
Postado originalmente por
Sombra de Izan
Cara, tava de bobeira essa madrugada no serviço e pensei, poxa vou lá na seção roleplaying ler um história, e sabe qual foi contemplada?
kkkkk
Bom tenho que dizer que aquele capítulo deu umas instigação de como o Nuito com seu conhecimento e muita audácia fez experimentos numa escala ampla, e como descobriu a solução dos problemas que criou, lembrou me bem que em várias áreas do continente Tibiano tem pântanos, não se restringe só em Venore como antigamente, tem outra parte daquela quest da bruxa nova, tem outra colada em Thais e muito ao sul dela tem até respawn de Swamp Trolls, boas ligações para a história - se não tiver relação com pantano viajei bonito kkkkk
O restante comento quando ler, sucesso e boa sorte ai
Opa Izan, obrigado pelo comentário e pelos elogios.
Cara, na verdade, aquela área de Edron que Nuito escolheu pra começar seu plano acabou virando um pântano depois de ser curada, exatamente como é hoje em dia. Eu levo em conta que pântanos um dia já foram lagos ou rios comuns antes de alguma condição de milhares de anos alterá-lo (Ou tô brisando mesmo). Mas os pântanos que você mencionou não tem relação com a história, infelizmente.
Agradeço a presença, parceiro.

Postado originalmente por
Neal Caffrey
Que lore mais interessante neste capítulo. As memórias de Nightcrawler são, verdadeiramente, um show a parte, assim como o próprio personagem, isoladamente. O que me chama a atenção é quanto rancor ele carrega dentro de si, e esse desejo de matar enriquece o personagem ainda mais. Não que ele precise de novos motivos, porque Nightcrawler é Nightcrawler, mas, bah. Ele é demais.
Só gostaria de pontuar algumas coisas referentes à gramática, Carlos. O conteúdo do capítulo é fenomenal, como sempre, mas gostaria de indicar os seguintes trechos como sugestão para uma situação futura. Talvez, na ânsia por criar um conteúdo espetacular, você tenha acabado atropelando esses trechos, o que não é nenhum pecado, mas que amigo seria eu se não os apontasse?
São apenas apontamentos pontuais. Tenho certeza de que você não se chateará com eles.
No mais:
Que TOPPEN VIADDOMMM! Leonard feelings. HAHAHAHAHAHA
Damn, it. Finalmente chegamos no ponto em que você me perguntava freneticamente sobre se eu conhecia algum sinônimo para "voluptuoso". É interessante ver nossas conversas se refletindo na sua escrita, de verdade. Gosto muito disso.
Rapaz, o capítulo se encerrou de maneira chocante. Óbvio que as memórias de Nightcrawler são suficientes por si só, mas essa confiança, esse destemor, somente fazem acentuar características básicas do personagem, que é incrível. Sinto-me mais atraído por Bloodtrip agora que ele retornou, não que precisasse de incentivo, mas admito que a história com Nightcrawler e Dartaul é mais envolvente do que sem eles, e isso é inegável. Nunca escondi.
De mais a mais, aguardo pelo próximo capítulo, irmão. Este, especialmente, possui um conteúdo muito vasto, sem se tornar maçante. Muito bom o que você conseguiu fazer com ele.
[]'s
Grande Neal, obrigado pelo comentário e pelos elogios.
Esses erros foram de empolgação e passaram pela revisão sem que eu percebesse. Não vão se repetir.
Eu aproveitei essas últimas partes para salientar coisas sobre Nightcrawler, sua personalidade e o que o levou a ir sozinho para Chaur. Ainda farei mais disso, com o propósito de dar mais sentido as coisas, já que a história nunca foi exatamente um show de ação. E as conversas e inclusive a sua história tem me ajudado bastante, então dá pra você notar uma coisa ou outra delas nos capítulos.
Eu aposto que o Leonard falaria isso mesmo ao saber que o Palimuth tinha uma queda pelo Nightcrawler
E fico feliz que o formato que tomei pro capítulo tenha agradado, de verdade. Faz muito tempo que não escrevo nada em primeira pessoa, então é bom saber que não tive uma queda de qualidade nesse quesito. Nesse capítulo aqui eu também tomei uma abordagem diferente das outras na história, então espero que esteja bom também.
Obrigado pela presença fiel, cara. Tem ajudado bastante a história.
Chegou o capítulo prometido! Depois de tanto tempo só na tensão, finalmente voltaremos a ter ação.
Para dar início, deem uma olhada nessa ilustração feita pelo @
Showman (E que eu intensifiquei as cores, pode me socar depois):
Fiquei realmente feliz com essa ilustração. É uma ótima sensação quando algo que você escreve toma forma! Muito obrigado pelo trabalho, Showman!
Agora, vamos ao capítulo.
No capítulo anterior:
Nightcrawler tem um monólogo. Ele reflete seus próprios motivos e a sua situação, além de lembrar de quem deseja que ele retorne.
Capítulo 33 – Diluvio
Chove sobre as planícies mais temidas do continente tibiano. O dia cinzento não dá sinais de que voltará a ser ensolarado e bonito.
Se é que já foi bonito algum dia.
As Planícies do Horror são temidas devido as inúmeras criaturas que podem ser encontradas por toda a sua extensão, seja na superfície ou no subterrâneo. Outro fator que ajuda a alimentar o medo nas lendas ao seu respeito é que as criaturas que são mortas lá sempre retornam, e atacam quem as matou com mais vigor e ódio. As coisas que podem ser encontradas lá são variadas, desde mortos-vivos até aranhas gigantescas.
Entretanto, como Nightcrawler já sabe, elas não irão atrapalhá-lo. Até porque já faz 12 anos desde que as planícies não possuem mais vida, e 12 anos desde que as chuvas começaram a maltratar as terras ao redor de um ponto fatídico: Chaur.
Andando com atenção planície abaixo, ele vê a cidade estranha logo adiante. A chuva não está forte, mas quando ele chegar lá, ela certamente irá piorar. Para contornar isso e as roupas molhadas não o atrapalharem, ele usa o controle sobre o fogo dos feiticeiros para esquentar sua roupa o suficiente para ela não ser afetada pela água, e ao mesmo tempo, evitando que ela aumente desnecessariamente a sua temperatura corporal. Uma tática dessa leva anos de prática, algo que Nightcrawler certamente possui.
Mais uma hora de caminhada. Ele não se importa. Quanto mais demorar, melhor sua estratégia será.
O detetive esteve pensando muito desde que deixou os territórios de Thais e começou a ir na direção do caminho que leva a Venore. Sabe que cedo ou tarde, as pessoas que o ajudaram perceberão que foram usadas. Mas, desde o começo, ele nunca quis ajuda. Trevor se ofereceu no começo, e trouxe mais pessoas para o caso, pois sozinho ele não faria nada. Talvez pudesse, mas não nas circunstâncias que ele preparou em Yalahar. Mas, no fim, ele nunca quis ajuda, e sempre sentiu um incomodo em deixar aquelas pessoas frente a frente com os assassinos mais perigosos que Tibia já viu.
Outro incomodo desde que deixou Thais era o fato dele conhecer aquele caminho perfeitamente. Ele não sabia até agora onde ficava Chaur, mas quando disse o nome desse lugar para Soulslayer, na emboscada do Arsenal de Ratos, ele percebeu que sabia perfeitamente como chegar lá. Não só isso, ele acabou se lembrando de eventuais vezes onde sofreu com lapsos de memória que o davam as informações que ele estava procurando.
É como se Varmuda estivesse lhe ajudando inconscientemente de alguma forma. Passando para ele tudo que ela sempre soube a respeito da Irmandade, mas quis contar na hora certa, para que nada desse errado. A verdade é que Nightcrawler não é um detetive extremamente genial como aparentava ser, e era perfeitamente inclinado para cometer erros, como em Yalahar. Ele sabe bem disso, e Varmuda também fazia questão de lembrá-lo disso o tempo inteiro. Então esses lapsos eram convenientes para ele.
Você não é o melhor detetive de Tibia. Você é você. E tem uma missão a cumprir.
Desde que mantivesse isso em sua cabeça, poderia fazer qualquer coisa.
Nightcrawler lembra que só agora que ele está chegando um pouco mais perto do seu período de auge, onde podia lutar contra dezenas de demônios sem parar. Lembra do seu passado. De tudo que sofreu até chegar ali. De como perdeu seu amigo, Senzo, para suas próprias aspirações. E de como o próprio parece ter arrancado parte de seu poder de seu corpo.
E, naquele momento, ele pensa que as leituras espirituais que eventualmente eram encontradas no sangue que a Irmandade usava tinham relação com a Manipulação de Almas. Ele precisa confirmar isso com seus próprios olhos, tirando todos de seu caminho para lidar com seu problema maior: Sarutevo.
Mas Soulslayer também é um problema imenso. Ele não é o líder, mas tem um nível de poder bem alto, sendo respeitado por todos lá dentro. Certamente todos tentarão atrasá-lo e cansá-lo antes que chegue no seu nemesis, para que assim a luta seja mais fácil para Senzo. Mas ele não planeja deixar isso acontecer. Ele fará o possível para aguentar até o final.
Mesmo que ele não esteja tão convencido de que vá conseguir.
A chuva está mais intensa e cai com mais vigor. Chaur some pouco a pouco no horizonte, como se fosse uma ilusão. Como se Nightcrawler não fosse convidado para entrar nessa cidade. Caso ele se perca no meio dessa chuva, é capaz que ele fique vagando para sempre ao redor de Chaur, mas nunca veja a cidade nem sinal de que ela está por perto.
Provavelmente esse é o mecanismo de defesa da cidade, que impede que qualquer um entre nela.
Nightcrawler não aceita que os membros da Irmandade estejam simplesmente negando-o, como se ele não fosse nada para os seus assassinos de vermelho. Ele já parece notavelmente irritado pela cidade estar começando a sumir, então ele decide fazer algo que talvez os atraia.
— Isso vai me desgastar um pouco — Murmura para si mesmo o detetive. — Mas não tenho escolha, tenho?
Suzio para e olha para o céu, ignorando as gotas de chuva que entram pelas cavidades de sua máscara e tocam sua pele levemente maculada pelo tempo. Em seguida, ele suspende seus braços, e fica um tempo parado, deixando a chuva atingir suas roupas e desaparecer ao contato, devido a sua magia de evaporação de líquidos, que acaba deixando-o impermeável.
Ele concentra-se ao fundo de sua alma. Escava suas memórias. Seus medos, seus sentimentos mais profundos. Encontra alegria, tristeza, felicidade, desgraça. Ódio e melancolia. Raiva e serenidade. Fúria e depressão. Ele busca o que nunca tentou buscar antes.
Ele se vê dentro de um imerso mar escuro, com apenas uma luz tímida vinda do sol iluminando partes desse lugar sem esperança. Seu próprio vasto mar de sentimentos, memórias, sensações, tudo que for de mais humano. Vê peixes ao seu redor, também tímidos a ele, ou simplesmente temerosos demais. Ele não é um peixe. Ele não é um ser do mar. Ele não é comida, tampouco um predador. Ele não é um espírito.
Ele não é humano.
Ele vira-se para encarar o lado escuro logo atrás dele. Ele não vê nada. O sol não consegue penetrar aquele lugar, apesar dele ser parte da superfície. Aquela sombra parece ser onipotente, quase inteiramente capaz de sugar a própria luz. Eventualmente, ele vê movimentos estranhos, coisas estranhas observando-o na escuridão. Ao tentar se aproximar, ele sente seu coração ser envolvido por uma mão fria e um solavanco avassalador na barriga.
Isso sou eu.
Uma criatura distorcida surge da escuridão. Ela parece ser incrivelmente parecida com Nightcrawler, sem sua máscara, mas ela possui vários olhos espalhados pelo seu rosto, bem como alguns dentes aqui e ali. Ela possui nadadeiras quase destruídas por várias outras criaturas ao longo do tempo ao invés de braços, e tentáculos, ao invés de pernas. Uma crista de tubarão na cabeça, uma fileira de chifres podres da nuca até a outra ponta das costas. Há olhos nesses tentáculos. Há olhos nessas nadadeiras. Há olhos na crista, e nos chifres.
Por que tantos olhos?
Para olhar para a escuridão no seu lugar.
Os inúmeros olhos que observavam os arredores viram-se todos para Nightcrawler, em uníssono.
Que tal olhar para si mesmo?
Que tal ver o quão desprezível e nojento você é?
Que tal fitar essa escuridão que insiste em correr para fora de sua casca, a ponto de destruir o mundo?
Quer dizer que você vai enfrentar aquele que afundou seu coração nessa treva apenas por causa de Tibia? Você realmente se importa com Tibia? Você se importa com os deuses, com os humanos, elfos, anões, orcs, minotauros e qualquer outra coisa viva desse mundo?
É claro que não. Somos iguais, Nightcrawler. Queremos destruí-lo apenas por desejos egoístas. Queremos vingar nossos amigos. Queremos vingar Estella, pois ela nunca teve a chance de ao menos dizer que te amava. Queremos vingar tudo que foi vitima de coisas malignas, não importa se nos unimos a um demônio, da mesma raça que matou dezenas de amigos e conhecidos seus, que te fez sofrer mais do que Senzo e companhia.
Hipócritas, egoístas, egocêntricos, arrogantes, nojentos, odiosos, vingativos, assim somos nós, Suzio. Assim... Somos... Nós.
Assim somos nós.
Pois tô pouco me fodendo se os demônios mataram várias pessoas que eu gostava. Eu não sou deus para derrotá-los.
Eles são a balança de Tibia. De um lado está os deuses, do outro está os demônios.
De um lado, a divindade, do outro, a maldade.
Eu não tenho poder para quebrar essa balança, pois seria o mesmo que partir o mundo em que eu existo ao meio.
Ao invés de quebrá-la, eu criei minha própria balança. Eu estou de um lado. Senzo do outro.
Mas já passou da hora de quebrá-la. Não por Tibia. Por mim mesmo.
Excelente.
Estamos lutando. Mas não por algo desse mundo. Mas por nós mesmos.
A criatura desaparece, e Nightcrawler sente a urgência de subir para a superfície.
Ele nada, rapidamente, até o topo, que o espera ansiosamente. Não importa se Suzio não se importa com o mundo, o mundo se importa com ele. Mesmo que ele seja destruído futuramente por causa dele, pouco importa.
Tibiasula não tem o dever de desgostar de alguém por esse alguém não gostar dela.
Nightcrawler sai da água. E do devaneio.
Um espírito de mais de oito metros levanta-se junto do detetive. Laranja, de contornos brancos, com um rosto que lembra vagamente o de uma coruja. Ele levanta-se, de braços suspensos, na mesma pose que o detetive, e afasta a chuva numa grotesca e gigante onda de choque, fazendo a própria chuva parar de chover, e o clima ao seu redor ficar somente nublado apenas por um instante.
Logo, o espírito some e a chuva volta a cair. Chaur está bem mais visível agora, mesmo com a chuva intensa.
— Até que enfim. — Murmura Nightcrawler, com um sorriso. — Que trabalheira dos infernos.
O detetive anda rapidamente até Chaur, mais preparado do que nunca. Cumpriu o último requisito, que esteve adiando até sua chegada na cidade. Ele se aceitou. Assim como Senzo fez, há um bom tempo.
~*~
A cidade chuvosa de Chaur possui um estilo de edifícios peculiar. Todos eles parecem ser feitos de ferro, e diversos deles parecem ser feitos de tijolos a partir de sua base. Os edifícios mais próximos do centro são feitos de mármore negro, e parecem ser bem antigos.
Ele vê a torre de uma catedral no centro da cidade. Já achou seu destino.
Ao andar pelas ruas, nota que elas são mais modernas que as de Thais, a atualmente mais moderna cidade de Tibia. Asfalto no centro, concreto nas calçadas. Postes a gás aqui e ali.
Nightcrawler não se sente em Tibia ao pisar naquela cidade, pois ela parece ter sido retirada de alguma ficção presente em algum livro. Ela parece ser de uma época muito adiante, desconexa e confusa, tão distante e futurista que parece inimaginável para um tibiano comum. Andando pelas ruas desertas, ele nota que todas as janelas estão fechadas, e que as possíveis lojas onde estariam um vendedor ou outro estão fechadas, tapadas com placas de madeira.
Ele já era esperado, aparentemente.
O detetive faz seu caminho até a catedral. Há algum tempo notou vultos nos telhados, sombras estranhas em chaminés e escuridão em becos que deveriam ser claros. Cada passo seu está sendo observado e calculado. Se ele fizer um movimento estranho, acabou. Nem seu poder será capaz de segurar aqueles Sangues saindo de todos os cantos, pulando da escuridão para tomar-lhe o seu sangue. Ele, obviamente, precisa atrai-los para um local espaçoso. A catedral pode ser o suficiente.
E se eles não o atacaram ainda, significa que tanto Senzo quanto Sarutevo querem que ele venha para a catedral.
Demora quase dez minutos para chegar lá. Chaur é um pouco grande para uma cidade escondida em meio a uma chuva incessante.
Ao chegar em frente dela, ele sente dezenas de presenças em todos os lados. Ao pegar seu relógio de um bolso do seu sobretudo, ele faz de conta que está olhando as horas, quando está apenas tentando detectar quantas pessoas estão atrás dele pelo vidro do objeto. Ele consegue identificar quarenta e seis sombras em cima de todos os telhados ao seu redor.
Levemente hesitante, ele guarda o objeto e abre os portões da Catedral Sombria. É chegada a hora de lidar com seu destino.
Ao entrar, ele deixa sabe-se lá quem fazer seu trabalho e fechar os portões atrás dele. Adiante, há várias tochas acesas, em todos os cantos. Um segundo andar pode ser visto, com algumas tochas a menos. Assim como por fora, por dentro ela é feita inteiramente de mármore negro, cuidadosamente lapidado e posicionado. A luz das tochas dança ao seu redor, trazendo ilusões para sua visão periférica.
Mas dentro de Chaur, não há ilusões, nem falsas impressões. Tudo é real.
Logo, Nightcrawler está cercado pelos mais de quarenta Sangues de antes. Seja embaixo, em cima, todos aguardam pelo seu momento. Pela ordem do absoluto, aquele que os lidera nas sombras e nunca revela seu rosto. Entretanto, hoje, ele decidiu mostrar seu rosto.
No andar acima, ele surge em meio aos vários Sangues, todos com o mesmo uniforme característico da Irmandade do Caminho de Sangue. A roupa vermelha, a cobertura de manequim protegendo o corpo físico, todos esses sinais estão ausentes em Sarutevo. Ele possui braços que contam com duas veias enormes, parecendo cobras, serpenteando por toda a sua extensão, entrando pelo seu pulso antes de alcançar sua mão. Uma é negra, a outra é vermelha. Elas estão vivas, devido a saturação intensa de sua cor.
Essas duas veias vão até seu pescoço e atravessam seu rosto também. Elas serpenteiam para trás da cabeça, e parecem dançar pelas suas costas antes de alcançar as pernas, fazer uma nova volta e chegar no tronco, misturando-se com a outra dúzia de veias iguais. Seu corpo é escuro, lembrando cinzas, e musculoso. Seu cabelo é quase inexistente, mas parece – ou parecia – liso e longo. Ele tem a mesma cor escura do seu corpo, embora seja mais intensa.
Ele põe as mãos sobre a mureta de mármore escuro que separa aquele andar do térreo, e fita Nightcrawler com seus olhos vermelhos, que parecem mais intimidadores do que de qualquer outro demônio.
— Bem vindo. — Lança Sarutevo, com uma voz grossa e intimidadora.
— Obrigado. Falaram que aqui tinha bebidas grátis. Não sou muito de beber, mas gosto de fazer alguns amigos.
— Gosta de fazer piadas, não é, Suzio Bahrl Resgakr? Honestamente, não me importo que você as faça. É uma presença totalmente diferente da nossa, afinal.
— É. Sou mesmo. E eu não gostei muito de vocês, então acho que tenho que fazer algo a respeito disso, não é? Acho que você concorda.
Sarutevo ri moderadamente. Algo que não devia fazer a séculos, por isso a risada parece mais intimidadora que a própria voz dele.
— Claro que concordo... Senão, eu não teria trazido meus seguidores comigo.
Suzio passa o olho pelos Sangues. Identifica Hator e mais alguns outros, mas não encontra Stanni’al ou Onni’aw, tampouco Lalori. Provavelmente eles foram atrás de Zoe. Logo, ele vê, no andar térreo, surgindo no meio dos Sangues, aquele que é perfeitamente o outro lado da balança. O homem que possui a mesma vestimenta que os Sangues comuns, tirando o fato de que ele possui um símbolo peculiar no peito e acima da região do seu olho, ambos presentes no lado direito de seu corpo.
Soulslayer aguarda o inicio do combate. Espera apenas pela ordem do mais poderoso deles. Por fim, Sarutevo suspira devagar, e olha com desprezo para o detetive. E sorri.
— Sangue para o deus do sangue.
Todos os Sangues avançam ao mesmo tempo contra Nightcrawler logo ao final da sentença do líder. O detetive já estava preparado.
O poder demoníaco de Varmuda envolve seus braços, metade de seu tronco e sua cabeça. Seu rosto está envolvido por um rosto demoníaco e sorridente. O espírito laranja que o envolve parece mais animado do que Suzio, e inicia o combate antes dele. Ele salta para fora da proteção que criou ao redor de seu receptáculo e gira com os braços levantados, atirando todos os membros para longe, e retorna.
Suzio defende o primeiro Sangue pessoalmente em menos de três segundos, socando seu rosto. Ele soca outro, e mais outro, e mais outro. Salta para trás e chuta o rosto de mais um ainda no ar, e martela a cabeça de outro juntando ambas as mãos e batendo para baixo antes mesmo do Sangue aparecer. Mais um aparece na sua frente, e ele chuta sua barriga e soca-o com a mão esquerda.
Cordas com pontas de lança afiadas surgem a partir da energia que o protege e acertam múltiplos Sangues. Oito baixas para Sarutevo, zero para ele.
Hator surge ao longe. Esse membro possui chifres de cabra na testa, e de um touro nos ombros. Seus braços possuem desenhos de ondas escuros, e sua roupa é de um carmesim escuro e sombrio. Sua arma é uma katana. Este, ao invés de se juntar aos Sangues que queriam acertá-lo com pulsantes, ele os chuta, um a um, na direção de Nightcrawler. O mesmo projeta uma grande e afiada espada na mão direita, e a usa para fatiar cada um dos membros atirados na sua direção. Treze para Sarutevo, zero para ele.
Ao chocar-se com Hator, ele percebe um desenho de um meio-círculo com uma chama no centro na sua máscara de manequim, ambos negros. Não é um detalhe importante para Suzio, que chuta seu joelho, gira rapidamente sua lâmina – arrancando a cabeça de outro Sangue no processo – na tentativa de acertar Hator, e chuta novamente o peito dele, mas seus golpes não funcionaram. Todos defendidos.
Hator pula e tenta chutar o rosto de Nightcrawler, mas ele defende com ambos braços. O mascarado usa um chute giratório, defendido por apenas um braço de Hator. O que ficou sem uso é usado para um golpe reto na lateral, abaixo de sua axila, mas seu alvo abaixa-se a tempo. Ao se abaixar, ele chuta seu tornozelo direito, fazendo Hator se desiquilibrar, e enquanto este aguarda que Nightcrawler use um golpe da espada projetada, para sua surpresa, percebe que o detetive nem mesmo está no chão mais. E sim acima dele.
Suzio concentra energia no braço direito e soca Hator contra o chão. Com o impacto, Hator quebra sua máscara e a área peitoral do manequim. Em seguida, ele refaz a espada de antes e finca ela na nuca do Sangue, enquanto este tentava se levantar. Uma grande perca para Sarutevo, convencido de que deixar apenas dois dos antigos oito melhores na sua base seria o suficiente para parar o seu principal inimigo.
Na verdade, Suzio se mostra muito mais do que Sarutevo ou até ele próprio esperava ser. Derrotando e lançando membros para todos os lados, escapando de seus pulsantes e suas adagas brilhantes, ele percebe que sua força está imensa e imparável. Como um herói de alguma lenda, lidando com várias criaturas ao mesmo tempo. Algo que nem Suzio compreendia que fosse possível. O poder de Varmuda parece ter crescido só dele ter tirado sua conexão com ela. Mas isso traz uma desvantagem severa para ele: O que ele descobrir ali, jamais será dito a ninguém.
Afinal, Nightcrawler sabe que não irá sobreviver.
Ambos os seus olhos estão negros, com o losango alaranjado no centro, e a pupila negra no meio dele. Sua Manipulação de Alma está galopando para o limite em pouco tempo. Felizmente, os números da Irmandade já caíram bastante.
Subitamente, os membros param e todos eles explodem seus pulsantes ao mesmo tempo. Ele recua. Não esperava por isso, o que o faz reforçar sua própria proteção para evitar ser pego pelo efeito daquela arma nociva. E antes do que espera, uma explosão enorme cobre o salão da catedral. Quase é pego nela.
Quando ela se dissipa, sobra apenas um pó avermelhado cobrindo parte da visão adiante, e desse pó, dois membros saltam na sua direção. Um deles possui uma linha grossa de tinta azul no lado esquerdo do rosto, lembrando os bárbaros de Svargrond. O outro possui inúmeras marcas de queimado pelo uniforme, e vários símbolos semelhantes ao que Soulslayer possui no peito, mas este está distribuído por toda a extensão do manequim do seu corpo. Ele sabe o que significa: Explosão.
O primeiro membro é lançado pra frente por uma pequena explosão do outro, e enquanto ele avança, dezenas de espinhos carmesins o acompanham do chão. Aquilo parece problemático para as habilidades de Nightcrawler, então ele salta para o ar. O Sangue dos espinhos usa um deles para saltar para cima, crescendo seus espinhos mais e mais, mas subitamente ele é lançado para cima por alguma força estranha, indo mais a frente dos seus espinhos que o normal. Força projetada por Suzio.
Suzio sorri maleficamente e soca o peito dele, atirando-o contra os próprios espinhos e matando-o. Após isso, ele estende o braço espiritual que possui contra uma das paredes ao seu lado e vai na direção dela. Subitamente, ele entra dentro dessa parede, e surge atrás do Sangue das explosões, sem ele perceber, enquanto este está no chão, procurando-o.
Antes que os espinhos sumam, ele usa um chute cavalar para erguê-lo para cima, salta para junto dele, e acerta uma cotovelada insanamente poderosa no seu peito, atirando-o contra os espinhos feitos de sangue do companheiro. Ele acerta os espinhos antes deles sumirem, abrindo vários buracos pelo seu corpo. Dezesseis para Sarutevo, zero pra ele.
O pó vermelho que se acumulou ao redor de onde estava Sarutevo se dissipa. Todos os membros o atacam de surpresa, mas, como esperado, isso não funciona, pois o detetive convoca uma explosão mágica de alto poder. Nos minutos seguintes, Nightcrawler permanece lutando sem parar. Ele soca, chuta, esmaga, e até mesmo usa o espírito que personifica Varmuda para devorar parte do tronco de alguns dos Sangues. Enquanto essa luta desvairada e descontrolada ocorre, Soulslayer e Sarutevo observam. Não há muito mais o que fazer. Eles realmente subestimaram o detetive. Pois, aparentemente, Nightcrawler jamais mostrou tamanho poder antes. É como se ele tivesse guardado tudo aquilo para o momento certo de usar.
Ou simplesmente ele não se preocupa mais com a própria alma e prefere usá-la inteiramente para destruir seu inimigo.
Passam-se alguns minutos. Sarutevo possui quarenta baixas. Nightcrawler ainda está de pé. Ninguém sequer tocou ele. Ele fita Sarutevo, e Soulslayer, logo ao lado dele.
— Tá fácil ainda. — Disse, sorrindo — Mande o que tiver de melhor, Sarutevo.
O líder dos Sangues mexe a cabeça negativamente, como se estivesse decepcionado pelas percas. É como se tivesse criado um grande grupo de gente inútil, buchas de canhão para intimidar os fracos e fazer crer que eles eram realmente onipotentes. Aquele detetive está ali pra provar que não.
Soulslayer treme um pouco. Não de medo, mas de excitação. Está aguardando ansiosamente pela ordem de seu mestre, mas mal pode se conter.
Ele vê uma marca de mão na barra de ferro que separa os andares. Ela brilha numa coloração vermelha. A autorização.
Um sorriso se forma na máscara de madeira de Soulslayer. Ele explode em sangue e aparece logo abaixo em menos de um segundo.
— NUITO! Eu esperei muito por esse momento. — Grita Soulslayer, mal se contendo de alegria.
— Meu nome não é Nuit... Ah, tanto faz. Chame-me do que quiser. Isso não fará diferença quando você estiver estirado no chão.
— É claro que é Nuito. Você tem o Resgakr no nome. Assim como ele.
Nightcrawler levanta uma sobrancelha. Não se lembra de ninguém na sua família que se chamasse de Nuito. Na verdade, ele mal conhece a própria família, então faz sentido que ele não saiba quem esse homem é, e que Soulslayer esteja confundindo os dois.
— Não acredita? Eu matei aquele que se chamava Suzio há muitos anos, e de repente, alguém de personalidade diferente e levemente exótica toma seu lugar e assume seu nome e sua genialidade. Não conheço ninguém senão você, Nuito, para substitui-lo. Afinal, se Ember ainda está viva, isso significa que você também estaria. Mas... Onde ela está? Onde a escondeu esse tempo todo?
— Uman. Ou qualquer outro caralho de entidade. Você tá falando muita, mas muita merda. Pois eu não sei quem é Ember, nem quem é Nuito. Mas sei quem é você. Você matou Estella e todos os meus amigos nas Plataformas do Inferno. Aqui se faz, aqui se paga, Senzo Niban.
— Senzo... Niban. Isso me traz memórias.
Suzio, pela primeira vez desde que chegara, pega duas facas com runas mágicas escritas e prepara-se para o combate decisivo. Os Sangues que ainda sobraram nem pensam em incomodá-los, afinal, é o grande show. É o que Sarutevo também espera.
Senzo gera dois pulsantes do nada e os esmaga com as suas mãos, revelando duas adagas longas, brilhantes e afiadas.
— Sangue para o deus do sangue.
— Inferno para o fugitivo do inferno.
Em uníssono, um salta na direção do outro.
Próximo: Capítulo 34 – Fatal
BLOOD FOR THE BLOOD GOD
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