
Postado originalmente por
CarlosLendario
Primeiramente, bem vindo de volta à seção.
Gostei do começo de sua história, sua narrativa é ótima e os personagens são muito bons. A premissa parece bem interessante, e a história menos conectada com o Tibia e usando de seu próprio imaginário é o que torna tudo mais interessante ainda.
Enfim, irei acompanhar e responder quando for possível. Espero que continue com a história por um bom tempo.
Obs: Mais um capítulo e você pode se inscrever no concurso das melhores histórias da seção!
Opa, irmão! Espero te ver aqui ainda em outras oportunidades. O projeto tende a ser bem duradouro, e com o auxílio de todos vocês, é impossível que ele não venha a ser. Obrigado, mesmo.

Postado originalmente por
Iridium
Saudações!
Não importa o universo, a era ou ocasião, mãe é mãe! Rs.
Gostei do capítulo e da introdução ao misterioso livro; achei que era um erro de formatação, mas vi que me enganei XD
Sua escrita é muito boa e estou gostando cada vez mais da narrativa. A única coisa que me incomoda é o fato de você estar usando hífens como travessões. No word, existe a opção de "inserir caracteres especiais", e o travessão (m-dash) pode ser encontrado na lista com um atalho no teclado para ele. Nos próximos capítulos, se for possível, por favor corrija isso. É a única ressalva que tenho, mas não é nada que atrapalhe no seu texto, rs.
No mais, aguardo o próximo capítulo!
Abraço,
Iridium.
Digníssimx colegx, fico positivamente satisfeito com a vossa colocação a respeito do tema, porque, realmente, não vinha me atentando no que tange a esse problema gramatical que, de fato, é bem gritante. Tenho muito é que te agradecer. Está sendo feito e vocês terão essas correções já neste próximo episódio. Obrigado!

Postado originalmente por
Edge Fencer
Achei muito boa a história, personagens e cenários bem trabalhados e uma escrita muito rica.
Gostei do tom de mistério da narração, quando o capítulo acaba a gente fica muito curioso já com próximo xD
Vou continuar acompanhando, que venham os próximos capítulos
Risos! Mensagem do dia, mto obrigado pelo carinho.
Vamos tocar adiante então, meus pares.
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CAPÍTULO 3 – OS GATUNOS DA MEIA-NOITE
Em casa, Jason fez a maior parte da pesquisa que pode. O livro de Joseph W. Prince, no final das contas, acabou por deixá-lo ainda menos seguro a respeito do tema que pesquisava, porque parecia trazer muito mais informações sobre lendas do que sobre fatos. Ali, ele encontrou algo que fazia remessa à Espada dos Ciclopes, ou Lâmina de Crunor, artefato nunca antes visto e relatado, e também outras informações que se referiam ao Livro dos Mortos, um poderoso artigo mágico, e ao Arco dos Holandeses, cujas informações eram bastante parcas.
Jason se equipou inteiramente – armadura de escamas de dragão, calças ornamentais, escudo com um pentagrama entalhado, espada serrilhada, tudo à mão. Faria uma ronda para Heloise e, em seguida, conversaria com Leonard, assim que ele voltasse, sobre a expedição que visava realizar.
Fato é que as lendas de Prince pareciam todas apontar ou para o Deserto de Jakundaf, que ficava entre Thais e Venore, ou para as ilhas geladas de Folda, Senja e Vega, que ficavam no extremo noroeste de Carlin. De uma forma ou de outra, estava certo de que Leonard gostaria de empreender uma missão para qualquer um dos dois locais, e o arqueiro, como sempre, seria o primeiro recruta do cavaleiro.
Jason desceu as escadas do cortiço e rumou sentido norte, passando ao largo do cais, onde caixas e mais caixas vazias iam se acumulando. Poucos instantes depois, escutou vozes próximas dali. Uma delas parecia estranhamente familiar.
— … formas de se fazer isso, arqueiro – disse uma voz rude, quase insolente. – Podemos ficar aqui o dia todo, o que, sinceramente, não é problema algum para mim, ou você pode abrir o bico e se poupar do sofrimento.
— Já disse que não tenho a menor ideia de sobre o que você está falando – disse a inconfundível voz de Leonard, uma oitava acima.
Alarmado, Jason escondeu-se atrás de alguns caixotes do cais, por onde pode divisar a ação que se desenrolava defronte. O arco de Leonard estava caído a alguns metros dali, e ele estava encurralado por três outros homens: um alto e muito gordo, segurando uma maça, que parecia decididamente estúpido; outro igualmente alto mas muito mais magro, muito quieto, que segurava uma espada gasta; e o terceiro, um homem baixo e sardento, de cabelos ruivos, que pressionava o amigo de Jason contra a parede, segurando uma adaga curta.
— Já lhe disse que não tenho tempo a perder – o baixinho apertou a adaga contra a barriga de Leonard, e Jason se preocupou ao ver uma gota de sangue salpicá-la simultaneamente à expressão de dor do amigo. – Fale-me sobre o incandescente que visitou seu amigo ontem.
Jason torceu a cabeça de lado, atento.
Incandescente. O desgraçado sabe que aquela criatura me visitou. Precisava tomar uma decisão.
O cavaleiro olhou em volta, avaliando os caixotes. Lenta e deliberadamente, os reordenou com cuidado, de forma a deixar uma mensagem clara para Leonard, que não parecia ter notado sua presença ali, embora estivesse de frente para ele. Aos poucos, a figura de um “J” rudimentar e tresloucado pode ser identificada entre os caixotes, e Jason somente aguardou.
A compreensão inundou os olhos de Leonard muito lentamente, e, de repente, ele soltou um muxoxo, como se estivesse se dando por vencido.
— Está bem, está bem – disse, sacudindo a cabeça teatralmente. – Dessa vez, acho que vocês levaram a melhor. Vou lhes contar o que sei.
O ruivo e sardento baixinho sacudiu a cabeça em sinal positivo, empolgado.
— Fiquei sabendo que Jason faria uma coisa ao mesmo tempo incrível e amedrontadora, se querem saber.
— E o que é? – perguntou o gordão, batendo a maça na mão.
— Soube que ele espancaria três paspalhos, sem lhes dar chances de defesa.
Antes que alguém pudesse entender qualquer coisa, algo saiu voando de trás dos caixotes do cais e atingiu dolorosa e quase fatalmente a cabeça do magrelo alto. Ele soltou um suspiro breve e caiu no chão, inerte. Um pedaço de pedra rolou pelo chão, para a surpresa dos outros dois.
Jason saltou para a frente e combateu a maça do gordo maior, desarmando-o com tanta facilidade que parecia estar lutando contra uma criança. Com um giro gracioso, ele colocou um bom chute rodado no queixo do adversário, fazendo-o rolar, desmaiado, até ser aparado por uma das colunas que sustentavam o cais, fazendo-o sacudir.
Ele sacou a espada e a apontou contra a garganta do ruivo, que se espremeu contra a parede, deixando a adaga pender devagar da mão até que caísse.
— Entrada triunfal – aprovou Leonard, pegando seu arco no chão e avaliando seu estado.
Jason apertou o ruivo com a face serrilhada da lâmina.
— O que é que você sabe sobre o incandescente? – perguntou, agressivamente. – Fale!
O ruivo levantou as mãos em sinal de rendição.
— Só o que se diz por aí, OK? – os olhos dele percorreram temerosamente a lâmina apertada contra o seu pescoço. – O incandescente aparece, entrega o enigma que designa uma missão, depois some, tudo bem? A missão tem que ser cumprida, ou morrem incandescente e designado.
— Qual é o critério para a escolha do designado? – Jason falava muito próximo do outro, seus narizes quase se tocando. A pressão era indizível.
— É randômica, até onde sei, mas pode ser definida de acordo com as habilidades do designado – o ruivo engoliu em seco. – O incandescente que o designou é o responsável pela Arca do Destino, certo? É tudo que sei!
Jason franziu o cenho. Tinha lido sobre a Arca do Destino no livro de Prince, mas achou que, como tudo mais, tratava-se tão somente de uma lenda, um conto utilizado pelo autor para disseminar e ampliar a venda de seus livros.
— Quem é que vocês são, afinal de contas? – Leonard torceu o nariz.
O cavaleiro, ainda segurando firmemente a espada contra o pescoço do ruivo, puxou o braço esquerdo dele, afastando a manga da camisa puída e suja. Ali, em seu antebraço, havia um símbolo tatuado, representado por uma espada e uma rosa cruzados.
Leonard fez sinal de compreensão.
— Gatunos da Meia-Noite.
— Duvido muito – o nojo no rosto de Jason era visível. – Os Gatunos da Meia-Noite são uma sociedade que tem bem mais princípios do que os demonstrados por nosso colega aqui. Esses caras mal sabem segurar uma arma. É provável que sejam só mercenários cumprindo uma tarefa.
O ruivo fez que sim com a cabeça, enfaticamente.
— Fomos contratados – disse, por fim. – Sou Alistair, o grandão é Howard, o magrelo se chama Louis. Agora, sinceramente, acho que não estou ganhando o suficiente para isso.
Jason concordou com a cabeça.
— É muito provável que não. Acorde esses sacos de bosta e se mande daqui, antes que me arrependa de tomar essa decisão.
Alistair não precisou de um segundo aviso. Por um pedaço do caminho, ele teve que arrastar os amigos, mas, logo depois, os dois acordaram e, sem nem mesmo pegarem as armas de volta, dispararam pelas ruas de Carlin.
O cavaleiro sacudiu a cabeça, desgostoso.
— Acho que te devo essa – disse Leonard, sincero.
— Conheço uma forma de você pagar – Jason sorriu.
*
— Bom, isso, sem dúvidas, acelerou o processo.
Jason e Leonard conversavam com uma compenetrada Margareth, na presença da Rainha Heloise. A Rainha, ao contrário do que se imaginava, não era uma monarca sentada em seu trono de ouro com a finalidade única e estrita de fazer valer seu mandato. Não. Se você a visse por aí, certamente poderia confundi-la com uma trabalhadora qualquer da cidade de Carlin.
Era uma mulher muito bonita, é verdade – cabelos castanhos, olhos muito verdes, corpo esguio e busto cheio, lábios carnudos, tudo que um homem poderia admirar em uma mulher. No entanto, Heloise excepcionava as regras quanto ao seu comportamento. Isso porque ela não saía pela cidade com guarda-costas, cheia de pompa. Misturava-se à multidão. Visitava o cortiço e, com a mesma vivacidade, recebia monarcas em seu castelo. Roupas caras e vistosas, somente nas ocasiões em que se exigia.
— Jason, entendo suas necessidades – disse ela com sua voz melodiosa, as pestanas batendo enquanto ela se concentrava. – No entanto, acho muito difícil que a Coroa financie uma expedição sem saber qual seu resultado final.
— Milady, não precisamos do financiamento da Coroa – disse Leonard, perguntando-se se “milady” era um título adequado para a Rainha. – Temos ouro. Muito ouro.
A Rainha acenou positivamente, compreendendo.
— E qual a razão da nossa reunião?
— Preciso de dispensa por prazo indeterminado – disse Jason, inquieto.
Heloise olhou para o garoto com carinho.
— Jason, você não está vinculado ao Exército – ela sorriu bondosamente. – Somente nos auxilia, mas não é um recruta obrigatório. Tem seu direito de ir e vir sem necessitar da minha permissão.
Margareth se levantou, empolgada.
— Acho que isso resolve as coisas, Helô – disse ela, para a surpresa dos outros dois, mas a Rainha não esboçou reação negativa. – Vocês podem alugar um barco e eu vou lhes disponibilizar a tripulação, certo? Acho que a presença de mercenários no nosso reino é o suficiente para que levemos essa expedição a sério.
— Se precisarem de algo mais, estarei no castelo.
A Rainha os deixou a sós na sala da biblioteca, ao que Jason direcionou seu olhar para Margareth, ligeiramente desconfiado.
— Qual seu interesse nisso, Marga?
— Sei que o incandescente que o visitou é o guardião da Arca do Destino, querido. E, francamente, se as lendas estiverem corretas… e quero deixar muito claro que não ouso desafiá-las… será um prazer poder colocar meus homens à sua disposição.
Jason sentiu-se um pouco incomodado com o fato de que Margareth tinha todas aquelas informações e não as tinha dividido consigo. Leonard, por sua vez, parecia em outra dimensão, como se conversar sobre uma expedição de navio fosse um assunto levemente interessante, mas não o suficiente.
A bibliotecária, por sua vez, já ia puxando uma porção de fichas – sete ou oito delas – e relacionando alguns nomes em um pedaço de pergaminho apartado. Alguns minutos depois, ela levantou os olhos, como se tivesse notado a presença de Jason e Leonard ali pela primeira vez no dia.
— O que estão esperando, panacas? Vão atrás da embarcação!
*
Jason e Leonard ocuparam o restante da sua tarde nos preparativos para a expedição que iriam realizar. Repentinamente, as lendas de Joseph W. Prince pareciam não ser mais lendas, como se cria. Fato é que, verdade ou não, Jason entendia que fora designado, e a aparição daquele incandescente lhe parecera bastante vívida. Se um grupo de mercenários estava disposto a matar para obter aquelas informações, era muito provável que elas não fossem tão irreais assim.
— Teremos uma tripulação de mais ou menos sete membros – dizia Leonard, os olhos fixos na lista que rabiscara rapidamente em um pergaminho. – Tem esses quatro caras, Cotton, Gibbs, Joshua e Reynold, que parecem ser trabalhadores braçais. Ligeiramente estúpidos à primeira vista, mas o cabeça-oca geralmente sou eu – ele coçou a cabeça, pensativo, – Catarina diz ser excelente na cozinha, e Melany, uma arqueira por sua própria condição. E esse último diz ser cartógrafo, foi muito bem recomendado por Margareth. Chama-se John.
Jason assentiu, separando as mochilas por cores de acordo com o que tinham dentro. Levavam algumas poções repositoras, outras de cura, algumas runas com emblemas específicos que continham um bocado de magia oculta dentro, roupas, roupas, e mais roupas; alimentos, alimentos e mais alimentos.
No fim, os quatro primeiros, Cotton, Gibbs, Joshua e Reynold, apareceram no cortiço, todos parecendo muito grandes e muito bons com os trabalhos que exigiam força. Levaram todas as mochilas ao cais em apenas duas viagens, enquanto os dois amigos continuavam a estudar rotas possíveis contornando o antigo continente a leste e tentando fugir dos locais que poderiam ensejar eventuais emboscadas.
Finalmente, sentiram-se prontos para partir. Jason conheceria todos os seus homens já no cais, onde o navio os aguardava. A expedição às ilhas geladas, contudo, guardaria muito mais do que o jovem cavaleiro poderia esperar.