Resultados da Enquete: Que Facção deveria Ireas Escolher?

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  • Marid (Blue Djinns)

    17 60,71%
  • Efreet (Green Djinns)

    12 42,86%
Enquete de Múltipla Escolha.
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Tópico: A Voz do Vento

  1. #291
    Cavaleiro do Word Avatar de CarlosLendario
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    Esses dois últimos capítulos foram doidos, hein. E pensar que a mãe do Ireas já foi uma pessoa boa... Mas se bem que ela virou o que ela virou pelo culto, mas acabou saindo do caminho. E eu também não esperava nada bom vindo do Yami, mas em minha visão era melhor eles terem absorvido os pais do que perder eles pra Seline. É um fim um pouco menos ruim.

    E supostamente Variphor tomou Wind pois ele é um Yalahari, certo? Então ele pode tomar controle de qualquer yalahari que ele quiser? Não sabia dessa.

    Bom, ótimo capítulo, Iri. Algo engraçado sobre esse final é que eu estava vendo o que escrevi sobre os outros dois livros da minha história que eu tinha planejado antes, e percebi que o Azerus, ou Variphor, aparece no terceiro livro. Inclusive é um vilão do nível de Urgith. Não sei se chega a ser um spoiler, afinal, eu nem mesmo sei se irei conseguir terminar esses dois livros, talvez eu seja banido do fórum antes por causa do shout, não sei. Veremos.

    Aguardo o próximo.

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  2. #292
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 44

    Saudações!

    Senhores, é com muita alegria que anuncio que a I Justas Tibianas já está com inscrições abertas! Para se inscrever, basta clicar no link em minha assinatura ou encontrar o tópico correspondente aqui na Seção Roleplay! Lá contém todas as regras para que você possa participar de uma experiência única e divertida! Outra alternativa é clicar aqui.

    Quaisquer dúvidas, só enviar uma MP ou deixar um post no tópico de inscrição que responderei assim que possível.

    O Capítulo de hoje é, sem dúvidas, de muita importância para mim, pois corresponde ao capítulo de número 75 da história como um todo. É um número bem grandinho, o qual não esperava atingir nessa história. Posso apenas dizer que tem sido maravilhosa essa jornada a cada linha, e espero que estejam comigo até o final, seja ele qual for.

    Spoiler: Respostas aos Comentários


    Spoiler: A Voz do Vento 2016, Extra #8 (23/03/2016)


    Sem mais delongas, o Capítulo de Hoje!

    ------

    Spoiler: Bônus Musical


    Capítulo 44 — Sombras de Yalahar

    E se reúnem as Sombras...

    (Narrado por Ireas Keras)



    Foi um dia muito estranho. Muito estranho.

    Demorou um tempo até eu me acostumar àquele ser tomando conta de Wind; demorou bastante até que sua voz metálica e etérea se tornasse mais tolerável e compreensível. Foi com muita frustração que tive que lidar com o fato dos demais tomos estarem escritos em uma língua que eu não podia ler, e que Variphor parecia estar mais familiarizado.

    — É a linguagem dos Lagartos, não tenho dúvidas quanto a isso. — Dizia o ser através das cordas vocais de Wind. — Parece misturada com Élfico também, mas... Não acho que deveria dizer o que está aqui para vocês. Não ainda.

    — Como assim? — Indaguei, cruzando os braços e franzindo o cenho — Com que direito você diz isso?

    Acho que eu havia perdido a noção. Eu não sabia com quem estava tratando; já havia escutado lendas sobre a entidade que preenchia a área cinza entre a existência e a não-existência, e assutava-me o fato de que algo que não havia sido visto antes pudesse ter causado tamanha discórdia dentro de uma civilização antes tão gloriosa. Achava que ele se tratava apenas de uma lenda, e nunca me ocorrera que um dia a lenda estaria ali, à minha frente.

    Usando o corpo de um de meus maiores amigos como receptáculo.

    — Huh... Menino arrogante. — Falou o Yalahari, olhando-me de cima com os olhos naquele tom mórbido e arrepiante. — Acha mesmo que darei a você o conhecimento de alguém de graça?

    Yami e os demais olharam para mim e para Variphor com os olhos arregalados; eles estavam começando a sentir a minha raiva emanar de novo.

    — Não se trata apenas de conhecimento! — Vociferei, ameaçando chegar perigosamente perto do Yalahari possuído. — Trata-se do destino de muitas pessoas além de mim!

    — Ah...! — O Yalahari cruzou os braços, sorrindo um meio sorriso de escárnio que arrepiou-me por inteiro — Finalmente... Você tem peito, moleque. E parece que finalmente ele é maior que a sua arrogância. Já estava começando achar que a doença de Rookgaard não tinha surtido efeito algum em você, projetinho de psicopata.

    Eu fiquei olhando para aquele ser de queixo caído; como ele sabia de meu histórico em Rookgaard?

    — Ei! Você não tem direito de falar assim do Ireas! — Sírio levantou a voz, com raiva. — Por que você não sai do corpo do Wind e vem ter uma conversa cara a cara conosco?!

    — Mas eu já estou tendo uma conversa “cara a cara” com vocês. — Replicou Variphor, colocando os braços atrás das costas e encarando Sírio com um meio sorriso.

    — Eu não sou um projeto de psicopata, nunca fui! — Protestei, ainda mais furioso com a atitude condescendente de Variphor.

    — É mesmo? — Replicou o ser de voz etérea, sorrindo com escárnio para mim e uma forma que Yami costumava fazer. — Então por que você nunca chorou a morte dele? Ou a de Annika?

    Eu fiquei ainda mais pálido do que normalmente era; todos olhavam para mim sem entender do que o assunto se tratava. Senti como se estivesse voltando àquele tempo, vendo aquele Ireas de quase dois anos antes ali, naquela sala.

    — Como você sabe? — Falei quase que em um sussurro, com a voz batendo surda em meus ouvidos.

    — Ireas, do que ele está falando? — Indagou Sírio, confuso.

    — Há alguma verdade no que ele diz? — Indagou Morzan, por fim.

    — Quem eram essas pessoas? — Emulov falou novamente, preocupado.

    Eu respirei fundo; estava na hora de contar a eles uma parte da minha vida que eu achava ter superado e que nunca voltaria para me assombrar. Olhei para as minhas mãos; minhas unhas continuavam tingidas daquele tom de azul que, apesar de belo, lembrava-me sempre a morte. Meu semblante foi tomado por minhas lembranças tristes daquele dia funesto em Rookgaard, e eu precisava falar sobre aquilo.

    — Uma doença chegou a Rookgaard uns anos atrás. — Falei, triste. — Annika e Khaftos eram duas pessoas que cresceram comigo na abadia de Rookgaard... Assim como eu, haviam sido deixados à deriva pelos pais e... Eram os únicos amigos que eu tinha.

    — Eles morreram lá? — Yami indagou, estranhamente compadecido, ou algo do gênero.

    — Não. Eles não apenas morreram lá. — Variphor continuou a falar, com um sorriso mau no rosto. — Não é verdade, moleque de sorte?

    — Não apenas isso... Foram emboscados em um labirinto nas profundezas da ilha. — Falei de cabeça baixa, tristíssimo. — Havia um outro menino, Shambler... Ele era estranho, para dizer o mínimo. Era um pouco mais velho que nós e sugeriu que fôssemos explorar aquele local... Ele fez o que fizera para nos levar à morte. Fomos até esse labirinto e ele atraiu muitos Minotauros para perto de nós... Annika acabou morrendo e Khaftos e eu ficamos muito feridos... Eu impedi Shambler de subir e ele morreu lá... Khaftos e eu ficamos muito doentes e ele veio a morrer depois. E eu sobrevivi.

    Mostrei minhas unhas a todos — incluindo Variphor.

    — Era um fungo, algo assim... Ficou debaixo das minhas unhas para sempre e eu uso um medicamento para impedir que ela se alastre pelo meu corpo.

    — Como eu disse... Moleque de sorte. — Variphor tornou a falar. — Aquela “doença” que veio com o rapaz era um mal que havia afligido alguns Yalahari... Foi pouco antes deles encontrarem mais coisas do que deveriam. Shambler era um Yalahari e estava muito doente. Não era para você tê-lo deixado para trás.

    — Como? — Indaguei, confuso.

    Você deveria tê-lo salvado.

    Arregalei meus olhos e fiquei com o rosto muito pálido. Como assim “deveria tê-lo salvado”? Shambler nos estava atraindo para as garras da morte! Não havia motivo para ter salvado sua vida. O que Variphor queria com aquilo? Provocar-me mais? Deixar minha consciência pesada como chumbo?

    — Shambler poderia ter sido salvo pela Rosa Azul. — Falou Variphor, com o sorriso sinistro. — Mas não foi. Você só não morreu para a Praga de Yalahar porque estava na posse dessa proteção, dessa... Feitiçaria. Mas... Não importa. Você ainda vai precisar dessa dádiva mais de uma vez e, uma vez que você a perca, bem... Vamos ver para onde sua sorte vai, hehehe...

    O ser que possuía Wind aproximou-se de mim a passos lentos com um dos Tomos na mão e um sorriso que, aos poucos, sumia de seu rosto pálido.

    — Ela ainda está em Zao. A Praga que afligiu os Yalahari tem também origem do mal que agora aflige a terra dos Lagartos Altos. Procurem por ela nos locais mais escuros... E seja sábio quanto à sua dádiva, Ireas Keras; você só tem mais uma, talvez duas chances de usá-la.

    Com isso, ele parou de falar; os olhos de Wind voltaram ao normal e sua palidez sumiu; antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, o Yalahari perdeu a consciência e corri para impedi-lo de ir ao chão. Sua pele estava fria e um pouco pegajosa, mas parecia que era só Wind ali, e não mais Variphor. Em minha cabeça, algumas palavras de Variphor continuavam a martelar em minha cabeça.

    “Você deveria tê-lo salvado.”

    “Shambler poderia ter sido salvo pela Rosa Azul.”

    “E seja sábio quanto à sua dádiva... Você só tem mais uma, talvez duas chances de usá-la.”


    Comecei a temer por meu futuro — como usaria a Rosa Azul? Quando? Com quem? Para quem?


    ****

    (Narrado por Yami, o Primeiro)


    Depois de todos aqueles momentos de tensão, afastei-me dos demais; estava arrasado comigo mesmo. Havia magoado minha irmã de uma forma que nunca imaginei fazer, e não sabia mais se poderia ser perdoado ou redimido.

    Fui até a entrada da casa de Silfind; sentei-me no chão nevado e pus-me a observar a leve nevasca que caía do lado de fora; ouvi uns burburinhos ao longe e virei minha cabeça em direção às minhas costas, e vi Silfind dando sua criança a Keras, tentando ensiná-lo a carregá-la. Comecei a imaginar a vida de minha irmã depois de casada, e voltei a olhar para a nevasca.

    Imaginei a cerimônia na qual eu provavelmente não estaria presente; vi a felicidade no rosto de minha irmã ao dizer seus votos e aceitar os de seu marido. Imaginei onde viveriam, se seria em Ankrahmun ou Thais. Provavelmente, minha irmã escolheria a maior distância dos desertos, para não ter que lidar com as cicatrizes dos conflitos entre os Djinns; criei a imagem hipotética das crianças que eles teriam e da vida cotidiana deles até o fim dos dias de Brand.

    Meus sentimentos quanto a isso eram um misto de tédio e tristeza; tédio por não ser capaz de me imaginar no lugar de minha irmã e tristeza por imaginar que, pela primeira vez em toda nossa existência, eu não seria parte de suas alegrias. Eu talvez não fosse passar de uma distante lembrança de um irmão gêmeo que traíra sua confiança. Suspirei e meneei a cabeça em uma tentativa de afastar de mim aqueles pensamentos.

    Estava tão absorto e distraido que não notei alguém se aproximar; quando olhei para o lado, vi um par de pés brancos e femininos descalços; olhei para cima e vi que Silfind estava ali diante de mim.

    — Seu espírito está inquieto, jovem. — Falou a moça com um semblante preocupado. — O que te aflige?

    — O fato de minha alma ser o mesmo que nada, talvez? — Repliquei triste e com um tom de sarcasmo.

    — Sua alma tem valor, jovem Yami. — Falou a moça Norsir, sentando-se vagarosamente ao meu lado. — Eu ouvi sua história; sei do seu passado, sórdido ou não. Você é uma boa entidade.

    — Engana-se, cara Silfind. — Falei, soltando um riso desacreditado. — Estou longe de ser um bom modelo, uma boa pessoa; fiz muitas coisas erradas na vida...

    — Mas, você está disposto a consertá-las, certo? — Silfind falou com um sorriso. — Não dá para desfazermos o passado, mas sempre podemos fazer do nosso presente algo melhor para o futuro.

    — Como assim? — Indaguei, não dando muito crédito às palavras dela.

    — Você viu Ireas tentando carregar Skadi? — Falou a mulher, olhando para o horizonte nevado. — Ele não tem muita ideia de como carregar uma criança; ele ainda é desajeitado e teme ferir a sobrinha. No entanto, ele me pediu para carregá-la porque quer ser um bom tio. Ele quer me ajudar, já que Hjaern não está mais nesse mundo.

    — Seu marido? — Perguntei, tentando ser um pouco mais simpático.

    Ela respondeu de forma afirmativa com a cabeça, estampando a tristeza e o luto em seus olhos. Entendi, então, que Hjaern morrera antes de seu tempo e que, dada a situação de Silfind, ele havia morrido antes do nascimento de sua filha.

    — O que quero dizer com tudo isso, Yami, é que Ireas está tentando ser melhor a cada dia; ele não está sendo apenas parte de minha vida por uma promessa que fez ao cadáver do irmão. Ele está sendo parte de minha vida porque quer e, enquanto ele quiser, e for uma pessoa cada dia melhor, eu não o impedirei. Eu apenas rezarei para que ele fique em minha vida pelo máximo de tempo possível.

    Ela tentou se levantar novamente e, dessa vez, eu a amparei a fim de que ela fizesse menos esforço. Ela retribuiu olhando-me com ternura com aqueles olhos carinhosos que eu nunca pensei que veria em minha vida.

    — Eu ouvi as coisas que sua irmã disse a você. Eu entendo a dor dela, e tenho apenas um conselho para você: se quiser o perdão de sua irmã, batalhe por isso. Se quiser ser parte da vida dela, faça-se presente. Mas faça ambos da maneira correta. Nunca é tarde demais para você ser o heroi da sua história. Lembre-se disso.

    Ela me deu um abraço, e eu retribuí; ela se afastou de mim e eu acenei com a cabeça, entendendo a mensagem. Eu a vi indo em direção a Keras e ajudando-o a colocar a menina na posição certa; eu dei uma leve risada ao ver aquela cena. Humanos... São seres tão pequeninos e desajeitados quando nascem que ser algum poderia acreditar que, algum dia, essa mesma raça influenciaria na vida de tantas outras... Adentrei novamente na casa e, em um canto mais isolado, vi Emulov abrindo sua mochila e tirando algumas coisas exóticas de dentro dela.

    A julgar pelo semblante abatido do rapaz, ele parecia estar sentindo falta de algo naquele momento. Entretanto, não achei prudente me intrometer; em vez disso, fui para perto de Ireas atrás de minha Lâmpada a fim de repousar um pouco.


    *****


    (Narrado por Emulov Suv)


    Sigh...

    A saudade de casa enfim começara a apertar mais que o usual. Abri minha Mochila de Explorador na esperança de reaver alguns itens que sempre carregava comigo; os pedaços da Bandeira de Legionário que havia ganhado quando bem pequeno... Sonhava em remontar aquela peça quando houvesse tempo hábil. Era o sonho de minha mãe que eu tivesse me tornado Legionário... Na realidade, ela tinha muitos sonhos para mim, talvez mais do que eu pudesse corresponder.

    Estava com medo da frustração deles; não queria sentir que falhei com todo mundo que conheci. Não queria voltar com eles sabendo que eu optei por um outro caminho que não o da Drakinata; tinha receio de que me rejeitariam se soubessem o que eu virei. Ou, ao menos, o que minha vocação representa perante nossa sociedade...

    — Emulov?

    Huh!

    Olhei para cima e me deparei com Icel e Morzan me observando; de todos nós, o Thaiano era o que parecia ter sofrido mais com os últimos dias... Estava olhando para eles com meu semblante de sempre. Buscando ocultar as emoções que sentia. Pigarrei um pouco, aguardando pelas falas deles.

    — Está tudo bem aí, parceiro? — Indagou Morzan.

    — Você está ainda mais quieto que o usual... — Falou Icel. — Essas coisas aí no chão... O que são?

    Meu rosto enrubesceu; Emulov, seu tolo! Havia deixado minhas recordações livres para que todos pudessem ver!

    — N-nada! — Silvei, envergonhado, guardando tudo rapidamente. — São só... Coisas da minha terra, só isso...

    — Anda sempre com um pedaço da casa contigo, né? — Morzan falou, agachando-se perto de mim e colocando uma das mãos em meu ombro — É normal! Todo mundo aqui sente falta de casa, independentemente das aventuras que vivemos...

    — Não é falta... — Falei, de cabeça baixa e um pouco chateado. — Trata-se de um dever antigo. — Levantei, afastando-me de Morzan. — Bom... Avisem a Ireas que podemos ir assim que ele desejar... Vai ser melhor se terminarmos logo isso...

    — Se você diz... — Falou Icel, afastando-se de mim e indo em direção a Ireas.

    Soltei um suspiro e percebi que Morzan ainda estava por perto; dessa vez, com os braços cruzados e um meio sorriso.

    — Que medo todo é esse, Lagartinho? — Sua pergunta era quase que um convite à provocação.

    — N-não é medo...! — Falei, tentando desconversar. — Já disse!

    — Seja lá o que for, Lagartinho, você precisa lidar logo com isso. — Falou o mais velho dos Snow. — Olha, você me parece ser o cara mais responsável daqui. Qualquer que seja o problema, tenho certeza que você estará mais que preparado para lidar com ele. Então... Medita e fica tranquilo, que vai dar tudo certo.

    — Obrigado pelo voto de confiança... — Falei, inclinando levemente meu tronco em direção a Morzan. — Espero lidar com isso da melhor forma possível.

    Morzan se afastou de mim com um sorriso e um aceno de cabeça, indo em direção aos demais. Brand e Yumi voltaram um tempo depois, e eu aproveitei a quietude do meu canto para acender uma vela vermelha em um prato de porcelana, jogando pétalas rosadas de uma flor comum à minha terra nas chamas, que assumiram um tom rosado. Em seguida, sentei-me de frente para a vela, cruzei as pernas e juntei minhas mãos, palma com palma, e as aproximei de meu peito. Fechei os olhos e comecei a respirar lentamente.

    Era hora de fazer minhas preces ao Imperador.


    ***

    No dia seguinte, comuniquei a Ireas que a melhor hora de viajarmos seria em três dias a contar daquela manhã; o Norsir apresentou a sugestão a todos do grupo, que concordaram com ele quase que de imediato. Ireas guardou todos os outros Tomos em sua mochila, e chamou por Yami na data que eu falei. O Efreet, com ajuda da irmã, criou um portal para nós, que atravessamos rumo ao Nordeste.

    Marchamos rumo à minha terra, à Fronteira Final.


    Continua...

    -----

    É isso aí, pessoas! Reta final! Por favor, deixem seus comentários, seus likes... Tudo!

    E quem quiser seinscrever no Torneio, corra que há duas vagas livres! Aguardo por vocês! Até a próxima!


    Abraço,
    Iridium.
    Última edição por Iridium; 23-03-2016 às 20:14.

  3. #293
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    Ótimo capítulo. Você me lembrou de um bagulho que eu já tinha esquecido tem muito tempo, aposto que outros também. Mas não é de se surpreender, essa parte da história deve ser de 2012... Quase quatro fucking anos atrás. Lembrou-me de bastante coisa que eu tinha esquecido, principalmente da fodice de Variphor. Ainda acho que a Cip deveria aproveitar mais o tema de Yalahar e sua história e criar outras coisas lá, talvez uma world quest envolvendo ela e o resto do Tibia. Bom, só resta sonhar, pois sabe como é que é essa empresinha. SUB-ALEMÃES IMBECIS DO CARALHO

    E parece que essa parte da história em Zao promete bastante, parece que teremos visitinhas a Razzachai e outros cantos obscuros daquele lugar. Gosto bastante de Zao e do tema, já cheguei a explorar quase toda a parte sul, a principal, com o meu personagem, ficou faltando só Zzaion(Os portões e uma partezinha da cidade eu já explorei). Espero que role umas coisas doidas lá, tipo alguém morrendo pra corrupção de North Zao, uns golpes de kung fu, um panda roubando a lampada do Yami, essas coisas ai. Também to esperando o Yami invocar o Gaz'Haragoth pra comer o cu de todo mundo lá no final. eu sei que tu vai fazer algo do tipo

    Enfim, aguardo o próximo.



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  4. #294
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    CAPITULO COMPRIDO WEEEEEEEE
    Porra, Lagartinho?! Senta-lhe a vara Emulov.
    Aliás, adorei a narração do Lagartinho.

    Muito bom, como sempre Fer. Espero que Yalahar apareça mais na história =D
    - ALASTOR

  5. #295

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    E ai Iri, finalmente acho que posso comentar. (Escreveu bem pouco em?) rss

    Sobre o primeiro pergaminho, me pareceu muito como uma fase introdutória interessante, abriu vários pontos para serem explorados posteriormente. Diferente dos que eu fiz, foi algo que soou mais natural, e também me interessa bastante o quão mais desafiador você fez parecer as quests, destrinchando bem mais o que realmente devia ser apreciado: A história real por trás dela.

    Sobre o segundo parei na revolução dos piratas, mas acho que comentarei sobre a mesma mais para frente. O que vem me conquistando é como o mistério da mãe do Ireas consegue durar tanto tempo, e sem dúvidas sua personalidade dúbia. Pois ninguém em sã consciência desperta interesse, entretanto vive se escondendo e agindo por intermédio de terceiros.

    No mais sigo acompanhando, abraço.




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  6. #296
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 45

    Saudações, moçada do Fórum!

    Estive um pouco mais ausente do que gostaria dessa história... Atualmente, estou coordenando a I Justas Tibianas, que é o novo Torneio aqui da Seção Roleplay. Você pode conferir as regras aqui. Então, estarei preparando as novidades de A Voz do Vento em paralelo nesse meio tempo entre uma rodada e outra.

    Como já venho anunciando a alguns capítulos, o Segundo Pergaminho está, enfim, caminhando para a sua reta final. Foi um processo difícil, especialmente porque me afastei do Fórum por mais de um ano, o que atrasou consideravelmente meu planejamento. Minhas motivações para voltar foram muitas e, com isso, mantive-me por essas bandas para escrever.

    Queria saber uma coisa de vocês: quais suas apostas para o fim desse Pergaminho? E como acham que a história acabará, em geral? Se possível, respondam-me essas perguntas junto ao seu feedback. Quero ver o quanto as apostas mudaram desde o Primeiro Pergaminho.

    Spoiler: A Voz do Vento 2016, Extras #9


    Spoiler: A Voz do Vento 2016, Extras #10 (05/04/2016)



    Spoiler: Respostas aos Comentários


    Sem mais delongas, o Capítulo de Hoje!


    ----

    Spoiler: Bônus Musical


    Capítulo 45 — Esquecimento, a Eterna: A Nova Fronteira (Parte 1)

    A Fronteira Final se aproxima...

    (Narrado por Emulov Suv)



    Leitor, qual o lugar que você mais gosta nesse mundo? Não precisa ser uma nação em específico... Talvez um local pequeno, onde você possa ser você mesmo sem parecer tão diferente do mundo que te cerca. Um lugar que você possa chamar de seu mesmo que ele não te pertença em termos de posse. Todo mundo tem esse lugar: inclusive eu. Quero que você pense a respeito disso, pois estou prestes a descrever o meu lugar favorito em todo esse mundo de Tibia.

    O lugar aonde cresci e onde aprendi a fazer sempre o melhor que eu puder.


    ***

    O portal foi aberto por Yami; Ireas o invocou assim que a luz se fez presente timidademente no horizonte, o Norsir sacou a lâmpada de sua mochila e usou um pouco de neve para esfregá-la. O Djinn materializou-se pouco depois, não muito contente por ter sido despertado tão cedo e de forma tão... Gélida. De toda forma, expliquei a ele o que deveria ser feito e ele me concedeu, através de Ireas, um único desejo para aquele dia em especial.

    — Que se abra a porta para o Nordeste inóspito! — Yami falou, estalando os dedos logo em seguida.

    Era um campo de força de raias púrpuras que se tornavam mais densas conforme aproximavam-se do centro, afundando levemente ao se aproximar da projeção etérea de um jardim de flores rosadas e árvores de troncos pálidos. Eu conseguia sentir o cheiro fresco de fruta-de-dragão e cereja vindo do vórtice dimensional. Entretanto, havia um outro rastro naquela cena — e certamente não era nostálgico para mim.

    — É esse o local, Emulov? — Indagou Yami.

    — É... — Fechei meus olhos e respirei fundo, inalando aquela fragância tão familiar — Esse mesmo.

    O outro rastro olfativo continuava a me incomodar por algum motivo. Abri meus olhos lentamente em uma tentativa de desviar minha atenção daquilo. Olhei para o vórtice novamente e vi outro cenário familiar; um sorriso leve abriu-se em meu rosto, o qual fiz questão de disfarçar.

    O outro rastro olfativo continuava a me incomodar por algum motivo. Abri meus olhos lentamente em uma tentativa de desviar minha atenção daquilo. Olhei para o vórtice novamente e vi outro cenário familiar; um sorriso leve abriu-se em meu rosto, o qual fiz questão de disfarçar.
    — Sigam-me e fiquem sempre à vista. — Falei, decidido. — Eu saí de Zao alguns anos atrás... Meu pais não me veem há três anos, desde que fui à Ilha do Destino me tornar... Feiticeiro.

    A minha última palavra soou baixa e surda até mesmo para os meus padrões. Estava preocupado... Três anos já haviam se passado desde aquele dia; perguntava-me como estariam eles... Se a cidade ainda estava como e me lembrava e se eles ainda mantiveram o ninho em que dormira um dia. Fechei meu semblante e comecei a caminhar em direção ao portal. Ouvi, aos poucos, os passos dos demais atrás de mim. Entrei no portal, fechei meus olhos e decidi confiar em meus outros sentidos...


    ***

    (Narrado por Rei Jack Spider)


    Recebi uma carta; a casa de Liive enfim foi comprada. Infelizmente, meus esforços não foram suficientes para impedir que as memórias terrenas de meu amigo fossem removidas de Svargrond como se nunca houvessem existido.

    O novo dono garantiu-me que as coisas dele me seriam entregues muito em breve; pareceu-me uma pessoa muito gentil pelas cartas. Só havia uma coisinha que estava me causando estranhamento. Na realidade, não eram nem uma tampouco duas, senão três. Não tive muito mais tempo para analisar a carta, já que logo vi Emulov sumir em meio ao vórtice.

    O papel de carta era bem antigo, muito alterado pela umidade.

    Havia pequenas manchas de sangue nas laterais do envelope amarelado.

    E o conjunto cheirava a rum recém-destilado.


    ***

    (Narrado por Emulov Suv)

    Abri meus olhos e lá estava minha terra natal a me esperar; meus pés tocaram o solo negro da montanha que separava os dragões de menor porte do restante de meu mundo. A luz estava lentamente esvaindo-se no horizonte, e o vento soprava dócil, um pouco mais ameno que a última vez que o sentira. Possivelmente estávamos perto da primavera, o que significava que meu aniversário estaria próximo.

    — Para onde agora, Lagartinho? — Morzan tinha que se referir a mim por um apelido constrangedor.

    — Err... Noroeste. — Falei, apontando para o horizonte. — Aqui onde estamos são os Picos das Chamas dos Dragões*... É a montanha que nos separa de Mina Distante** e de meu lar. Sigam-me, conheço um atalho que nos levará para baixo sem chamar a atenção deles...

    Eles concordaram e puseram-se a me seguir; utilizando um canivete de cor vermelha***, removi uma pilha de pedras vermelhas de meu caminho, revelando um buraco por onde podíamos descer; guiei o caminho da companhia entre buracos e espaços para subir com o auxílio de cordas; sentia o ar ficando cada vez mais ralo e frio, e tinha certeza de que estávamos na trilha certa; comecei aos poucos a descender o caminho, fazendo-os atravessar a montanha no refúgio das paredes mornas em um caminho nunca mais utilizado pelos Dragões. Assim que abri o acesso ao último túnel descendente, senti uma lufada de vento primaveril atingir meu rosto; entretanto, havia, novamente, aquele cheiro estranho que senti quando adentramos no vórtice. Alguma coisa estava muito, muito errada em minha terra natal.

    Fui o primeiro a saltar fora da passagem; a luz de Fafnar estava já quase se esvaindo, e eu podia sentir a queda na temperatura do ambiente. Semicerrei meus olhos e consegui perceber que havia um movimento ao longe; a mata alta e de tom amarelo escurecido começou a farfalhar lenta e constantemente; estávamos à vista de alguém.

    — Sssh! Escondam-se. — Pedi, sussurrando com ímpeto. — Eu verei o que há ali.

    O grupo se embrenhou na relva alta e eu mantive meus olhares fixos no farfalhar adiante; curvei um pouco, tentando disfarçar meu tamanho. Aos poucos, esgueirei-me para perto da mata.

    Parem osss invasoresss!

    Junto ao grito, voou uma alabarda familiar em minha direção, da qual desviei com certo custo. O sol terminara de se pôr, mas eu conseguia ver o brilho da pouca armadura dos meus adversários.

    Dois Lagartos Legionários.

    Tingzhi*! — Gritei, estendendo os braços para cima — Tingzhi!

    Recebi em retorno outra alabarda voadora, que passou raspando por meu torso, abindo uma ferida em meu tronco. Comecei a ficar com raiva.

    — Exori Gran Flam! — Urrei, mirando em um deles.

    A bola de fogo o atingiu em cheio; o Lagarto começou a gritar de dor e e o vi cambalear em minha direção; foi quando as chamas que conjurei diminíram que eu vi os olhos amarelos do réptil se abrirem de forma abrupta e assustada, como se ele me reconhecesse. Uma outra alabarda voou, e esse réptil a segurou.

    — Não me reconhece mais, Mosheng**?! — O Lagarto falou para mim e sua voz soou familiar; e jovem.

    — Ren?! Meu irmão Ren?! — Exclamei, incrédulo.

    — Ting Li, não atire mais! — Exclamou Ren. — Ele voltou!

    Eu virei me rosto para trás e sinalizei para que meus companheiros saíssem das matas. Aquele Lagarto era, de fato, meu irmão. Melhor dizendo, ele era um dos meus irmãos – de ninhada.

    — Emulov, é seu irmão de criação? — Indagou Ireas, apontando para Ren.

    — Sim! — Repliquei. — Meu irmão de ninho...

    Eu olhei para frente e fiquei pasmo; o outro Lagarto vinha trajando um pouco mais de armadura que meu irmão; as escamas da proteção para o peito e as pernas brilhavam em um tom de branco similar ao das pétalas das árvores de cereja que cresciam naquela região. Senti um nó na minha garganta, principalmente depois que vi a coroa feita de bronze entrelaçado e adornada com flores em sua cabeça; sua íris era verde com um halo amarelo próximo da pupila. Tive que me controlar muito para não deixar escapar a palavra de afeição que eu não poderia dizer.

    — E aquele, quem é? — Yami indagou, cruzando os braços.

    — Não é aquele... É “aquela”. — Eu corriji e andei para perto da outra Legionária. — Guanxin*** Ting Li! — Falei, levando minha mão direita cerrada de encontro à esquerda e reverenciando a Legionária à minha frente. — Faz três anos que não te vejo... Mamãe.


    ****


    (Narrado por Sírio Snow)

    Meu queixo caiu; não era nenhuma surpresa que Emulov fosse adotado, tampouco que era de Zao e que havia sido criado por Lagartos, mas a recepção que foi dada a ele foi... Estranha para caralho, para dizer o mínimo; se minha mãe ainda fosse viva, eu teria corrido para o abraço! Em vez disso, o Lagartinho foi até ela e... Curvou-se, e nada mais. Ela, em retorno, curvou-se de volta, mas não parecia muito feliz. Se minha mãe estivesse viva e visse que eu e meu irmão ainda estávamos vivos, com verteza ela faria um bom bolo de Banana e e Erva-Estrela**** com Rum...

    — Então... Você voltou. — Falou a Lagarto com um silvo gentil, porém firme. — Mas vejo que carrega o fogo dos Dragões com você. Xiao***** Emulov, você não conseguiu seguir o Caminho da Drakinata?

    Vi Emulov sair da postura de curvado e ficar ainda bem tenso; a pergunta fora feita de forma tão gélida que parecia mais que Ireas havia conjurado um feitiço em um hora totalmente inoportuna. Emulov abaixou a cabeça, e a conversa parecia não ir tão bem assim.

    — Terminaremos essa conversa em nosso ninho, Xiao Emulov. — Falou a Lagarto, que logo dirigiu seus olhares para nós. — Eu sou Ting Li, uma Legionária à serviço do verdadeiro povo de Zao. A julgar pelo cheiro de meu Xiao Emulov em vocês, devem ser aliados. Sigam-me; a noite está ficando densa e imagino que não vieram aqui à passeio.

    Dito isso, Ting Li deu às costas a nós e seguiu seu caminho, e Ren fez o mesmo pouco depois, ainda muito desconfiado; Emulov nos olhou com um olhar melancólico e sinalizou para que seguissemos os parentes dele. Eu concordei e segui adiante; em meu caminho, vi Ireas e Yami trocarem sussurros e olhares de suspeita para a região.

    Dei de ombros e segui viagem, sem entender muito do ocorrido.


    ****

    (Narrado por Emulov Sun)

    Guanxin já sabia... E ela não estava nem um pouco contente com o que eu decidira para minha vida, tinha plena certeza disso. Ela não trocou uma palavra sequer comigo durante a caminhada; meu irmão Ren, claro, ficou calado, pois é o que manda nossa tradição.

    A noite já havia chegado, e logo vimos as estrelas despontando timidamente no céu; alguns vagalumes mais ousados passavam por nós com sua luz cálida e logo se escondiam na relva alta. Foram cerca de quarenta minutos de caminhada, sendo que Yami foi recolocado em sua Lâmpada pouco antes de eu conseguir ver a silhueta de meu Ninho.

    Era um edifício de madeira de dois andares com uma pagoda de telhas azuis, com misulas****** em formato de cobra. Eu estava ouvindo o som de tambores e de Erhu******* quando chegamos; à luz fraca, distingui a silhueta de meus outros irmãos.

    — Mosheng! Mosheng! — Eles silvavam enquanto vinham correndo.

    Eram quatro Lagartos tranjando robes de cor avermelhada, onde apenas um deles era fêmea e que trajava um quimono de cor rosada. Eles vieram atémim e Ren com os braços abertos e de forma muito calorosa.

    Zala! Chen! Araz! Zula! — Falei com a respiração um pouco cortada em meio a tantos abraços. — Quanto tempo!

    — É ótimo te ver, Mosheng! — Falou Zala, o mais velho, dando uns tapas em meu ombro. — E esse cetro aí? Não me diga que você...

    — Ué, não era para ele ter se tornado Legionário? — Indagou Chen, confuso.

    — Acho que sim... Ué... — Comentou Zula, igualmente consternado.

    — Você não é Legionário, irmão? — A gentil Araz me perguntou, tristonha.

    — Eu... — Comecei a abaixar a cabeça, envergonhado.

    — Ele seguiu o Caminho do Cetro de Fogo, meus irmãos. — Ren intercedeu por mim. — Ele não conseguiu pegar em armas, então deve ter recorrido à magia, como aqueles Sacerdotes o fazem.

    — Então... Nunca teremos um outro Alto Guarda no ninho? — Araz indagou, melancólica.

    — Não necessariamente... — Tentei interceder, balbuciando além da minha vergonha. — Digo, Ren ainda pode se tornar Legionário! E a Guanxin, também...

    — Chega desse assunto. — A voz de minha mãe soou alta e fria, e nos calamos. — Não é hora de discurtirmos isso, meus filhotes... Ren e Araz, guiem os convidados para dentro. Chen, Zula e Zala, vocês vão me ajudar com a janta. Vamos precisar de bastante comida para hoje.

    Minha mãe se curvou e eu retribuí a reverência, deixando-a entrar. Aparentemente, ela estava muito, muito decepcionada comigo. Fiquei olhando para o chão, sem saber como reagir.

    — Xiao Emulov. — Ting Li tornou a falar comigo.

    — Sim? — Indaguei com certo receio.

    — Além de tirar as botas, esconda esse cetro quando entrar em casa. Não quero que seu pai tenha uma surpresa desagradável ao se deparar com o seu filhote mais caçulinha.

    Eu abaixei minha cabeça e a reverenciei, acatando seu pedido. Entretanto, em minha mente eu me perguntava: o que acontecera com meu pai? Estaria ele bem? E que história era aquela de “nunca teremos um Alto Guarda no Ninho”?

    Estaria meu pai... Não, não estaria. Não poderia estar. Mas eu estava com medo do descobrir o estado de meu pai, fosse ele qual fosse.


    Continua...


    ----

    Glossário:

    (*): Tradução livre para Dragonblaze Peaks, a cordilheira que separa o Sul de Zao do Norte de Zao; "Tingzhi" significa "Pare!" em Mandarin.

    (**): Tradução livre para Farmine; "Mosheng" é uma das sílabas que compõe a palavra "estranho" em Mandarin.

    (***): Trata-se do Sneaky Stabber of Eliteness, canivete concedido como recompensa àqueles que se juntaram à AVIN na Secret Service ou que compraram esse item de membros da AVIN; "Guanxin" significa "cuidador" em Mandarin.

    (****): Tradução livre de Star Herb, à qual é similar à baunilha, segundo Jean Pierre.

    (*****): "Pequeno" em Mandarin.

    (******): Ornamentos colocados em vigas que sustentam os telhados em casas.

    (*******): Violino chinês; é composto de duas cordas e uma extremidade de madeira comprida, com uma pequena caixa acústica na base.


    ----

    O Capítulo demorou bastante, mas está aí! Aqui na Seção estamos envolvidos com a I Justas Tibianas! Dá uma conferida no calendário, pois as disputas serão postadas muito, muito em breve!

    Aguardo o feedback de vocês aqui! Até a próxima!


    Abraço,
    Iridium.
    Última edição por Iridium; 05-04-2016 às 14:34.

  7. #297
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    Excelente escolha de musica!
    Excelente capítulo também, muito legal ver mais sobre o contato de Emulov com seus parentes... Mas qual foi, os Lizards mago são muito mais fortes e chatos que os legionários! Eles deviam é ficar orgulhosos
    - ALASTOR

  8. #298
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 46

    Saudações, pessoal!

    Bem, os últimos dias foram corridos para mim, com a questão da I Justas Tibianas e talz... Bom, a primeira rodada foi fechada e a segunda começará semana que vem! Espero que hajam muitos votos nessa etapa também!

    Estou muito contente com o Torneio no geral -- ganhando ou perdendo, todos deram seu melhor, e é isso que importa! Estou ainda trabalhando em todas as premiações e pretendo entregá-las o quanto antes.

    Então, vamos à Resposta ao único Comentário da vez:

    Spoiler: Respostas aos Comentários


    Sem mais delongas, o Capítulo de Hoje!

    ----

    Spoiler: Bônus Musical


    Capítulo 46 — Esquecimento, A Eterna: A Fronteira Final (Parte 2)

    Os Dragões e os Lagartos hão de lutar nos Campos de Arroz...


    (Narrado por Wind Walker)



    Os irmãos de Emulov nos receberam bem, apesar de sermos estrangeiros de sangue-morno; eram todos muito diferentes dos Lagartos que eu havia ouvido falar em Tiquanda; eram mais organizados e complexos, e tinham hábitos... Peculiares. A começar pelo interior das casas.

    As casas eram feitas todas de madeira, no máximo com fundação de pedras; o chão parecia coberto por uma camada trançada de folhas de arroz, e não era permitido entrar no local sem antes remover os sapatos; havia uns chinelos de palha de arroz ao lado da porta, que eram todos maiores que nossos pés, até mesmo os chinelos marcados com flores, os quais supus pertencer às mulheres. Emulov também tinha o chinelo dele, que era bem menor e tinha cinco grandes grãos de arroz adornando a tira do calçado.

    Aquela residência era composta de uma grande sala-corredor, onde os outros pequenos cômodos eram separados por paredes removíveis feitas de um tecido parecido com seda, porém escamado; eles usavam velas em lanternas redondas, avermelhadas e com motivos simples, em cor dourada, para manter o espaço iluminado. Em um cantinho específico dessa sala, havia um altar improvisado de madeira, com um incenso aceso à esquerda, uma vela rosada no centro e uma pequena escultura de cor preta que não consegui distinguir ao certo o que era.

    Araz e Ren nos guiaram à área de jantar, que nada mais era que uma mesa baixa de madeira escura, com pratos rasos de cerâmica branca, com uma cumbuca de mesmo material em cima dele e copos pequenos de mesma matéria. Eram objetos muito... Delicados, o que era incomum para todos nós. Eu há muito não via algo tão valioso e simples ao mesmo tempo; em Yalahar, usávamos prata, mas tudo parecia ter se corroído depois que ele... Que ele tomou conta de nossas vidas.

    — Sentem-se nas almofadas, por favor. — Araz silvou gentilmente, evitando de nos olhar nos olhos. — Trarei um pouco de chá e manjar para vocês.

    Notei que de todos os Lagartos, Araz e Ting Li eram as únicas que tinham algo similar a cabelo; eram escamas de cor mais escura que pendiam de suas cabeças, sendo delimitadas pelas coroas de bronze com as flores. Vi a silhueta da matriarca projetada na tela, movendo-se rapidamente de um cômodo a outro, e dando ordens a seus filhos em uma língua estranha demais para mim. No aspecto estético, as fêmeas pareciam vestir-se de forma mais requintada que os machos. No caso, Emulov não era exceção.

    Vi o Zaoano ajoelhar-se sobre a almofada e sentar-se sobre seus calcanhares; vi Ireas olhar para o rapaz e tentar imitá-lo, apesar de estar claramente desconfortável com tal postura. Eu ri baixinho e sentei de pernas cruzadas sobre a almofada mesmo, sem me importar muito com a postura; não fiz isso por desleixo, senão cansaço – queria ficar à vontade e nada mais.

    Ren sentou-se ao lado de Emulov e eles começaram a conversar animadamente sobre as coisas que se passaram nos últimos três anos. Não consegui pegar muito da conversa, pois estava prestando atenção em outras coisas.

    Na realidade, em uma pessoa em particular.


    ****


    (Narrado por Ireas Keras)


    Araz voltou à sala com um bule de chá em mãos e uma travessa cheia de doces apoiados em sua coroa; um a um, elas nos serviu – primeiro os homens e depois as mulheres. Quando Brand foi servido, ele entregou seu copo a Yumi e falou à Lagarto que a Darashiana era sua noiva; ao fazer isso, Araz reverenciou Yumi e deu a ela uma das flores de sua coroa, desejando felicidade eterna ao casal. Em seguida, ela colocou a travessa no centro da mesa, pegou os pratos de Yumi e Brand e os serviu. Após fazer isso, ela ficou parada perto da mesa, como se estivesse esperando por alguma coisa.

    — Sente-se conosco! — Falei com um sorriso.

    — Oh! Não, não! — Araz silvou timidamente, balançando a cabeça de um lado para o outro. — Não posso... Devo esperar todos os meus irmãos se sentarem. E tenho que ir ajudar minha mãe se eu não for necessária aqui...

    Inclinei minha cabeça e franzi o cenho, confuso; como assim, ela teria que esperar? A coitada devia estar caindo de fome e cansaço! Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, vi Emulov levantar a mão esquerda com o semblante sério.

    — Meu povo cria fêmeas para servir ao Imperador como guerreiras e caso não possam fazê-lo, tornam-se servas do lar e, portanto, dos machos de seu ninho. O que ela está fazendo não é estranho, Ireas: ela está ficando à disposição, só isso. — Ele virou o rosto em direção à irmã. — Xiao Araz, onde está nosso pai?

    De repente, ouvimos o som de algo caindo no chão e quebrando contra o assoalho de madeira; a voz dos irmãos de Emulov silvaram temerosas detrás da tela, enquanto parecia haver um movimento frenético naquele cômodo. A matriarca esbravejou algo em seu idioma natal, e logo apareceu no nosso cômodo visivelmente alterada.

    Ting Li veio até o nosso cômodo visivelmente perturbada; ela veio furiosa em direção a Araz, e eu temi pela integridade da menina, cerrando os punhos e me controlando para não fazer nenhuma besteira.

    — Você deixou ele perguntar?! — Silvou a matriarca, furiosa. — O que eu te falei sobre isso, hã?! O que falei?!

    — G-Guanxin… — Araz abaixou a cabeça com medo.

    — Guanxin, não brigue com ela! — Emulov interveio, levantando a voz — Eu que perguntei. Quero saber porque o patriarca do ninho Suv não está conosco. O que aconteceu nesses três anos?

    — Xiao Emulov, não me desacate! — Ting Li respondeu, furiosa. — Já te falei que não é para perguntar!

    — Isso significa que ele… Morreu, Guanxin? — Emulov indagou.

    A mãe de Emulov segurou o ar com força, pasma com a pergunta. A sala inteira se calou e Ren olhou para o irmão com os olhos arregalados. Os outros irmãos de Emulov apareceram na sala logo em seguida com os semblantes notoriamente tristes e surpresos.

    Fiquei olhando para Emulov, que parecia não querer perder a pose; a pergunta parecia ter tocado em uma ferida que sequer tivera tempo de cicatrizar. Ting Li foi se acalmando aos poucos, recuperando o fôlego perturbado pela situação.

    — Simplesmente não faz sentido vocês falarem que nunca haverá um Alto Guarda vindo do Ninho Suv. — Emulov falou, silvando da forma mais controlada que podia — O Patriarca era um Alto Guarda; eu me lembro bem disso…

    — Guanxin… — Ren interveio, silvando de cabeça baixa. — Perdoe o desrespeito de Mosheng… Ele não tem a intenção de te diminuir… E eu também não, mas está na hora dele saber. Como filho mais velho, eu imploro à você, Guanxin, que conte a ele… E não desconte em Araz: ela foi pega de surpresa.

    Ting Li silvou extremamente contrariada; ela piscou devagar, retomando a postura de antes. Ela segurou as próprias mãos e deixou-as à frente do corpo, repousando os cotovelos perto dos ossos de sua bacia.

    — Já que você quer tanto saber, Xiao Emulov… Terá sua resposta depois da janta. Sozinho. — Silvou a matriarca, controlada. — Araz, venha comigo… Precisaremos de ajuda para servirmos nossos convidados.

    A tímida Araz concordou, de cabeça baixa, e seguiu a mãe. Emulov abaixou a cabeça, voltou à postura anterior e apoio os cotovelos na mesa, enterrando o rosto em suas mãos; entretanto, ele não começou a chorar. Ele simplesmente parecia estar tentando ficar calmo.

    — Ren, posso fazer uma pergunta? — Tentei mudar de assunto a fim de cortar aquele clima.

    — Primeiro, pare de me encarar. — Pediu o Lagarto. — Você está olhando em meus olhos; na nossa cultura, isso é desrespeitoso a não ser que seja feito entre amantes e líderes de Ninhos, ou que seja entre pessoas de mesmo nível na hierarquia.

    — Oh! Desculpe! — Balbuciei, completamente sem graça, voltando meus olhares para baixo. — Certo… Por que você chama Emulov de ‘Mosheng’? E Ting Li de ‘Guanxin’?

    — ‘Mosheng’ significa ‘Caçula’ em nossa língua. — Replicou Ren. — Também pode significar ‘Diferente’ ou ‘Adotado’ dependendo do contexto. No caso de Emulov, representa as três coisas ao mesmo tempo.

    — Entendi…

    — Meus pais me acharam escondido em um matagal, Ireas. — Emulov falou, com a voz abafada por suas mãos. — Aparentemente, os Humanos que habitam essas terras me deixaram para morrer lá, não sei o porquê. Ting Li e Yao Kai, que é o nome de meu pai, me encontraram e me acolheram nesse Ninho.

    — Mosheng era o primeiro nome de Emulov. — Ren continuou. — Entretanto, nosso pai achava que ele era um bebê Anão, e não humano, e decidiu dar a ele um nome que soasse parecido com o dos Anões de Mina Distante. Imagine nossa surpresa quando ele começou a ficar alto dessa forma!

    Dei um sorriso de canto, interessado na conversa; era bom finalmente saber um pouco mais sobre Emulov e sobre a gente de Zao.

    — Yao Kai era o Alto Guarda desse Ninho… — Falou Ren, levemente entristecido. — E digo era, por que… Bom… Não convém falar agora.

    — ‘Guanxin’ significa ‘Cuidadora, Guardiã’, Ireas. — Falou Emulov, com um meio-sorriso. — É um termo de respeito que usamos para nos referirmos às nossas mães, já que não podemos chamá-las por “mamãe”, que é um termo que só bebês podem falar. do contrário, é sinal de desrespeito e imaturidade.

    Eu havia me preparado para perguntar algo mais, quando senti o cheiro de comida entrando no recinto. Os demais irmãos de Emulov, junto a Ting Li, serviram a mesa com iguarias que eu jamais havia visto — exceto pelos manjares de fruta-do-dragão, os quais me era carinhosamente familiares. Um a um, os demais Lagartos sentaram-se à mesa, munidos de um par de palitos vermelhos em uma das mãos, os quais usavam para pegar a comida à disposição e colocá-la em seus pratos.

    Tentei imitá-los por educação; entretanto, minha vontade era simplesmente de pegar tudo que queria e comer com as mãos mesmo, da maneira como os Norsir faziam; aquela distância de novo de um lar que eu pouco conhecia me deixava triste. De todos ali presentes, eu provavelmente seria o único capaz de entender o que Emulov passara esses anos todos. Mantive-me calado, fazendo um comentário ou outro sobre a comida — que, por sinal, estava muito boa.


    ****


    (Narrado por Emulov Suv)

    Apesar do momento constrangedor de início, o restante da refeição prosseguiu tranquilamente; depois que todos terminaram de jantar, meus irmãos mostraram a eles os quartos. Brand e Yumi ficaram com um apenas para eles; Icel, Wind e Morzan ficaram em outro quarto, e Ireas ficou no meu, junto com a Lâmpada onde dormia Yami, o qual Ireas convocou para comer o que havia sobrado. Depois disso, todos foram dormir, exceto eu.

    Vestido com minhas meias e meu robe de dormir, abri a porta de meu quarto, onde minha mãe estava a me esperar. Ela colocou o dedo indicador sobre seus lábios, pedindo silêncio, e eu aceitei. Fechei as portas de meu quarto vagarosamente e segui-a corredor adentro.

    Descemos as escadarias daquele andar e voltamos ao térreo. Então, ela abriu uma porta de correr cuja presença eu não me lembrava; aquela porta nunca existiu naquela parte da casa! Ela revelou uma escadaria escura, por onde descemos. Era um porão, cuja existência eu definitivamente não me lembrava; não me lembrava, pois ele jamais havia existido em minha infância.

    Algo estava muito errado.

    — Xiao Emulov… Quero que saiba que, independentemente do que você vir lá embaixo… Saiba que… Ainda somos uma família, apesar de tudo.

    Eu reverenciei minha mãe com o semblante totalmente confuso e temeroso; eu estava certo. Havia algo de errado com meu pai, Yao Kai. Minha mãe pegou uma lanterna e colocou uma vela acesa dentro, segurando o conjunto por uma haste de madeira; descemos a escadaria fazendo o mínimo de barulho possível. Aquele local era frio, escuro e com aquele cheiro incômodo que senti do portal; cheiro de mofo com algo a mais, com um quê mágico: e não em um bom sentido.

    — Sabe qual é a nossa maior lei, meu filho? — Indagou minha Guanxin, séria.

    “Quando um Dragão fala, Nós obedecemos? — Repliquei, desconfiado.

    “E quando o Imperador se Enfurecer, Nós Morreremos.” Essa é a lei completa, Xiao Emulov. — Ela continuou. — Nesses anos todos, meu filho… Fomos governados pelos Dragões. Eles vieram com a promessa de prosperidade e longa vida, e nós aceitamos. Eu e seu pai aceitávamos bem… Até virmos o estrago que os Dragões causaram às nossas terras…

    Dito isso, ela iluminou o espaço à nossa frente, e eu abafei um grito de horror; era um local jaulado com grades de aço e obsidiana, e havia alguém lá dentro. Alguém que, um dia, fora um Lagarto.

    — ...E esse estrago chegou à nossa família. — Falou minha mãe, com lágrimas nos olhos.

    Era um Lagarto macho, musculoso e certamente de meia-idade; suas vestes não eram as de um as de um Alto Guarda; a armadura brilhava negra e tinha um aspecto limoso, com detalhes avermelhados da cor do sangue. As Bandeiras Nobori de suas costas estavam quebradas, rasgadas e fediam a sangue. Escamas de dragão adornavam parte das placas de sua armadura, e suas escamas estavam enegrescidas, assim como os cabelos, que adquiriram um sinistro tom de roxo. A criatura estava presa à parede por correntes que limitavam seus movimentos.

    Eu abafei um grito de horror; não podia acreditar em meus olhos. Aquilo tinha que ser mentira.

    — Yao Kai… Nosso Mosheng voltou. — Minha mãe falou, com a voz embargada, e meu coração se partiu.

    A criatura que um dia fora meu pai avançara com tudo em direção às grades, e por pouco não as quebrou; através da luz da lanterna, pude ver seu rosto; metade dele estava enegrescido. A outra metade revelava um couro azulado e cabelos louros e espetados: meu pai havia sido promovido a Zaogun nesse tempo em que eu estive fora, e sofrera com aquilo.

    — Xiao… Emulov! — A voz de meu pai soava etérea, metálica e muito mais grave do que me lembrava. — Livre-se disso! Livre-se do Fogo! Os Dragões… Eles condenaram a todos nós! Eu vi!

    — Pai, eu… — Balbuciei, incrédulo.

    — Livre-se da Feitiçaria! — Urrou meu pai, afastando-se da luz da lanterna. — Usar fogo contra fogo… É inútil. Não se torne… Um Sacerdote de Dragões… — A voz dele começou a soar cada vez mais baixa e chorosa. — Não… Não queime o couro de nossos irmãos e irmãs… Não os deixe corromper ainda mais a nossa terra…

    Eu caí de joelhos e olhei para minha mãe, totalmente apavorado.

    — Os Draken vieram até nosso Ninho um ano atrás… — Falou minha mãe, soprando a chama da lanterna. — ...E escolheram seu pai para… Ser um novo mensageiro deles. Os Zaogun não são mais os generais de antigamente… Aquela raça medonha tirou tudo de nós… Os Sacerdotes de Dragões ajudaram no processo de corrupção… E tem uma Humana os ajudando. Uma Humana ajudando esse Imperador tirano.

    Meu semblante se fechou em raiva; eu sabia muito bem quem era aquela Humana. Fechei meus olhos e levantei-me devagar.

    — Eu vou cuidar disso. — Falei, sério. — Tem uma pessoa que talvez possa curar Yao Kai… E nós todos aqui viemos com o objetivo de derrubar a Humana. E pode ter certeza de que usarei fogo contra fogo… E sairei vitorioso.


    Continua...


    ----

    E é isso aí, galera! Desculpem a demora; farei o possível para postar os próximos Capítulos com uma frequência maior enquanto supervisiono a I Justas Tibianas!

    Deixem seu feedback aqui e, se possível, deem uma conferida no Torneio e votem! Até a próxima!


    Abraço,
    Iridium.
    Última edição por Iridium; 10-04-2016 às 16:29.

  9. #299
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    Muito bom Fer!
    Gostei dos lagartos! Era bem assim que imaginava os hábitos deles baseado na forma em que suas coisas são construídas, muito foda.
    Fiquei triste pelo papai virando chosen. :C

    No aguardo do próximo!
    - ALASTOR

  10. #300
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    Ótimos capítulos. Tu descreveu bem todas as coisas de aspecto chinês no ninho do Emulov, tanto que cheguei a não saber mais do que se tratava e abri o google. Das culturas do mundo, a que menos conheço é a chinesa(Ou asiática em geral). Devo confessar que cheguei a pensar que o ninho era um local realmente parecido com um ninho de criaturas e não uma casa. Decepcionado comigo mesmo.

    E no fim alguém acabou realmente infectado pela corrupção, hein... Eu não me lembrava que os Chosens eram corrompidos, na verdade eu acho eles os lagartos mais legais entre o exército(E que eu creio que jamais conseguirei enfrentar um deles). E pelo clima desses capítulos, sinto que a história daqui pra frente vai ser bem interessante. Ah, no começo da cena do jantar, tu trocou Araz por Azar. Acho que foi um erro, a menos que ela seja a personificação do azar, vide situação do lagartão da família.

    Bom, aguardo o próximo.

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