
Postado originalmente por
Skirt Underdome
Vou lendo essa. Depois que voce reescrever os capitulos da outra eu leio la tambem vc so reescreveu uns dois se tanto
O capitulo deixou varios misterios para serem solucionados. Quem sao esse exercito de sangue e o tal do Nightcrawler. Mas tem uma coisa que eu fiquei meio encafifado. A pericia de Thais fazendo pericia em Carlin. As carlineanas deixariam os peão do Tibianus se meter na cidade delas? Não são cidades independentes e ate rivais?
Entendo que ler a história com aquela escrita zoada realmente tira o potencial dela para o leitor, então eu voltei a reescrever os capítulos. Tentarei até o fim do ano reescrever até o capítulo 10 e lhe aviso
Só vou corrigir que não é um exército e sim uma Irmandade, aos poucos vou dando os panos na história para esclarecer como trabalham e porque dão esse nome para seu grupo. Quanto ao trabalho conjunto de Carlin e Thais, é porque a cidade das amazonas ficou com pouquíssimo pessoal dentro da perícia após o ataque e fez um acordo com Thais para trabalharem juntos. Eu ia contar isso nos próximos capítulos, mas considerando que o pessoal também tá com essa dúvida e ela não é algo tão relevante, decidi contar.

Postado originalmente por
Gabriellk~
Bom, para começar, Carlos, vou concordar com o @
Skirt Underdome e dizer que é um tanto quanto estranho a perícia de Thais estar metendo o bedelho nos problemas de Carlin, até porque ambas as cidades são "rivais", para usar um eufemismo, considerando-se a história canônica do Tibia. Enfim, se tem uma coisa que rola aqui na seção, é licença poética, e eu não ligo muito pra isso. Os fatos apresentados podem estar ocorrendo em outro momento cronológico da história tibiana ou até mesmo pertencerem a alguma realidade alternativa. Talvez você até explique essa situação melhor posteriormente.
Eu gostei da ideia de uma "perícia" tibiana, embora não posso deixar de me perguntar sobre a extensão da utilidade dela, haja vista que o contexto tecnológico tibiano não oferece lá muitas opções para desvendar crimes hahaha. Se até a perícia criminal atual, com um acervo tecnológico nível CSI tem problemas para resolver vários crimes, imagino que Borges e cia precisem ralar pra caramba kkk. Será que existe alguma magia para reconhecimento de digitais?
Curti a personalidade do Borges, mas alguns dos diálogos me pareceram estranhos, porque, embora você talvez tenha conseguido passar o
clima da relação entre um superior da polícia e seu subordinado, achei que algumas das expressões utilizadas transformaram o personagem em algo muito atual. Todos os "caralhos" que ele dizia me faziam pensar mais em um sargento da polícia atual do que em um cara trabalhando em um contexto "medieval" e fantasioso. O fato do nome dele ser Borges não ajudou nessa impressão huehue. Mas esse tipo de coisa pode ser muito difícil de se fazer. Criar diálogos é sempre algo delicado, ainda mais quando você tem que fazer a coisa soar natural, informal e ainda assim "old school". Recomendo para isso ler os mestres do gênero e ver como eles fazem. O George R. R. Martin pra mim é um cara que consegue fazer isso com maestria.
Outra coisa, e é algo que eu já vi em outras histórias suas, é a indecisão entre usar o presente ou o pretérito na narrativa. Está claro que a ideia é fazer uma narrativa no presente, e na maior parte do tempo vc faz isso com consistência, mas as vezes você mistura uns verbos no passado ali meio fora do contexto.
Dito isso, eu gostei da descrição inicial da cachina, e dos detalhes da descrição do castelo, como o sangue escorrendo pelas torres e etc. Esse tipo de detalhe de cenário é sempre legal e ajuda a criar o clima pra mim. E novamente o tema das cerejeiras e do sangue serviu para atiçar a curiosidade a respeito desses caras. Como disse a você já no chat, eu gostei desse detalhe.
A história já começou bem agitada e misteriosa, o que particularmente acho legal. Vc criou um cenário com possibilidade de dar muito pano pra manga, e os caminhos a se seguir são inúmeros. Com a rainha desaparecida, a irmandade e esse Nightcrawler, você conseguiu me deixar curioso sobre o que irá acontecer. E está fazendo uma história com clima e temas diferentes do que geralmente se vê por aqui (ou que se via na minha época, pois admito que não leio nada aqui faz tempo), e só por isso já agradeço. Criatividade você sempre teve de sobra, e espero que consiga nos manter entretido nos capítulos que estão por vir.
Até!
Grande Gabriel, esperava seu comentário pra pelo menos saber se estou fazendo direito, pois o considero bem mais experiente do que eu escrevendo.
Como expliquei pro Skirt, apesar das cidades serem rivais, elas podem trabalhar em conjunto eventualmente através de acordos, que foi o que aconteceu aqui(Se até os EUA e a URSS trabalharam juntos em um momento da corrida espacial na Guerra Fria, porque Carlin e Thais não podem trabalhar juntos também?). Eu também ia contar sobre futuramente, como você disse, mas decidi contar desde já por não ser algo tão relevante na história, visto que ela não terá foco nas duas cidades.
Borges foi uma experiência nova para mim pois eu não crio personagens assim com frequência, tampouco para ser protagonista duma história minha. Então, sinto muito se ele tenha quebrado um pouco a imersão, mas com o tempo o gordão da perícia vai baixando a bola. E você verá o porquê.
Por fim, eu também vou explicar como a perícia tibiana trabalha futuramente, considerando a falta de tecnologia do mundo de Tibia. E também espero surpreender com essa história, não sei o quão grande ela será, mas espero conseguir contar tudo de uma forma entendível, interessante e legal. Então, espero que goste deste capítulo de agora

Postado originalmente por
Senhor das Botas
Bom, fiz a leitura do seu capítulo.
Acho que o comentário do Gabriellk foi a melhor análise feita até agora, então não adicionarei muito em relação a pequenos erros aqui e ali.
E btw, realçando o que ele, é uma história deveras diferente. Em vez de um pessoal aventureira barra pesada, pegamos investigadores, embora eles talvez não sejam barra pesada. Ao menos nada foi demonstrado da força deles por oras, e talvez nem venham a ter, sendo a inteligência deles a única alternativa pra enfrentarem essa Irmandade( quem dira Nightcrawler, que fugiu de uma Irmandada que "só" acabou com metade da cidade de Carlin e muito provavelmente com o reinado de Eloise).
Enfim, é isso aí Carlão. No aguardo dos próximos capítulos xD.
Enfim, deu um bom
Opa Botas, obrigado pelo comentário.
Eu quebrei o conceito de aventureiros barra pesada nessa história e usarei um conceito diferente para enfrentar uma poderosa Irmandade. Eu não planejo mostrar apenas referências de seres poderosos aqui, mas eles não aparecerão, de fato. É uma brincadeira de polícia e ladrão onde a polícia precisa tomar muito cuidado com o ladrão, e só o fato de metade de Carlin ter ido pro saco por causa dele já justifica bastante isso.
Espero que continue acompanhando ativamente.

Postado originalmente por
Senhor das Botas
Enfim, deu um bom
Senhor das Botas e da maconha?

Postado originalmente por
Edge Fencer
Olá xD
Bom, os comentários anteriores já trouxeram uma ótima análise sobre o capítulo, então tentarei abordar questões que não foram levantadas por eles (ou as que eu tenha um ponto de vista diferente).
Pra começar, achei muito bacana a forma como você alternou sua escrita entre as falas do personagem; tá certo que o Tibia nos passa um clima "medieval", então partirei do princípio de que você quer retratá-lo dessa forma. Acho completamente inviável usar uma linguagem similar ao que vemos nos textos e relíquias históricas do período medieval, já que praticamente todos eles foram produzidos pela pequena parte da população que era letrada, não retratando de fato a forma de se expressar da maioria da população -- incluo nessa os cavaleiros e nobres, já que uma parte do clero (destaque aos monges copistas) era praticamente a única parcela da população que deixou registros escritos. Pra piorar, ainda há a barreira do idioma: O que veio a se transformar no português de hoje, na época era completamente diferente; aumente essa diferença se analisar o português falado no Brasil (já que aqui não existiu uma "idade média"). Partindo desse ponto, fica MUITO difícil se aproximar da fala do "povão" do período medieval, que com certeza tinha suas versões de "caralho" e afins bastante presentes no vocabulário; então, acho que o uso das nossas gírias e expressões talvez cheguem até mais próximo do que era falado na época do que aquela linguagem semi-rebuscada que geralmente vemos em histórias sobre o período (se formos notar, até mesmo a tradução brasileira dos livros do George R. R. Martin faz uso de muitas palavras que você também utilizou). Posso ter falado um monte de bobagem aqui, mas é o meu ponto de vista sobre essa parte da sua escrita
Ainda sobre a narração, apesar de você quase não cometer erros ortográficos, achei um pouco estranho o excesso de pontos finais nos seus parágrafos; acho que ficaria mais legal se você "unisse" mais as frases em cada período, tanto com conjunções, vírgulas, dois pontos, ou até mesmo travessões. Não me estenderei muito porque pode muito bem ser uma opção sua: talvez isso ajude na criação do ambiente da sua história, e, se for o caso, essa crítica é inútil :s
Sobre a história em si, achei bem interessante; uma boa forma de começar, já mostrando intensidade desde o primeiro capítulo e dando brecha pra muito mais nos que estão por vir. Sinto que o Nightcrawler será um personagem daqueles!
Vou encerrar por aqui, já que o comentário já ficou gigante. Reforço que gostei do começo da história, e fico ansioso pela continuação! xD
Abraço!
E aí Edge, confesso que não esperava que fosse fazer um comentário assim e esperava uma crítica assim apenas por parte do Gabriel, mas gostei disso.
Bem, devo já dar início que Tibia não é medieval. Ele, por muito pouco, não é atemporal, pois temos Rathleon e seu tema steampunk, Venore e Carlin com seus climas renascentistas, além de Yalahar e sua aparência avançada para uma cidade medieval, atendo-se bastante a um tema fantástico. Partindo disso, eu uso algumas gírias e palavreados comuns nossos nos meus trabalhos, seja eles de Tibia ou não, pois gosto de deixar o leitor mais confortável lendo, levando em conta que ele não é tão imerso num clima medieval e nem mesmo lembre que apenas o clero na época da Idade Média que tinha acesso aos livros e a escrita e com certeza não colocava "palavrões do povão" no que escreviam, hehe. Enfim, eu realmente não levo muito em conta o aspecto de uma idade em específico, então não tenho muitos limites nos palavreados nesse quesito.
Quanto aos pontos e vírgulas, isso é algo comum da minha escrita e não costumo mudar muito, pois soa tranquilo tanto pra mim quanto para outros leitores; Logo, não vejo necessidade em mudar. Mas não excluirei sua observação e tentarei deixar meus textos mais equilibrados.
Espero que goste da história e acompanhe-a ativamente. Nightcrawler será só um dos personagens grandes que aparecerá na história, isso eu garanto.

Postado originalmente por
Iridium
Saudações!
O @
Gabriellk~ já falou muita coisa, então sinto uma baita dificuldade em acrescentar algo. Primeiramente, acho que sua escrita está melhorando. Suas questões de conjugação verbal ainda precisam ser muito trabalhadas. No entanto, teu trabalho descritivo está no caminho certo e com bom progresso. Como já havia dito antes, gostei do cenário mais dark e trevoso, que é bem a sua cara e sua pegada. Siga as dicas do nosso bom amigo Elk e acho que você estará no caminho correto para melhorar ainda mais.
Aguardo o próximo, e lamento pelo "atraso" em comentar.
Abraço,
Iridium.
Opa Iri, obrigado pelos elogios e pelo comentário, não ligue pro atraso, já disse que pode comentar sempre que quiser.
Eu notei minhas falhas quanto a conjugação verbal(Ao menos aqui) e vou tentar trabalhar melhor nisso. E, claro, o Gabriel disse coisas valiosas a mim, então as seguirei, pode deixar.
Eu realmente tive muito mais intenção de deixar um cenário dark nessa história do que em qualquer outra minha, juro. Se acabei deixando mais sombrio o clima na minha história principal, foi sem querer, sério
Espero que goste deste capítulo
Agradeço por todos os comentários, pessoal. Já tá tendo mais comentários em média por capítulo do que na minha história principal, mas não tem problema, isso é normal, considerando o tamanho dela e que essa acabou de começar.
Bem, vamos para o próximo?
No capítulo anterior:
Centenas de pessoas foram mortas num misterioso ataque à Carlin. Thais e Carlin se juntam para investigar o caso, enquanto dois investigadores e um membro da guarnição thaiana partem para Greenshore encontrar o misterioso Nightcrawler, um detetive independente.
Capítulo 2 – Aqueles que Derramaram Demais
Os túneis abaixo de Carlin são levemente iluminados e fétidos, além de um tanto confusos. Apesar disso, a comitiva em busca da rainha Eloise, composta por guerreiros thaianos e guerreiras carlinídeas, segue firme dentro dos túneis, logo abaixo dos esgotos.
A operação seguiu sem distúrbios até chegarem à caverna que dá acesso para o clã de Coryms da região. Ao entrarem, notaram que o lugar e todo o trajeto que passaram está diferente, embora não consigam notar as ligeiras mudanças.
— Ei, Gregor, certo?
— Sim... O que foi?
— O lugar está tranquilo demais... Não acha?
— Um pouco. Encontramos só bichos inúteis como ratos ou rotworms, mas realmente, está suspeito esse lugar.
— Anseio para encontrar minha rainha e pedir uma redenção pelo meu feito. Não ter morrido tentando defender Carlin foi um completo sacrilégio.
— Você foi nocauteada! Não tem culpa disso.
— É fácil para o líder dos cavaleiros, que parou de se meter em batalhas reais, sem um líder para guiá-lo, falar algo assim. Mas eu tenho um compromisso com vossa majestade. Não posso cansar até cumpri-lo.
— Vamos nos preocupar com o caminho agora. Pois quanto menos inimigos aparecem, mais perigoso o caminho se torna. — Disse, olhando adiante de forma séria — E eu tenho um líder, que é Tibianus II. E eu o sigo, assim como todas as suas ordens.
A comitiva, formada por trinta soldados, invade os limites do território Corym para entrar em seu ninho. É agora ou nunca.
Eles descem o buraco, e conforme o fazem, iluminam mais o lugar. Quando todos os soldados apareceram, já é possível saber a situação da caverna: Vazia. A preocupação bate instantaneamente, apesar de faltar um perigo real para eles.
— Isso é mal — Disse Blossom, guiando suas vinte guerreiras pela caverna — Não há um único sinal das criaturas aqui. Nem as armas foram deixadas para trás, tampouco rastro. O que sugere?
— Voltar já não é mais uma opção. Vamos.
— Era o que eu queria ouvir, homem. — Disse, em tom de deboche.
A comitiva encontra um novo buraco, e algumas guerreiras descem primeiro, seguidas por Blossom, Gregor e o restante dos soldados. Um cheiro horrível invade seus narizes, os distraindo do provável perigo para tentar aguentar o cheiro. Ao olhar adiante, notam que há luzes fracas em alguns cantos aleatórios da caverna. Pareciam olhos.
— Alabardas! — Grita Gregor, com seus soldados tomando a frente com suas armas. Dez guerreiras pegam suas bestas e as restantes sacam suas espadas.
Com uma tocha na mão esquerda e um machado de mão na direita, Blossom avança devagar, visando descobrir o que há no escuro.
Os olhos eram de criaturas, ou melhor, coryms. Mas seus corpos não estavam ali, apenas suas cabeças, pregadas com estacas avermelhadas lembrando ossos ensanguentados, e penduradas por cordas no teto. Há corpos encostados e com cabeças, mas sem algo que segurasse suas tripas, vazadas pelo chão. Os Coryms detém expressões de horror enquanto presos pelas próprias armas contra as paredes, cercados por uma quantidade excessiva de sangue. A visão faz alguns soldados se entreolharem, sentirem nojo e até passarem mal. Os líderes olharam com surpresa e desprezo pros corpos.
— Desfazer formação... Vamos seguir em frente. — Disse Gregor, desanimado.
— Vamos, maricas! Não quero machos e suas fraquezas me atrasando! — Grita Blossom, incomodada com os homens passando mal. No instante em que ela terminou de falar isso, três guerreiras vomitaram. Ela olha pra elas com mais desprezo ainda.
Após algum tempo, os soldados se convenceram a continuar andando, mas sem olhar pros corpos, apenas pra frente. Logo, eles encontraram uma nova saída pela caverna através do teto. Lançaram uma corda com um gancho, prendendo nas pedras ao redor do buraco com sucesso. Logo estavam subindo aos poucos, sendo as primeiras as guerreiras mais preparadas, depois os líderes, e então os soldados.
O cheiro de podre está mais poderoso ali, mas a atmosfera é diferente.
— Irmã, lance uma flecha incendiada em frente. — Disse Blossom a uma guerreira com uma besta. Ela assim o faz, usando uma tocha para acender uma flecha com um pedaço de pano ao redor da ponta, molhado de piche. Ela atira a flecha, que atinge algo à pelo menos doze metros da comitiva.
O local onde ela atinge começa a pegar fogo devagar. Outras flechas são lançadas, e pegam em outros alvos estranhos. Só depois de um tempo que eles reparam que as flechas foram atiradas contra corpos. E que a primeira atingiu a rainha, já morta, pregada contra um pilar de material semelhante as estacas de antes, com o vestido bastante estragado e destruído, manchado de sangue em vários locais e com seu penteado desfeito e cobrindo seu rosto. Já seu corpo parece seco, profundamente desnutrido e muito ferido, com sangue seco antes escorrendo por suas pernas, braços e rosto. Ela está tão seca quanto uma maçã podre que jamais fora atirada no lixo, cheia de golpes de espada e coberta de sangue seco. Os corpos pareciam ser de guerreiras carlinídeas, com condições semelhantes.
Enquanto os soldados iam notando o que tinha acontecido, um indivíduo ao lado do corpo morto da rainha olha para a escuridão logo adiante. Alguém está ao lado do pilar artificial construído na caverna, e está vestido com uma roupa vermelha, mas os detalhes não são muito visíveis. A única coisa visível nele é um objeto estranho e pulsante em sua mão esquerda.
— Perdão, mas a rainha está viajando. — Disse a figura, com uma voz sombria — Felizmente, ela convidou vocês para ir com ela também.
O homem força o objeto com a mão e ele explode, lançando uma grande quantidade de líquido que se derrama por um corpo logo ao seu lado e lança uma pequena fumaça no ar. Nesse instante, os soldados se preparam para avançar, mas o ser os interrompe fazendo um sinal negativo com a mão.
O corpo se mexe.
~*~
— Hm... Então metade de Carlin morreu, enquanto a rainha está desaparecida? E tudo isso aconteceu em uma tarde?
— Pois é... Um dos potenciais suspeitos desse massacre é a Irmandade. Prato cheio pra ti.
O homem de chapéu cruza as mãos, próximas do nariz, enquanto curvado sobre a mesa de madeira grossa de seu quarto, coberta por papéis e pergaminhos abertos. Ele fita a vela a sua direita, com um olhar pensativo. O trio observa-o, sendo Dartaul e Borges os mais perplexos, já que estão de frente com uma figura lendária. Nem mesmo fazem ideia da resposta que virá dele.
— Incrível. Simplesmente, horrorosamente incrível. Esses filhos da puta atacavam desde templos à pequenas fazendas de uns anos pra cá, e agora decidiram jogar tudo pro alto e fazer metade da segunda maior cidade do continente sentar no colo do diabo? Eu não acredito. É o ato mais incompreensível, rebelde e impensável que eu já vi! — Disse, terminando com um soco contra a mesa. A dupla da perícia treme levemente e Trevor reage com desdém.
— Acho que foi um aviso... Do poder deles. Já faz alguns meses que eles têm sido intensamente perseguidos tanto pela coroa carlinídea quanto pela thaiana. Outro país também envolvido é Yalahar.
— Tem razão. O ataque à Nargor quatro meses atrás também foi um aviso que o próximo seria maior. Ou não? Preciso pesquisar... Preciso ver se há algo escondido dentro desses ataques. Esse grupo não é amador, nem de brincadeira. — Disse, levantando-se rapidamente e avançando até o trio — Bem, vejo que há dois sujeitos desconhecidos contigo. Imagino que os conheça bem para lhes mostrar meu esconderijo.
— Claro. Este é Borges, investigador-chefe do terceiro escritório da perícia da Guarnição Thaiana. Já este é Dartaul, um investigador recém-formado da Universidade de Fibula.
— Interessante. Sinto que a vinda deste Borges e a sua é para me arrastar oficialmente com algumas regalias e panos quentes pro caso. E para a Guarnição.
Borges olha-o ainda perplexo, para finalmente após algum tempo quebrar sua expressão, levantar uma sobrancelha e conseguir falar algo.
— Uau, Trevor, puta merda. Este é exatamente o que eu não imaginava ser o Nightcrawler. Quer dizer, cadê a loucura que diziam que ele tinha? Os problemas pra sair de casa ou falar? Talvez ficar sentado com os pés na cadeira? Ele me parece perfeitamente normal.
Nightcrawler ri baixo.
— Perdão por lhe decepcionar, mas não tenho nada de tão marcante na minha aparência. Por outro lado, não sou normal. Na verdade... — Disse, aproximando-se um pouco mais, mostrando melhor seu rosto para uma vela próxima deles, revelando uma cicatriz que ia da sobrancelha direita até abaixo do olho, além do seu olho esquerdo ser branco, como se ele fosse cego — Estou longe de ser.
O rosto do homem é magro e tem uma barba malfeita. O chapéu, de aba fina e grande, aplica um ar mais sombrio ainda para a sua face. Esses elementos deixam a dupla tensa, mas não surpreende Trevor, que se acostumou há tempos.
— Ok, ok... Peraí. Você mostrou o seu rosto para nós dois? Por quê? Nem tem certeza se somos membros da Irmandade ou não!
— Claro que tenho. — Disse, afastando-se e voltando a ter seu rosto pouco iluminado. — Meu olho esquerdo serve justamente para identificá-los. É um presente de alguém especial... E parte do motivo do meu nome existir. — Finaliza, abrindo um sorriso macabro.
— Chega, Crawler. Pegue seus relatórios, vamos pesquisar.
— Heh. Relaxem, não quero fazê-los borrar nas calças.
O detetive vai para o fundo do quarto procurar algo nas estantes que cobriam as paredes do lugar. Apesar da fraca iluminação, é possível notar muitos livros nelas, além de algumas pastas e pergaminhos. Ele pega uma pasta e caminha até o trio, passando por eles e subindo as escadas.
— Sigam-me. O lugar é escuro demais para nós analisarmos tudo.
O rapaz abre a portinhola, subindo para a casa. Eles o seguem, subindo as escadas de madeira. Chegando ali, a casa parece um pouco diferente; Dessa vez, eles notam um grande candelabro no teto, e há velas iluminando todo o local. A janela é coberta por cortinas grossas, onde uma única fresta de luz atravessa, iluminando um canto do local com a luz do sol.
Nightcrawler era mais visível agora. Ele usa um sobretudo de cor bege, e um chapéu da mesma cor. E agora está usando uma máscara no rosto: Uma máscara de teatro sorridente, cujas expressões possuem contornos de um azul bem fraco.
— Me perdoem a falta de educação, não tenho nada para lhes servir e preciso deixar as cortinas fechadas. — Lamenta, sentando num sofá bege e colocando a pasta sob uma mesa, abrindo-a. O trio se junta a ele para analisar, com Trevor sendo o último e deixando a bainha com sua espada encostada logo ao seu lado.
— Possui tudo sobre eles aí? — Questiona Borges, observando atentamente o aglomerado de documentos.
— Tudo que consegui reunir. Dois anos parecem suficientes para pegar um grupo de malucos fazendo arruaça em cidades e aldeias, se eles não fossem como a Irmandade do Caminho de Sangue. — Disse, virando uma página e iniciando alguns relatos — O primeiro ataque oficial deles foi em Yalahar. Mataram os donos do zoológico antigo de lá e liberaram tudo pros animais dominarem. É o que diz os relatórios. Mas quando analisei melhor, notei que ninguém liberou os portões, foram arrombados por forças diferentes. Ou seja, pelos animais. Além disso, os funcionários desapareceram e os donos tinham apenas a parte de cima do corpo. Não é difícil de dizer o que aconteceu, difícil é procurar o motivo. Antigamente, aquele lugar não tinha ordem por causa da ação de um deus yalahari, agora voltou a ficar sem ordem de novo.
Borges analisa os dados. Há relatórios feitos tanto pelos yalahari quanto por outros investigadores de fora, e descrições feitas pela guarnição.
— Essa pasta é mais grossa que meu braço gordo. Quer dizer que a Irmandade age há anos? — Indaga Borges, incrédulo.
— Isso. Seu primeiro ataque já foi de grande escala, já que o distrito do zoológico é enorme, mas ainda não sabiam quem tinha feito aquilo até nove anos atrás, quando eles recomeçaram os ataques com sua marca registrada: Sangue para todos os lados. Esse primeiro ataque tinha muito sangue no edifício de administração, mas os seguintes foram estranhamente limpos, mas com membros da Irmandade flagrados em ação. Um deles é este aqui.
Nightcrawler vira quatro páginas e mostra um relatório que ocupava metade da página à esquerda. As páginas eram feitas de papiro, aquela não era diferente.
— Eles atacaram um distrito de Edron e depois fugiram para o norte. O distrito em questão é o dos magos, assassinaram um mago próximo de Wyrdin, chefe da academia. Os magos de Edron os perseguiram, e deram de cara com, adivinha...
— Um grupo de lobos? — Disse Dartaul, curioso. Nightcrawler não parecia ter um olhar positivo, apesar da máscara.
— Seu pensamento é tão fechado que me dá nojo. — Disse, fitando-o com uma cara feia, porém, escondida pela máscara — Eles encontraram com um demônio. Um real, das lendas, com seis metros de altura, olhos verdes e corpo sarado e vermelho. Fugiram ao primeiro encontro, e pelo menos quatro dos doze magos morreram tentando fugir. Um ficou pra trás pra segurar os restantes, seu nome é conhecido como Azabaraun, um dos últimos magos servos de Nornur.
Dartaul e Borges ficam boquiabertos. O detetive já esperava essa reação, e ri baixo.
— Espera, espera! Como diabos você pode falar que um demônio apareceu de forma tão natural? E como espera que acreditemos em você? — Dispara Dartaul, ainda mais surpreso que os outros dois. Nightcrawler não responde, mas Borges fica notavelmente incomodado.
— Cala a boca, moleque! — Repreende Borges, dando um tapa na cabeça do jovem — Desculpe por isso, é... Nai... Cra...
— Nightcrawler. — Responde o próprio, com certo incomodo.
— Isso! Dartaul é jovem, não liga para os fatos e não conhece Tibia direito... Além de ser apenas um novato. Não se importe com ele. Eu acredito em você.
— Não precisa se desculpar.
Borges suspira, aliviado.
— Se desculpe por você. Eu sei que você não acredita em mim, pois eu olhei para você um pouco antes de terminar de falar e vi que você tinha um semblante parecido com o do garoto. Eu sei que vocês estão ansiosos pra me trazer para trabalhar com sua guarnição, mas sabem que isso não vai acontecer.
Borges fita-o, desacreditado e Dartaul está irritado. Trevor não esboça reação, pois esperava por algo assim, mas precisa assegurar que as coisas deem certo.
— Crawler, reconsidere. Eles vivem em cidades, investigam crimes. Não são do tipo que acreditariam que existem magos lutando contra demônios com metros de altura.
Nightcrawler cruza os braços, batendo o indicador direito contra o braço esquerdo.
— Ok. Continuando — Disse, surpreendentemente calmo, apontando para a outra página — O caso obviamente não veio a público, disseram que alguns magos viajaram para outras regiões atrás do rastro dos assassinos e todo mundo acreditou. Mas eu consegui todas as informações subornando alguns magos e lhes fazendo alguns favores. Por fim, eu consegui informação sobre outro caso dias após esse, dessa vez em Stonehome, onde pintaram marcas de garras ligadas a pequenas bolas nas plantações com sangue, um símbolo jamais visto antes. E usaram todo o sangue dentro do corpo do líder da vila, na época. Isso aconteceu a noite, de manhã já era possível notar as pinturas e ver o formato de cima do monte do norte da vila.
Dessa vez, há um desenho registrando a plantação desenhada. Há algumas anotações logo abaixo, também especificando o caso.
— Não pegaram ninguém? — Questiona Dartaul, ainda levemente irritado.
— Claro que não. É a Irmandade. Não há nenhum registro de um membro preso, pois quem tenta costuma morrer depois. Não querendo me achar, mas é um dos motivos de eu estar aqui conversando com vocês ainda.
— Parabéns, garotão. — Disse Borges, debochando.
— Mas, claro, posso ficar mais tempo assim que o sujeito de vermelho na janela ir embora desse lugar. E eu, de preferência.
O trio fica confuso de início, mas quem entende primeiro é Dartaul, que se vira rapidamente para a janela e vê um vulto deixando-a, liberando mais luz pra sala a partir de uma abertura na cortina. Os outros dois entendem também e Trevor logo se levanta, pegando sua bainha e desembainhando sua espada.
— Quantas pessoas você trouxe, Trevor? — Questiona Nightcrawler, fechando a pasta e se levantando.
— Quinze. Dentro do limite que você estipulou.
— Eu falei vinte, mas em casos emergenciais, ou chamaria demais a atenção deles! — Disse, levantando-se junto dos dois investigadores.
— Metade de Carlin ter morrido não é emergencial, Crawler?
O homem suspira, decepcionado. Todos correm pra fora, não vendo ninguém nas redondezas. Após algum caminho andado, eles ouvem o pelejar de espadas, e olham para todos os lados procurando a origem dos sons, mas Nightcrawler já percebera desde o inicio.
— Seu navio.
Trevor olha para o navio, nota um pequeno foco de fogo vindo de trás dele e algumas figuras lutando umas com as outras.
— Assassinos... No meu navio?
Próximo: Capítulo 3 - Sem Precedentes
Abaixo, uma imagem representando toda a região vítima da Irmandade Bloodway. Tudo em vermelho foi atacado por ela.
Revisado novamente no dia 29/03/2018.