Resultados da Enquete: Que Facção deveria Ireas Escolher?

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Tópico: A Voz do Vento

  1. #201
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    o Carlos disse tudo, eu até fico sem saber o que comentar

    então passo mesmo para agradecer por vc estar escrevendo A Voz do Vento, sempre com ótimos capítulos e um "continua..." que deixa aquela vontade de ler mais... bom, é isso aê

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  2. #202
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 12

    Saudações, pessoal!

    Pois é, acho q dei uma empolgada esses dias... Tanto que estou postando capítulo novo hoje!

    O Segundo pergaminho já tomando seus rumos, Ireas e seus amigos achando seus caminhos... Muitas surpresas, mas ainda há muito a se percorrer!

    Mas antes, vamos responder aos Comentários! E a Janela ataca novamente...!

    Spoiler: Respostas aos Leitores

    ----

    Capítulo 12 - Dois Oásis no Deserto: Por Ashta' Daramai, a Casa de Darama! (Parte 1)

    O lado foi escolhido...


    (Narrado por Ireas Keras)

    Aceitamos a missão que Bo' Ques nos havia confiado, e chegamos à Darashia ao cair da noite. O motivo de não termos ido por Ankrahmun deu-se pelo fato do desaparecimento do barco e de seu "capitão".

    — Ainda não consigo crer... — Resmunguei, raivoso.

    — Em quê? — Indagou Emulov.

    — Em Yami! — Respondi. — Não consigo crer que ele seja um Djinn, e que esteja à serviço de minha mãe!

    — As aparências enganam... — Respondeu-me o Zaoano serenamente — Agora, ao menos sabemos que sua mãe pode exercer influência em criaturas tão poderosas quanto Djinns.

    — E quanto antes conseguirmos as peças desse louco quebra-cabeças... — Continuei, reflexivo. — Mais rápido terei respostas... E um pouco de paz.

    Emulov assentiu afirmativamente, e seguimos para o palácio de Kazzan, onde encontramos Chemar Ibn Kalith, o responsável por transportar indivíduos de Darashia a outras localidades via...

    — Carpete voador?! — Indaguei, incrédulo.

    O homem riu para mim — e eu posso jurar que Emulov fizera o mesmo.

    — Sim, sim! — Respondeu Chemar — Sou um dos pilotos de carpete licenciados de nosso mundo! — Ele fez uma reverência para mim e Emulov — Por algumas peças de ouro, posso levá-los a determinadas localidades. Infelizmente, nem todas as cidades contam com nossos prestigiados serviços...

    — Entendo... — Repliquei cordialmente — E de quanto precisa para nos levar a Kazordoon?

    — Serão 80 peças de ouro para cada um! — Disse Chemar com um sorriso — E então, têm o dinheiro ou não?

    Com um sorriso ladino, joguei duas pequenas bolsas de couro para o sujeito, contendo a quantia certa para levar a mim e meu amigo Emulov até a cidade dos Anões.

    — Pois bem! — Concluiu Chemar ao terminar de contar as moedas. — Sentem-se e aguentem firme! A viagem será mais rápida do que poderão imaginar!

    Assentimos e nos sentamos atrás de Chemar. O homem sentou-se em uma postura meditativa e sussurrou o que eu pensei ser os nomes de Daraman*. Após uns minutos, o tapete começou a tremular levemente e levitou cerca de dez palmos do chão. O objeto recuou para trás e logo obteve rápido impulso para frente, e saímos pela janela mar afora.

    Os ventos sopravam ruidosamente em nossos rostos e cabelos; de cima do tapete, eu podia ver o mar em toda sua glória, com o sol a refletir nas ondas da mais bela forma possível. Eu deixei um sorriso vir às minhas faces — por momentos como aqueles valia a pena sorrir. Valia a pena lutar.

    Logo vimos Tibia, ou o Continente Principal; o tapete acelerou ainda mais, e passamos pelos verdejantes pântanos perto de Venore e além, até chegarmos à montanha conhecida como O Grande Velho, lar de Kazordoon, a terra dos Anões.

    Tão logo quanto a montanha apareceu no horizonte, o tapete atingiu sua máxima velocidade e fomos montanha acima, ladeando as paredes de rocha maciça. Logo chegamos ao topo, onde havia um lindo lago. Assim que chegamos, fomos recepcionados por uma mulher branca, de ruivos cabelos e olhos negros como o ébano. O tapete desacelerou completamente, pairando no ar para então aterrisar suavemente.

    — Sejam bem vindos à Kazordoon! — Disse a moça com uma voz aveludada — Chamo-me Gewen, e sou a senhora dos Carpetes por essas bandas! — Essa última frase fora direcionada a Chemar, para quem ela piscou com um semblante malandro.

    — Só você mesmo... — Disse Chemar, revirando os olhos e sorrindo enquanto ajudava a mim e Emulov com nossos pertences — Bem, estão entregues! Obrigado pela preferência, e espero servi-los em breve! Gewen, cuide bem deles!

    Quando vi, senti apenas um vento em minhas costas — Chemar havia saído de cena. Logo Gewen atraiu nossa atenção, e mostrou-nos o caminho em direção à Kazordoon...

    ***

    Dos campos de trigo que haviam em um parte da montanha abaixo de onde estávamos, entramos em uma pequena torre, a qual nos guiou para dentro de Kazordoon. Havia estátuas de anões com belas armas por todas as partes; as paredes eram feitas de largos tijolos de basalto, os quais ostentavam lindas gemas azuis e vermelhas neles incrustados.

    Tubos metálicos com lava e metal derretido circulavam pelos corredores de basalto e marfim, deixando o interior da cidade relativamente quente. Naquele dia, Kazordoon estava com um pouco mais de movimento, contando com humanos e anões andando de um lado para o outro de forma frenética. Decerto era um dia especial naquela cidade.

    A taverna estava lotada; exploradores de todas as localidades se reuniram ali para beber, cantar, dançar até cair. Emulov recuou uns dois passos e fitou-me com um semblante preocupado e receoso.

    — O que há? — Indaguei.

    — Não gosto de multidões... — Falou o rapaz, encabulado. — De onde venho... Não há muitos... como nós.

    — Entendo... — Repliquei, compreensivo — Ainda assim, temos uma missão a cumprir. E não se preocupe, estou aqui...

    Ele assentiu, ainda envergonhado e me seguiu, de cabeça baixa. O caminho para o balcão estava estranhamente desempedido — os demais presentes estavam muito ocupados com seus momentos de alegria.

    Aproximei-me do balcão, certo de que estava no local correto. Havia um atendende de costas, loiro, limpando uns copos de estanho, enquanto um outro, de cabelos castanhos-claros, atendia os demais clientes.

    — Com licença, onde posso encontrar a Anã que atende por Maryza?

    O primeiro atendente virou-se em minha dieção, e logo constatei que era uma mulher. Uma linda anã de olhos azuis como o dia e cabelos louros como o trigo.

    — Na falta de outra melhor, eu atendo por esse nome. — sua voz era bem feminina para um ser do porte que ela apresentava. — Em que posso ajudá-los?

    — Viemos aqui a pedido de um ser... — Comecei, sério — Você deve estar familiarizada com o nome... — Aproximei-me dela para sussurrar — Bo' Ques.

    A anã arregalou os olhos, surpresa.

    — Há muito não ouvia notícias dele... — Falou Maryza, surpresa — De que precisam?

    — De seu livro de Receitas mais bem conceituado. — Disse Emulov, com um sorriso gentil — Digamos que ele esteja sofrendo de um... Bloqueio culinário.

    Bloqueio... — Falou Maryza, reflexiva — Sei... — Ela soltou um largo suspiro, e logo nos fitou com um sorriso — Pois bem, eu tenho a cura para esse bloqueio. Contudo, ela não virá de graça: me deem 500 peças de ouro pelo livro, e ele será de vocês para dá-lo a Bo' Ques.

    — Quinhentas peças... — Refleti — Bem, parece ser um preço justo...

    Abri minha mochila dourada, e dela tirei mais uma sacolinha de couro — dessa vez, era maior que a que atirei a Chemar. A moça simplesmente colocou a sacola em uma de suas mãos e aferiu a massa manualmente. Ao término do rápido processo, entregou-nos um grande livro de capa verde desbotada, com um garfo e uma faca bordados nele.

    — Façam bom uso! — Disse Maryza com um sorriso — E eu espero que Bo' Ques goste. Mandem a ele minhas lembranças!

    Assentimos afirmativamente e saímos da taverna.

    — E agora, que faremos? — Perguntou Emulov — Deve estar um pouco tarde... Sei que vai soar abusivo, mas gostaria de repousar...

    Ele começa a tossir de leve; decerto não tinha saúde boa. Eu nem pensei duas vezes, e fui procurar um local para repousarmos. De repente, o meu Broche Ornamentado começa a brilhar — e minha desconfiança logo vem à tona.

    — Mas o que diabos...?!

    No centro do amuleto, bem na grande ametista, aparece a imagem... De Jack! Como aquilo era possível Que feitiçaria era aquela

    — Ireas! — Gritou Jack — Graças a Banor consegui te contatar! Tentei falar com você a uns dias atrás, mas não obtive resposta! Como está?!

    — Estou bem — Repliquei — E Emulov também. Infelizmente, não tenho notícias de Brand... Ou Wind... Há dias. E você, onde está Espero que Yami não lhe tenha feito algum mal...

    — Bem, digamos que ele aprontou uma! — Disse Jack, um pouco ofegante — Ele me jogou para fora de minha rota. Agora, estou em Nargor, onde vou ajudar uma pessoa...

    — Com o quê?! — Indaguei, preocupado, sabendo que ele estava em terras perigosas.

    — Sírio Snow precisará de toda a ajuda do mundo nesse momento. — Replicou o paladino com seu típico sorriso — Infelizmente, não posso entrar em detalhes agora, ele pediu para que eu mantivesse tudo em sigilo.

    — Ah, por Crunor! — Bradei. — Somos amigos, caramba! Você pode falar!

    — Ainda não é o momento. — Falou Jack, estranhamente sério. — Mas logo você saberá... Agora, tem algo que eu preciso te dizer, Ireas...

    — Que seria...?

    — Bom, eu encontrei Liive por essas bandas — Falou o paladino, abrindo um sorriso. —, e ele é inocente da questão das cartas. Não foi ele quem as escreveu.

    — As cartas... — Balbuciei, lembrando-me daqueles momentos funestos, em que acusei erroneamente o homem que tanto amava.

    — Bem, essa é a má notícia que tenho pra hoje... — Falou Jack em um suspiro. — Quem escreveu essas cartas... Chama-se Esquecimento Eterno. Esse nome lhe é familiar?

    Meus olhos se arregalaram, meu coração disparou... E meu sangue ferveu. Cerrei meu punho livre com força, e rangi meus dentes.

    — Vadia miserável... — Falei por entre os dentes — Se conheço?! Infelizmente, essa maldita é... Minha mãe.

    — Ah, por Uman... — Disse Jack, surpreso — Parece que os problemas não param de aumentar... Infelizmente, tenho que ir, Keras. Mas não se preocupe! Em breve estarei de volta para ajudá-lo a encontrar Esquecimento Eterno! Deseje-me sorte!

    Antes que eu pudesse responder, a imagem de Jack some em meio a uma neblina que se formou dentro da ametista. Eu estava com ódio e raiva crescendo dentro de mim.

    — Então, é isso o que quer?! — Rugi — Então, Esquecimento Eterno, é isso que terá! Se estamos em guerra, que seja! Não terei piedade de você, e jamais descansarei enquanto não te encontrar... Viva ou morta!

    Continua...

  3. #203
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 13

    Saudações, povão!

    Pois é, minha empolgação tem crescido em proporção direta ao meu tempo livre! Enquanto o Torneio não começa, usarei minha história como aquecimento, bem como a Disputa que travarei com meu caro colega Gabriellk~!

    Bem, os comentários referentes ao Capítulo anterior serão adicionados a esse Capítulo mais tarde (assim que vierem rsrsrs).

    Sem mais delongas...

    Já sabem — Ao Capítulo de Hoje!

    ---

    Capítulo 13 - Os Renegados: O Chamado do Mar (Parte 2)


    ... Contra os grilhões da Escravidão...

    (Narrado por Rei Jack Spider)


    Finalmente consegui contatar Ireas e contar tudo o que estava acontecendo (ou quase)! Foi um alívio enorme para mim ouvir a voz do rapaz e saber que estava tudo bem. Agora, eu e Liive poderemos nos concentrar no que está ocorrendo aqui em Vandura. Nos últimos dias, o número de foras-da-lei aumentou bastante por aqui, e logo tive que arranjar formas de me misturar à multidão. Troquei os brocados e seda de Thais por vestes mais rudes e pesadas, típicas de piratas. o caso de Liive, a troca jamais se fez necessária, visto que bárbaros são bem-aceitos por aqui.

    Começamos a ser treinados na arte da espada, da garrucha e da navegação. Aprendi a atender a cada comando específico dos velhos lobos-do-mar que ali estavam; desde a subir as velas até comandar os lemes, aprendi tudo — e Liive também. Com o tempo, começamos a nos enturmar com aquele pessoal, e percebi que eles não eram de todo má gente, como sempre nos era dito em Thais — em sua maioria, eram pessoas de origem humilde e sofrida, que tiveram que recorrer à pirataria como forma de se libertar dos grilhões da escravidão que lhes fora imposta no dia em que o colonizador pisara ali. Eu agora compreendia seus motivos e angústias, e de uma coisa eu tinha total certeza:

    Eu queria fazer parte daquilo. Queria ser parte daquela revolução, e dizer um basta a todo o abuso, toda discriminação, todo sofrimento que havia na Baía da Liberdade. Queria fazer de Vandura um lugar livre.

    ***

    Estávamos todos reunidos no centro de Nargor, com Sírio de pé em um barril, ao centro da roda que formamos de antemão. O rapaz estava se preparando
    para falar, e juro que nunca ouvi um discurso tão bom em minha vida.

    — Senhores! — Começou o Feiticeiro — Por anos, a nossa terra vive presa a grilhões tão antigos quanto os casebres em que fomos forçados a viver. Por
    anos, fomos condenados a trocar nossas almas e nosso corpo por ninharias! Há séculos nossa existência foi desvalorizada, e nosso sangue e suor tornaram-se coisas de pouco valor. Em verdade, meus companheiros, vos digo...

    Ele desembainhou um sabre de cor rubra e fincou em um globo terrestre à frente dele, com a face mais decidida do mundo.

    — A partir do dia de hoje, não viveremos mais à sombra! Não seremos mais o alcatrão desses riquinhos degenerados e corrompidos! Não estaremos mais jogados à nossa própria sorte, feridos e acuados! Não! A partir de hoj, senhores, provaremos que somos maiores e mais fortes do que eles pensam que somos! Se somos o alcatrão, então queimaremos à força de nossa combustão, destruindo tudo o que esses degenerados construíram, manchando nossa terra com o sangue, o caos e a corrupção. A partir de hoje, o que se verá nos navios que saírem de Nargor não serão mais pessoas maltrapilhas e desamparadas! Serão homens, mulheres e crianças livres, que lutam para defender a liberdade! Quando o Chamado for finalizado, a Revolução há de acontecer, e nós nos vingaremos por todos esses anos de abuso e escravidão! As marcas do chicote serão apenas uma mera lembrança... Se morrermos, morreremos com honra, morreremos por nossa liberdade!

    Vi o rosto de Liive se iluminar; ele entendia perfeitamente aquele sentimento. Senti algo mudar dentro de mim. Mais do que nunca, queria ser parte de tudo
    aquilo, queria lutar contra aquele sistema com o qual não concordava. E os urros, cada vez mais crescentes, atrás de mim aumentavam o meu nível de certeza. Eu estava mais determinado do que nunca — acredito que esse evento me empolgou mais que minha luta contra Morgaroth. O tom de voz de Sírio ficou ainda mais firme, majestoso, grave e incisivo.

    — Lembrem-se desse dia, senhores, pois a Revolução, o Levante, o nosso tão esperado Verão, começa hoje! Hoje, senhores, a era Thaiana há de acabar... E a era dos Vanduranos há de começar! Comam e descansem como reis hoje, senhores, pois amanhã não haverá descanso! Para a nossa luta, deveremos estar o mais bem preparados possível!

    O som era ensurdecedor, e logo me vi gritando junto com a multidão; Liive já estava delirando, bebendo e brigando como um lunático, e rindo, rindo na medida em que desafiava vários à quedras-de-braço e brigas sem armas. Eu não estava no pique de lutar — queria conversar com Sírio.

    — Fico feliz que tenha escolhido o lado certo. — Disse-me o pirata Feiticeiro — Está pronto? As consequências poderão se piores para você... — Ele se referia à minha origem.

    — Não me preocupo com títulos ou posses... — Respondi sorridente — Preocupo-me com a justiça; eu nasci com um vida boa e, infelizmente, às custas das vidas de vocês. Para mim, é justo que eu lute por essa causa. Todos nascemos livres, e não pode ser o dinheiro o mediador da liberdade.

    — Só ouvi verdades! — Replicou Sírio com um sorriso — Agora, me conte, meu amigo. Como vai Ireas? Ainda busca pela mãe dele?

    — Ele está relativamente bem... — Respondi, com um sorriso de canto — Passou por muitos altos e baixos desde sua saída, mas agora está bem. E sim... Ele está atrás da mãe dele ainda, e parece ter obtido mais pistas.

    — Excelente! — Sírio respondeu de forma exultante. — Espero que Yami esteja sendo capaz de ajudar!

    Nessa hora, eu travei. Como dizer a ele que Yami, um rapaz que ele conhecia a anos, não era quem ele pensava ser? Como dizer a ele o que havia ocorrido nesse meio tempo? Como falar das coisas que Yami havia feito?

    — Bem, de certo modo, ele está... — Menti. — Bom, vou descansar...

    — Espere! — Deteve-me o Feiticeiro. — Tenho algo para você. Siga-me, por favor.

    Fitei-o por alguns instantes, surpreso. O que Sírio teria para mim?

    ***

    — Oh, por Banor! Que belezura!

    Era o navio mais lindo que já havia visto. Seu casco era todo feito em bétume, o que dava a ele uma cor bem clara, a despeito do alcatrão e outros materiais envernizantes nele colocado. As velas eram alvas e limpas, e o navio contava com três mastros. Era uma obra de arte, com convés duplo e uma ampla sala para o capitão.

    — Esse é o Oásis de Darama! — Apresentou-me Sírio à embarcação. — Tendo em vista a sua habilidade e a de Liive ao mar, quero que cada um de vocês lidere um barco. Esse é o seu, e o de Liive, logo o apresentarei. Você contará com uma excelente tripulação, bem como os melhores canhões de que disponho. Só o que eu peço em troca é uma coisa pequena...

    — Que seria...? — Comecei a indagação, curioso.

    — Sua garantia de que voltará vivo dessa. — Falou o rapaz solenemente — Sua garantia de que estrá conosco quando formos reconstruir a Baía da Liberdade... Quero sua ajuda, Jack, e a de Liive também, para reerguer Vandura, para fazê-la ressurgir das cinzas. Que me diz? Temos um acordo?

    — Você nem precisava me perguntar — Meus níveis de certeza e decisão eram máximos — Pode contar comigo para tudo, Capitão!

    — Seja então bem-vindo ao mundo da pirataria... Capitão Rei Jack Spider, senhor do Oásis de Darama!

    Eu comecei a rir alegre e orgulhosamente. Agora sim, eu estava pronto para dar o meu melhor no que dizia respeito à defender os direitos de quaisquer homens, fossem eles de Thais, Vandura ou quaisquer outras localidades. Eu estava pronto para defender a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade!

    Continua...

    ---

    Nota da Autora: Alguns trechos do discurso do Sírio foram baseados em um poema que eu li no 1o Ano do Ensino Médio, intitulado "Eu sou Carvão, Patrão" ("Eu sou teu alcatrão, patrão/ Hei de arder no fogo de minha combustão/ Eu sou carvão, patrão!") e um pouco de Revolução Francesa pra apimentar o caldeirão!

    Comentem, divulguem, opinem!

    Saudações, e até a próxima,
    Iridium
    Última edição por Iridium; 29-07-2013 às 20:19.

  4. #204
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    Fiquei uns dias sem visitar o fórum e hoje vi que tinha mais 2 capítulos de A Voz do Vento. Kazordoon é uma das cidades que eu mais gosto do tibia, talvez por ser baseada no universo de tolkien, e é sempre bom ler algo sobre ela, agora que o Ireas sabe quem é o verdadeiro autor das cartas ele tem mais um motivo para não gostar da mãe, e já pode considerar o Liive como um amigo denovo.

    Mas o capítulo 13 que chamou minha atenção, bem legal o discurso e a maneira com que você adaptou uns trechos do poema, essa revolução de vandura promete ser empolgante, mais uma vez ótimos capítulos, obrigado por escrever e até mais.

  5. #205
    Avatar de Mano Mendigo
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    Well, estou no capítulo 4 (quando o pessoal tá de luto pelas mortes na missão no mino) e estou gostando bastante...

    Uma única coisa que me incomodou é o fato do texto ser tão corrido, os fatos acontecerem tão rápido, que alguns personagens ficam com um carisma muito forçado, as características não muito definidas (vide o vilão que esqueci o nome)...

    De resto está bem legal, as falas e as descrições estão bacanas, de pouco em pouco vou tocando seu texto que é gigante.

    Abraços!




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  6. #206
    Avatar de Lacerdinha
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    Iridium, você recompensa cada minuto de leitura com a graciosidade do seu texto, incrível.

    Além de você fazer todo um esquema especial para a história, você mistura a linguagem coloquial e costumes de cada personagem e a escrita culta, palavras refinadas e aquele ar de livro de verdade. O resultado dessa misturança toda é uma história muito leve e gostosa de ler.

    Outro ponto que eu gosto bastante quando leio sua história são as alusões e referências a outros fatos que, geralmente, passam em branco para outros escritores. No último capítulo por exemplo, quando bati o olho em Liberdade, Igualdade e a Fraternidade já me veio à mente o lema francês, o que foi confirmado no final. Muito bom!

    Enfim... se eu continuar a elogiar (o que deveria) vou passar a impressão de paga-pau, então, vamos às críticas, rsrs. Acredito que com o seu atual ritmo de escrita você deixa passar alguns erros bobos... por exemplo terminações de palavras, falta de pontuação ou espaçamento. Nada que uma corrida de olhos pelos capítulos não resolva.

    Então, acredito que é isso. Até mais!

  7. #207
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 14

    Saudações a todos!

    Éééé, tem Torneio Roleplay na área! Finalmente! Mal posso esperar para começar a escrever. Bom, e nesse clima todo de disputa, estou postando novo Capítulo e terminando de preparar o texto para minha disputa com o caríssimo Gabriellk~. Já estamos um pouco... Atrasados, mas acho que conseguiremos vir com algo bem bacana =D

    E aos participantes do Torneio, desejo muita boa sorte, e que tragam à arena seus melhores textos — eu farei meu melhor para trazer minhas mais belas joias literárias (assim espero).

    Mas antes, vamos responder à galera que sempre comenta:

    Spoiler: Respostas aos Comentários


    Sem mais delongas, ao Capítulo de hoje!

    -------

    Capítulo 14 - Dois Oásis no Deserto: Por Ashta' Daramai! (Parte 2)

    ... Pela honra Marid, em nome de Gabel e de Daraman, o Homem Santo...

    (Narrado por Emulov Suv)


    Como são estranhos, esses seres a quem chama de anões! Como são barulhentos, peludos e tão desengonçados! Que bom que Ireas decidiu interceder, pois não estava nem um pouco confortável com tudo isso. De onde vim, o silêncio, a disciplina e a ordem são lei. Não falamos mais (alto) do que precisamos, nem ficamos em redundância por termos nada a dizer.

    Não sei se Ireas algum dia já foi uma pessoa mais alegre, mas espero que tenha sido, pois vi que mais uma parte feliz dele se perdeu. Não sei se é mera brincadeira do Destino, mas parece que Uman às vezes escolhe quem merece ou não ser feliz... E parece que tanto eu quanto Ireas não entramos na parcela dos bem-afortunados...

    O ar estava um pouco pesado para mim em Kazordoon — o calor das fornalhas e o cheiro entorpecente do álcool faziam daquilo um suplício para mim. A minha garganta arranhava, e meus pulmoes pareciam querer ceder aquele ambiente tóxico e nocivo; por causa disso, tive que atrasar Keras em algumas horas... As quais seriam o bastante para garantir minha recuperação.

    — Desculpe por isso... — Falei a Keras, um pouco sem jeito.

    — Não faz mal. — Respondeu-me o Norsir, ajeitando os catres dos quais o quarto dispunha. — De qualquer maneira, eu não estava disposto a viajar hoje. O caminho até os Carpetes é longo, e também estou exausto. Tenho certeza de que Bo' Ques aguentará esperar mais uma noite...

    Assenti e me deitei no catre que se encontrava junto à parede à minha esquerda, enquanto Ireas deitou no outro, que estava na direção oposta ao meu. O rapaz logo deu-me as costas e pôs-se a dormir. Quando repousava, a respiração de Ireas parecia tão leve que era como se ele estivesse... Morto. Era peculiar e... Assustador.

    Esquecimento Eterno... Aquele nome ecoou em minha mente por um bom tempo... A minha curiosidade acabou crescendo, bem como a minha não compreensão dos sentimentos de Ireas. Era fato que eu não era íntimo dele o bastante para saber, mas aquela fúria não fazia sentido para mim — Esquecimento Eterno, sendo mãe de Ireas, deveria ser alguém venerada, amada por ele... Ao menos, assim vejo a relação com nossos pais. Eles nos trazem ao mundo, e devemos tudo a eles. Posso não ter conhecido meus geradores, mas tive dois seres escamados a quem chamo de 'pais' com muito orgulho — e a quem devo tudo.

    Procurei afastar esse pensamento de minha mente, e me vi em um tranquilo sono.

    Mal sabia eu o que me aguardaria no despertar da manhã seguinte...

    ***
    (Narrado por Ireas Keras)

    Nunca houve uma noite mais mal dormida em toda minha vida; todo meu ódio e minha frustração haviam se somado ali. Como alguém conseguia ser tão desprezível, ainda mais com a carne de sua carne, o sangue de seu sangue? Como podia alguém ser tão pérfido e cruel? Como podia Esquecimento Eterno existir... E conseguir lidar bem com sua existência? Quanto ódio, quanta repulsa, quanto nojo senti — e ainda sinto — daquela mulher!

    Ajeitei o quarto alugado de modo que a saúde de Emulov não seria ainda mais debilitada. O Zaoano parecia ter uma constituição muito frágil — mais até do que a minha, quando ainda era novo nas terras do Grande Continente, quando o deserto de Darama quase me ceifara a vida... Quando conheci Brand, Rei Jack... E Wind. Quando vi aquele Yalahari, já deveria ter suspeitado que algo ocorreria entre nós, mas nunca suspeitei que seria um romance, tampouco tão complicado quanto o que temos atualmente...

    Deixei minhas pálpebras cerrarem-se lentamente, deixado o sono tomar conta de mim. Não ouvi um barulho sequer vindo de Emulov — ele dormia como um réptil, silencioso e discreto. Concentrei-me em meu sono, buscando descansar. Tinha que estar em meu melhor para poder iniciar a caçada aos Nove Tomos Pessoais de minha... Mãe. Dormi.

    Comecei a sonhar. Sonhei que estava em um local do Grande Continente, em uma região que eu desconhecia; ela era uma larga planície com árvores podres e negras no chão, e com o solo úmido e fedido como o de um pântano. Esqueletos estavam em todas as partes, bem como restos de metais retorcidos e armas quebradas. A morte tomava conta daquele local. Novamente, eu estava no meio do local, com o semblante mais melancólico do mundo. Eu estava tão absorto em meus pensamentos que por muito pouco não me desvencilhei de um par de gigantescas quelíceras, as quais vinham com tudo em minha direção.

    Olhei com certo pavor para a criatura — trata-va de uma mostruosa aranha! Com certeza portava mais de três metros, e suas patas eram fortes e afiadas. A despeito de seu enorme porte, mantinha a agilidade de suas menores (e normais) irmãs. Eu havia conseguido me esquivar, mas a infeliz dera uma cusparada de veneno que queimou minha perna esquerda, fazendo surgir bolhas no local, as quais estouravam rapidamente, fazendo-me ter a sensação de que meu corpo estava entrando em combustão.

    — Maldição! — Urrei ao virar-me com fúria para o aracnídeo — Por que eu?!

    A aranha avançava, usando suas patas como armas, tentando ferir meu corpo com a parte mais pontiaguda delas. Eu desviava e arremessava enormes estacas de gelo contra ela, buscando estraçalhar seu exoesqueleto. A cada vez que ela fincava uma de suas patas monstruosas no chão maculado pela pestilência e praga, uma de minhas estacas a atravessava, até ouvir dela mais nada senão um estridente e agonizante urro, seguido de sua queda no chão, com as patas para cima e se encolhendo sob o exoesqueleto inerte.

    Exura Vita... — Sussurrei, ofegante, curando minhas feridas.

    Minhas pernas ainda doíam; minha garganta estava seca, e minha respiração estava pesada, graças ao ar fétido e podre daquele local. Restava a grande pergunta: com mil diabos, onde eu estava?

    — Bem vindo às Planícies do Pavor... — Uma voz feminina soava no vento, e eu a conhecia bem.

    — Por que não mostra seu rosto de uma vez?! — Indaguei, urrando como o Norsir que eu era — Por que força criaturas com menos poder que você a fazer seu trabalho sujo?!
    Por acaso é covarde?!

    — Se você não ficasse metendo o nariz onde não é chamado... — Retrucou a voz com escárnio — ...Não estaria passando por nada disso.

    — E se você não ficasse revirando meu subconsciente, não estaríamos tendo essa conversa! — Urrei, retrucando em igual valor — Para onde me arrastou dessa vez?! O que pretende?!

    — Eu quero saber o que você pretende... — Respondeu-me com escárnio, a despeito da voz melodiosa que encantaria a qualquer homem — Já falei para você ficar longe... Bem, parece que Djema não soube ficar quieta... Achei que os Djinns ajudariam a manter meu segredo, mas me enganei...

    Olhei para os céus com espanto; o que antes era um céu claro e sem nuvens converteu-se em uma abóbada celeste cinzenta com nuvens negras, cujos relâmpagos açoitavam as massas de ar assustadoramente, seguidas de trovões tão fortes quanto o rugido de cem leões em coro. Ela apreceu, mas não em forma humana — Esquecimento Eterno parecia uma massa sombria, da qual eu podia distinguir apenas os olhos, de cor magenta e bem brilhantes. A fúria e a cólera pareciam transbordar do olhar da Feiticeira, que pairava no ar, com as mãos estendidas para o céu em fúria.

    Exevo... Gran...

    Meus olhos se arregalaram; as nuvens pareciam ainda mais negras, e mais relâmpagos singravam os céus! Eu estava em péssimos lençóis, e só havia uma coisa que eu poderia fazer.

    Utamo Vita! — Eu tinha que me defender contra o que quer que fosse aquilo que Esquecimento conjuraria contra mim.

    Mas... VIS!

    A luz era tão intensa quanto a infernal sinfonia de trovões; eu cerrei meus olhos e esperei pelo pior. Eu gritava em agonia, debatendo-me contra a luz que se apoderara de mim. Senti um par de mãos sobre meus ombros, sacudindo-os; em seguida, ouço uma voz familiar: a de Emulov.

    — Acorde, Norsir! — Falava o Zaoano, desesperado — Acorde! Você está em Kazordoon! Você está seguro!

    Abri meus olhos rapidamente; a luz vinha do candelabro que outrora compramos, horas antes de irmos dormir. Eu estava ofegante, suando frio enquanto a cicatriz em meu peito brilhava fortemente — aquele tom de azul nunca fora tão claro e brilhante. Cerrei meus olhos e sentei-me no catre, apoiando meus cotovelos em meus joelhos, e enterrando minha cabeça entre minhas mãos. Queria que aquela sensação horrível fosse embora.

    — Qua horas são? — Indaguei, um pouco mais calmo, mas ainda ofegante.

    — São... Três da manhã... — Replicou Emulov, visivelmente cansado.

    — Certo... — Repliquei, respirando fundo. — Queira me perdoar, meu amigo, mas estamos de saída...

    — Tem certeza? — Indagou-me o Feiticeiro, preocupado — Você não parece nada bem...

    — Acredite, eu já estive em dias piores... — Repliquei, frustrado — A maioria dos humanos deve estar repousando. Vamos aproveitar esse momento para usarmos os "Vagões".

    Vagões? — Emulov indagou, confuso. — O que são?

    Sorri para o rapaz, semicerrando os olhos. Decerto não havia transporte como aquele de onde Emulov vinha. Sinalizei com a mão esquerda para que me seguisse; pegamos nossos pertences, tranquei a porta e fomos até o Depósito e Banco da cidade, onde fui falar com Lokur, o anão de cabelos e olhos negros que me havia cedido as chaves.

    — Mais alguma coisa, senhor? — Indagou o anão, gentil.

    — Gostaria de dois passes para os Vagões de Minério. — Falei, apontando para mim e Emulov — Ele nunca ouviu falar no sistema, e gostaria de mostrar a ele.

    O anão arregalou os olhos, rindo levemente logo em seguida.

    — Está aí uma novidade! — Exclamou, alegre — Um humano que não conhece nosso sistema! Isso é formidável, mais propaganda positiva! Vamos, vamos! Estendam para mim seus braços e cem moedas de ouro cada*!

    Joguei duas sacolas com a quantia para o anão, e estendi meu punho esquerdo para ele, e instruí Emulov a fazer o mesmo. O anão sacou um carimbo com a face do Imperador Kruzak e o nome da cidade, e prensou a tinta de encontro às nossas alvas peles, deixando-nos com a estampa nas costas de nossas mãos.

    — Bem, o passe tem validade de uma semana — Disse Lokur com um sorriso —, e ele lhes dará acesso ao sistema completo de vagões e trilhos de nossa cidade. Peço apenas que não brinquem com os vagões: alguns anões causaram... problemas nesses "rachas" corriqueiros.

    Sorri para o anão, concordando com seus termos. Em seguida, guiei Emulov pelos corredores de basalto e mármore até onde estavam os vagões.

    — Bom... — Comecei, relativamente sorridene a despeito de meu cansaço — É só você sentar neles, puxar a alavanca e pronto: chegaremos ao nosso destino bem rapidamente...

    O Zaoano estava hesitante, mas logo entrou no vagão, esperando-me acionar a alavanca. Baixei-a com um pouco de esforço e, com um som rouco, ela desceu, e impulsionou as rodas do vagão, fazendo-nos disparar trilhos afora. Emulov agarrou-se na beirada do vagão, apavorado. Eu, por um outro lado, sorria que nem uma criança.

    A cada curva, descida e subida daquele veículo, partes de minha infância voltavam; lembrava-me de quando era bem moleque, uma criança franzina, a quem muitos tomavam por menina, que corria pelos corredores de pedra da pequena abadia de Rookgaard.

    Uma descida, e lembrei-me de quando galguei todo o caminho até o topo da pequena abadia, e acabei por escorregar na dobradiça do telhado — nunca havia visto tantas telhas de pedra voando. Cipfried ficara furioso! Naquele dia, deixou-me de castigo, rezando inúmeros Uman-Nossos, ajoelhado no milho...

    Outra alavanca; dessa vez, ela nos levaria ao topo da montanha. Com um sorriso malicioso, daqueles que eu costumava ostentar quando criança, baixei rapidamente a alavanca, e o solavanco fora mais bruto que o anterior, e soltei uma risada gostosa.

    Lembrava-me das noites que o padre me punha para dormir; lembrei-me das histórias, dos contos e canções... Seu rosto, com aquele sorriso doce, ainda que os anos não lhe tivessem sido piedosos — Cipfried já era um pouco ancião quando me acolheu em seus braços... Quando Esquecimento Eterno abandonou-me em Rookgaard, privando-me de uma família, de uma história... De uma identidade.

    Ao chegarmos no topo, no mesmo local onde Chemar nos havia deixado, eu estava com lágrimas em meus olhos — e me recusava a limpá-las.

    — Tudo bem? — Indagou Emulov em seu semblante sereno e um pouco melancólico.

    — Sim... — Respondi, saindo de meu transe, enquanto uma tímida lágrima saía de meu olho direito— Está tudo bem. Apenas... Lembranças. Gostou da viagem

    Emulov fizera que sim com a cabeça, ainda que estivesse visivelmente tonto. Eu abafei um riso e fui falar com Gewen, cujo sorriso maroto já mostrava saber o que queríamos.

    ***

    Enquanto voávamos, consegui barganhar com Gewen uma viagem um pouco maior — fi-la levar-nos até a entrada de Ashta' Daramai, a fim de poupar Emulov de mais desgaste. Afinal, dormíramos tão pouco que não seria nenhuma surpresa se desmaiássemos em pleno deserto.

    Cumprimentamos Uman rapidamente e logo disparamos escadaria acima — queria falar com Bo' Ques o quanto antes, a fim de conseguir cair nas graças de Fah' rahdin.

    Logo encontramos o cozinheiro, que estava esbaforido e desesperado. Ao ver-nos com o livro em mãos, começou a gritar de alegria, abraçando-nos fortemente, o que fez com que Emulov tossisse de leve.

    — Oh, desculpe, pequenino! — Disse Bo' Ques, eufórico — Ótimo, ótimo, vocês conseguiram o livro! Estou muito, muito satisfeito! Ah, falei de vocês para Fah' rahdin, e ele quer vê-los! Ele está naquela sacada, basta falarem com ele.

    Assentimos com a cabeça como forma de agradecimento e seguimos adiane. Fah' rahdin parecia mais guerreiro que Uman ou Bo' Ques, ostentando uma linda cimitarra, que cintilava sob a luz do Sol. Seu olhar parecia perdido, voltado para o mar ao longe.

    — São vocês... — Ele disse antes que pudéssemos nos pronunciar — Sejam bem-vindos ao meu local de meditação. Sou Fah' rahdin, comandante das forças Marid, antigo braço direito do infame traidor Malor... — Essa última frase parecia doer-lhe muito.

    Djanni' hah. Sou Ireas Keras... — Falei em tom firme, mas controlado — E esse é Emulov Suv.

    — Bo' Ques falou-me de vocês ontem, no jantar. — Replicou o Djinn friamente, sem sequer nos olhar — Vocês conquistaram minha curiosidade, mas ainda não tem meu respeito. Para consegui-lo, e assim caírem, por consequência, nas graças de Gabel, nosso verdadeiro senhor e rei, preciso que façam algo potencialmente fatal para mim... Estão... Aptos?

    Emulov trocou um olhar e um sorriso maroto comigo.

    — Sim. — Respondemos em uníssono — O que quer de nós?

    PIEDPIPER. — Falou o general Marid, austero e sério — Lembrem-se bem dessa palavra, pois é o que dirão a Rata' Mari, um de nossos melhores espiões. Ele se encontra em Mal' Ouquah, nos porões daquela pocilga. Encontrem-no e peçam a ele o relatório, pois há muito ele não nos manda nada, e isso já está começando a me preocupar. Agora, vão; se bem-sucedidos, tenham certeza de que falarei de vocês a Gabel. Djanni' hah!

    Fizemos uma reverência e saímos do local; somente quando chegamos à porta, que percebemos a complexidade da tarefa diante de nós.

    — Invadir... Mal' Ouquah? — Indagou Emulov retoricamente, com certo medo em seu semblante.

    — Já passamos por coisa pior, Emulov... — Repliquei, melancólico. Referia-me à Drefia. — Garanto-lhe que conseguiremos passar por isso tranquilamente.

    — Tomara... — Suspirou o Zaoano de olhos bicolores — Bem, temos que regressar à cidade. Precisaremos de suprimentos e uma boa noite de descanso.

    — Sim... — Repliquei, olhando para as estrelas acima de nós — E torço para que encontremos Brand e Wind em Ankrahmun...

    O vento soprava em meu rosto, e me fazia lembrar de tudo que eu havia vivido até aquele dia. Custasse o que custasse, eu encontraria Esquecimento Eterno, e acabaria com aquela onda de sofrimentos e angústias de uma vez por todas.

    Continua...

    ---

    Notas da Autora:

    *Cem moedas de ouro cada: Não tenho certeza do preço dos Ore Wagon Tickets de Kazordoon. Quem lembrar de cor, me fale, por favor!

    É isso aí, gente! Meu aquecimento pro Torneio, haahaha XD

    Espero que tenham gostado do Capítulo. Comentem! Digam o que acharam! Adorarei receber feedbacks de todos!

    Saudações,
    Iridium.
    Última edição por Iridium; 13-08-2013 às 10:57.

  8. #208
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    Mais um capítulo, e mais demonstrações de poder da mãe do Ireas, a batalha contra a mãe dele promete ser melhor do que a luta do pessoal contra o morgaroth, afinal essa Esquecimento causa uma tempestade de raios onde aparece, e agora ela resolve "sequestrar" o filho durante o sono... no mais, a quest dos djinns (agora está chegando na parte mais interessante) contada por você me faz prestar mais atenção ao rpg, que muitas vezes por pressa em conseguir a recompensa eu não presto tanta atenção durante o jogo, então é isso, valeu.

  9. #209

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    São 250 gp cada viagem.

    Capitulo massa, curti principalmente a fúria de Ireas com a pobre Aranha! kkkkkk

    Bom, sua escrita continua impecável, porém não entendi o porque que a mãe do Ireas iria atacá-lo, já que durante toda a história ela enviava a ele pistas, sobre sua verdadeira face e como a encontrar, ao restante vai ser no minimo curioso a invasão de Ireas na fortaleza dos Green Djinn!

  10. #210
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    Padrão Segundo Pergaminho, Capítulo 15

    Saudações, senhores!

    Pois é, acabou a primeira fase do Torneio... E eu caí. Uma pena, não consegui fazer um texto tão bom quanto achei que faria. Entretanto, nada de lamentos! Bem, agora que não tenho que me preocupar com prazos, eis que lhes presenteio com a volta de Ireas ao cenário da Seção!

    Mas, antes, umas respostas caem muito bem...

    Spoiler: Respostas aos Comentários


    Sem mais delongas, ao Capítulo de Hoje...

    ----

    Capítulo 15 - Os Renegados: O Chamado do Mar (Parte 3)

    ... Pela Igualdade... Liberdade... Fraternidade...


    (Narrado por Liive, o Bárbaro do Inferno)

    Jack estava exultante; há poucos dias atrás, recebera a honra de ser o capitão de um dos navios da armada de Sírio. Eu estava muito feliz por ele, não só por ser um Thaiano que buscava justiça para um povo escravo, mas também pelo fato de ser uma chance de eu me redimir.

    Nesses dias, escrevi a Sven, a Silfind e a Ireas, pois o Paladino me havia contado de sua última conversa com o Druida Norsir. É claro que eu estava preocupado — afinal, minhas últimas ações só trouxeram desgosto ao rapaz. Ainda assim, Ireas é um rapaz cuja amizade eu estimo, e não posso deixar de me preocupar com ele.

    Eu, contudo, mantinha-me quieto, soturno, reflexivo... Frustrado. Como pude ser manipulado por meses a fio?! Como pude ser enganado dessa forma?! Aquela mulher... Seja lá o que for, seus poderes são grandes demais para serem conferidos a um mero mortal. Não... Ela não é humana. Esquecimento Eterno é qualquer outra coisa, menos humana...

    Passos; ouvia o bater de solas de couro no chão duro de pedra no qual me sentava. A fogueira estava quase se apagando; ao me virar, deparo-me com Sírio Snow — ele parecia ter algo para mim.

    — Saudações. — Falei, um pouco ríspido.

    — Norsir... — Começou Sírio, sério — Confesso que, assim como Wind, eu tenho minhas desavenças com você, e pelo mesmo motivo: Ireas. Sabe, ele foi a primeira pessoa com quem falei depois de ter saído de Rookgaard, e muito eu ouvi a respeito dele por Cipfried e Asralius, que criaram o Druida como se fosse familiar deles. — Ele se recostou na parede de pedra, com seu olhar sério sobre mim — Não sei ao certo se confio em você, mas sei que sua ajuda é necessária. Assim como eu, você também foi vítima dos governantes do Grande Continente, com o diferencial de estar sob o governo de um jarl que é títere de uma Rainha...

    Títere, marionete, juguete, peão... Não importava o nome, pois Sírio estava certo — Sven estava longe de ser autônomo. Eloise o comandava, e nós concordávamos com isso! A que ponto havíamos chegado?! Estávamos mansos, dóceis... Carlianos. Aquele manifesto me fazia enxergar isso cada vez mais.

    — Está me ouvindo, Liive? — A voz do Sotero-libertino trouxe-me de volta àquele local, fazendo-me sair de meu transe.

    — Estou... — Menti, meneando lentamente a cabeça.

    — Como eu dizia... — Pigarreou o Vandurano, com um meio-sorriso — Eu te darei não só uma incumbência, mas duas: a você, Liive, será dado não apenas o Rei-Feiticeiro de Calassa, um dos mais velozes navios de minha frota, como também o posto de Segundo em Comando da Resistência! Então... Aceita?

    Eu estava surpreso; logo eu, uma pessoa em quem Sírio certamente não confiaria? Realmente, o mundo dá voltas... Eu sorri um sorriso malandro para ele.

    — Jamais recusaria. — Repliquei, levantando-me do chão de pedra. — Algo mais?

    — Amanhã começaremos a operação. — Disse Sírio; arregalei meus olhos naquele momento — Você, como Segundo em comando, deverá avisar a todos e certificar-se de que estarão todos em posição. Sugiro que já tome o leme de seu navio, Capitão Liive, pois amanhã será um longo dia.

    — Ótimo! — Rugi alegremente, pois a batalha estava próxima. — Avisá-los-ei imediatamente!

    O navio era lindo: sete côvados de altura por vinte de comprimento. A madeira era escura (supunha ser de mogno ou ébano), e o formato do navio era esguio, que logo o fazia se destacar dos demais. Seu casco não era muito fundo, mas era amplo, e o convés duplo e as velas triplas eram de tirar o fôlego de tão majestosos. O navio era lindo — e estava novo em folha. Lambi meus beiços, pois mal podia esperar para lavar aquele deque duplo com o sangue dos Thaianos opressores.

    Subi no barco sob os olhares de Sírio, desancorei-o e logo pus-me a realizar minha tarefa; a noite era escura e sem estrelas, e tudo estava a nosso favor. Fiz soar a sineta no parapeito da proa, fazendo despertar aqueles rufiões sedentos por batalha... E por sua liberdade.

    O dia logo amanheceria, e não tínhamos tempo a perder. A Revolução tinha que começar...

    ***

    (Narrado por Ireas Keras)

    Enfim, chegáramos à cidade. Não aguentava mais aquela caminhada extenuante sob o sol do deserto; ainda que o clima estivesse seco e quente ( como de costume), ao menos ele ficava mais ameno na cidade de Ankrahmun.

    — Aleluia! — Falei, deixando-me apoiar nas paredes de uma pirâmide, deslizando até sentar no chão de mármore — Nunca estive tão cansado... — Soltei um triste suspiro — Espero que Wind esteja bem...

    — Eu também... — Replicou Emulov, sentando-se na base da pirâmide oposta — Por muito pouco, não saímos vivos daquele local...

    Cerrei meus olhos, buscando um descanso. O que ocorreu em seguida foi rápido demais para acompanhar — de repente, senti um par de braços fortes levantar-me do chão, deixando-me no ar por muito tempo; em seguida, um beijo me fora roubado. E eu conhecia bem aqueles lábios.

    — Wind! — Exclamei, abrindo meus olhos de imediato — Você está vivo! — Olhei para os aldos, certificando-me que não havia testemunhas além de Emulov. Enganei-me: Brand também estava lá.

    — Olha só quem achamos! — Disse Brand em um tom alegre — É bom ver que os dois voltaram sãos e salvos! — Ele então se vira para mim e Wind, com um semblante mais sério — Sejam mais discretos... Nem todos aceitam tão bem a relação de vocês.

    — Bem, serei direto... — Falou Emulov, tímido e gaguejando levemente — A tempestade nos levou à Drefia, a qual atravessamos a muito custo, lutando contra hordas e hordas de mortos-vivos; depois, fomos até Ashta' Daramai... Para a qual estamos cumprindo missões.

    — Entendo... — Disse Wind, um pouco decepcionado, soltando-me e se afastando um pouco de mim — Então, vão ajudar Gabel... Certo. Vou mostrar a entrada dos fundos para vocês, mas que fique bem claro: vocês não souberam por mim da entrada. — Ele então sorri, e pisca para mim.

    — Ah, encontramos algo em Ashta' Daramai! — Exclamou Brand, entregando-me um tomo de capa rubra — Era de sua mãe, Ireas, e contém informações valiosas sobre ela. Ao todo, são Nove, e estão espalhados por Tibia; esse é o primeiro do acervo, e acho bom que leia: a pista para o próximo Tomo deve estar contida nessas páginas.

    Peguei o livro com surpresa, ódio e curiosidade simultaneamente. Que segredos aquele Tomo guardava? Quem era Esquecimento Eterno realmente?

    Continua...

    ----

    Meio pequeno, um pouco parado, mas tá valendo!

    Vamos que vamos, que as brigas vão começar, e com tudo!

    Comentem! Adoro o feedback de vcs!

    Até o próximo!

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    Última edição por Iridium; 05-09-2013 às 17:56.



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