
Postado originalmente por
Neal Caffrey
Nightcrawler <3
Referências a parte, gostaria de destacar esse trecho:
Rapaz, isso me lembrou alguma coisa interessante lá no fundo da minha mente, mas não consigo me recordar exatamente do quê. Li um conto aqui certa feita chamado "Como Anões e Elfos", algo do gênero, e esse foi um trecho que me fez me lembrar de algo que li nele, embora não consiga reconstruir exatamente o quê.
O capítulo foi interessante para um capítulo de transição, e não se parece nada com um capítulo finalizador, para a sua sorte. Sua integridade física agradece.
Sobre Ember, comecei a dar certo valor para o personagem só agora, se me permite. Gosto da forma como ela vem assumindo as rédeas de determinadas situações, ainda que pareçam maiores do que ela. Não é uma coisa que se diga "nossa, Nightcrawler", ou "nossa, Dartaul", mas o espaço dela está muito bem reservado. Provavelmente já devo ter dito isso antes.
Aliás, excelente a sacada da Academia de Magia. Lembro-me de você ter comentado que ela assumiria um certo papel em Bloodtrip, e acho que há mais o que se extrair dela, além do que você já conseguiu fazer até agora.
Embora seja um personagem que eu ame, devo advertir a Senzo que sua ambição pode acabar se tornando sua ruína. Espero que não seja simplesmente o caso, mas estou de olho nele (como sempre).
No mais, excelente trabalho, como de regra, Carlos. Ansioso pela segunda parte do capítulo.
Abraços!
Grande Neal, obrigado pelo comentário e pelos elogios.
Eu tinha dito que não ia terminar nesse capítulo

o nome foi pra mostrar que é não seria o fim, mas o começo. A parte fatídica que mostra como tudo começou. "Re" geralmente quer dizer reinicio, e é usado em vários animes com temas semelhantes: Em Re:Zero, o protagonista é um rapaz de 16 anos, japonês, comum, que do nada aparece num mundo de fantasia sem saber nada sobre ele, e é obrigado a recomeçar sua vida do zero naquele mundo que ele não conhece. Em Re:Life, o protagonista é um cara de uns 26 anos que faz parte de um experimento de um remédio rejuvenescedor, que faz ele voltar a ter 16 anos e voltar a frequentar a escola. Tokyo Ghoul:re é também um recomeço para a história depois de muitos eventos da história anterior, uma sequência perfeita, onde tudo começa do zero pro protagonista e para os seus amigos. É por isso que dei esse nome pra esse capítulo. Não tinha nada a ver com o fim
Ember fará mais coisas futuramente, algumas podem prejudicar Senzo e até pesar no presente da história. É também uma personagem importante, como um todo. Já Senzo, bom, espere coisas surpreendentes dele. Acho que você ainda vai gostar mais ainda dele, mas não do mesmo jeito que Nightcrawler (Que logo tá voltando)
Obrigado pela presença constante, Neal. Espero de verdade que esse capítulo aqui seja do seu agrado, apesar de ser gigante.

Postado originalmente por
Senhor das Botas
Novo capítulo, e boatos de um GIGANTESCO de 16 páginas... Enfim, vamos ao comentário.
Btw, estou apreciando o desenvolvimento dos dois, Nuito e Ember. Os pequenos detalhes aqui e ali, aquele ciumezinho, e trechos como o abaixo mostram o quão bem você vem desenvolvendo as personagens.
Embora talvez haja, sim, espaço para melhora (você desenvolveu as outras personagens da história "melhor", eu diria), com o espaço que você está trabalhando, que seria alguns capítulos, você criou... Bem, meu "afeto" por Nuito e Ember. Mesmo já sabendo do que irá ocorrer, quero ver COMO você vai conduzir o desfecho e a morte d...
Não pera, não te conheço direito. Tudo o que posso fazer é aguardar este próximo capítulo GIGANTESCO do qual você me falou sobre. Sério, o hype ta grande aqui.
Diga aí Botas, obrigado pelo comentário e pelos elogios.
Esse trecho aí parece me dar a impressão de que o desenvolvimento que eu dei foi na bunda da Ember
Eu devo dizer que o desenvolvimento dos personagens atuais não é algo que eu conseguiria fazer parecer algo do mesmo nível que os do presente, afinal, eles tiveram muitos capítulos para serem trabalhados, e esses tiveram uns 8 ou 9. Fiz o possível para não desviar o rumo da história do passado e ficar chato demais. Já tava até me incomodando o quanto que eu estava estendendo essa história.
Não aguarde mortes, Botas. Você sabe que, em Bloodtrip, tudo pode acontecer. Não há clichê de história de herói. Há um ceifador escolhendo aleatoriamente quem deve morrer.
eu mesmo, evaristo costa
Espero que goste do capítulo gigantesco!
E sim, esse capítulo é gigante mesmo. Não quis dividir em partes, pois tudo aí é importante pra um capítulo só. O desenvolvimento construído ao longo de 8 capítulos deve chegar a um fim digno. E estou dando ele para vocês.
Antes de irmos para o "primeiro" fim, vamos para algumas coisas:
Devem ter percebido que Nuito criará uma arma. Essa é a arma em questão:
Sim, a criação da
Blacksteel Sword é atribuída a Nuito nesse mundo. De certa forma, ela é fraca no geral, mas pode ser usada para acabar com qualquer coisa do Akonancore. É é a base usada para criar as armas que podem ser encantadas. Já quis explicar isso de forma prévia pro capítulo ficar ainda mais interessante.
E eu escrevi esse capítulo escutando esses
dois mixes. Sei que não é um tipo de música que agrada todo mundo, mas se quiserem dar uma imergida na coisa do mesmo jeito que eu fiz, tá aí a recomendação. Na batalha final de fato, também deixarei outras recomendações parecidas. O tipo de música é eletrônica, "Chill Trap", um mais específico porém popular. Não é como "Dubstep" no entanto.
Enfim, espero que gostem! O capítulo é realmente grande, mas tem a vantagem de você ler até uma parte antes do início da batalha, dar uma pausa e depois retomar. Ou ler tudo de uma vez mesmo. Aí é com vocês.
No capítulo anterior:
Nuito cria o Aço Negro, capaz de contra-atacar o Akonancore e o Musenki. Ele pede a ajuda da líder da Academia Noodles de Magia de Edron, Morgana, para ajudar com o plano, levando o que criou para Helheim. Enquanto isso, Senzo se recusa a trabalhar em equipe e decide agir apenas com Miraya no Musenki.
Capítulo 32 – Re:Bloodtrip
Parte 2
347 é o ano fatídico.
Inúmeras discussões, reuniões e assembleias foram feitas ao longo do período de um ano, isso desde que Nuito entregou a primeira forma do Aço Negro para Morgana, que tem feito o possível para segurar as forças continentais de atacar Senzo no norte. Toda a área de Edron ao noroeste está vermelha, e essa doença sobre o solo tem avançado devagar, obrigando os acampamentos próximos a se afastarem mais e mais, algo que tem sido usado como um argumento poderoso para atacar logo o local.
Mas o argumento de Morgana tem sido melhor: Como pararão o Akonancore de continuar infectando o chão após matar Senzo?
Sem encontrar soluções, a situação se arrasta e piora a cada dia. Nuito, que tem ficado mais ansioso a cada mês em Cormaya, recebe vez ou outra uma visita de Morgana. Ember no começo não confiava na feiticeira, mas rapidamente ela percebeu a falta de interesse amoroso de qualquer tipo da mulher, e notou os motivos técnicos dos quais motivava ela a aparecer na casa. Ainda assim, não parece ser uma boa ideia a líder dos magos edronianos abandonar a Academia em Edron para ir para Cormaya sem motivos claros.
Nuito também pediu para ela manter segredo, mas ela já esclareceu que não há mais como manter as coisas assim. Dessa forma, ofensivas tem acontecido vez ou outra contra o Musenki.
Há um mês, Nuito recebeu a última visita de Morgana. Ela trouxe a caixa num espaço mágico dentro de uma bolsa, para não atrair suspeitas. A caixa, bem congelada, precisou ser aberta com um pé-de-cabra recentemente feito e com materiais decentes, para não quebrar nada lá dentro, inclusive a ferramenta. Estava verdadeiramente congelado. Helheim não decepciona.
Feito o processo, Nuito começou a usar o Aço Negro na forja. Derretendo-o com esforço na fornalha, mais do que com ferro ou outro minério, não demorou tanto para ele finalmente conseguir forjar uma espada negra que, no dia seguinte, ficou clara de novo.
Nuito engoliu em seco. Para saber se iria funcionar ou não, ele precisa visitar o Musenki. Mas se ele fizer a grama desaparecer, Senzo perceberá, pois ele está diretamente conectado com tudo no Musenki. Dessa forma, ele novamente pede a ajuda de Morgana para obter algum material do local, pois o medo de sua invenção não dar certo está começando a engoli-lo.
Mas, ao invés dela aparecer, outra pessoa apareceu. Um homem velho, de vestimentas de mago, com cabelo e barba longos, um chapéu vermelho na cabeça e um robe branco. Usa um cachecol vermelho, e leva uma bolsa verde consigo, bem como um longo cajado de carvalho negro. Embora pareça totalmente com um mago, não é um.
É apenas o inventor maluco, Spectulus.
Nuito, que tem sempre andado com uma camisa verde e calças negras, não parece muito feliz com a escolha de Morgana em confiar em alguém notavelmente estranho, mas decide dar um voto de confiança. Ela não o trairia nessa altura do campeonato.
Ele recebe o velho em sua casa, deixando-o no sofá com um chá de camomila. No fundo, próximo da escada para o andar acima, Ember interroga Nuito.
— Tá bom, Ember. Se um dia minha confiança nas pessoas acabar me matando, pode você mesma atirar uma flecha na minha cabeça. É melhor você me matando do que qualquer outra pessoa.
— O-O que diabos está dizendo? Prefere morrer pela mão da pessoa que ama?
— Não vejo problema nisso.
Ember acaba de perceber que Nuito falou indiretamente que a ama. Isso ainda a deixa muito sem jeito, apesar do longo ano que compartilharam juntos. Por isso, ela acaba ficando quieta.
— Olha, veja bem — Disse Nuito, pegando as mãos da elfa — Spectulus não é lá um cara muito normal, mas ele é um dos inventores mais geniais que passaram por Edron. Se Morgana confia nele, eu confio também. E ele já se aposentou da vida de mago tem anos, eu não acredito que ele consiga matar a nós dois dentro da nossa casa.
— Mas... Se ele já foi um mago...
— Ele sempre será um? Não duvido, mas também não acredito que ele vai convocar um tornado de fogo sobre as nossas cabeças. Vamos ver o que ele tem a dizer, e então tiraremos as nossas conclusões.
Ember respira fundo e concorda. Dito isso, ambos aproximam-se da sala novamente e sentam-se no sofá do outro lado, com apenas uma mesinha os separando. Spectulus, com as mãos levemente trêmulas, põe a xícara de chá junto do pires sobre a mesa.
— Nuito Resgakr, não é? — Pergunta Spectulus, pacientemente, mas um pouco devagar. Nuito faz que sim com a cabeça — Morgana Val Gerturias me pediu para vir e trazer o que requisitava para sua invenção dar certo. E para ser honesto, estou bem curioso a respeito dela.
— Agradeço muito, Spectulus. Você é um inventor admirável. Eu gostaria de mostrar o que criei, mas infelizmente, o tempo urge. Garanto que farei isso quando tiver o tempo necessário.
— Oh, tudo bem, tudo bem. Inventar e criar toma muito tempo, não é? Eu entendo perfeitamente. Há alguns dias, tenho traçado planos para uma invenção minha, algo parecido com um meio de transporte eficiente. Ela tem um formato ambicioso, e pode correr por debaixo da terra ou acima do chão. É algo para deixar os yalahari babando! Há mais algumas coisas...
Por alguns minutos, Spectulus ficou contando sobre diversas coisas que tem trabalhado, com sua voz lenta e envelhecida. Ember pensa que está sendo punida pelos deuses, mas Nuito pensa que está sendo um pouco interessante ouvir o velho. Talvez ele fosse um pouco solitário demais e não conseguisse compartilhar o que cria com alguém, mesmo que tivesse assistentes, e que aquela era uma oportunidade rara.
Finalmente, Spectulus abre a bolsa e mostra para Nuito. Numa vista superficial, pareceriam órgãos, mas eram apenas as pedras estranhamente parecidas com carne que compõem o Musenki.
— Teste sobre elas. Tenho certeza que você está criando algo pra parar aquela doença. Pois bem, desejo-lhe sorte.
— Muito obrigado, Spectulus.
— Bem, estou indo. Aproveite a chance que tem, jovem Nuito. — Disse Spectulus, levantando-se — Revolucione o mundo. Salve-o.
Nuito assente e acompanha o inventor até a saída. Após o homem finalmente partir, Nuito olha com mais esperança para Ember. A hora está chegando.
Após algum tempo, Nuito levou a bolsa para o quarto onde ele esteve trabalhando. Colocou as pedras sobre um balcão e pegou a espada feita de Aço Negro. Ao colocar ela sobre as pedras, não demorou mais do que dez segundos para elas voltarem a ser pedras comuns.
Ember, que estava ao seu lado, pula em sua direção e o abraça. A cura foi finalizada.
~*~
— O que diabos você quer fazer?! — Pergunta Morgana, praticamente gritando.
— É isso. Eu preciso entrar no Musenki sozinho. Tem que convencer os Steelsoul a deixarem aquele lugar.
— Mas nem morta! Tá pensando o quê? Você não é nenhum Astronis*pra superar tudo que tem lá sozinho!
— Não dificulte pra mim, Morgana. Ember já concordou, então por que você concorda?
— A sua namorada concordar em jogar você no meio do inferno não muda em nada a minha opinião, Nuito!
A discussão acalorada frente a decisão arriscada de Nuito de entrar no Musenki ocorre no topo da torre principal da Academia Noodles de Magia, ao lado do Globo de Detecção de Magias Destrutivas**, um dos objetos mágicos de maior orgulho da academia. Há treze meses, Nuito conseguiu desenvolver o Aço Negro, e durante esse tempo, todo tipo de disputa e discussão ocorreu em Edron para atacar o Musenki. A verdade é que ninguém tinha coragem suficiente de entrar lá dentro, e Aria Ahrabaal, uma das poucas pessoas capazes de subjugar o poder de Senzo, está constantemente sendo impedida pelos edronianos.
Nessa situação de impasse, Nuito teve uma sorte colossal pelo fato da existência do Aço Negro não ter sido revelada ainda. Apenas Morgana e Spectulus conheciam aquilo, além de Ember. Mas apenas Ember sabe como aquilo foi criado. E ainda assim, houve formas de parar tanto Morgana quanto os thaianos, ansiosos para atacar o território de Senzo, deixando até mesmo 20 navios ancorados próximo da baía que leva a região contaminada.
O termo “Musenki”, tão equivalente a “Selva” ou “Deserto” já é popular e oficial para se referir ao bioma que Senzo supostamente criou. O assunto ainda não é popular em Tibia, mas quem vive em Edron apenas discute a respeito disso e teme que Senzo comece seu contra-ataque.
Em meio a essa situação, Nuito quer se arriscar sozinho pelo bem de todos. É claro, ele não pensa que é um herói, ele apenas pensa em salvar o seu melhor amigo de sua própria ilusão. Mesmo que morra no processo. Além disso, de alguma forma, Ember concordou com a decisão do ex-biólogo, embora ela não acredite que vá conseguir se segurar por muito tempo.
Nuito respira fundo. Ele está diferente naquele dia. Usa uma Armadura Cristalina, que é uma grande proteção para o peito que, mesmo um pouco pesada, o protege muito bem. Usa um capuz laranja, carrega um escudo alto com uma imagem de um dragão nele nas costas e veste calças azuladas, compradas de um mercador de Darashia, além de Botas de Velocidade. A espada que elimina Akonancore está embainhada na sua cintura. Está totalmente preparado para lutar.
Morgana sabe que ele tem treinado muito no ano que se seguiu para combater com a voracidade, força e equilíbrio de um cavaleiro, mas ainda não confia nele. Pois, até então, ele não passava de um biólogo. Mas é simplesmente muito difícil convencê-lo.
— Pense bem, Nuito. Não posso simplesmente chamar todos de volta e dizer que um homem sozinho vai destruir tudo de ruim que há naquele lugar. Por mais que eu seja a líder da maior organização de Edron, eles não irão se convencer.
— Então eu tenho uma ideia melhor.
Morgana cerra o cenho.
~*~
Lá está Morgana, junto de alguns magos que trouxe da Academia, no principal acampamento formado para impedir o avanço de Senzo. Ela atraiu todos os guerreiros, magos, feiticeiros e druidas da região, bem como Aria Ahrabaal e o general de Edron, David Steelsoul.
Ao lado de Morgana, está Nuito. Sua espada está desembainhada. A líder dos magos está visivelmente nervosa. Ela não para de pensar que aquilo é uma má ideia. Ember está observando ao longe, vestida até a cabeça de equipamentos e proteções élficas, com medo das mariposas gigantes que estão voando perto dos limites do Musenki. O acampamento originalmente foi construído a 300 metros de distância, mas agora a grama vermelha está a apenas 100 metros, junto das criaturas características da região.
Nuito avança. Seu caminhar determinado entre as inúmeras pessoas do acampamento as deixa impressionadas. Nunca viram um guerreiro com tamanha determinação antes. Ele simplesmente não demonstrava medo. Até porque ele não tem medo do seu amigo. Na sua mão, está algo que vai acabar com todo aquele terror, e na sua mente, a maior parte da personalidade de Senzo, que conhecia muito bem.
Quando começou a pisar na grama vermelha, os protestos começaram. Aria parecia já se preparar para ir atrás dele e impedi-lo, mas Morgana se mete na sua frente. Ambas se encaram. A tensão aumenta a níveis astronômicos.
— Observe. — Disse Morgana, com um sorriso.
Aria vê Nuito parado, em frente a várias mariposas e besouros enormes, com aparência esquisita. Há alguns Ordinários se aproximando. Ele levanta sua espada.
— Exori: Buster! — Grita Nuito, fazendo a espada começar a agir, com choques totalmente brancos e sombrios começando a surgir em volta da arma.
Em pouco tempo, um estrondoso som de um estouro surge. Uma longa onda de força se inicia a partir de Nuito e se espalha para o resto do Musenki, atingindo as criaturas também. Em instantes, elas acabam voltando ao normal, e os Ordinários se transformam em simples cogumelos pequenos, caindo no chão. A grama ao redor fica verde, mas menor. As pedras também voltam ao normal.
Mesmo o Aço Negro tem sua energia própria, que pode ser desbloqueado através de pronúncias, como as magias e habilidades comuns de um cavaleiro. Do mesmo jeito que Nuito fez.
Todos do acampamento testemunharam aquele milagre, inclusive Aria, que há anos não esboça surpresa. Morgana e Ember sorriem, orgulhosas.
Nuito vira-se para o acampamento, seu semblante jamais tão valente e corajoso em sua vida. As pessoas o olham com surpresa e, como esperado, esperança.
— Daqui em diante, eu sigo sozinho! — Grita Nuito para a multidão no acampamento — Senzo é meu melhor amigo, e se ele fez isso a essa terra, se ele matou tantas pessoas, a culpa é minha, eu mereço ser punido pelo o que eu fiz! Resolverei isso por conta própria, e ninguém deve me seguir! E se pensarem em ir e se virem em problemas... — Nuito pensa um pouco melhor antes de falar isso, mas se vê sem opções — Eu os deixarei morrer!
Protestos são audíveis ao longe. Mas muitas das pessoas no acampamento entendem o que ele quer dizer, mesmo que a ideia seja uma loucura sem tamanho. Morgana também se convence, embora não queira deixar o homem ir sozinho. Ainda assim, ele se vira e vai, sem hesitar.
No meio de todas essas pessoas, quem mais sofre é Ember. Ela está no limite do acampamento à direita, observando ao longe Nuito partir. Sente uma dor horrível cobrindo seu peito, e uma culpa imensa em deixa-lo sozinho.
— Você não tem culpa de nada, imbecil... — Sussurra Ember, sozinha e triste.
Ember se lembra de algo que aconteceu há quase um ano.
Era uma manhã. Nuito fita seu próprio rosto no espelho, com um semblante melancólico, no quarto onde dormia. Ember aparece de repente, apoiando sua cabeça sobre o ombro esquerdo dele e deixando seu braço direito sobre o ombro livre dele. Ela fita-o também, com um sorriso. Ele está usando uma regata cinza cheia de pequenos furos, e seu longo cabelo castanho-escuro está bagunçado. Acordou há pouco tempo, mas Ember já está acordada há um bom tempo.
— Eu pareço mais acabado do que o normal. — Disse Nuito, um pouco desanimado.
— Pra mim, você parece o mesmo de sempre.
— Impossível. Tenho 35 anos agora. Estou envelhecendo um pouco mais rápido do que o normal, tanto que não ficaria surpreso em achar fios brancos no meu cabelo. — Disse, coçando o queixo. Está barbeado desde que chegou em Cormaya.
— Há! 35 anos para mim não é nada.
Ember solta-o e anda aleatoriamente pelo quarto, com as mãos nas costas. Nuito observa-a.
— Acho que nunca te perguntei, mas quantos anos você tem?
— 76 anos. Estou na adolescência élfica ainda.
— Por Nornur...
Ember abre um sorriso bem animado ao ver a reação dele, mas logo fica uma expressão triste. Parece estar lembrando-se de algo importante. Nuito acaba reparando nisso.
— O que foi?
— Todo esse tempo, eu queria te contar algo muito importante a respeito de eu ser uma elfa. Mas nunca tive coragem.
— Elfos não aceitam relações com humanos?
— Não, isso é outro assunto... — Balbucia Ember, de forma triste. Ela passa a mão sobre os longos cabelos ruivos, que estão soltos, cobrindo suas orelhas pontudas. Contrasta de forma excelente com sua túnica verde que vai até a cintura, junto de calças de mesma cor, mas bem mais escuras.
Do ponto de vista de Nuito, mesmo que ela estivesse um pouco mal cuidada, ela está linda.
— O que é, então?
— Nuito... Elfos vivem muito mais do que humanos. Meu desejo mais forte é me casar com você, ter um ou dois filhos, ensiná-los milhares de coisas e brincar o quanto pudéssemos com eles... Mas eu não os assistirei enquanto envelheço contigo. Eu simplesmente assistirei você envelhecer, enquanto eu continuarei jovem. Eu verei você morrer nos meus braços. Eu... Verei meus filhos envelhecerem também... E morrerem nos meus braços também... E talvez até mesmo os netos... — Ember fraqueja a cada frase. No final, ela já está chorando, se sustentando em suas pernas por um fio. — E finalmente morrerei, pois eu sou de uma maldita família élfica de Ab’Dendriel capaz de viver até 5 séculos! Eu assistirei tantas pessoas morrendo que eu sinto vontade de tirar meu coração com as minhas próprias mãos, Nuito... Só pra não ver isso... Só para não t-testemunhar...
Nuito respira fundo. Ele sabia que, uma hora ou outra, ela diria isso. Não conhece a família que ela pertence, mas sabe que ela teria que vê-lo morrer velho e moribundo. De certa forma, foi por isso que ele demorou tanto para corresponder aos sentimentos dela.
Ele vai até ela e segura seu rosto com ambas as mãos. Olhar seu rosto choroso de tão perto é pior que olhar para pilhas de cadáveres. Para tentar solucionar isso, ele a beija. De forma bem diferente de quando o mesmo ocorreu em Stonehome.
O homem finalmente para depois de quase dois minutos e afasta seu rosto. Ember está com uma expressão diferente. Suas mãos segurando forte a sua camisa pelas costas expressam bem o que ela está sentindo agora.
— Pare de pensar no futuro. Não lembre do passado. Fique apenas no presente, pois ele é uma dádiva.
As mãos de Nuito vão até a sua cintura e avançam delicadamente para dentro da túnica.
— E vou te ajudar agora a se lembrar disso.
~*~
Ember lembra de tudo isso com as mãos sobre a barriga e reflete sobre. Chegou muito perto de dar errado.
Mas bem que podia ter dado errado mesmo.
Nuito continua caminhando Musenki adentro, enquanto o dia parece ficar mais escuro conforme ele vai mais fundo. Tudo que entrou em seu caminho, ou foi destruído, ou foi curado. Ele vai em direção do lago onde tudo começou, ignorando principalmente a visão persistente de Miraya à distância.
Ele lembra de uma doença esquisita que a própria Miraya criou: A Maldição da Mariposa é o nome dado para ela. Aparentemente, ela cria uma mutação que deixa os humanos com uma aparência próxima de uma mariposa, e nos estágios finais, patas nascem do tronco e ambas as pernas e braços caem para dar uma semelhança maior a uma mariposa, que seria o processo onde todos morrem. Ninguém sobreviveu a isso ainda. Nuito tem tomado cuidado redobrado com as mariposas por causa disso, pois elas são obviamente os transmissores.
Levou pouco mais de vinte minutos para chegar até lá caminhando. Ele não pode correr, ou o chão se abrirá para devorá-lo, ou então os insetos e vermes ficarão mais agressivos. Cauteloso, ele para em frente ao lago, onde ele nota pouco a pouco que está sendo cercado por inúmeras criaturas do Akonancore.
Eventualmente, Senzo aparece também. Ele caminha no meio das criaturas e para a uma boa distância. Nuito afasta-se do lago, por notar a presença de criaturas agressivas lá também.
Eles se encaram por um longo tempo.
— Isso acaba hoje.
— Não, Nuito. Isso nunca vai acabar. Pois, veja bem, até então, você nunca se importou com o quão longe os alquimistas vão para cumprir seus objetivos. Pois era tudo em nome do progresso, não é? Você também concordava! Nós, alquimistas, somos movidos por nós mesmos, e não só pelo progresso, nem pela ciência. Não há nada de errado nisso, pois tudo que vier não passa de consequência.
— Vai pro inferno. Eu nunca concordei em matar gente inocente pra cumprir objetivos.
— Mas você admirava até mesmo aqueles que foram acusados de acabar com a vidas inocentes, não? Tipo Ferumbras.
— Eu o admiro pelo o que ele fez enquanto não estava louco!
— Mas ainda assim, você o admirava. É o suficiente.
— É, Senzo. É o suficiente pra mim, também. Até porque eu não vim aqui pra negociar ou papear.
— Última chance de se unir a mim! Nós vamos mudar o mundo juntos ou não?
— Não.
Senzo, que ainda conta com o mesmo visual de um ano atrás, na cabana, se entristece. Mas não o suficiente pra impedi-lo de fazer alguma coisa.
— Que seja.
Senzo salta em sua direção com inúmeras correntes com lâminas pontudas cercando seu corpo. Seu impulso é sustentado pela força imensa que o Akonancore lhe deu. Junto ao seu salto, ele cria um número assustador de lanças para acertar Nuito.
Sem sair do lugar, Nuito contra-ataca.
— Exori: Buster!
A mesma onda de choque faz as lanças desaparecerem e se choca com mais força que o normal contra Senzo, jogando-o longe. Quando ele cai no chão, ele levanta sua mão direita, criando dezenas de Inexpressivos ao redor de Nuito. Mas eles aparecem fracos e menores, devido ao chão estar gramíneo novamente e sem influência do Akonancore.
— Exori: Burst!
Nuito carrega de eletricidade branca sua lâmina e atira ela contra um grupo de Inexpressivos a sua direita. Ela estoura, joga uma onda de choque e volta novamente para a mão de Nuito, fazendo as criaturas sumirem logo depois. Ele repete o processo várias vezes, matando em pouco tempo as criaturas ao seu redor.
Mais mariposas gigantes e besouros vem na sua direção, mas ele mata-as com golpes de espada comuns. As bolas de carne flutuantes com olhos que voam perto do lago também avançam com velocidade estrondosa contra Nuito, mas ele simplesmente faz o mesmo que fez contra o avanço de Senzo.
Atualmente, parece impossível atacar Nuito de frente. Ele é rápido e sua espada também, mesmo que ela leve alguns segundos para criar a onda de choque. Senzo não é tão rápido.
O dia já é noite, embora seja pouco mais de 5 horas da tarde. Ainda assim, há muitas luzes vindo de todas as pedras e rochas ao redor. Nuito continua lutando da mesma maneira, até Senzo notar que nada que seja feito do Akonancore funciona contra ele. Isso depois de quase vinte minutos.
Dessa forma, o alquimista avança sozinho, sem criar nada.
— Finalmente!
Nuito avança também, a armadura dificultando levemente seu andar. Ele não corre pelo mesmo motivo, mas precisa agir com velocidade se quiser vencer.
— Exori Gran: Buster!
Uma onda de choque ainda maior que as de antes cobre dezenas de metros ao seu redor. A grama atingida volta a ficar verde de novo, dando espaço para ele correr. Senzo se enfurece, e avança de novo, jogando a Célula de Ferro adiante. Nuito a defende duas vezes antes de Senzo aparecer na sua frente e ambos começarem a digladiar como heróis de lendas num confronto final, ignorando qualquer relação entre si.
Senzo eventualmente pula para trás e cria paredes de arenito aqui e ali, defendendo-se dos golpes mortais de Nuito. Senzo aproveita para criar mais e mais paredes e confundir o oponente, como se estivesse criando um labirinto. Mas ele não pode ser enganado dessa maneira.
— Buster!
Uma gigantesca e poderosa onda de choque faz todas elas desaparecerem. Antes que Senzo pudesse recuar um pouco e ganhar espaço, ele é atingido no braço direito. Felizmente, a proteção de prata apara o golpe, e seu dono responde lançando a corrente dela em linha reta, por pouco não acertando a cabeça do guerreiro.
Nuito agora está usando seu escudo. Com técnicas de defesa e ataque seguidas, ele torna a Célula de Ferro inútil para combater. Dessa forma, Senzo cria uma maça de prata para tentar destruir tanto o escudo quanto a armadura, mas ela desaparece ao entrar em contato com a espada de Aço Negro. Nuito chuta-o na barriga em resposta e abre um corte grotesco à direita do queixo do homem pálido.
— Seu merda! — Vocifera Senzo, afastando-se e colocando vários Ordinários para lutar em seu lugar, mas eles são eliminados em pouco tempo — Você me apoiava! Queria que eu fosse como Ferumbras! Por que quer que eu pare agora?
— EU NUNCA QUIS ISSO! Eu não apoio nenhuma loucura sua! — Berra com uma fúria incontrolável em resposta a Senzo, avançando novamente — Exori: Burst!
Nuito atira sua espada contra Senzo, mas ele desvia. Ele aparece num instante em frente dele e soca seu rosto com muita força, bem onde está o corte. O guerreiro continua socando-o, acertando sua barriga, seu peito, seus olhos, suas têmporas e por fim chutando seu calcanhar. Ele atira a espada de novo como antes, mas, de alguma forma, Senzo se desfaz em Akonancore e aparece logo atrás dele. Porém, Nuito se abaixa e a espada volta, atingindo o lado direito do tórax do alquimista.
Nuito puxa a espada num frenesi e soca seu rosto novamente. Em seguida, ele levanta ela em direção do céu.
— Unlimited Burst!
Trovões sacodem os céus e um relâmpago atormenta até quem está a quilômetros dali. Em seguida, um raio branco como a lua desce em direção de Nuito, que dá um giro rápido e rebate o raio com a espada na direção de Senzo, bem a tempo. O golpe atinge o inimigo em cheio.
Ele fica algum tempo sendo vítima daquele poderoso raio, até que, por algum milagre, ele consegue pegá-lo com sua mão de prata, afastá-lo e jogar sua energia contra o chão. O chão literalmente sacode, indo para cima e atirando ambos para o alto. Nuito percebe buracos surgindo do chão e dezenas de criaturas saindo de dentro dele, e do meio da onda de choque debaixo do chão, uma criatura nova surge: É literalmente um cérebro gigante, com dois olhos, um de cada lado, totalmente humanos. Há tentáculos perto da região do cerebelo, conduzindo os mesmos raios que Nuito criou. Ela lança aos céus o mesmo berro que todos tem escutado há meses naquele lugar.
— Impossível... — Sussurra Nuito, assustado. Ele está voltando para o chão, junto com o próprio chão, e nota que será vítima daquela coisa esquisita e gigante.
Buscando correr do destino, ele junta a espada próxima a seu corpo, e fecha os olhos. Tem mais uma habilidade criada junto com a espada para usar.
— Millenium Buster!
Uma onda de choque ainda mais poderosa que as outras e extremamente maior começa a partir da espada de Nuito, que treme bastante. Senzo será atirado contra o chão, pressionado e provavelmente esmagado e morto se aquilo o atingir. Precisa agir a altura.
Nuito cria sua própria onda de choque, mas essa é feita de algo igual a sangue. Ela corre em direção da onda criada pelo seu oponente, e ambas se chocam. Não demora muito para elas explodirem pelo atrito extremamente poderoso, gerando uma explosão tão poderosa que faz todo o norte de Edron tremer.
Tremores são sentidos na cidade de Edron. A população se desespera. Todos os acampamentos se desesperam. Eles pensam que o plano não deu certo, ou que estão tendo a batalha do século logo adiante. Morgana está bastante apreensiva, e volta a pensar se deixá-lo ir sozinho foi uma boa ideia.
Quando o pó começa a deixar a terra e é possível enxergar de novo, Nuito se vê de pé, e vê Senzo igualmente confuso. Abaixo deles, há areia. Muita areia. E existem ruínas por todos os lados.
Eles estão no norte de Darashia, no vilarejo saqueado, de alguma forma.
Os antigos amigos se encaram com ódio. Nuito não sabe como aquilo aconteceu, mas Senzo sabe. Ele pensou naquele lugar antes de usar quase todo o seu poder para criar uma onda de choque à altura. Nuito também usou. A espada já mostra inúmeras marcas, algumas regiões rachadas e até manchadas.
— Não vamos conseguir lutar mais, Nuito. No próximo golpe, nossas armas se quebrarão. Sabe bem disso.
— Eu não me importo. Continuarei até o fim.
— Pra você, o que é o mundo correto? Pois eu estava querendo criar algo parecido, Nuito. Eu queria dar o poder de criar tudo para os humanos, para eles não sofrerem mais necessidades. Se eles precisarem comer, eles criarão sua própria comida. Se eles precisarem se entreter, eles criarão alguma coisa do tipo, seja um tabuleiro de xadrez, um baralho de cartas, até um cavalo. Se precisarem se defender, criarão armas. O que há de errado nisso, Nuito? O que há de errado em querer facilitar a vida do nosso mundo?
— Os humanos não tem maturidade para ter poderes assim, Senzo. Esse poder é dos deuses, e eles sabem o que fazer com ele. Nós não.
— Então... Não há trégua para nós, não é?
— Sinto em dizer que não, amigo.
Nuito e Senzo dão sorrisos tristes.
Em seguida, levantam cada um as suas armas. Senzo levanta sua Célula de Ferro, e Nuito levanta sua Espada de Aço Negro. Em instantes, eles cercam-se do poder de cada um. Há muito Akonancore correndo ao redor de Senzo, e faíscas claras ao redor de Nuito. É o último choque deles.
— Acabou! — Senzo grita, enquanto salta em alta velocidade contra ele.
— Unlimited Ico! — Nuito também salta em sua direção, coberto por raios extremamente claros.
Ambos se chocam. O chão treme novamente. E uma explosão enorme acompanha o choque.
Quando a poeira baixa, já é possível notar o vencedor.
O céu de Darashia estava claro antes de chegarem ali. Quando trouxeram a explosão de Edron junto, o céu estava escuro. Já é de manhã, as horas passaram rápido, principalmente porque ambos estiveram no chão o tempo todo.
Entretanto, Nuito consegue se levantar para encarar o que era seu amigo. Ele está de costas para o chão, sem o braço de prata, sem uma das pernas e sem um dos olhos. Há uma pequena bola de luz girando em volta do guerreiro, que perdeu o capuz, a parte direita da armadura e as asas das suas botas. Sua espada está em pedaços.
Mas ele venceu.
Nuito sai andando, em direção de Darashia, abandonando seu amigo. O céu ainda está escuro, mas logo ele irá se iluminar de novo. Pois é impossível que Senzo levante de novo e use seus poderes. Todo o Akonancore do seu corpo sumiu, e ele não passa de um humano normal que em breve irá morrer.
E no fim...
Eu nunca o superei.
Próximo: Capítulo 32.5 – Falso Epilogo
Notas:
*: Astronis é uma das lendas do Tibia. Ele, em 2006, numa época em que nem havia hotkeys, solou a Annihilator e sobreviveu. Ele é um mito pra quem joga em Astera, como eu, então decidi fazer ao menos uma menção à ele.
**: É aquele globo estranho no topo da torre central da Academia Noodles de Magia em Edron. Não sei qual é a utilidade dele, então decidi dar uma a ele.