Resultados da Enquete: Que Facção deveria Ireas Escolher?

Votantes
28. Você não pode votar nesta enquete
  • Marid (Blue Djinns)

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    12 42,86%
Enquete de Múltipla Escolha.
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Resultados 171 a 180 de 460

Tópico: A Voz do Vento

  1. #171
    Cavaleiro do Word Avatar de CarlosLendario
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    P**A QUE




    Não, pera, tenho que falar sobre o começo do capítulo e_e



    Bom, o capítulo foi bem maneiro, do jeito que eu queria(não tenha péssimas impressões ) e que me surpreendeu o tempo todo.


    Os Marid já me pareceram bem gentis, e o jeito que você escreveu já pareceu bem conviciente.

    Mas a parte que eu gostei foi essa revolta do Ireas. Puts, o cara ficou loucão mesmo, não sabia que era possivel transformar um cajado em um machado ou uma lança(Ou é coisa da sua história ou os druidas são fodas mesmo! :o). Já de resto foi mais impressionante, perceber que finalmente o Ireas quis dar uma porrada no Wind, mas eu só imaginava murros e chutes e violencia sobre o documento masculino, não uma decapitada ao estilo Norsir ._.




    Bom, gostei, hein! Que pena que você vai ficar fora do pais(espero que você não vá a um pais comunista ) e sumir um pouco. Bom, vou aguardar sua volta, e com ela, mais um capítulo foda! xD







    Abraço.

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  2. #172

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    Fala ai Iridium, como prometi estou lendo sua história, cheguei no capitulo 20. Gostei muito mesmo, mas eu tenho que falar a minha surpresa no lance do Ireas ser gay. Espero que segure um pouco a decisão do Ireas, de escolher um dos lados, para que eu possa votar com o conhecimento da história como um todo, e não pela metade.

    E outra essa mãe do Ireas é toda estranha também, acho que ela sofre de bipolariedade. Mas eu tenho certeza que pelos temas abordados, e principalmente sobre o tão esperado encontro de Ireas e a mãe, vai aumentar ainda mais os leitores dessa história.

  3. #173
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 4

    Boa Tarde!

    Enfim, de volta ao Brasil... Depois de 15 dias fora, nos EUA (afazeres de escola) eu e Ireas enfim mataremos a saudade de vocês.

    Sem mais delongas, o Capítulo de hoje.

    P.S.: Vai rolar o Torneio?


    -----

    Capítulo 4 – Perdão

    (Narrado por Ireas Keras)

    A escuridão. Outra vez, não. Eu parecia flutuar no vazio, no escuro infindo. Minhas mãos estavam claras; meu corpo parecia mais pálido que de costume. A flor azul em meu peito brilhava.

    Um vulto começou a surgir. Inicialmente, uma massa disforme violeta; em seguida, foi tomando forma. Uma forma masculina.

    Não pode fugir para sempre, Keras... Uma escolha tem que ser feita...

    Que escolha? O que ele queria dizer? Era apenas um contorno, um elemental violeta, que parecia ter cabelos espetados. A voz era macia, grossa, majestosa... Como a de Tothdral... Ah, que saudade daquela múmia...

    Então, outros vultos, de cores azul-escuro e rosa, apareceram. O vulto rosa parecia atacar o azul, que tinha o físico de um bárbaro. Ele não só tomou forma como também assumiu uma imagem — a imagem de Liive. O vulto rosa ria maleficamente.

    Nunca mande um homem fazer o trabalho de uma mulher...

    Comecei a me desesperar, tentando recuar. Vi Liive no chão, morto — ao menos aparentava. O vulto violeta se aproximou de mim.

    Vai ter que escolher... Ou ele... Ou o outro.

    Fiz que não com a cabeça. Outra vez, não podia falar; o vulto rosa pulou em cima de mim, encobrindo-me. Agora, não havia nada senão o rosa na minha frente. Tentei lutar contra ela, mas nada adiantava.

    — Socorro! — Enfim consegui gritar, balançando meus braços, atancando o ar — Socorro! Ela vai me matar! Ela vai me matar!

    — Acorde, Ireas! — Era a voz de Brand — Acorde!

    Abri meus olhos de uma só vez; Brand me segurava forte em seus braços. Eu estava encharcado de suor; minha respiração estava ofegante.

    — Quem vai te matar, Keras? — Indagou o paladino — Sua mãe?!

    Eu ainda estava atônito; não tinha a menor ideia de onde eu estava; eu fitava os olhos rubros de Brand com pavor. Fiz que sim com a cabeça; não havia dúvidas na minha mente de que estava em Darashia. Então se eu estava lá...

    — Wind... — Sussurrei, surpreso. Então, virei-me para Brand com o semblante desesperado — Wind?! Onde ele está, Brand?! Ele está bem?! Por acaso eu...

    Ele se manteve calado, com um olhar sério. E senti meu coração ficar cada vez mais apertado.

    — Por favor! Brand, eu te imploro! Onde ele está?! — Lágrimas saíram dos meus olhos; eu entrei em estado de pânico — Não me diga que...

    — Não. — Respondeu-me secamente — Você não o matou... Mas chegou perto. Bem perto.

    Eu o olhei surpreso, com meus olhos muito arregalados.

    — Quando eu vi, você estava prestes a honrar seu sangue Norsir... No pior sentido — Censurou-me Brand. Ele estava zangado comigo — Agora, quem está com ele é Jack. Sinceramente, Ireas, eu não lhe compreendo. Desde que te conhecemos, não houve um dia sequer em que ou você ou Wind não me tenham causado problemas!

    — Eu... — O desespero tomou conta de mim — Eu... Eu quase o matei... — Abafei minha voz com a minha boca, aterrorizado — Eu quase o matei... Depois de tudo... — Comecei a chorar — Eu sou um monstro... Uma besta, um animal! — Cobri o meu rosto com as duas mãos, chorando sofregamente.

    — Eu estou perplexo! — Declarou Brand com tristeza — Desde que Wind chegou, tudo o que você tem feito é maltratá-lo, humilhá-lo... Yalaharis também têm sentimentos, sabia?

    Eu parei de chorar para ouvi-lo.

    — Sei que isso tudo não tem sido fácil para você, meu caro... — O mais sério dos homens que conhecia estava tentando trazer-me de volta à razão — Você está tendo informações demais para absorver. Descobriu-se Norsir, órfão de pai; testemunhou o começo de uma guerra que, ironicamente, trouxe-lhe o amor. — Ele me ofereceu uma garrafa com limonada — Beba um pouco.

    Eu aceitei a bebida e consumi-a em lentos goles, enquanto Brand seguia com seu discurso.

    — Vou lhe contar uma coisa — Ele começou — Olha, há uns anos atrás, quando Wind revelou a mim e a Jack acerca das preferências dele, ele não era exatamente o homem que ele é com você — gentil, atencioso, prestativo... Ele costumava não se importar com os parceiros dele, preferindo algo mais casual, momentâneo, do que pensar em um relacionamento sério. Durante a guerra, não houve um momento sequer em que ele não tenha falado de você ou pensado em você.

    — É sério? — Eu parecia uma criança de cinco anos ao perguntar, como se estivesse diante de algum parente que dissesse “eu te amo, sabia?”.

    — Pela primeira vez na vida, ele queria ter alguém para voltar! — Brand se levantou — E esse alguém é você, Keras. E ele escreveu para você sim! Mas não aquilo que você julgava que ele teria escrito...

    Brand me entregou um papel bem dobrado. Minhas mãos tremiam muito, e meu ferimento nas costas doía. Antes de abrir, virei-me para Brand outra vez.

    — Quem me impediu de matar Wind? Quem que atirou em mim?

    — Fui eu. — Respondeu-me friamente — Jack havia visto o início da discussão. Pedi para que saísse de cena e deixasse em minhas mãos. O que eu pus no virote foi uma pequena dose de sonífero. Contudo, acho que exagerei no virote...

    Eu sorri ironicamente, e ele deu de ombros.

    — Leia — Pediu — Verei como Wind está. Trate de não surtar novamente.

    Obedeci. O paladino saiu de cena e eu abri o papel lentamente, nervoso. Fiquei aliviado ao identificar a caligrafia de Wind.

    “Querido Ireas,

    Como está você? Desde que tudo isso começou, tem sido impossível obter notícias suas... Ainda busca por sua mãe? Tem conseguido ficar mais forte? Como tem passado?

    A verdade é que estou ansioso para ver-te de novo... Você é um rapaz cordial, gentil, honesto, trabalhador e carinhoso. Não consigo acreditar que você seja um Norsir, pois nem de longe você guarda resquícios do típico estereótipo que fazemos deles — basta ver Liive para entender o que digo...

    Você é a pessoa mais extraordinária que conheci. Sua sede por conhecimento, sua simpatia... Seu sorriso, o mais lindo que vi, cativante, que aparece apesar de todo sofrimento que você aparenta ter passado, é fascinante.

    Brand e Jack vem zombando de mim, pois nunca me viram dessa forma, tão apaixonado. É verdade; não tenho vergonha de dizer que me encantei com você, que não consigo pensar em ninguém senão você, que não entendo como consegui viver tanto sem ter te conhecido...

    Meu objetivo é voltar inteiro dessa guerra. Não para ser glorificado como herói nem nada — mas para ver você. Para viver com você. Para, quem sabe, ter algo mais sério. Quero te ajudar nessa busca por sua mãe, estar lado a lado com você, o Druida mais fantástico que já tive a honra de conhecer e o prazer de me apaixonar. E espero ter o privilégio de tomar-lhe o coração para mim.

    Esperando ansiosamente por sua resposta,
    Wind Walker”


    A julgar pelo estado do papel, decerto ele datava do período em que Wind estivera fora. Ou seja, ele estava falando a verdade o tempo todo! As cartas... Onde estavam?

    Rapidamente, busquei por elas em minha mochila; abri uma delas, não com a intenção de ler as odiosas palavras, mas sim comparar as caligrafias. Chequei as letras do alfabeto uma a uma. Algo não batia. As letras tinham um traçado diferente!

    Como pude ser tão idiota?! Sempre me vangloriei de ser tão detalhista, estratégico; nada nunca me escapou, nunca! Eu estava com tanta raiva que sequer me havia tocado de que as caligrafias não eram iguais! Talvez, minha memória fotográfica já não fosse mais a mesma...

    Fitei os dois papéis com surpresa e ódio. Fui enganado novamente! Agora, tinha que voltar no passado, em meus pensamentos, em minha meória, e lembrar: quem me havia entregado as falsas cartas?

    Fechei os olhos e busquei me concentrar. Durante o tempo em que Wind estivera fora, passei pela Baía da Liberdade, Porto Esperança, Svargrond, Ankrahmun e... Svargrond? Liive!

    Bati em minha testa. Claro! O Norsir me havia entregado as cartas pouco depois da ocorrência do ataque a Ankrahmun! Não só as circunstâncias me eram estranhas, mas o próprio Liive me parecia estranho, como se estivesse fora de si... Ou algo assim.

    Guardei os papéis dentro de minha mochila uma vez mais. Em seguida, peguei a carta que me fora dada pelo escaravelho-correio, que, àquela altura, havia voado de volta a Ankrahmun.

    “Boa Noite, Sr. Ireas Keras.

    É com imenso prazer que eu, Yami, o Primeiro, apresento-me para os deveres de capitão do porto de Ankrahmun. Estou certo que não me conhece; sou um antigo amigo de Sirio Snow, e ele me recomendou para o serviço. Modéstia a parte, sou um dos melhores, se não o melhor no que faço. Minha situação foi regularizada por seu substituto, o Grão-Vizir Akbar. Comecei a trabalhar imediatamente, mas gostaria de poder encontrar-me com o senhor para que possamos nos conhecer melhor.

    Além disso, trouxe minha irmã, Yumi Yami, para ser a líder da Guilda dos Druidas de Ankrahmun. Saiba que ela também se encontra aprovada para tal tarefa. Quando chegar a Ankrahmun, estará disponível?

    Saudações,
    Yami, o Primeiro.”


    E mais essa agora! Guardei a carta e pus os dedos indicadores e médios sobre minhas têmporas. Mais compromissos, mais responsabilidades... Não só tinha que confrontar Liive, encontrar o mandante do ataque a Ankrahmun, voltar a Svargrond para assumir o posto de meu irmão, conhecer o novo capitão ankrahmano como também tinha que me redimir com Wind. Essa última tarefa, no entanto, soava-me praticamente impossível. Depois do que fiz mais cedo, duvidaria do perdão dele. Até o entenderia, se ele não me perdoasse.

    Então, notei que havia algo junto à carta de Yami. Novamente, peguei a carta enlaçada com fio dourado. Olhei-a de cima a abaixo, mas não parecia ter nada. Tateei o verso, e então percebi que havia outra carta ali!

    Rapidamente, peguei o escaravelho-incendiário de dentro da minha mochila e usei o calor que emanava do vidro para revelar o conteúdo oculto. O envelope teve seu efeito de invisibilidade cancelado, e caiu em meu colo. Guardei o animalzinho e abri a carta. Minha mente fervilhada com tantas atividades a fazer.

    “Para Ireas Keras, Darashia.

    Vamos combinar algo, meu filho? Você já deve ter uma ideia de quem sou e para que vim, bem como acredita que estou por trás da morte de Hjaern e outros atos. Você se crê ciente de minhas ações, bem como eu estou ciente das suas.

    Você decidiu assumir-se Norsir e candidato ao posto de Xamã de Nibelor? Pois bem. Você acabou de cavar sua própria sepultura. Vou dar-lhe um aviso, e será o último.

    DESISTA ENQUANTO AINDA PODE. SOU MAIS FORTE DO QUE VOCÊ IMAGINA.

    Se você gosta de seus amigos e de quem suponho ser seu amante, é melhor parar por aqui. Às vezes, se você trilha um caminho longo demais, torna-se quase impossível retornar para o começo. Não haverá volta, Keras.”


    A tinta era da cor do sangue, e cheirava a sangue; sentia o horror tomar conta de mim. Tinha que voltar a Ankrahmun e ter minha última conversa com Tothdral. Eu já estava pronto para ouvir a verdade que me fora negada por quase vinte anos. Já estava cansado daquilo.

    Guardei a carta junto às outras que minha mãe me enviara. Ainda assim, soava-me como uma brincadeira: não, minha mãe não poderia ser membro da Irmandade dos Ossos, muito menos ser a mandante daquele crime. Apesar da forma como ela matara meu pai... Eu ainda tinha meus motivos para não crer na veracidade daquela carta. Já havia sido enganado antes... Estaria sendo enganado outra vez?

    Levantei-me da cama, pus minha mochila cuidadosamente em minhas costas, peguei meus equipamentos e saí do quarto. Brand estava do lado de fora do quarto vizinho — onde Wind certamente estaria. Meu coração estava a mil.

    — E então? — Eu estava ansioso, temendo pela vida do Yalahari — Como ele está?

    — Péssimo — Replicou Brand com tristeza — Por muito, muito pouco você não o mandou ter uma conversinha com o Divino.

    Senti meu coração congelar; não era a melhor das sensações.

    — Não sei se ele sairá dessa, Keras — Acrescentou Brand com tristeza — Eu realmente não sei.

    — Mas eu sei. — Subitamente, meu semblante tornou-se decidido — Eu sei, pois... Pois vou salvá-lo!

    Brand fitou-me com surpresa e descrença; abri a porta do quarto e entrei; Wind estava respirando de forma débil. Apesar do único ferimento em seu corpo ter sido um pequenino e raso corte próximo à sua garganta, o dano que causei em sua alma tinha proporções maiores do que pensava.

    Aproximei-me do leito onde ele dormia, com lágrimas nos olhos. Crunor, o que eu fiz? Quase tirei a vida de um inocente... Da pessoa que esteve sempre ao meu lado em quaisquer momentos desde que saí de Rookgaard, precisando ou não. Segurei sua mão direita, tão gelada, entre as minhas.

    Exura Sio Wind Walker — Comecei a entoar baixinho — Exura Sio...

    Brand entrou a lentos passos no quarto, incrédulo. A pele de Wind começou a ganhar a cor outra vez, e sua respiração tornou-se suave e tranquila. As faces do Yalahari tiveram o vigor restaurado, e as feridas de guerra de sua pele tornaram-se alvas cicatrizes. Não só salvara a vida dele, como também o ajudara em seu processo de recuperação.

    Roubei um beijo de seus lábios. Ainda haviam lágrimas em meus olhos, e elas caíram sobre as bochechas sardentas do cavaleiro. Segurei a mão dele por mais alguns minutos antes de me retirar.

    — Cuide dele por mim, por favor... — Pedi a Brand, que estava ao lado da cama.

    Nessa hora, Wind acordou, moveu a mão que eu mantinha presa junto às minhas e a pôs sobre a minha cabeça.

    — Ora, que isso... — Sussurrou Wind — Não há a necessidade disso. Eu estou perfeitamente bem, acredite...

    — Não está não — Censurou Brand — Você quase foi congelado de dentro para fora. — Ele resmungou algo baixinho, e logo nos deu as costas — Bem, vou procurar por Jack, Icel e Emulov. Temos alguns negócios a resolver. Por favor, não se matem em minha ausência.

    O paladino fechou a porta, deixando-nos a sós. Eu estava me sentindo péssimo, e o Yalahari sabia disso. Eu esperava palavras de ódio, golpes. Um soco ou outro em meu rosto, talvez. Eu esperava qualquer reação dele, menos a que ele tinha.

    Ele me fitava com um sorriso no rosto, como se nada tivesse acontecido. Ele parecia alegre por me ver, como sempre. Nem mesmo tendo o algoz de sua experiência de quase morte à sua frente ele perderia aquele sorriso.

    — Quem é... Emulov? — Indaguei Wind, buscando uma oportunidade para pedir perdão.

    — Um amigo nosso — Respondeu Wind, piscando lentamente — Ele... Se não me engano, veio de Zao... — Ele se sentou na cama com dificuldade, fitando-me nos olhos.

    — Perdoe-me... — Disse de sopetão, amargurado pelos meus atos mais recentes.

    — Que disse? — Wind indagou, sorrindo. Ele havia ouvido, mas queria que eu repetisse, fazendo-me perder a pose.

    — Perdão... — Eu estava quase chorando — Eu peço... Perdão...

    Ele me puxou para perto de si, abraçando-me.

    — Não precisa pedir — Ele disse — Eu te perdoo. Eu sempre perdoo, não? Como poderia ficar com raiva de você?

    Soltei um largo suspiro. Wind era, de fato, uma figura única. Quanta paciência comigo! Julgava-a um tanto quanto desmerecida, pois... Considerando quem sou, nunca fui merecedor de tamanho afeto, tamanha atenção... Sequer sabia lidar com isso.

    Ele passou os polegares perto de meus olhos, secando minhas lágrimas. Em momento algum ele deixou de sorrir e fitar-me no fundo dos olhos, como se também quisesse (e pudesse) ver minha alma.

    — Brand judiou de você, não foi — Ele indagou com serenidade — Ele não precisava ter feito aquilo...

    — Precisava sim! — Protestei em meio-tom — Eu quase te matei, Wind! Se ele não tivesse atirado... — Abaixei a cabeça, envergonhado — Crunor, que tipo de Druida sou, se tudo o que faço é ferir, e não curar?

    — Não fale assim; quem pede agora sou eu — Wind usou a mão esquerda para levantar-me a cabeça — Você é um Druida, e um dos melhores que conheço: você foi capaz de me trazer de volta dos portões de Devovorga* e com o bônus de cicatrizar as minhas feridas do combate a Morgaroth! O que mais poderia ser pedido a você? Tenho certeza que Yandur tem muito orgulho de você!

    Eu sorri timidamente para o Yalahari, que me beijou a face.

    — Mas então, conte-me tudo, esconda-me nada — Ele falou — Alguma novidade? Cartas? Descobertas? Saudades minhas... Talvez?

    — São tantas... — Respondi com um riso tímido — A cidade reconstruída, poderes novos... Consegui achar pessoas para assumir os cargos deixados pelos falecidos Sinbeard e Ishebad em Ankrahmun... Dessa parte, você já sabia, certo?

    Ele assentiu afirmativamente.

    — Bem, um deles será o novo capitão do porto de Ankrahmun — Continuei — O nome dele é Yami, o Primeiro, e ele vem de Darashia. Foi recomendação de Sírio Snow... Que saiu da cidade.

    — Ele foi embora? — Indagou-me o Yalahari — Para onde?

    — Não faço ideia... — Respondi tristemente — De qualquer modo, eu ainda o encontrarei. Não será a última vez em que nos veremos... Outra coisa... — Meu semblante ficou ligeiramente soturno — Você me indagou sobre cartas... Pois bem... Recebi outra carta de minha mãe.

    — E o que ela diz? — Indagou ligeiramente aflito.

    — É uma ameaça de morte — Respondi de sopetão — Diz aqui que, se eu não parar de buscar por respostas... Elas poderão vir de formas indesejadas...

    — Diga-me uma coisa — Ele chamou-me a atenção — Você se lembra de algum dia em que sua vida não tenha corrido algum risco? Não lembra, certo? Se você não lembra, é porque você já é acostumado com a sensação de não saber se terá o amanhã de histórias para contar!

    Ele tinha razão. Todos os dias, levantava-me sem saber o que me esperava; sem saber se voltaria vivo ou não. E o Yalaharia entendia essa sensação melhor que ninguém, por ter voltado do Inferno vivo.

    — Eu estou aqui para você, meu amor. — Ele falou, segurando minhas mãos — Estarei sempre ao seu lado independentemente da situação. mas preciso saber se você também está.

    — Não precisa ter dúvidas — Tranquilizei-o — Também estou contigo. — Abracei-o carinhosamente — Estarei sempre ao seu lado...

    ****

    Voltei a Ankrahmun com Wind amparado em meus ombros. Apesar de ter operado nle um milagre, meu poder não fora completamente capaz de curar-lhe a saúde. O ruivo estava com os olhos semicerrados, como se estivesse prestes a adormecer. Fiquei extremamente feliz de ter desenvolvido massa muscular durante a reforma de Ankrahmun — eu realmente precisava disso se quisesse carregar o Yalahari de quase 1,90m.

    Chegamos aos portões da cidade sem problemas. Era época de festividades nômades, portanto havia mais movimento que de costume. Yami, o Primeiro, esperava por mim. Tinha que me apressar. Odiava, e continuo a odiar, atrasos.

    Continua...

    -----

    Nota da Autora: Acho que esse foi um dos capítulos mais bonitos que escrevi... Ireas é tão orgulhoso quanto eu hahaha

    O que eu gostei mesmo foi ver o Brand salvando a Pátria (como sempre) e a reconciliação.

    Bom, a enquete ainda está aí - Marid ou Efreet: De que lado vocês Estão?

  4. #174
    Avatar de Pedrinhospf
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    Olá.
    Estou começando a ler o segundo pergaminho aos poucos, estou gostando.
    O conhecimento que você tem e a forma como você descreve os personagens e o que se passa na cabeça deles é muito legal, adiciona muito à história.
    Conforme for lendo os capítulos vou falando mais aqui.
    Abraços!
    Gosta de histórias?
    Seja bem-vindo à seção Roleplay!

  5. #175
    Cavaleiro do Word Avatar de CarlosLendario
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    Ops, esqueci de comentar...




    Bom, sobre o capítulo, ótimo como sempre. Mas não esperava que o Ireas perdoasse o Wind... Pensava que ele tinha aceitado o lado Norsir dele. Mas, temos um longo pergaminho pela frente ainda, tudo pode acontecer.



    E agora a mãe dele anda assombrando-o, agora o ameaçando sem consideração alguma. Porra, que mãe, hein? Mas ainda acho que quem vai se ferrar vai ser ela, se pá.



    Bom, não há muito o que comentar. Não percebi erros, ótimo texto como sempre. xD


    Aguardo próximo capítulo




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  6. #176
    Avatar de Lacerdinha
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    Demorei, mas estou aqui!

    Iridium, que estória incrível! Não conseguir parar de ler até o final do Segundo Pergaminho. Você escreve maravilhosamente bem, e ainda adiciona conhecimento aos capítulos (como a música em galego) e isso é muito legal mesmo.

    Os últimos capítulos me deram ainda mais ânsia de leitura. Você mistura toques de humor, cultura e momentos épicos dos personagens. Essa coisa criativa (não haver no jogo mas existir na estória) também é muito legal.

    Me surpreendi com as artes dos personagens. Além de escrever maravilhosamente, também desenha muito bem! Parabéns mesmo.

    Não vou me exceder muito nos comentários agora. No próximo capítulo comentarei mais sobre a estória. Espero que não demore postar!

    Abraço.

  7. #177
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Segundo Permaninho, Capítulo 5

    Bom dia a todos.

    Pois é, me ausentei desse Fórum... Bem, acabei por me inscrever em outro Fórum e estive bem engajada nele. Como as coisas andam paradonas lá, decidi voltar aqui e ver se animo as coisas.

    Recentemente, recebi péssimas notícias, sobre as quais não quero falar. Visando esquecer o orgulho que me foi ferido e os anos de estudo que consegui jogar fora, decidi reviver minha história.

    Primeiro, respondendo aos Comentários mais recentes:

    Citação Postado originalmente por CarlosLendario Ver Post
    Ops, esqueci de comentar...

    Bom, sobre o capítulo, ótimo como sempre. Mas não esperava que o Ireas perdoasse o Wind... Pensava que ele tinha aceitado o lado Norsir dele. Mas, temos um longo pergaminho pela frente ainda, tudo pode acontecer.

    E agora a mãe dele anda assombrando-o, agora o ameaçando sem consideração alguma. Porra, que mãe, hein? Mas ainda acho que quem vai se ferrar vai ser ela, se pá.

    Bom, não há muito o que comentar. Não percebi erros, ótimo texto como sempre. xD

    Aguardo próximo capítulo
    Obrigada, Carlitos, novo GM da seção SHAUSHAUSHAUSH Fico muito feliz por ter você aqui, sempre xD

    Citação Postado originalmente por Pedrinhospf Ver Post
    Olá.
    Estou começando a ler o segundo pergaminho aos poucos, estou gostando.
    O conhecimento que você tem e a forma como você descreve os personagens e o que se passa na cabeça deles é muito legal, adiciona muito à história.
    Conforme for lendo os capítulos vou falando mais aqui.
    Abraços!
    Fala, pedrinho! leitor novo xD

    Desculpe a demora na resposta, mas fico feliz q vc esteja gostando. Vamos ver o seu parecer nesse aqui xD Boa sorte na ua Disputa Roleplay =)

    Citação Postado originalmente por Lacerdinha Ver Post
    Demorei, mas estou aqui!

    Iridium, que estória incrível! Não conseguir parar de ler até o final do Segundo Pergaminho. Você escreve maravilhosamente bem, e ainda adiciona conhecimento aos capítulos (como a música em galego) e isso é muito legal mesmo.

    Os últimos capítulos me deram ainda mais ânsia de leitura. Você mistura toques de humor, cultura e momentos épicos dos personagens. Essa coisa criativa (não haver no jogo mas existir na estória) também é muito legal.

    Me surpreendi com as artes dos personagens. Além de escrever maravilhosamente, também desenha muito bem! Parabéns mesmo.

    Não vou me exceder muito nos comentários agora. No próximo capítulo comentarei mais sobre a estória. Espero que não demore postar!

    Abraço.
    Lacerdinha, que honra!

    Finalmente consegui te puxar hehehe

    Fico feliz que tenha gostado, e estou muito, muito lisonjeada com os elogios =P

    Eu espero ansiosamente pelo teu comentário.

    Abraço!

    ***

    Com vocês, Ireas Keras e mais um capítulo de "A Voz do Vento"...

    ----

    Capítulo 5 - O Senhor das Marés (Parte 2)

    Ireas conhece Yami...

    Enfim, a hora havia chegado. Yami havia dito no rodapé da carta que ele se encontraria perto dos cofres e depósitos de Ankrahmun. Esperava conseguir desviar da balbúrdia a tempo de encontrá-lo.

    A cidade estava tingida em cinquenta tons das mais distintas cores. Os ciganos certamente traziam mais alegria à cidade. Fiz bem em fazer tal acordo com eles, graças aos favores que tenho com Muhad. Acredito que o nômade esteja mais feliz por ver seu povo e sua integridade cultural sendo respeitadas...

    A música era maravilhosa - som de sistros, alaúdes, harpas, tambores e pianos sendo dedilhados com maestria, tocando as mais belas canções daquela gente. Wind parecia estar recobrando o vigor, visto que já era perfeitamente capaz de caminhar com as próprias pernas, apoiando-se pouco em mim. Ele parecia uma criança, fitando as faixas de tecido colorido e os sinos de vento com um sorriso bobo. Comecei a rir para dentro a fim de não desviá-lo de seu foco.

    — Algo errado, meu bem? — Ele indagou, voltando a si.

    — Não, nada... — Respondi com um sorriso — Escute, se quiser, pode ficar para o festival...

    — Nada disso! — Retrucou com um sorriso, pegando meu braço direito — Vou com você. Eu posso ver essas festividades depois.

    Dei de ombros igualmente sorridentes. Lado a lado, seguimos até uma das maiores pirâmides de Ankrahmun. À frente do arco de basalto da entrada principal, estava Yami, o Primeiro, com alguns papéis em mãos e um relógio de bolso, conferindo a hora. Wind soltou meu braço e deixou-me seguir em frente.

    — Bem em tempo. — Comentou Yami com um sorriso, espiando pelo rabo do olho e fechando o relógio de mão, guardando-o — Achei que não fosse chegar.

    — Sinto muito por tê-lo feito esperar — Repliquei com um sorriso cordial, estendendo-lhe a mão — Sou Ireas Keras.

    — Yami, o Primeiro — Ele falou ao retribuir o gesto, apertando minha mão. — Bem, vamos direto ao assunto: como você é o Grão-Vizir legítimo, visto que Abkar mal assumiu o posto, gostaria de confirmar meus contratos com o senhor.

    — Perfeitamente — Respondi sério — Deixe-me ver os papéis, sim?
    No que ele me passou os papéis, percebi que seus olhos fitavam Wind, que estava a poucos metros de distância.

    — Seu guarda-costas? — Indagou-me com um sorriso.

    — Não... — Respondi, sem jeito — Ele é...amigo...amigo meu.

    — Não parecem apenas amigos — Pontuou Yami. E ele estava certo— Desculpe a intromissão...

    Amigo? Puxa, estava tão incerto acerca de como referir-me a Wind que... Não soube o que responder. Ele aproximou-se de Wind a passos lentos, fitando-o com o que julguei ser um sorriso amistoso. Dei de ombros e continuei a ver os papéis. Ainda que me parecessem normais, algo me despertava desconfiança... E eu não sabia bem o que era ao certo.

    ***

    (Narrado por Yami, o Primeiro)

    Sujeito interessante, esse Keras. Realmente, difere da imagem de um Norsir, ainda que porte o orgulho e desconfiança típicos dos filhos do Norte. O que me intrigava mais era o Yalahari que o acompanhava... Ele parecia fitar-me com igual desconfiança. Que pena...

    — Seu nome? — Indaguei-o.

    — Como? — Replicou fazendo-se de rogado.

    — Perguntei seu nome. — Repliquei, olhando rapidamente para Ireas, que parecia observar minha interação com aquele que o acompanhara até ali.

    — Sou Wind Walker, o Andarilho do Vento — Respondeu o ruivo com altivez. — Você é Yami, certo?

    — Correto — Respondi-lhe com uma reverência. Notei uma fragância familiar oriunda do corpo daquele homem, o que me fez fitá-lo com curiosidade.

    — Algo errado, senhor? — Indagou-me ao me fuzilar com seu olhar.

    — Açafrão? — Indaguei — Você é... Aliado dos Efreet?

    — Na falta de algum melhor, reconheço-me como um deles. — Respondeu-me com um sorriso desafiador — Mas uma vez, algo errado com isso?

    Olhei para Keras. Ele não me parecia ser alguém que andasse com um aliado dos Djinns esmeralda. Um sorriso malandro brotou em minhas faces. Encontrei algo além de meu trabalho com que me entreter.

    — Efreet... — Sussurrei o nome, fitando-o no fundo de seus olhos castanhos — E o garoto? É Efreet também?

    — Não... — Respondeu-me com leve decepção — Ele ainda não escolheu um lado... Sequer sei se ele tomará algum partido nessa guerra...

    — Você vai perdê-lo.

    Sorri ao ver a expressão surpresa e enraivecida do ruivo Cavaleiro. Uni lentamente as pontas de meus dedos, deliciando-me com aquele momento. Ah, as dores alheias... As vítimas de meu encantamento, melhor que o de qualquer feiticeiro mundando...

    — Que quer dizer com isso?! — Vociferou Wind.

    — Saberá quando a hora chegar... — Disse, afastando-me à lentas passadas.

    Ireas apertou minha mão, entregando-me os papéis com um sorriso no rosto. Ele explicou-me as rotas que Sinbeard costumava fazer até o dia de sua morte, e instruiu-me a ser o mais eficiente e cordial possível. Reverenciei-o e despedi-me.

    Aquele garoto... Encontrei, enfim, algo para me entreter.

    ***

    (Narrado por Ireas Keras)

    O que quer que tenha acontecido entre aqueles dois, certamente não tivera nada de amistoso, pois Wind observava Yami com raiva em seu olhar. O que o Darashiano o teria dito para tirar-lhe do sério, ferindo semblante tão sereno?

    — Algo errado, meu bem? — Indaguei, preocupado.

    — Nada... — Respondeu-me em um sussurro — Escuta, aquele Yami... Acha certo confiar nele?

    — Parece-me um bom profissional... — Respondi, dando de ombros — Sírio o recomendou e eu ouvi coisas boas a respeito dele... Por que?

    — Esqueça... — Respondeu meneando com a cabeça — Coisas da minha cabeça. Acho que todas essas provações que você me fez passar mexeram comigo!

    Ele correu até mim e segurou-me em seus braços, girando-me no ar. Eu ri um riso alegre, despreocupado. Estava feliz. Aquele sujeito me fazia feliz como ninguém jamais havia feito. Se Cipfried pudesse me ver... Se eu ao menos pudesse falar com ele... Acho que ele estaria igualmente feliz...

    O Yalahari levou-me em seus braços até à feira. Ainda havia muito o que ver e tínhamos bastante tempo para isso. Eu abri uma carta que havia recebido recentemente — era de Silfind, muito saudável e vigorosa, levando sua gravidez adiante. Já deveria estar no quarto ou quinto mês...

    Aquilo me fez lembrar de minha tarefa — não poderia ficar em Ankrahmun para sempre. Para que pudesse sair com a consicência leve, ainda havia algo que eu precisava fazer... Mas que não faria naquele momento. Tudo o que eu queria era divertir-me com aquele que me arrebatara o coração; queria conhecê-lo melhor, e não havia ocasião mais adequada para isso...

    ***

    (Narrado por Yami, o Primeiro)

    Ah, a balbúrdia dos comuns, as festividades do povo... Há muito não via algo assim. Da última vez que estive em Ankrahmun, os nômades ainda eram escória, excluídos da sociedade ankramana, esquecidos em meio à areia flamejante de Darama...

    Lembro-me de tempos anteriores a esses, onde o deserto era um lindo jardim, e que as montanhas de Kha'labal não existiam... Quando Drefia não era um local esquecido pelos deuses, tragado pelas areias do deserto, aprisionando as almas ensandecidas daqueles que traíram seres muito superiores a eles...

    Humanos... Não são nada senão peões em um jogo maior que eles... Não são nada, senão peças da linha de frente, que podemos sempre sacrificar sem remorso, pois são substituíves. São fracos, volúveis... Cedem fácil... Encantam-se fácil.

    Quase não vejo graça em manipular, brincar com eles. Quase. Keras é diferente. Há algo nele que me incita meu lado brincalhão, que pensei há séculos ter perdido. Minha caminhada levou-me para longe das ruas da plebe vulgar, voltando-me para a silenciosa biblioteca de Ankrahmun, guardada por um velho conhecido meu...

    — Tothdral! — Gritei por ele — Não se esconda de mim... Sabe que não gosto dessa brincadeira...

    — E você sabe o quanto eu não tolero grande parte das suas.

    A majestosa múmia apareceu por entre prateleiras abarrotadas de livros e pergaminhos. Ele segurava um papiro entre as mãos grandes e cobertas de ataduras. Seu único olho descoberto pairava sob meu semblante, fitando-me no fundo de meus olhos igualmente dourados.

    — Ah, que isso! Não seja tão sentimental! — Disse com relativo desdém, jogando-me no divã logo atrás de mim, pusando minhas mãos atrás de minha cabeça, deitando-me confortavelmente no móvel — Sabe que é assim que costumo jogar...

    A múmia deu de ombros e cerrou seu único olho. Sua voz majestosa e gutural era similar à minha. Conhecíamos há muito, muito tempo atrás, quando seu corpo ainda tinha o vigoar dos vivos e não cheirava à bálsamo e essências oriundas das ataduras que hoje o cobrem.

    — O que te traz aqui? — Indagou-me sem rodeios.

    — Ah... Você não sabe brincar... — Disse em um suspiro — É uma pena... Bem, eu vim aqui por causa do garoto... Ireas Keras.

    — Chega, Yami! — Bradou a múmia — Pare de fazer de nós suas marionetes! Já basta o que ele tem passado... Já basta tudo o que venho escondendo dele... e que não posso revelar...

    — Você e esse seu sentimentalismo barato... — Desdenhei — A vida ainda magoará muito esse rapaz... Sou arauto do futuro que se desenha para ele... E que somente as areias do deserto podem soprar para ele...

    A múmia fitou-me com leve horror em seu semblante, e eu retribuí tal olhar com meu sorriso de costume, com meu semblante inalterado. Decidi passar a noite lá. Meu trabalho começaria cedo, e nada me impediria de tirar uma boa noite de sono...

    Continua...

  8. #178
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    Caramba, esse Yami é realmente sombrio! Mal posso imaginar o que ele ira tramar contra o Ireas... Você é muito boa com mistérios, Iridium. Sabe como deixar o leitor com vontade de ler mais, sempre!

    Tomara que o Yami não obrigue Tothdral a fazer certas coisas... coitado, ahaha.

    Abraço!

  9. #179
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    E aí, Iridium!




    Ficou muito bom o capítulo! Acho que você realmente sabe de Ankrahmun ou sabe explorar algumas coisas que se liguem ao deserto, pois o lance dos ciganos ficou ótimo, tanto como suas descrições.


    E este Yami... Comecei a achá-lo meio suspeito desde quando surgiu aquela carta da mãe do Ireas junto da dele. Ele deve ser uma múmia sem(esqueci o nome do objeto utilizado para cobrir as múmias) ou talvez seja um Ghoul! Será? :O

    Gostei muito desse novo mistério... Deixou com vontade de quero mais! Espero que não demore a terminar o próximo, e sinto muito pelo que tenha ocorrido contigo.




    Abraço.



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  10. #180
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 6

    Bom dia, gente!

    Bem, faz um tempo que não posto. Está na hora de matar a saudade!

    Primeiro, aos Comentários:

    Citação Postado originalmente por CarlosLendario Ver Post
    E aí, Iridium!

    Ficou muito bom o capítulo! Acho que você realmente sabe de Ankrahmun ou sabe explorar algumas coisas que se liguem ao deserto, pois o lance dos ciganos ficou ótimo, tanto como suas descrições.


    E este Yami... Comecei a achá-lo meio suspeito desde quando surgiu aquela carta da mãe do Ireas junto da dele. Ele deve ser uma múmia sem(esqueci o nome do objeto utilizado para cobrir as múmias) ou talvez seja um Ghoul! Será? :O

    Gostei muito desse novo mistério... Deixou com vontade de quero mais! Espero que não demore a terminar o próximo, e sinto muito pelo que tenha ocorrido contigo.


    Abraço.
    Fala, Carlos!

    Fico muito feliz pelo teu feedback! Éééé, negada! Yami vai dar muuuuito o que falar nesse Segundo Pergaminho, mas não será apenas ele! E a múmia volta para aconselhar Ireas! O que mais Tothdral escondeu nesses tempos? Só lendo pra saber rsrsrsrsrs


    Citação Postado originalmente por Lacerdinha Ver Post
    Caramba, esse Yami é realmente sombrio! Mal posso imaginar o que ele ira tramar contra o Ireas... Você é muito boa com mistérios, Iridium. Sabe como deixar o leitor com vontade de ler mais, sempre!

    Tomara que o Yami não obrigue Tothdral a fazer certas coisas... coitado, ahaha.

    Abraço!
    Fala Lacerda! Que bom que eu te puxei pra minha história xD

    O Yami ainda vai mostrar muita coisa =) Fico feliz que esteja gostando
    da narrativa! Espero não decepcionar com esses capítulos que estão vindo!

    Tomara que o Tothdral se safe dessa HSAUHAUHSAUHSUAHSAHS

    -----

    Sem mais delongas,
    ao Capítulo de hoje...

    ----

    Capítulo 6 - Revelações

    Segredos têm um preço... Eles não vêm de graça.

    (Narrado por Ireas Keras)

    Não conseguia dormir. Por algum motivo, aquela interação entre Wind e Yami me deixou preocupado. Estava dormindo virado para a janela, com o luar iluminando minhas faces. Apesar de ter aceitado Wind novamente, não me sentia confortável para fazer algumas coisas... Incluindo dormir ao lado dele.

    Virei meu rosto para a escuridão à minha direita, e lá estava Wind, na outra cama, dormindo serenamente. Suas cicatrizes estavam menos aparentes, mais amenas. Nem pareciam recentes, oriundas de uma guerra que quase lhe custara a vida.

    Fiquei pensando no que Yami o teria dito para tirar-lhe do sério como o fizera. Apesar de termos tido uma tarde maravilhosa, senti-o um pouco distante... O que teria acontecido?

    ***

    - Algumas Horas Antes -

    Minha alegria era tão imensa que nem eu era capaz de acreditar no que sentia; o Yalahari carregou-me até aquela feira, cuja beleza nem mesmo eu conhecia, apesar de ter sido o responsável por sua existência em Ankrahmun.
    O ruivo me carregou até o cenro da balbúrdia, onde chovia confetes e tiras de papel colorido, com pessoas se apertando em busca de passagem ou espaço para ver alguma atração ou mercadoria.

    A música tradicional, oriunda dos alaúdes e liras, preenchia o ar e criava uma confortante e alegre atmosfera. Chegamos a dançar juntos; recordo-me bem do ritmo e das voltas que o cenário parecia dar sob minha cabeça. Lembro-me de meus cabelos ao vento e da chuva de confeitos coloridos a cair sobre nós.

    Em um dado pontodo evento, quano o sol já se punha, decidimos procurar alguns itens para comprar. Eu havia pousado meus olhos no que parecia ser um amuleto de águia ricamente adornado, com asas de lápis-lazuli, corpo em ouro, olhos de rubi e o centro com uma opulenta ametista, como se fosse seu coração.

    — Que amuleto é esse? — Indaguei ao vendedor, um homem moreno, de meia idade e olhos verdes.

    — Trata-se do Broche Adornado — Respondeu-me com um sorriso — Dizem que, através da ametista, você pode ver as bênçãos que os Deuses o concederam.

    Fiquei interessado. Aquele amuleto, além de bonito, parecia ser muito útil. Wind já me havia falado desse sistema de bênçãos - rumores diziam que seriam capazes de te proteger de várias perdas em aventuras, incluindo da própria morte.

    Quando o homem me falou o preço, tive que recuar. Ceno e cinquenta mil peças de ouro era muito dinheiro para mim, e eu não dispunha de tamanha quantia. Hesitante, mordi o canto esquerdo de meu lábio inferior. No segundo seguinte, vejo Wind com duas enormes sacolas de ouro, trocando-as por dois exemplares do amuleto.

    — É um prazer fazer negócios com os senhores! — Disse o lojista com os olhos arregalados e um sorriso de orelha a orelha — Que Daraman os abençoe!

    Wind me entregou um dos amuletos, aquele que parecia ser mais novo e reluzente. Em seguida, sussurrou ao pé do meu ouvido:

    — Não deixarei que nada te falte. Especialmente um item desses, que é raro, caro e útil.

    Fechei meus olhos e assenti com um sorriso. Preguei o broche no lado esquerdo de meu robe e seguimos adiante. Havia muito o que ver, e tenho em minha mente lindas imagens de todo o evento. Pela primeira vez em minha vida, passei a colecionar memórias alegres...

    Contudo, a todo momento carregava comigo a estranha sensação de estar sendo observado; era como se houvesse uma terceira pessoa conosco para qualquer lugar que íamos. Aquilo me gerava certo desconforto.
    O pior era quando eu começava a ouvir uma voz soprada pelo vento. Uma voz gutural, majestosa e por vezes assustadora:

    "Ou um, ou outro, Keras. Não se pode ter tudo..."


    ***

    Tothdral... — Sussurrei de repente.

    Queria sair. Precisava sair. Tinha que falar com Tothdral o mais rápido possível! Sentei-me na beirada da cama, fitando meus pertences — a mochila dourada, meu robe, meu cajado, meus sapatos e o quilte. Vesti-me rápida e silenciosamente. Ao por minha mochila em minhas costas, contudo, detive-me. Não queria abandoná-lo como outrora eu fiz.

    — Wind? — Sussurrei em seu ouvido — Sei que você está cansado, meu bem, mas...

    O ruivo abriu os olhos lentamente, despertando de seu sono. Com a mesma lentidão dos recém -despertos, ele se sentou na cama e espreguiçou-se, piscando lentamente.

    — O que houve? — Indagou-me aos sussurros — Não consegue dormir?

    — Sim... — Respondi, cruzando os braços — Sinto que há algo errado por aqui... E não posso deixar essa cidade sem descobrir o que é...

    Ele assentiu e pegou seus pertences. Em seguida, deu-me um beijo na testa e, com seu sorriso costumeiro, lançou-me a pergunta:

    — Para onde, Keras?

    — Para a Guilda dos Feiticeiros — Respondi-lhe no mesmo momento — Tothdral me esconde algo, e já estou cansado desses segredos. Quero respostas, e rápido. E múmias não dormem muito. Decerto ele já deve estar trabalhando.

    Wind assentiu e saiu da casa ao meu lado. Seguimos diretamente para a Torre Serpentina, onde Tothdral, o Contemplador de Estrelas, parecia nos esperar. Ele tinha mapas e mapas astrais sobre uma mesa de mogno. Ele parecia tão absorto em sua atividade que sequer notara nossa chegada.

    — Tothdral? — Chamei pela múmia.

    — Hã? — Ele replicou com indiferença. Pouco depois, voltou seu olhar para cima, e arregalou seu olho ao nos ver — Keras! Walker! Não os esperava aqui tão cedo... O que os traz até meu humilde recinto?

    — Há um tempo atrás, você me disse que jamais sua Guilda ou a minha pronunciariam o nome de minha mãe — Disse sem rodeios v Sei que vocês, obviamente, tem um motivo. E quero saber que motivo é esse.

    A múmia soltou um largo suspiro e voltou aos seus mapas. e eu comecei a me irritar com a atitude dele.

    — Sabe que dia é hoje, Keras? — Indagou-me a múmia em seu monólogo — Hoje, a lua passa pela Constelação que regia a sua mãe... A mesma que deu nome à Devovorga... Então, chegou a hora. O mapa não mente...

    A múmia fez um sinal para que sentássemos. Ela se sentou em uma poltrona à nossa frente, pronto para falar.

    — Sua mãe há muito cruzou as fronteiras da vida e da morte — Disse a múmia secamente — Ela era um jovem prodígio, uma Feiticeira como nunca houve. Mas ela tinha muito orgulho, cobiça e ganância no mais fundo de seu ser. Ela cometeu crimes odiosos contra a humanidade e quaisquer raças e seres que cruzassem seu camino. Ela quer poder, Keras. E não hesitará em contatar quem for preciso.

    — Que crimes?! — Indaguei, impaciente — E quem ela contatará?!

    — Pergunte aos Djinns. — Replicou Tothdral. — Diferentemente de mim, eles não precisam que Guildas lhes ditem regras às quais devem seguir. Uma das facções guarda a resposta. Basta você escolher a correta.

    Continua...

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