Vocês pediram, e ELE voltou!
Sim, após um BOM TEMPO ausente, o Druida Ireas Keras jogar-se-á novamente nos braços do povo, e bem a tempo! A Universidade decidiu me dar uma trégua e, sem ter impedimentos, nosso amado heroi voltará à ação!
Aos novos leitores, sejam muito, muito bem-vindos e obrigada pela paciência. Detesto fazer as pessoas esperarem, mas minha mente resolveu entrar em greve. A minha sorte é que o sindicado dela é bem peleguista e cedeu mais facilmente hehehe
Eu colocarei aqui depois uma retrospectiva dos Pergaminhos até aqui. Por ora, como sempre, teremos aqui o capítulo de hoje. Espero conseguir retornar ao meu ritmo de escrita do começo da história.
Mais uma vez, eu e Ireas, em nome de todo o elenco de "A Voz do Vento", agradecemos todo o suporte!
Sem mais delogas...
Ao Capítulo de Hoje! (Saudades infinitas de escrever isso!)
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Capítulo 8 - Dois Oásis no Deserto (Parte 4)
A cidade que nunca dorme...
O posto de observação era apenas uma estrutura simples de três andares em madeira e cordas podres. Com cuidado, ajudei Emulov a descer atravéz de um sistema de roldanas por mim inventado. A sorte é que ele era bem mais leve que eu. O problema estaria na hora em que eu fosse descer.
Eu havia ganhado mais massa muscular do que jamais imaginara em todos esses anos, e o sistema era bem frágil. meu maior medo, contudo, residia na possibilidade de um ataque surpresa por parte da horda incansável de Drefia.
Respirei fundo ao enlaçar minha cintura; usando a madeira como apoio, desci lentamente, sem tirar os olhos de Emulov, que me parecia levemente assustado, mas estava bem, e sem feridas. Ao pousar meus pés no chão, respirei aliviado. A parte mais simples estava feita, e a aventura estava pronta para começar.
— E então, Emulov? — Indaguei — Tudo certo? Tem suprimentos para essa jornada?
— Creio que sim — Respondeu-me timidademente - Só uma pergunta: quanto tempo temos?
— Infelizmente, não sei...
Carne fresca... Carne fresca...
— Essa não... — Sussurrou o mago, com os olhos bicolores arregalados - Ireas...
— Mortos-vivos... — Sussurrei com horror - Eles nos perceberam! Utevo Res: Esqueleto Demoníaco! - Urrei, tomado pelo pânico e adrenalina.
— Utevo Res: Esqueleto Demoníaco! — Repetiu Emulov.
A um passo à nossa frente, as areias fizeram um pequeno redemoinho, o qual gerou ossadas vermelhas e sangrentas, as quais deram vida às nossa criações. Eram eles idênticos aos seus contraparentes, com a diferença de terem a nós como senhores.
De esqueletos de várias patentes a fantasmas de piratas e outras criaturas de igual e infeliz sorte, eles escalaram seu caminho pela areia até a ala principal, onde estávamos.
— Ireas, corra! — Ordenou Emulov, em um tom de voz tão alto que chegou a me assustar - Eu os tentarei bloquear! Você usará as runas para me dar reforço!
Assenti afirmativamente e afastei-me cerca de três passadas de Emulov, bem a tempo de vê-lo começar a brigar.
— Exevo Vis Hur! — bradou o mago com determinação.
As esferas de energia foram implacáveis, acertando a primeira leva de monstros. Para ajudá-lo a diminuir os números, fiz a tempestade de raios surgir, usando uma das runas roxas que Emulov me havia dado. Estávamos dando um aviso à Drefia, a Yami e... à minha mãe.
— Exevo Gran Frigo Hur! — Urrei ao ver algumas das repugnantes criaturas apoximando-se de mim e Emulov.
As estacas fizeram da carne podre e ossos puídos estilhaços quase impossíveis de se identificar. Atirei aos céus a runa da avalanche, soterrando mais algumas das amaldiçoadas criaturas.
— Ireas, os números não param de aumentar! — Informou Emulov, preocupado.
— Temos que aproveitar esse momento! Corra para a saída, depressa! — Repliquei, puxando-o pelo braço.
— Utani Gran Hur! — Pronunciamos em uníssono, fazendo o chão aos nosso pés perder grande parte de seu atrito, aumentando nossa velocidade.
Buracos se abriram a alguns metros atrás de nós, e mais deles saíram. Ouvi uma risada cínica deslocando-se pelo vento. Ao olhar para uma das torres velhas e arrasadas, vejo Yami nos observando muito contente. Seu cinismo fez meu semblante fechar-se em ira.
— Seu cachorro! — Urrei — Você planejou isso desde o começo! Desgraçado!
— Ah, caro Ireas... — Ele respondeu de forma arrastada, fazendo graça com sua voz majestosa - Você me diverte. Vamos ver quanto tempo você aguenta até que esse lugar te ensandeça, destroce seu corpo e roube sua alma!
Ele fez seu corpo tornar-se uma névoa verde, sendo levado pelo vento junto com os grãos de areia levantados por nós e pelos habitantes de Drefia.
— Exevo Gran Vis Lux! — Emulov estava determinado a mostrar-me todo seu arsenal.
— Exevo Gran Frigo Hur! — Pronunciei para não deixar de me afirmar enquanto cobria o céu com as runas.
Os raios combinados com o gelo geravam pequenos e exóticos explosivos, que faziam um belíssimo estrago nas hordas incansáveis. Os esqueletos também faziam sua parte ao segurar e ferir seus contraparentes, auxiliando-nos em nossa tarefa. Sempre que conseguíamos diminuir consideravelmente os números, aproveitávamos para correr o máximo que desse até a entrada da cidade.
Os demônios pareciam ter a energia de mil divindades, pois não paravam de nos seguir! Fizemos de tudo - conjuramos magias, arremessamos runas, conjuramos outra dupla de Esqueletos Demoníacos - visto que os nossos caíram em batalha -, consumíamos as poções de energia mágica freneticamente, como em uma dança em um ritmo muito, muito acelerado.
Perdemos horas naquele embate. O Sol nãos e importava conosco, simplesmente fazia seu caminho pela abóbada celeste. Na medida em que o pôr do sol se aproximava, o pânico começou a tomar conta de meu ser. Eu não podia dar a razão a Yami. Não poderia perecer ali. Não quando a verdade sobre quem eu realmente era estava ali, tão perto de mim!
— A escadaria! — Gritou Emulov, tirando-me de meu transe enquanto eu fazia questão de dar um descanso eterno àquelas aberrações - Ireas, vamos! Estamos a apenas alguns metros de distância!
Joguei estacas de gelo contra as vis criaturas, perfurando-lhe os crânios sem dó. Emulov valeu-se de seu vasto arsenal ofensivo, mostrando àquelas criaturas o que era poder. Por mais que não gostasse dessa filosofia dos Feiticeiros, admiti que me fora bastante útil.
Ajudei-o a subir a escadaria. Ao chegar a minha vez, contudo, uma das criaturas fora mais rápida, ferindo meu peitoral. Meu sangue do Norte ferveu, e bastante.
— Exevo Gran Frigo Hur! — Conjurei a sentença de morte daquela e das demais criaturas logo à frente.
Com o peitoral sangrando, engoli os gritos de dor e segui em frente, subindo a escadaria sem olhar para trás. Quando dei por mim, vi Emulov ajoelhado nas areias do deserto, com os braços erguidos para o alto em sinal de louvor, ele urrava alegremente em um dialeto por mim desconhecido.
Eu também estava aliviado. Um sorriso emoldurou as minhas faces. Pena que não duraria muito.
— Ireas? — Indagou Emulov, vendo-me pálido e letárgico - Você está bem?! Ireas!
Perdi os sentidos naquele momento, desfalecendo nos braços do tímido Feiticeiro de olhos bicolores... Pergunto-me o que teria ocorrido com Brand e Wind nesse tempo em que eu e Emulov estivemos presos em Drefia...
***
(Narrado por Jovem Brand, o Terceiro)
Não sabíamos de onde viera aquele tufão, nem de como havíamos parado ali, mas todas as evidências apontavam para apenas um conjunto seleto de seres — os Marid. Fosse quem fosse o autor daquela trágica cena, ele sabia que tanto eu como Wind éramos os detentores do maior número de Grandes Feitos do grupo. Portanto, ele não tentaria nenhuma gracinha com monstros...
Abri lentamente meus olhos, e vi-me amarrado a um poste; meus pertences haviam sido jogados a outro canto da sala, onde vi Wind amarrado pelas mãos, como se fosse uma cruz, com o corpo muito avariado, sangrando pelas feridas abertas. Meu sangue fervia em minhas veias.
—Muito bem, seu palhaço! — Urrei, irritado — Mostre-se! Por acaso tem medo de me enfrentar? Acha que esse escurinho me vai impedir de lhe dar uma bela bofetada na cara?! Se acha isso, está redondamente enganado!
O seu camarada tentou a mesma coisa. Veja só o estado dele...
Das trevas surgiu uma linda moça, similar ao...
— Yami?! — Vociferei.
— Não... — Replicou docilmente a menina — Sou Yumi, a irmã dele. Por muito pouco meu irmão não ceifou-lhe a vida; ele os havia transportado até o Inferno Vampírico de Drefia. Por sorte, segui o rastro mágico dele e pude salvá-los. Infelizmente, você havia sido paralizado pelos Morte-Cérebros que meu irmão conjurara. O Cavaleiro ali salvou-lhe o couro... — Ela apontou Wind com a cabeça — ...A certo preço. Ele ainda está extremamente ferido, e o dano que os Morte-Cérebros o causaram foram tão graves que a psiquê dele ficou muito alterada. Por isso o prendi ali.
— Entendo... — Repliquei, mais calmo. A moça não era ameaça — Mas, se você é uma Efreet, então, onde estamos?
— Não sou Efreet... — Replicou timidamente a menina — Nasci Marid...
Ela revelou as marcas azuis em sua pele morena.
— Eu e meu gêmeo somos meios-Djinnanis — Explicou Yumi — Marids e Efreet são divisões fenotípicas, nada tem a ver com raça ou espécies distintas. Somos uma única espécie. Sei que você se aliou à causa Efreet, mas eu preciso lhe dizer que acho essa guerra a maior das estupidezes que já testemunhei em todos esses anos...
Ela se aproximou de mim, desatando as cordas que me prendiam. Quando seu corpo ficou próximo ao meu, senti aquele perfume de sândalo e jasmim emanando dela. Que fragância maravilhosa... Somada à bela aparência da criatura, era perdição na certa. Ah, se eu não fosse tão cavalheiresco...
— Pronto! — Anunciou Yumi docemente — Você está livre. Olha, vou quebrar o teu galho, pois gostei de você... — Ela chegou mais perto de mim, sussurrando ao pé de meu ouvido, o que me fez tremer levemente — Hoje, dou-lhe acesso à Fortaleza Marid. Eu o havia prendido aqui para enganar meus companheiros. Há uma escadaria secreta no lado sudeste dessa sala. Os guardas já foram... Postos para dormir. Suba por ela, e terá acesso à biblioteca. Fale com Djema e diga que Yumi te mandou.
— E... Wind? — Balbuciei, levemente extasiado.
— Cuidarei dele — Disse, afastando-se de mim, para minha infelicidade — O estado dele é tão grave que receio que ele esteja instável demais para te acompanhar. Em todo caso, passe a ele as informações. Só peço para que você não revele nada aos Efreets. Por mais que eu odeie essa guerra, não quero dar munições a nenhuma das partes. Posso contar com sua palavra?
— Sim — Afirmei com um sorriso — Você tem minha palavra.
Despedi-me da moça tomando sua mão esquerda para beijar-lhe os delicados dedos. Seus olhos prateados pareciam seguir-me naquele ambiente escuro e hostil. Nunca eu havia pensado que uma Marid poderia ser tão generosa. Por ter passado tanto tempo com os Efreets, acabei por tomar-lhes as dores. Por mais que nossos laços fossem comerciais, não pude deixar de ter sido tocado pela causa deles; Yumi me fez questionar essa certeza.
A escadaria subia por dentro de um enorme pilar, que me levaria direto à biblioteca. Para o meu alívio, os Marid que ali viviam sequer desconfiaram de minha presença. Cheguei à biblioteca sem grandes dificuldades, e Djema não estava lá. Dei de ombros e pus-me a investigar a biblioteca, torcendo para que os demais estivessem sãos e a salvo...
Horas se passaram, e minha investigação em nada resultara... Até que achei um livro de capa rubra como sangue. O que havia nele mudaria para sempre nossas vidas, e o que fora visto não mais sairia de minha mente.
— Essa não... Preciso achar Ireas, e rápido!
Continua...
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Voltei, gente! Juro que não faço mais isso! Não ficarei mais tão distante. Esses dias foram meio complicados. Maaass... Darei um jeito. Tenham certeza de que Keras e seus amigos ainda estarão conosco por muito, muito tempo!
Abraços!
P.S.: Pretendo colocar os desenhos de Icel, Emulov, Yumi e Yami aqui o mais breve possível!