesma. A sociedade dos Lagartos ruiu, especialmente com a Corrupção trazida pelos Dragões.

    — Como assim? — Indagou Jack. — Seria…

    — O cheiro metálico que venho sentindo desde que Yami abriu aquele vórtice. — Falei, sério e levemente enojado. — Esse cheiro não é de metal coisa nenhuma; é veneno. É corrupção. É mácula. Algo tóxico que veio como efeito colateral do poder dos Dragões e que vem com força do Norte. — Respirei fundo, fiz uma pausa e suspirei. — Escutem… Eu não sou muito bom em me expressar, quanto mais pedir favores… Mas, preciso que me façam um ou dois favores enquanto estivermos aqui em Zao.

    — Bom… Considerando que temos a mãe de Ireas para enfrentar e você é o único que conhece a região, não vejo mal algum em fazê-lo. — Falou Icel, dando os ombros.

    — Concordo… — Falou Brand, cruzando os braços. — Fale o que precisa de nós, Emulov.

    — Zula e Zala estão usando armaduras concedidas apenas a Altos Guardas. — Falei, cruzando os braços enquanto via, da escadaria, a imagem de Yumi. — Eles acham que foram escolhidos como novos Altos Guardas, mas não foram. Aquelas armaduras pertenciam ao meu pai, Yao Kai Suv, e ao meu avô, Kun-Lai Suv. O que faremos será infiltrar meus irmãos nos exércitos do Imperador e encontrar uma forma de derrotá-lo de dentro para fora.

    — Emulov, isso é arriscado! — Advertiu-me Sírio. — Seus irmãos podem ser pegos e mortos! Tem certeza absoluta de que quer fazer isso?

    — Sim… Até porque é aqui que entra a confissão que eu queria fazer… Sobre meu pai. — Falei. — Quero que todos vocês me sigam e, independente do que vejam à seguir… Tentem se lembrar da boa imagem que meu pai um dia teve.

    Todos concordaram; Yumi, que chegara pouco tempo antes, olhava para Brand com um olhar interrogativo, e o Thaiano de cabelos prateados optou por sussurrar-lhe os detalhes que ele havia conseguido compreender de todo o plano. No fim das contas, ela simplesmente concordou com um aceno de cabeça. Eu respirei fundo e os guiei até a porta que levava aos aposentos de meu pai, Yao Kai.


    ****

    — Mas o que diabos é isso?! Seu pai?!

    A voz assustada e horrorizada de Icel fez com que aquilo se tornasse ainda mais real; era meu pai, ou sombra do que ele havia sido. Ele urrava de forma incompreensível, ameçando arrebentar as grades que o continham.

    — O Imperador… Ele fez isso comigo… — Sibilou meu pai de forma entendível — Ele fez… Ela fez…

    — Ela? — Indagou Ireas, arregalando os olhos.

    — Ela tinha um Tomo… Não como o nosso… — Sibilou novamente meu pai. — Mas, guardava muito poder… Muita corrupção… Magia de Dragões… Eu…

    Yao Kai atirou-se contra as grades, indo rapidamente em direção a Ireas, olhando-o com os olhos arregalados e assustadoramente brilhantes.

    — Ele é cria dela! — Urrou, enlouquecido. — A cria que pode purificar… Destruir o legado da Corrupção! Vá! — Ele estendeu a Ireas um dos Tomos de Esquecimento Eterno. — Pegue esse livro! Fale com Zalamon! Salve-nos! Salve-se! Salve meus filhos… VÁ!

    Dito isso, meu pai novamente embrenhou-se na escuridão… E eu comecei a ouvir um choro baixinho vindo do canto mais escuro de seus aposentos. Naquele momento, senti meu sangue ferver e meus punhos fecharem.

    Aquela mulher iria queimar. E eu estaria lá para fazê-lo.

    Esquecimento Eterno pagaria muito caro por mexer com meu Ninho.


    Continua...

    ----

    E é isso aí, galera! Perdoem-me pela demora, atualizei meu L.T., a I JT e, agora, atualizei aqui! Estou sendo, atualmente, beta tester do Client Tibia 11 e do próprio test server fechado para o próximo Update! Tirarei Screenshots e eu as subirei quando possível! Até a próxima e aguardo o feedback de vocês

    Abraço,
    Iridium.

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  2. #302
    Cavaleiro do Word Avatar de CarlosLendario
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    To vendo que a porra vai ficar séria. Em sociedades como essa de Razzachai, onde alguém tenta se passar por algum membro do alto escalão e é pego, sempre dá muita merda. E eu sinceramente não estou botando muita fé de que vai dar certo, mas vamos ver. E imagino que o próximo tomo esteja lá com o imperador. Vai ser legal ver eles se aventurando por lá, já que é um lugar bem difícil e cheio de perigos. Espero que tenha bastante ação também.

    Bem, aguardo o próximo.



    ◉ ~~ ◉ ~ Extensão ~ ◉ ~ Life Thread ~ ◉ ~ YouTube ~ ◉ ~ Bloodtrip ~ ◉ ~ Bloodoath ~ ◉ ~~ ◉

  3. #303
    Avatar de Bruttar
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    Dragões, corrupção, miasma de morte e doença.
    A parada vai ficar loca agora.
    Excelente capítulo Fer!!!
    - ALASTOR

  4. #304
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 48

    Saudações!

    Bem, passando aqui, como de praxe, para deixá-los com mais um Capítulo. Tenho pensado, por conta do tamanho desse Pergaminho, em dividi-lo em duas partes na página inicial, a fim de que fique mais fácil para vocês, leitores, se encontrarem em meio à busca de capítulos. Gostaria, ao final dessa postagem, de ler seus pensamentos a respeito dessa ideia: divido ou não o Pergaminho em duas partes?

    Ah! A I Justas Tibianas ainda está acontecendo! Caso você não tenha tido a chance de ler os textos da rodada atual, basta clicar aqui e aqui.


    Agora, antes de mais nada, Respostas aos Comentários caem muito bem:


    Spoiler: Respostas aos Comentários


    Spoiler: A Voz do Vento 2016, Extras #12



    Sem maiores delongas, o Capítulo de Hoje!


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    Spoiler: Bônus Musical



    Capítulo 48 — As Cerejeiras e as Drakinatas

    Até que a Morte os Separe.


    (Narrado por Yumi Yami)



    — Sssinto falta de meuss irmãosss e irmãss… O Imperador tirou muitasss coisass de nósss… E eu quero revanche… Querem me ajudar com isssso? Querem ser participantess da Revolução que libertará osss Lagartoss de Zao?

    Aquele plano todo parecia uma grande loucura; Emulov estava determinado a usar os irmãos e Ireas concordava com aquilo! Quanto mais eu parava para refletir, mais insana a situação parecia… Quisera eu, na realidade, não me importar com aquilo tudo. Eles que pusessem suas mãos no fogo! Mas, não! Esquecimento Eterno também afetou a minha vida… Graças ao meu irmão.

    Eu ainda estava com muita raiva dele… Especialmente agora, enquanto falávamos com Zalamon. O Lagarto de escamas verdes e vestes cerimoniais parecia desolado; era outra figura triste de Zao: um revolucionário que estava cada vez mais desprovido de ajuda e companhia; suas vestes estavam puídas e gastas pelo tempo, e sua gruta era silenciosa como uma tumba. Emulov e Ireas conversavam com ele, tentando obter informações acerca de Esquecimento Eterno e toda a questão da Corrupção. Eu, por outro lado, tinha algo diferente em mente.

    Talvez aquele fosse o último momento com todos juntos; desde a partida de Liive, senti que a Morte, pouco a pouco, estaria nos alcançando. Mesmo sendo de uma raça tecnicamente imortal, não gostaria de ver essas pessoas, às quais me afeiçoei tanto, morrerem muito antes de seu tempo.

    E foi naquele instante, quando estávamos saindo da habitação de Zalamon, que tive a ideia mais doida que podia ter naquelas circunstâncias.

    — Vamos nos casar, Brand.

    — Que? Claro que vamos! — Respondeu meu noivo, sem entender. — Não fechamos data ainda, mas…

    — Não, você não me entendeu… — Repliquei, decidida. — Vamos nos casar hoje. Aqui.

    Os demais voltaram suas atenções para nós; Brand estava com os olhos arregalados em um misto de surpresa, alegria e consternação.

    — Acho que talvez essa seja a última vez em que estaremos todos juntos. — Falei. — Ácredito que, depois de tudo o que vier a acontecer, vamos trilhar rotas separadas. E isso não será por que desgostaremos uns dos outros, senão que a vida segue. Eu espero realmente que não venhamos a perder mais ninguém para Esquecimento Eterno, e, diante de todas essas pessoas queridas que tenho, quero ter a certeza de que o homem que escolhi para amar estará comigo até que a morte nos separe. — Olhei para Brand, dando uma piscadela. — E quero que ele tenha certeza que estarei com ele para o que der e vier.

    Icel começou a bater palmas; Morzan logo o seguiu, e não demorou muito até todos, inclusive meu irmão, estarem nos aplaudindo de pé. Brand passou um de seus braços por meus ombros e me abraçou, completando com um beijo em meus cabelos.
    Propus aquilo também para ser um momento feliz entre nós, visto que há tempos precisávamos daquilo; estávamos enfrentando muitas desgraças, e aquele seria provavelmente o único momento livre que ainda teríamos…


    ****


    O céu estava nublado, e devia ser por volta de três e meia que eu havia, após um banho bem tomado, conjurado meu vestido; era uma peça única em tom marfim, com um cinturão de cor azul escura bordado com pequenas turquesas, e a saia adornada por uma renda de tom azul bem claro; os sapatos eram brancos e com um salto não muito alto, e um buquê de flores de cerejeira. Não me preocupei com grandes detalhes para o cenário — Zao por si só era linda o suficiente para render-me o casamento dos sonhos.

    Vesti as roupas com a ajuda de Araz e Ting Li; de alguma forma, ter outra fêmea por perto deixou-as animadas, e fizeram questão de me ajudar com meus preparativos. Trançaram meus cabelos; adornaram minha cabeça com uma coroa igual às que ostentavam em suas cabeças; pintaram meu rosto de forma similar à maquiagem que usavam em dias de festa, tão longes naqueles tempos que enfrentavam: lábios vermelhos em tom fechado, olhos bem marcados em tom preto e sombra dourada, sem adição de pó de arroz.

    Araz me entregou o buquê e Ting Li atou uma fita de cor rosa ao meu punho direito, em um sinal de bom olhado para meu casamento. Coloquei meus sapatos, respirei fundo e, acompanhada por elas, comecei a caminhar em direção ao meu futuro, na esperança de que ele durasse o máximo possível.


    ****


    (Narrado por Jovem Brand, o Terceiro)


    Eu sou o filho da mãe mais sortudo do mundo.

    O terno sob medida foi conjurado por Yami; Ireas e os demais fizeram de tudo para que eu não visse Yumi antes da hora. Chen, um Lagarto tímido para sua estatura, entregou-me um par de aneis feitos de cobre trançado, feitos para mim e Yumi; era um presente do estrangeiro para celebrar o casamento. Estava suando frio, nervoso para caramba… Não podia imaginar que eu, que outrora enfrentara Morgaroth sem hesitação, ver-me-ia naquela situação, com as pernas bambas ante meu próprio casamento! Deixar de ser solteiro era, de fato, assustador para mim. Ainda assim, queria aquilo mais que tudo. Queria uma prova concreta de que aquela mulher era minha e de ninguém mais, principalmente em um momento tão crítico para o nosso círculo.

    — Bem… É isso aí… — Falei, soltando um suspiro. — O último momento feliz antes de nos jogarmos à corrupção de Esquecimento Eterno…

    Dito isso, guardei os aneis dentro do bolso interno de meu terno, abri a porta de correr e segui para o jardim, à espera do começo de uma nova fase na minha vida. Emulov, que era o único Sacerdote local, presidiria a cerimônia; ao meu lado direito estavam Ireas, Wind, Morzan, Sírio e Icel. Do lado esquerdo, começaram a chegar Araz, Ting Li e os gêmeos, que ainda não haviam sido despachados para o Exército Imperial; Yami havia voltado para o início do corredor, e não demorou muito até ele aparecer de braços dados com a minha noiva. A mulher mais linda do mundo…

    Eles vieram em uma caminhada lenta, que me parecia eterna; sentia o ar faltar em meus pulmões e a felicidade transbordar de meu corpo; vinte e oito anos de vida solo convicta estavam prestes a acabar naquele momento: e eu estava aceitando tranquilamente aquele meu destino.

    Yami me confiou sua irmã e apertou minha mão com respeito, e foi para o lado esquerdo do altar; Emulov pigarreou e começou, enfim, a cerimônia; fizemos nossos votos, eu e Yumi, firmando um compromisso na felicidade e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias do resto de nossas vidas até o dia em que a morte nos separasse…

    — Pelos poderes a mim concedidos em tão curto tempo, eu os declaro marido e mulher! Brand, pode beijar a noiva.

    E, com um beijo, selamos nosso contrato. Para o melhor e para o pior dos cenários.


    ****


    (Narrado por Ireas Keras)


    O plano de Emulov foi executado na calada da noite, com Zula e Zala sendo mandados para o Quartel Imperial mais próximo. A nós coube ir ao campo rebelde mais ao leste do Ninho Suv, onde corremos contra o tempo para buscarmos o mapa que Zalamon precisava. Foi quando se iniciaram os combates.

    Tropas ferozes de Lagartos fanáticos pelo Imperador, serventes de sua vontade; éramos nós contra cinco vezes o nosso número na ida, e três vezes na volta; lanças voavam nos céus contra a magia que tínhamos; martelos contra a cimitarra de Yami e a alabarda de Wind, e senti a falta da precisão do machado de Liive naquele instante; os manguais vieram ferozes para quebrar as flechas, virotes e lanças de Jack, Icel e Brand, e eu e Yumi nos desdobrávamos para dar conta das nossas feridas e às de nossos companheiros de batalha, e o reforço de Drakinatas parecia não acabar nunca.

    Dois Legionários e um Alto Guarda voltaram suas atenções para mim; seus silvos violentos eram uma advertência que antecedia a investida.

    — Exevo Gran Frigo! — Conjurei, espetando-os com o frio de minha mana.

    Eu corria, atirava e, consequentemente, me afastava da multidão; ouvi as vozes de meus companheiros ao longe, e por pouco não fui acertado pelo mangual segurado pelo Alto Guarda; com dificuldade, revezei minhas magias em cura e ataque, bebendo poções rapidamente para me recuperar.

    — Exeta Res…! Droga! — Yami, em vão, gritou ao longe, e sua voz parecia abafada para mim. — Keras atraiu a atenção do trio!

    Naquele transe, o Vento começou a falar comigo; ouvi sussurros de uma voz nada familiar, que parecia perto dali. A voz de um homem que não era livre. Acabei me distraindo, e o mangual acertou-me com tudo em minha barriga, e eu caí no chão.

    Quase apagando, tive a visão de um templo com mais Lagartos, uma sala escura e um homem musculoso e de cabelos grisalhos acorrentado, tentando soltar seus grilhões na marra, transformando em força a sua vontade, a fim de dobrar o metal escuro.

    — Ireas, cuidado! — A voz de Wind fez-se ouvir em um instante.

    Balancei a cabeça e a visão sumiu; os Lagartos estavam prontos para me dar o golpe final, e eu joguei uma runa azul de simbologia agressiva no chão, fazendo gelo surgir ao meu redor e empalar com vontade aquele trio problemático. Eu me levantei com dificuldade, e minha batalha inicial estava acabada.

    — Exura Gran Mas Res! — Falei, conjurando uma magia para recuperar as feridas de todos os que estavam perto de mim.

    O alcance do meu desejo de cura foi maior que eu pensava, e dei conta das feridas de todos; as mais graves, sofridas por Wind e Yami, foram reduzidas a cicatrizes leves, porém marcadas. Estranhamente, Jack pareceu ter sido mais afetado, com suas feridas recusando-se a fechar, ainda que não sangrassem.

    — Quem pegou o mapa?! — Indaguei, ofegante.

    — Eu! — Yumi falou, erguendo o mapa no ar. — Posso entregá-lo a Zalamon, não se preocupe! Segurem a posição por alguns segundos, que logo volto! — Com isso, estalou os dedos e sumiu no ar.

    Mais uma bateria veio; sete vezes o nosso número. Zaoguns ensandecidos vinham diretamente para Emulov, ultrajados com o fato de ele usar uma armadura de Lagartos sendo um Humano. Icel e Jack combinaram lanças e flechas em um esforço de frear a multidão sedenta por sangue. Eu, o único curandeiro disponível, mantinha-me próximo de Yami enquanto concentrava-me em manter todos vivos.

    Criava avalanches e fazia chover estacas de gelo enquanto meus amigos mantinham-se atacando as tropas.

    Comecei a me cansar, e Yumi logo apareceu para me dar reforço nas artes da cura. Ofegante, comecei a piscar lentamente; sentia-me estranhamente mais cansado, especialmente ao inalar aquele ar com cheiro metálico e corrupto. Notei, também, que Jack estava começando a vacilar, e apresentava os mesmos sintomas que eu.

    “Meus filhos, tenham cuidado… Vocês caminham em terras maculadas pela maldição…”

    Era a voz de Nurnor que vinha falar conosco. Estava ainda mais fraca; ainda mais frágil e pouco audível, mas forte o suficiente para nos manter ainda presentes naquele cenário de batalha.

    “Há um espírito livre que pode ajudá-los… Mas está preso, e vocês têm que libertá-lo… É um guerreiro atormentado, que deseja a liberdade… Encontrem-no, minhas Vozes…”

    Voltamos a nós mesmo quando o Vento soprou rápido em nossos ouvidos, forçando-nos a acordar daquele quase sonho. As tropas haviam morrido, e tínhamos a tarefa de investigar a construção conhecida como “Templo do Equilíbrio”. Começamos a nos dirigir para lá quando, para a minha infeliz surpresa, Jack começou a desfalecer.

    — Jack! — Gritei, segurando-o antes que ele fosse ao chão.

    A Corrupção… Queima! — Jack urrou com dor. — Que diabos... É… É isso?! — Ele desfaleceu logo em seguida, com a pele queimando de febre.

    — Keras, precisamos avançar! — Yami interveio, agitado. — Haverão mais Lagartos guardando esse lugar, e outros tantos em nosso caminho. Essa aldeia está lotada, e não poderemos nos manter aqui por muito tempo!

    Comecei a ouvir as passadas marciais do próximo batalhão, e tomei a decisão de colocar Jack em minhas costas e carregá-lo para longe. Sua pele ficou mais pálida e escorregadia, e não demorou muito para que, em nossa corrida, os Lagartos nos encontrassem de novo — e em maior número.

    — Para onde, Yumi?! — Urrei, tentando colocar Jack em um local seguro.

    Noroeste! — Falou a Djinn Druida, prendendo em vinhas os Lagartos que vinham em minha direção. — O que aconteceu com Jack?!

    A condição do Vento do Sul piorou ainda mais; seu coração começou a desacelerar, e sua respiração ficou cada vez mais difícil. Yami e Wind revezaram-se em combate, derrubando os Lagartos que se aproximavam demais de mim e Jack. Icel, Emulov e Brand faziam o que podiam para se adiantar às tropas que vinham mais atrás.

    — Não… Não! — Gritei, analisando os sinais vitais do Paladino. — Estamos perdendo ele!

    “E seja sábio quanto à sua dádiva... Você só tem mais uma, talvez duas chances de usá-la.”

    A voz de Variphor logo veio à minha mente. Abri minha Capa da Concentração e toquei a rosa azul estampada em meu peito; a Última-Bênção que Yami me havia concedido, e que me salvara um dia da morte. Agora, essa bênção, de alguma forma, salvaria Jack da partida prematura. Seus olhos estavam perdendo o brilho, e sua respiração havia cessado de vez. Eu tinha que fazer algo, e rápido.

    — Que a dádiva que foi a mim dada… Seja passada a quem precisa. Exana Vita*!

    Fiz o conjúrio colocando a mão sobre o peitoral de Jack; aquela magia, que não me fora ensinada por ninguém, veio naturalmente; a marca em meu peitoral começou a brilhar e senti o coração de Jack voltar a bater. Em dois segundos, Jack arregalou os olhos e deu uma grande lufada, voltando a respirar. Por muito pouco, quase perdi meu irmão de alma.

    Ajudei-o a levantar, e logo vi Lagartos diferentes em meio à multidão de Legionários e Altos Guardas; eles carregavam consigo cajados de ouro com rubis, e trajavam capas longas de cor alaranjada e mantos que imitavam o fogo. Um deles sussurrou algo em um dialeto incompreensível e asqueroso, criou duas chamas douradas no chão e logo dois Filhotes de Dragão surgiram do fogo mágico.

    — Sacerdote de Dragões! — Advertiu Emulov. — Tomem cuidado!

    — Beba quantas poções puder, Jack… — Sussurrei ao Vento do Sul, decidido. — Teremos uma longa luta à frente!

    Ele concordou com a cabeça e tirou de sua mochila uma Grande Poção de Espírito, tomando-a em poucos e grandes goles. Em pouco tempo, conseguiu ficar de pé sozinho, e eu decidi avançar contra os outros Lagartos, atirando runas que geravam avalanches contra eles.

    Começávamos a diminuir cada vez mais seus números na medida em que nos aproximávamos do Templo do Equilíbrio; era uma construção magnífica, medindo cerca de trinta metros e formando uma estrutura de cone, ornada por pagodas de lajes avermelhadas com detalhes em dourado. As paredes, que pareciam ser brancas, ostentavam manchas negras e borbulhantes, bem como o cheiro de corrupção ostensivo. Havia algo de errado lá.

    — Esperem… — Emulov falou, sinalizando para que parássemos. — Melhor recuperarmos nossas forças… Está anoitecendo muito rapidamente aqui.
    — Isso é bom ou ruim? — Indagou Morzan.

    — Bom para os Lagartos; péssimo para nós. — Replicou o Zaoano sem hesitação. — No entanto… Parece que as luzes do Templo estão acesas…

    — Teremos companhia, então. — Falou Wind. — O que faremos?

    Emulov cruzou os braços, pensativo; ele ficou de costas para nós, olhando para o Templo. A luz de Suon já havia alcançado seu zênite no horizonte quando o Feiticeiro Zaoano voltou seus olhares para nós novamente, sério e decidido.

    — Um andar de cada vez, esse é meu comando. Ninguém entra, ninguém sai; nós entraremos juntos e sairemos juntos. E vamos contar a Zalamon o que testemunhamos lá, seja o que for.


    Continua...


    -----

    Glossário:

    (*): Magia de autoria de Ireas, seria uma contraparte ao Exana Mort dos Feiticeiros, tendo dupla ação: remover o efeito de Maldição e curar as feridas do afetado com alcance entre Exura Gran e Exura Vita, dependendo do Magic Level.


    ----

    E é isso aí, pessoas!

    Não se esqueçam de comentar, pfvr. Ah, e deem uma passada da I JT também! Tem textos bem bacanas, sei que vão gostar

    Até o próximo!


    Abraço,
    Iridium.


    EDIT IMPORTANTE!

    O post inicial foi editado! Agora, o Segundo Pergaminho está disponível em duas partes; do Prólogo e Capítulo 01 ao Capítulo 31 configura a primeira parte; a Segunda se estende do Capítulo 32 em diante.
    Última edição por Iridium; 27-04-2016 às 14:39.

  5. #305
    Cavaleiro do Word Avatar de CarlosLendario
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    Eita, esse capítulo foi doido, hein. Passou de uma parte feliz pra uma toda tensa. Já prevejo umas mortes ai, e que a porra vai ficar muito séria nesse templo. Espero ver mais cenas de combate lá.

    E o Jack quase foi pro caralho, pena que ele não é tão forte quanto o Jack de OMP, felizmente ele tem o Ireas por perto. E espero pra ver quem é esse sujeito preso ai.

    Aguardo o próximo.




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  6. #306
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    E SE CASARAM! Excelente capítulo Fer! Agora... Deus do céu quando li por cima a palavra "desfaleceu" já me veio um aperto no coração e achei que o Jack ia morrer.

    Aguardando o próximo!
    - ALASTOR

  7. #307
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 49

    Saudações!

    Demorei BEM MAIS que o esperado e prometido para postar esse Capítulo; as razões foram inúmeras: semanas corridas, cansativas e estressantes, bem como a utilização da double exp para pegar ao menos alguns níveis de respeito no Ireas. Sendo assim, acabei por postergar essa postagem. Vi umas carinhas novas nessa Seção, e espero que elas permaneçam por um bom tempo aqui

    Antes de qualquer coisa, responderei aos Comentários:

    Spoiler: Respostas aos Comentários



    ---

    Sem maiores delongas, pessoal --- O Capítulo de Hoje!


    -----

    Spoiler: Bônus Musical




    ----

    Capítulo 49 — Caminhos do Limbo Marítimo e da Terra Sem Dono (O Gladiador Bastardo)

    O Bastardo Acorrentado há de ser Libertado!


    (Narrado por Ireas Keras)


    Deixar Emulov no comando foi, de fato, a opção mais sensata para lidar com aquela situação; ele conhecia aquele terreno melhor que muitos, e não seria difícil para ele guiar nossos passos e armas. No entanto, na medida em que nos aproximávamos das escadarias do que parecia ser um templo abandonado e puído pelo tempo, minhas preocupações começaram a aumentar, especialmente em relação à pessoa que havia visto em minha mente.

    Quem seria aquele homem, e porque estariam mantendo um humano preso?

    — Bem… É isso. — Sussurrou Emulov, sério. — Ireas e Sírio… Usem o Escudo de Mana, assim como eu. Yumi, ajude Ireas a manter-nos curados, e os demais, por favor… Encarreguem-se da maior parte dos danos. Utamo Vita.

    — Hoje… É pelo Liive, caras. — Falou Icel, sério como nunca. — O que aconteceu em Edron… O Silêncio dos Sábios… Vai ter volta.

    Assentimos afirmativamente, fazendo aquele juramento pela alma imortal de nosso amigo Norsir. Sérios, com armas em punho, começanos, lentamente, a galgar os degraus de pedra fria e limosa do Templo do Equilíbrio.

    Utamo Vita… — Ouvi Sírio sussurrar.

    Utamo Vita. — Repliquei, respirando fundo e tomando uma Poção Forte de Mana de um só gole.


    ****


    (Narrado por Morzan Rider)

    Noite insana; é só o que eu tenho a dizer.

    A entrada do Templo parecia vazia, e aquilo estava totalmente errado; Lagartinho começou a farejar o ar, inclinando-se para frente. Ele começou a avançar, e foi quando nossos problemas começaram.

    — Armadilha! — Bradou o Feiticeiro de Zao com os olhos arregalados, tentando voltar até nós.

    PEGUEM OSSS INVASSORESSS!

    Fomos recebidos por uma imensa bola de fogo, à qual revelou um Lagarto Sacerdote de Dragões e duas de suas crias recém conjuradas; Emulov não conseguiu voltar, pois um Zaogun já o havia escolhido como adversário, e estava fazendo o impossível para golpeá-lo com seu grande martelo. Eu não tive opções senão avançar e tentar encarar dois Altos Guardas ao mesmo tempo; Brand e Icel decidiram me dar cobertura e foram acertando os outros Lagartos que estavam atrás.

    Yami e Yumi logo encontraram Legionários e foram atrás deles; Ireas e Jack ficaram com o Sacerdote, e pareciam estar lutando bem. Meu irmãozinho foi em direção a Emulov, tentando ajudá-lo, e eu simplesmente comecei a fazer aquilo que eu mais gostava: atacar um adversário, provocá-lo e forçá-lo a acertar o outro.

    Nossas magias contra às deles; nossos aços contra suas armas de obsidiana; um a um, derrubamos todos os Lagartos daquele andar. O ambiente agora fedia a sangue, ferrugem e maldição. Emulov tentou ir para o outro lado do Templo, mas não conseguiu — haviam grandes pedras bloqueando nosso caminho.

    — Por essa eu não esperava. — Falou o Zaoano. — Eles estavam sadios, eu acho… Ainda assim, nos atacaram de uma forma feroz, quase que…

    Desesperada. — Emendou Brand. — Tem algo muito errado aqui, pessoal… Vamos ficar atentos. Wind, você, eu e Morzan subiremos junto com Emulov. Depois, todos os demais nos acompanharão, certo?

    Concordamos; afinal de contas, Brand fora comandante-em-chefe das forças de Thais em um passado não muito distante. Eu, ele e Emulov subimos e logo fomos recepcionados por duas lanças orientais, arremessadas por dois Legionários sem-vergonha; eu sorri um sorriso zombeteiro e olhei para Wind, ameaçando correr.

    — Vamos nessa! — Rugi. — Exeta Res!

    No momento em que fiz isso, atraí o par de lanças para mim, além de outros dois ou três Altos Guardas que eu não havia visto; o Yalahari Wind veio logo em seguida, puxando para si dois Zaoguns com um sorriso no rosto.

    — O cara está de gozação comigo! — Gritei, zombeteiro, defendendo-me dos Lagartos. — Exori!

    Girei meu corpo rapidamente, junto com o movimento de minha espada, acertando os Lagartos ao meu redor com golpes ágeis, precisos e mortais. Quando terminei de dar a volta, ouvi Wind conjurar igual feitiço, e os Lagartos morreram com honra e glória aos nossos pés. Entretanto, o cheiro de ferrugem e maldição só piorou, e começamos a sentir o ar faltar em nossos pulmões.

    — Temos que achar a fonte disso! — Falou Emulov, enraivecido. — Essa corrupção tem que acabar!

    Seguimos adiante; mais um jogo de escadarias. Dessa vez, fomos recebidos por Zaoguns e Altos Guardas; eu e Wind logo fomos ao ataque, e Yami decidiu participar da festa; Brand e os demais nada precisaram fazer; Ireas e Yumi volta e meia se revezavam em feitiços de cura, mantendo-nos fora de perigo.

    O andar seguinte estava lotado; Zaoguns, Legionários, Altos Guardas e Sacerdotes de Dragões; havia um número enorme de adversários, e foi necessário que Brand, Icel e Jack interviessem com seus ataques à distância; Ireas, Sírio e Emulov ficaram mais para trás, contando com a eventual ajuda de Yumi. Quatro Legionários mais corajosos começaram a briga com bons arremessos de lanças, os quais foram defendidos pelos escudos meus e de Wind; Yami aproveitou o breve momento para decapitá-los rapidamente com precisos movimentos de sua cimitarra, inspirando medo no coração dos outros Lagartos.

    Os Sacerdotes retribuíram com uma cortina de fogo e fumaça, que dificultou nossa respiração e visão: foi a vez de Ireas e Yumi agirem em conjunto, criando uma dança gélida e feroz, onde um cobria os movimentos do outro com inúmeros tiros de gelo mágico, ferindo de morte os couros esverdeados do Lagartos que ali moravam; Sírio e Emulov se encarregaram dos pequenos filhotes de Dragões, que, apesar de pequeninos, insistiam em dar trabalho.

    Entretanto, notei uma coisa em meio ao calor da batalha, assim que tirei meu escudo de perto de meu rosto: Jack não parecia nada bem. Ele parecia estranhamente letárgico, fraco e desnorteado.

    Algo estava errado com ele. Muito errado.


    ****


    (Narrado por Rei Jack Spider)


    O ar estava cada vez mais podre, e aquilo me afetava de maneira inimaginável; inspirar queimava meus pulmões e expirar corroía minhas narinas; sentia o ar denso quase como pedra, e era como se o Vento não falasse comigo. No entanto, a proteção de Ireas, a bênção que ele me havia conferido, parecia estar me mantendo de pé o suficiente para eu não encontrar a morte antes de meu tempo.

    A cortina de fumaça abaixou, revelando uma Yumi e um Ireas incólumes e vitoriosos sobre os cadáveres dos répteis; a escadaria à nossa frente, à qual indicava uma descida, estava desimpedida para caminharmos. Ireas não tardou a ver minha condição e veio em minha direção, enquanto os demais se aproximaram de nosso próximo obstáculo.

    — Brand, vocês poderiam repetir a estratégia? — Falou Ireas, preocupado. — Preciso ver o que está acontecendo com Jack antes de me juntar à vocês.

    — Sem problemas. — Replicou o Thaiano de cabelos grisalhos, cruzando os braços. — Só não se demorem; não sabemos quanto tempo ficaremos aqui sem que essas mortes atraiam reforços.

    — Eu guardarei a posição, Brand. — Yami interveio, aproximando-se de nós. — Ireas ainda é meu amo, e é minha função protegê-lo. Assim que Jack estiver melhor, nos juntaremos a vocês.

    Os demais concordaram e seguiram escadaria abaixo, onde logo pudemos ouvir silvos furiosos e o bradar de armas inimigas; eu arfava, ainda com plena dificuldade de respirar.

    — Não entendo… — Falou Ireas, consternado, analisando minhas feridas. — O meu pedido… Ele deveria ter livrado Jack disso!

    Mas livrou! — Replicou Yami, igualmente confuso. — A função da Bênção é clara: salvar alguém das portas da morte por um número limitado de vezes. Obviamente, esse alguém era você, mas…

    — Mas? — Indagou Ireas, com o olhar que exigia explicações.

    — Mas, quando aplicado a outra pessoa, bem… — Balbuciou o Efreet. — Funciona, mas não por completo.

    Comecei a tossir, sentindo algo viscoso em minha garganta; no instante seguinte, estava cuspindo um líquido negro e metálico, que parecia corroer o caminho que percorria para fora de meu corpo.

    — Ah, tá de brincadeira! — Resmungou Ireas, frustrado. — Exura Sio: King Jack Spider!

    O Vento do Norte colocou uma das mãos sobre meu peito e recitou o feitiço outras duas vezes; aos poucos, senti algo esfriando em meu peito, e vi um leve brilho azul se originando perto de meu coração; em poucos instantes, parei de cuspir a substância preta e comecei a respirar aliviado, sentindo o meu sangue voltar a ficar aquecido. Ireas e Yami me ajudaram a ficar de pé, e logo estava completamente sadio, como se aquela agonia nunca me tivesse sido imposta.

    — Vamos lá! — Falei, soltando um suspiro de alívio. — Nossos amigos precisam de nós!

    O Djinn e o Norsir concordaram e vieram comigo, descendo as escadarias; quando chegamos, vimos os demais enfrentando os poucos Zaoguns que ainda estavam de pé; as janelas e paredes estavam quase todas cobertas por uma substância negra e malcheirosa. A corrupção estava alastrada completamente nos andares superiores. Restavam, pois, os inferiores: e para lá nós nos dirigíamos.


    ****


    (Narrado por Wind Walker)


    Ah, se Liive ainda estivesse vivo para presenciar esse combate! A saudade da rivalidade que tinha com o ruivo Norsir batera forte em meio a todos aqueles combates; sentia falta de ser outrora um Cavaleiro feroz como costumava ser, defendendo Yalahar de todos os inimigos com golpes rápidos, fortes, precisos e mortais — da maneira como estava fazendo naqueles instantes.

    Ireas, Yami e Jack chegaram no momento em que eu havia transpassado minha alabarda yalahari pelo peito do mais feroz dos Zaoguns naquela ala do Templo; Jack estava bem mais alerta e agitado do que antes, e isso me deixara bem aliviado. Ireas, por outro lado, me parecia cansado; fossem os tempos diferentes, teria me aproximado dele sem me importar com olhares de julgamento, e o teria amparado sem demora, como costumávamos fazer.

    Ah, Uman… Por que tudo tinha que mudar?

    — Wind! — Emulov apoiou a mão esquerda em meu ombro, chamando minha atenção. — Temos mais dois andares: o térreo, na parte bloqueada pelas pedras, e o subsolo. Fafnar está voltando ao horizonte, e não temos muito tempo. O que me sugere? Brand deu a ideia dele, e agora precisamos de uma sua.

    — E qual foi a ideia dele? — Indaguei, completamente distraído.

    — Não creio nisso… — Resmungou Emulov, zangado. — Ele disse para descermos em dois grupos, onde você, Morzan e Yami, que finalmente chegou, se encarregariam de segurar os demais guardiões do Templo enquanto o resto de nós os ajudaria à distância, com runas e flechas. Você tem outra ideia?

    — Podemos fazer dessa forma sem nenhum problema. — Repliquei, dando de ombros. — Se Liive ainda fosse vivo, sugeriria descermos em dois grupos, cada um encabeçado por dois Cavaleiros de Elite. Mas esse esquema funciona. Eu confio na decisão do Brand.

    — Perfeito. — Sibilou o Zaonao. — Chame por Yami; vamos executar o plano.

    Assenti com a cabeça e assoviei para o trio; apontei para o Djinn, que compreendeu o gesto. Eu o vi pedindo permissão a Ireas e, uma vez autorizado, seguindo em frente, aproximando-se da penúltima escadaria. Um a um, descemos os três Cavaleiros de Elite.

    Exeta Res! — Bradei, sem perder tempo.

    Quatro Altos Guardas foram atraídos pelo meu feitiço; Yami e Morzan se encarregaram do resto dos Lagartos, aos quais não dei a mínima atenção. Era minha alabarda contra quatro manguais de obsidiana nervosos, os quais tentavam me acertar a todo custo. Eles quebraram o chão aos meus pés, alguns pilares mais decrépitos e até mesmo degraus da escadaria. Entretanto, não me acertaram de forma alguma.

    Retribuí cada agressão com um desce de lâmina feroz e forte, cortando carne como manteiga; cortei as mãos hábeis das feras, tirando-lhes seus manguais. Finquei minha alabarda no coração de um deles e, para me libertar de seu corpo desfalecido, chutei-o com a perna direita e me encaminhei para perto da escadaria.

    DESÇAM JÁ! — Urrei para o grupo acima.

    No que me preparei para voltar, fui forçado a abafar um grito de dor; um dos Lagartos ainda vivia e, mesmo contando apenas com sua mão mais débil, acertou-me com o mangual de obsidiana em cheio, ferindo minhas costelas. Ouvi o estalar doloroso dos ossos, e cai estatelado no chão.

    Exori Hur! — Ouvi a voz de Morzan ao longe.

    Fiquei apoiado sobre um dos joelhos, usando minha alabarda como muleta; a espada de Morzan foi cravada bem fundo na carne do Alto Guarda, que caiu sem vida no chão de pedra. O Vandurano logo veio me ajudar, e foi naquele instante que o grupo chegou.

    — Wind! — A voz de Ireas parecia abafada aos meus ouvidos. — Exura Gran Mas Res!

    A mana do jovem druida logo preencheu o ambiente, e senti minhas ossadas voltando ao seu respectivo lugar; a dor, no entanto, demoraria a passar. O feitiço fora suficiente para eu ter forças para levantar e continuar.

    Estava todo coberto de sangue e pedaços de escamas esverdeadas; minha armadura, antes branca como o mármore de Yalahar, agora estava tinta de sangue; meu rosto estava com um padrão vermelho muito parecido com aquele que um dia Liive estampara em seu rosto. Talvez, naquele momento… O espírito do Norsir havia resolvido se juntar a nós em mais uma batalha. Provavelmente Edron não fora suficiente para ele...

    — Obrigado, meu caro amigo. — Agradeci com um sorriso de canto, e vi um leve sorriso surgir no rosto do rapaz, emendado a um aceno de cabeça. — Yami, poderia nos dar a honra de finalizar a missão?

    — Com certeza. — Falou Yami em um tom de voz sinistro.

    — Irei com você. — A voz de Ireas se fez ouvir, para a surpresa de todos.

    — Ireas, tem certeza? — Indagou Jack, preocupado. — Não sabemos o que tem lá embaixo!

    — Eles não sabem. — Ireas replicou, sério, apontando para todos, exceto Jack. — Eu e você sabemos. E talvez ele também saiba.

    — Ele quem? — Indaguei, levemente incomodado. — Yami?

    — Estou tão no escuro quanto você. — Replicou o Efreet, cruzando os braços. — Quero é ver do que se trata. Keras, tem certeza disso? Não sabemos o que há lá embaixo, e isso pode resultar no fim da sua jornada.

    — Não há tempo a perder. — Replicou Ireas em um tom que só um Norsir de sangue poderia ter. — É minha vez de contribuir com mais do que cura; sou um Druida, e isso significa expurgar aquilo que fere a Mãe Natureza e o que Crunor pôs no mundo. Eu vou lá e Yami há de me dar cobertura.

    Eu ouço e obedeço. — Replicou o Darashiano, concordando com o esquema louco de Ireas; com o coração apertado, vi o Efreet descer primeiro, sendo seguido por Ireas.

    Primeiro, o silêncio; segundos depois, os gritos. Emulov fora mais rápido e se embrenhara na escuridão das escadarias descendentes, e eu fui logo atrás, seguido pelos passos apressados de todo o grupo.


    ****


    (Narrado por Ireas Keras)


    — Keras, VOLTE PARA CIMA, AGORA! Exeta Res!

    Utamo Vita!

    Cinco Lagartos Escolhidos. Cinco Lagartos completamente insanos, corrompidos e em um estado mais decrépito e funesto que o pai de Emulov.
    Quase não tive tempo de usar o Escudo de Mana; o Martelo deles tinham cabos compridos, fazendo com que o movimento de uma rasteira fosse brincadeira de criança; fui derrubado no ato, batendo a cabeça no chão. Vi Yami atrair os cinco para perto de si, mas sabia que, naquela forma, ele não aguentaria.

    Exura Gran Mas Res! — Urrei, levantando-me lentamente. — Yami! Eu te autorizo! Exori Gran Frigo!

    Comecei a atirar gelo contra aqueles seres, mas parecia surtir muito pouco efeito; eles começavam a se irritar cada vez mais, ameaçando largar Yami para me atingir; assim que os demais chegaram, começaram a voar flechas.

    — Yami! Assuma sua forma de Djinn! EU PERMITO!— Bradei, convertendo em um machado gélido o meu Cajado de Tempestade de Granizo.

    Uma risada sinistra começou a ecoar no salão; uma fumaça verde densa tomou conta de Yami, e ele logo assumiu sua verdadeira forma, tornando-se o exército de um Djinn só.

    — Aqui! — Uma voz estranha fez-se ouvir na escuridão. — Aqui! Tirem essas correntes de mim!

    Enquanto todos do grupo, incluindo Jack, focaram em ajudar Yami a massacrar o número cada vez mais crescente de Escolhidos que apareciam, eu andei em direção à voz; Yami, de repente, atirou uma linha poderosa de energia contra três Escolhidos, e o clarão revelou o dono da voz.
    Cabelos grisalhos, mais curtos que os de Brand; corpo forte, digno de um Cavaleiro, e vestes similares às dos guerreiros Lagartos, mas modificadas para o corpo de um Humano. Era o homem das minhas visões. Era aquele que Nurnor queria que eu libertasse.

    Não perdi tempo; corri até ele e, com duas machadadas, tirei suas correntes.

    — Argh… — Resmungou o homem, com voz grave e rouca, levantando devagar. — Obrigado, garoto.

    Tão logo quanto foi libertado, o homem voltou seus olhares para a escuridão; no outro clarão de um feitiço de fogo lançado por Emulov, pude ver o perfil de seu rosto: certamente, aquele homem estaria chegando na casa de seus quarenta anos, com um físico que qualquer Cavaleiro de Elite com metade de sua idade jamais alcançaria.

    Ele viu os Lagartos e tomou impulso; com uma voadora vigorosa, em um estilo de combate sem precedentes, ele derrubou o Escolhido à sua frente; em uma cambalhota precisa, pegou para si uma espada que estava oculta sob a capa puída e podre do Lagarto corrompido; com meu machado em mãos, continuei a ver aquilo, fascinado.

    Não demorou muito até os caminhos de Yami e do homem misterioso se cruzarem; entre uma linha incendiária do Efreet, de onde saíam Escolhidos em chamas, correndo por suas vidas, vinha esse homem, com um estilo que lembrava as artes combativas dos próprios Lagartos, adaptadas para o corpo humano, com um algo a mais que eu não sabia ao certo diferenciar.

    Ouvi passos de algo se aproximando das minhas costas; virei-me rapidamente, e era um escolhido. Sem dó, tampouco piedade, dei-lhe uma vigorosa e rápida machadada; a criatura recuou, mas revidou, e seu martelo arremessou-me longe.

    — Ireas! — Brand bradou, atirando flechas contra o Escolhido.

    Levantei-me, furioso; vi o homem pousar de um grande salto com a leveza de uma pluma e o controle absoluto de um mestre; ele me olhava, sério, porém atravessado.

    A Guarda de Thais só treina fracotes de arco agora?

    Olhei para trás, e Brand fitava o homem com os olhos arregalados; através dos furos no telhado daquela sala, os primeiros raios da manhã começavam a entrar; havia, pelo menos, o corpo de quinze a vinte Escolhidos no chão; Yami convertera-se em fumaça e buscou por refúgio em sua Lâmpada, cobrindo-me com a fumaça verde. Yumi estava se encarregando das feridas dos demais, ainda atordoados com o combate às cegas.

    Brand estava, pela primeira vez na vida, pasmo.

    — Não pode ser! — Falou o Paladino. — Eu ouvi histórias sobre você! Sobre como desafiou a Guarda de Thais e ameaçou expor a corrupção dos escalões mais altos!

    O homem de quase quarenta anos cruzou os braços, relativamente interessado em ouvir.

    — Achava que você estava…

    Morto? — Replicou o homem. — Pois é, eu também. Harkath também acha, mas logo saberá que não. O Rei sequer desconfia que estou aqui, e esses Lagartos filhos de umas putas sitiaram o Dojo que me mantinha seguro. Por sorte, aprendi uns truques com eles… Um estilo chamado “Garras do Lobo Branco”*. Só não apliquei com tudo porque… Bem… Esses daí estavam fracos demais para aguentar o tranco.

    — Esse estilo… É igual ao "Presas do Deus Cobra"**! — Bradou Emulov, silvando desconfiadamente. — Quem é você?! Identifique-se!
    — Sossega aí, Lagarto! — O homem bradou sem recuar. — Não ouse falar em cópia! São estilos parecidos, mas não são nem um pouco iguais! E eu só vou dirigir a palavra ou ao franguinho do arco ou ao druida de cabelos azuis!

    Emulov engoliu a raiva e assentiu, extremamente contrariado. Os raios da luz de Fafnar permitiam que eu começasse a enxergar melhor as faces daquele sujeito desconhecido. Seus olhos eram castanhos bem escuros, com uma aura esverdeada nas bordas da íris; seu rosto mostrava as marcas de quem já havia lutado bastante, e seu torso nu exibia algumas cicatrizes que, ainda que antigas, passavam grande respeito, pois tratava-se de um combatente muito antigo e versado.

    — Vou repetir a pergunta de Emulov: quem é você? — Falei em um tom de voz ameno, a fim de não incitar brigas.

    — Meu nome é Maximus Meridius. — Replicou, enfim, o misterioso guerreiro. — A julgar pela cara de espanto do franguinho ali, ele bem sabia da minha fama. — Comentou, apontando para Brand. — Fui guarda de Thais dos quinze aos trinta anos de idade. Sou macaco velho; tenho comigo a arte da guerra na pele desde antes de vocês usarem fraldas de pano. Ou saírem dos ovos. — Emendou, olhando Emulov de soslaio. — De qualquer forma, fiquei preso aqui nos últimos meses, graças a uma incursão do filho da puta do Imperador, que matou o último assentamento de guerreiros Humanos que havia aqui.

    — Não era o único assentamento, posso te garantir. — Emulov intrometeu-se com amargura em sua voz. — Os Homens das Cavernas ao Sul ainda vivem, tenho certeza.

    — Pouco importa. — Replicou Maximus, indiferente. — São pacíficos demais para fazer qualquer investida contra os Lagartos e os Reis Dragões. Se estão vivos, é por serem espertos. Senão, bem… As Montanhas da Chama dos Dragões reclamaram para si mais carne humana. Mais nada. — Ele soltou um suspiro e cruzou os braços, exibindo cicatrizes nos antebraços. — Quem mandou vocês?

    Zalamon… E o Vento. — Repliquei, falando o complemento em voz baixa.

    — Humpf… Ao menos, ele não esqueceu de mim. — Comentou o Thaiano da velha guarda, com os olhos fechados. — Vocês me parecem um grupo relativamente jovem, mas promissor. Uma pena que não ficarei para acompanhá-los; já está na hora de eu ir à desforra em Thais, tratar de assuntos com um certo comandante da Guarda Thaiana.

    — Maximus, é isso? — Brand indagou, começando o discurso. — Olha, sempre quis conhecer o cara que fez de Harkath Lâmina-Sangrenta um bobo da corte por todos esses anos; imagino que você tenha perdido muitas coisas nessa terra, mas pense no que Zao te trouxe de bom! Tenho certeza de que alguma lembrança boa que você teve aqui vale uma luta contra as tropas do Imperador!

    — Com qual propósito, se nem mesmo os Lagartos conseguem se unir contra o opressor? — Replicou Maximus, sério. — É uma batalha perdida, e Zalamon sabe; apesar de continuar a recrutar alguns rebeldes, eles mesmos estão em menor número e totalmente despreparados. Teriam muita sorte se ao menos passassem dos Arrozais. E quanto às lembranças boas que tive… Elas morreram nas montanhas, e não há como me vingar. Sou forte, mas não sou exército de um só homem.

    menos passassem dos Arrozais. E quanto às lembranças boas que tive… Elas morreram nas montanhas, e não há como me vingar. Sou forte, mas não sou exército de um só homem.

    Ouvia as palavras de Meridius com o semblante reflexivo; aquele sujeito tinha sede de vingança, isso era certo; ele precisava apenas de um incentivo a mais… Algo que o fizesse mudar de ideia, pois certamente Nurnor o colocara em nossas vidas como uma última peça para aquele quebra-cabeças tortuoso promovido por minha mãe.

    — E se eu te dissesse que há uma forma de obter vingança? — Falei, sério. — E se eu te dissesse que conheço um dos mandantes do Imperador, que não é Lagarto, Dragão ou Draken, e que pode ter sido responsável pela destruição do assentamento em que você vivia? E se eu te dissesse que derrubar esse mandante, que é uma mulher e uma traidora, poderia ajudar Zalamon e todos aqueles que sofrem… Isso te faria reconsiderar?
    Maximus ficou de braços cruzados, reflexivo; ele percorreu o ambiente e todos nós com um olhar ferino, sisudo e desconfiado; ficou cerca de dez minutos refletindo. Por fim, soltou um suspiro.

    — Farei esse favor por Zalamon e as pessoas que perdi nesses últimos anos. — Replicou o homem, sério. — Talvez tenha um contato meu que pode ajudar também, mas ele demorará a chegar. Uma vez que ele estiver aqui, saibam que terei liberdade de ir a Thais quando me for conveniente. Vou ajudá-los como der, mas que fique claro: eu não sirvo a vocês; eu não respondo a vocês; eu sou um homem livre. Sou um bastardo inglório e quero vingança. E, se algum de vocês pensar em me sacanear, eu pessoalmente esmagarei suas traqueias. Fui claro?

    — Perfeitamente. — Eu, Brand e Jack falamos em uníssono. — Bem-vindo ao grupo, Maximus Meridius. — Emendei, tentando cortar o clima ruim.
    O homem assentiu de forma menos intimidadora.

    — Fafnar está nos céus; é hora de recuarmos e darmos raporte a Zalamon. — Silvou Emulov.

    — Yumi, pode nos transportar a Zalamon? — Indaguei.

    — Posso e vou. — Replicou a moça, sempre afável. — Segurem-se!

    Yumi estalou os dedos e fomos todos envolvidos por uma cortina densa de fumaça azul-clara; em poucos instantes, fomos levados para fora do Templo do Equilíbrio para os aposentos de Zalamon, trazendo a ele péssimas notícias…


    Continua...

    -----


    Glossário:

    (*): Estilo encontrado em [Art Life Thread] - Histórias do Don, nos Capítulos 04 e 05. Estilo desenvolvido pelo assentamento de Guerreiros Humanos em Dragonblaze Peaks, onde Don residiu por anos após suas fuga dos esquemas perversos de Harkath Bloodblade.

    (**): Contraparte do "Garras do Lobo Branco". Estilo de combate dos Lagartos que mistura a agilidade das cobras com a agressividade dos louva-deuses.

    O personagem novo em questão é Don Maximus Meridius, de autoria do próprio @Don Maximus Meridius ; demorei bastante, mas enfim consegui incluí-lo na história de uma forma que os dois universos pudessem conversar bem.

    Spoiler: Considerações Finais


    -----

    E é isso aí, pessoal! Até o próximo!

    Aguardo os feedbacks de vocês!

    Abraço,
    Iridium.
    Última edição por Iridium; 08-05-2016 às 22:33.

  8. #308
    Avatar de Bruttar
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    Caramba... Que capítulo mermão! Que treta!
    AMEI a forma como você descreveu toda a briga, bem claro e compreensível, geralmente essas narrações costumam me confundir.
    Bateu uma bad por lembrar do Liive :/
    Por favor poste o próximo logo ;(
    - ALASTOR

  9. #309
    Basterds Boss (Y) Avatar de Don
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    Tava tomando café da manhã quando li isso aí e a reação foi essa aqui:



    Só tenho a dizer que é uma honra participar disso aí, você é ótima descrevendo batalhas épicas, gosto muito de você e sempre estarei por perto pra te ajudar no que você precisar.

  10. #310
    Avatar de Kerrod
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    Champz

    Gostei dessa treta reptiliana voce esta melhorando bastante na descrição das porradas espero novas tretas como essa

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    o morcego perguntou ao outro ambos pendurados de cabeça para baixo

    _qual a pior situação que vc ja viveu dormindo de cabeça para baixo?

    o outro morcego respondeu:

    _caganeira





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