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Tópico: Jason Walker e a Arca do Destino

  1. #41
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    Pelo que eu entendi o Oblivion esta enganando o encardido.

    Ou será que o encardido está fingindo ser enganado pelo Oblivion?

    Aguardando os próximos e a resposta.

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  2. #42
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    CAPÍTULO 13 – O CASTELO DAS ILUSÕES


    O navio atracou suavemente no cais de Senja, surpreendentemente no final da manhã. A viagem havia sido bastante adiantada, mas a tripulação estava muito cansada. Jason entregou algumas moedas ao funcionário do cais, orientando-o a manter o acesso ao navio bloqueado, e todos desceram, desejando uma cama de verdade, uma mesa de verdade, uma comida de verdade.

    John, Jason e Leonard tomaram a dianteira do grupo. No final das contas, Senja era uma ilhota minúscula – ainda menor que Folda ou Vega –, recheada de casinhas de alvenaria e telhados recobertos de neve. No centro, uma pequena pracinha jorrava água congelada, que, há muito, já havia se paralisado no ar, no mesmo estado sólido de sempre. Aqui e ali, pessoas colocavam suas caras nas janelas, lutando contra o gelo que se acumulava, para entender como é que forasteiros haviam conseguido chegar tão longe, onde o mundo fazia sua dobra.

    O incandescente levou todos até uma hospedaria local, cujo dono parecia positivamente surpreso por, enfim, se deparar com clientes. Alguns pedintes se acumulavam na porta do estabelecimento, e Jason notou, com sobressalto e certa preocupação, que estavam mortos de frio – literalmente.

    Logo, todos entraram e acharam-se em um ambiente estranhamente aconchegante sob aquela capa intransponível de neve. A pousada do homem tinha uma feliz lareira acesa, uma mesa enorme com várias cadeiras, algumas crianças lendo e escrevendo a um canto, e uma mulher que Jason supôs ser a esposa do dono. Outras duas garotas auxiliavam-na na cozinha, com relativa dedicação.

    — É um prazer recebê-los aqui, John e seus amigos – disse o homem. Sua voz era rascante e úmida, como se nunca fosse utilizada. – É tão incomum termos visitantes por aqui… não me lembro da última vez. Creio que tenha sido Oblivion.
    — Obrigado, Donald – disse o incandescente, sorrindo. – Precisamos de camas aquecidas, um chuveiro quente e, talvez, um pouco de sopa.
    — É para já.

    Reynold, Joshua, Catarina, Melany, Cotton e Gibbs comeram depressa, subindo as escadarias de madeira quase que imediatamente para se lavar e se deitar. John, Jason e Leonard permaneceram lá embaixo, conversando com Donald em voz baixa, à mesa.

    — Ele tem feito um grande trabalho, é de se dizer – ia dizendo o dono da hospedaria, parecendo feliz. – Nossa comida cresce no subsolo – ele apontou para um pequeno alçapão no chão, próximo do fogão a lenha – e não precisamos mais sair de navio até depois dos limites de Folda para pescarmos.
    — É uma dádiva, sem dúvida – disse John.

    Donald aquiesceu.

    — Algumas noites atrás, contudo, Zathroth esteve aqui. Nós o vimos caminhando pelo vilarejo com Samuel, que apontava coisas aqui e ali, e, logo depois, os dois foram para o Castelo. As ilusões aumentaram desde então; alguns homens dizem que decididamente chegaram a ver a cara do diabo nos nódulos das madeiras, por exemplo.

    Jason relanceou um olhar para John, que assentiu uma vez, muito quieto. Leonard, apoiado na mão espalmada e de cotovelo fincado na mesa, babava e dormia a sono solto.

    — Zathroth comanda o Castelo das Ilusões?
    — A lenda se confunde com o tempo da última visita dele a Senja – disse John, inquieto por um instante. — Samuel tem nos enviado relatórios diários das atividades dele no subterrâneo. Ele está trabalhando em algo decididamente grande, e, sem dúvida, está guardando a Arca do Destino.

    Jason ponderou por um instante, assimilando a informação. Ele jamais compartilharia o que pensava com John ou com qualquer dos outros, porque, a bem da verdade, naquele momento, Jason sentia-se deveras preocupado, para não falar sobre o medo que sentia. Enfrentar e destruir Bellatrix e Sirius tinha sido uma tarefa árdua; ingressar no Castelo das Ilusões e enfrentar Zathroth em pessoa – ou demônio – era outra coisa totalmente diferente.

    Naquele instante, o cavaleiro refletiu sobre se sua caminhada realmente tinha um propósito. Supostamente, a Arca do Destino continha uma arma fabricada pelos ciclopes em homenagem a Crunor. Zathroth não ousaria abrir a Arca, pois seria incapaz de domar o poder que ela encerrava. Luz e trevas não se misturam; era o que Jason havia aprendido em suas lições iniciais com Dalheim e na academia de Carlin.

    Agora, ele precisaria se decidir: enfrentaria Zathroth e tentaria concluir a missão designada por John, ou retornaria com o rabo entre as pernas para Carlin, aguardando o juramento de Crunor pesar sobre ele. Em ambos os casos, a morte parecia um destino certo. A decisão que correspondia à fração ideal do seu pensamento estaria na forma em que morreria: pelas mãos de Zathroth ou pela fúria de Crunor.

    John também esperava que Jason tomasse uma boa decisão, afinal, designara a ele a missão de abrir a Arca, ou de encontrá-la. Entre outras coisas que se passavam pela cabeça de Jason, a mais fulcral delas era imponente: se Oblivion recebera a missão e não a finalizara, seria possível que Crunor relativizasse os efeitos da falha?

    — Precisamos descansar – disse John, arrancando Jason de seus devaneios. – Recomendo que você tome a mesma decisão, Jason.

    O cavaleiro assentiu, sem bem saber o que dizer.

    *

    Jason entrou no quarto onde Melany e Catarina dormiam, pousando sua visão sobre a arqueira e druida. Nas últimas horas, tinha refletido de sobremaneira sobre a importância da qualidade da equipe que recrutara em sua missão suicida. Melany fazia parte dos aspectos positivos da viagem. Mas ela jamais saberia disso.

    Ele fechou a porta atrás de si e foi até o quarto de Leonard. Ele dormia a sono solto – havia sido carregado da cozinha da estalagem até sua cama, porque dormira lá mesmo – e parecia estranhamente inocente naquele cenário de ilusões vivenciado pelo cavaleiro. Jason sorriu, lembrando-se das obtusidades do amigo. Sentiria falta daquilo.

    Fechando também esta porta, ele desceu o lance único de escadas, juntando-se a John. Donald, o estalajadeiro, os esperava com pão fresco e algumas frutas. Jason agradeceu com a cabeça, e o homem pareceu compreender que ele era incapaz de falar.

    — Existem algumas coisas importantes a respeito do momento derradeiro da missão, Jason – John engoliu seu pedaço de pão, agradecendo pelo café preto fumegante. – Zathroth não batalhará por si mesmo, exceto caso você vença seus outros desafios.
    — Outros desafios – repetiu Jason, fora de órbita. – No plural.

    John assentiu, compreendendo a preocupação.

    — Os desafios de Zathroth exigem, na sequência, disciplina, lógica, inteligência, bravura e sacrifício. Se você vencer a etapa do sacrifício, certamente irá enfrentá-lo.

    Jason fez que sim, assimilando pouco.

    — A única forma de vencer Zathroth é conduzindo seus pensamentos para dentro de você mesmo – John continuou, perfeitamente ciente de que Jason não lhe dava ouvidos. – Se você estiver com o coração no lugar certo, ele não poderá te afetar.
    — Podemos ir? – perguntou o cavaleiro, de repente. – Estou com pressa.

    John largou seu pão imediatamente e se colocou de pé.

    — Como quiser.

    *

    Tão logo Jason deixou o quarto, Leonard abriu um olho só e cessou seu teatro imediatamente. Tinha escutado o suficiente daquela conversa de maluco para saber que Jason e John tentariam enfrentar Zathroth sozinhos.

    Ele saltou da cama e encontrou Melany no corredor; ela já tinha sido alertada e também aceitara se engajar no combate. O restante da tripulação ficaria onde estava.

    Os arqueiros haviam discutido diversas formas de auxiliar o amigo na empreitada, mas sabiam que, se Jason tinha decidido lutar sozinho, não poderiam ingressar no combate com ele. Aliás, pelo que Leonard escutara John dizer, somente dois por vez poderiam ingressar no Castelo das Ilusões. O incandescente e seu designado fariam as vezes, mas Leonard conhecia uma magia que talvez eles desconhecessem.

    Provavelmente, depois de Margareth, Leonard e Melany deveriam ser as pessoas no mundo com seus corações mais no lugar no que se referia a Jason. Há muito tempo, em um dos congressos de arquearia dos quais Leonard participara em Ab’Dendriel, antes de chegar a Carlin, onde não conheciam suas habilidades, seu nome ou do que era capaz, ele aprendera uma sucessão de magias de cunho extremamente expressivo.

    Evidentemente, manter as aparências de cabeça-oca era conveniente. O arqueiro convivera com Heloise por tempo o suficiente para saber que a Rainha costumava recrutar quase que compulsoriamente todos aqueles que tivessem talentos destacáveis na comunidade, e fazer parte da família Bonecrusher não estava nos planos de Leonard. Além disso, o espírito de Lawton Walker dissera, naquela enfadonha visita à cabine de John, que os incandescentes não gostavam de papéis principais – contentavam-se em ser meros conselheiros do rei, e não o rei em si.

    Aos poucos, Leonard tomara consciência de seu lugar e aceitara seu destino. Jason conhecia suas habilidades – uma parte delas – e, para o arqueiro, aquilo era o suficiente. Os dois moravam em um cortiço em Carlin por mera questão de conveniência: as caças retornavam tanto ouro que, muitas vezes, não sabiam em que gastar. Jason era um excelente bloqueador, e Leonard, um atirador por excelência. A expedição de ambos em dupla era rentável para os dois e, dentre essas voltas que a vida costumava dar, a amizade que nascera era inexplicável.

    Agora, Leonard colocaria à prova a intensidade do vínculo que criara com Jason. Se a consideração do cavaleiro para com ele fosse recíproca, a mágica de Leonard poderia mostrar cada passo que Jason desse e, em condições ideais, o arqueiro talvez pudesse anular a magia de Zathroth e se comunicar diretamente com o amigo em situações de crise.

    Melany conhecia algo da magia dos arqueiros – a Magia Santa, como chamavam em Ab’Dendriel os elfos –, e seus sentimentos pelo cavaleiro, até então ocultos, poderiam auxiliar na localização e talvez na quebra do feitiço do outro lado. Se a reciprocidade de Jason também se operasse quanto aos sentimentos de Melany, as chances de que eles pudessem acompanhar o amigo eram imensas.

    Leonard e Melany aceitaram o café oferecido por Donald, mas o embalaram para a viagem em copos apropriados. Do lado de fora, eles caminharam pela cidade até encontrarem o templo local, àquela hora vazio – e potencialmente nas outras horas também. Entraram, e Leonard selou as portas enquanto Melany empurrava os bancos do aposento de qualquer jeito para as paredes.

    Agora, o amplo salão da igreja de Senja serviria à Magia Santa dos arqueiros. Crunor, que havia, em vida, obtido excelência tanto na arte da magia, quanto na arte da arquearia, e, em igual medida, na arte do manuseio de armas de combate corpo-a-corpo, não se sentiria ofendido pelo uso que fariam da igreja.

    Pelo menos era nisso que Leonard cria.

    Sob as orientações dele, Melany utilizou seu cajado de druida para desenhar no chão, com uma potente magia de fogo, a imagem de uma estrela hexagonal perfeita. Leonard e ela logo tomaram posição no centro do desenho, onde deram as mãos, sentando-se um de frente para o outro de perna cruzada.

    — Está certo disso? – Melany mordeu o lábio, tensa.

    Leonard assentiu enfaticamente, sentindo-se muito acordado.

    — Zathroth vai interpor desafios no caminho de Jason. Se estivermos com ele, suas chances podem aumentar exponencialmente.

    Melany fez que sim, ainda tensa.

    — Repita o encantamento comigo a partir da terceira vez – orientou ele, segurando firme nas mãos dela. – Não se deixe levar por visagens diversas; estamos procurando por Jason.

    Ela assentiu, amedrontada, mas determinada.

    Ex iva… Jason Walker.

    Nada aconteceu. Leonard parecia esperar por aquilo.

    Ex iva Jason Walker – repetiu ele, com mais firmeza.

    Ele olhou nos olhos de Melany, concentrado, e repetiu o encantamento pela terceira vez. Nada acontecia, ainda assim. Ele assentiu uma vez para ela, que espelhou seu movimento, compenetrada.

    Ex iva Jason Walker – repetiram os dois, juntos.

    Repentinamente, a visão dos dois arqueiros tremeu e as luzes tremeluziram, lançando achas bruxuleantes pelo ar. Toda a estrutura da igreja pareceu se sacudir, mas os dois mantiveram sua posição. E, então, tudo se escureceu.
    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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  3. #43
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    Saudações!

    Atrasei a leitura de novo...

    Atualizarei esse post com feedback assim que possível!


    Abraço,
    Iridium.

  4. #44
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    Vei o importante é vc sentir prazer em escrever a plateia é voluvel e volatil ela vai e vem nao se preocupe

    O Zathroth é para o Tibia o que o Morgoth é para o Senhor dos Aneis

    Se o Jason vencer esse cara ele vira o novo Banor em suma vem treta cabeluda ai

  5. #45
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    CAPÍTULO 14 – SABEDORIA E INTELIGÊNCIA


    Jason e John chegaram ao castelo de Senja, sendo recebidos por Oblivion à porta. Sem dizer palavra, ele os conduziu para dentro da suntuosa construção, toda recoberta de gelo. Um carpete vermelho muito gasto revestia todo o chão. À frente, Oblivion não tomou a escadaria central que subia, mas os conduziu por um longo corredor à direita, que terminava em uma escadaria dupla de mármore que descia.

    Ao fim, havia uma porta simples de madeira, sem maçaneta. Antes de permitir a passagem, Oblivion virou-se para Jason.

    — Boa sorte, jovem Walker – disse, ligeiramente temeroso. – E John, devo advertir-lhe a respeito do poderio ofensivo do domínio das trevas. Zathroth não deixa pontas soltas; sofro para sobreviver lá embaixo, e espero que os milênios de treinamento o permitam ter um desempenho melhor do que o meu.
    — Seremos bem-sucedidos, Samuel – John o tranquilizou. – Assumimos a partir daqui, caro amigo. Agradeço por todo o cuidado que tem tido com nosso povo.

    Samuel assentiu uma vez e tocou a porta com o longo dedo indicador, dando as costas e subindo as escadas na sequência. Nada aconteceu. Jason deu de ombros e decidiu empurrar a porta.

    Logo, o jovem cavaleiro sentiu algo sendo repuxado pelo seu umbigo e o guinando para a frente, com uma força irrefreável. Atrás de si, sentiu que John também passava pela mesma experiência. Jason tentou soltar um grito que não saiu, ficou estrangulado na garganta comprimida, e, mais cedo do que ele imaginava, estava de pé em uma antessala de terra com chão de linóleo e um grande trono de ouro vazio.

    Um segundo depois, John aterrissou ao seu lado. Imediatamente, o incandescente puxou seu cajado; Jason entendeu a deixa e sacou a própria espada.

    Das sombras, um homem de meia idade surgiu. Tinha cabelos e barba muito brancos, mas bem aparados, e utilizava um conjunto de armaduras vermelhas como o fogo do inferno. Jason reconheceu imediatamente as relíquias: as lendárias calças e armadura demoníacas. Ao seu lado, John respirava com certa dificuldade.

    — Seja bem-vindo, Jason Walker, aos meus domínios – disse o homem, sorrindo contrafeito. – Devo admitir que é suficiente surpresa encontrá-lo aqui. Você destruiu dois dos meus melhores homens. Minhas sinceras congratulações.
    — Guarde-as para você – disse Jason, tentando compreender por que John sofria para respirar. Sua frequência cardíaca estava normal.

    O homem relanceou um olhar para o acompanhante do cavaleiro, franzindo os lábios e sacudindo a cabeça.

    — Serei generoso, incandescente – disse ele, por fim. – Meu interesse está em nosso jovem empreendedor. Você pode se virar e sair, e pouparei sua vida para que viva a miserabilidade do restante da sua eternidade.
    — Vim… com Jason – disse ele, com esforço. – Vou… até… o fim.

    O homem sacudiu a cabeça novamente, parecendo desapontado.

    — Sobreviver no submundo é uma tarefa árdua para os incandescentes, caro John. E nosso Jason tem se saído bem. Vá embora, antes que seja tarde. Não lhe darei outra chance.

    John sacudiu a cabeça em sinal negativo, e Jason, repentinamente, chegou a uma conclusão. O incandescente havia lhe contado, poucos minutos antes, que os desafios de Zathroth exigiriam sabedoria, inteligência, lógica, bravura e sacrifício. Até onde sabiam, mandar John para fora poderia ser um ato de sabedoria, que resultaria na manutenção de sua vida.

    Jason embainhou sua espada e olhou para ele.

    — Vá embora, John – disse, com dureza. – A partir daqui, é comigo. Acorde Leonard, Melany e os outros, e os mantenha preparados para qualquer eventualidade.
    — Jason…
    — Vá – gritou, as mandíbulas cerradas. – Não vou pedir novamente.

    Subitamente os olhos de John se iluminaram por um instante, mas a sensação de Jason se foi tão rápida quanto veio. Que fora aquilo que o jovem cavaleiro identificara? Orgulho? Satisfação? Alegria? Será que John conhecia o primeiro dos obstáculos?

    Sem dizer mais nada, o incandescente mancou precariamente de volta à porta simples por onde passaram e relanceou um último olhar por sobre o ombro. Jason entendeu a mensagem. Volte vivo. Em seguida, ele tocou a porta e desapareceu. O cavaleiro se virou completamente, sem, contudo, sacar sua espada.

    O homem de meia idade bateu várias palmas, o rosto expressando a mais profunda satisfação – sarcástica ou não.

    — Você venceu o primeiro desafio. Jason – disse, por fim, confirmando as suspeitas do garoto a respeito do primeiro desafio. – Mas eu sou Zathroth, o senhor da vida e da morte. E só eu posso viver para sempre.¹

    *

    Imediatamente após retornar, John se sentiu melhor. Não foi nenhuma surpresa que Samuel estivesse ali, no topo da escada, aguardando, tampouco que tivesse respirado aliviado quando o incandescente ressurgiu.

    — Desculpe – disse, e parecia sinceramente arrependido. – Não podia entregar o primeiro desafio. Zathroth saberia.
    — Jason soube se virar muito bem. Agora… preciso de Leonard, Melany e os outros. Prepararemos uma contraofensiva caso Jason falhe, e vamos combater Zathroth em seu próprio reino.

    Samuel sorriu por algum motivo.

    — Você descobrirá que talvez Leonard e Melany estejam um pouco ocupados no momento.

    John franziu o cenho, torcendo a cabeça de lado.

    — Constatei uma perturbação no templo central de Crunor na praça da ilha – disse, e agora não continha a emoção. – Os arqueiros se uniram com suas magias sagradas. Estão olhando por Jason no submundo.

    *

    O cenário se dissolveu, e, agora, Jason estava diante de uma incomum combinação de coisas, que pareciam ter sido dispersadas livremente pelo amplo aposento iluminado pela luz da claraboia no teto. Zathroth havia desaparecido. Em seu lugar, uma pedra imensa havia surgido com uma espada simples de ferro cravada nela e quatro grandes altares, um em cada ponto cardeal, haviam sido montados com precisão.

    Diante de si, Jason tinha um homem muito quieto, que carregava um arco e uma besta; uma mulher de idade avançada, que carregava uma varinha e um livro de magias; e uma garota muito jovem, que tinha consigo um cajado e uma maçã comida pela metade.

    — Estamos à disposição, Jason – disse o homem, a voz etérea, como se estivesse sendo reproduzida através de um longo encanamento. – A inteligência será exigida de você neste desafio. Cumpra-o e passará ao próximo.

    Totalmente perdido, Jason olhou nos arredores. Na parte que supôs ser a setentrional, o altar tinha sido gravado com uma vasta quantidade de símbolos antigos. Aqui e ali, Jason reconheceu o símbolo da magia máxima de Crunor, honraria que era concedida aos grandes guerreiros no passado. Uma alavanca havia sido posicionada exatamente em frente ao altar.

    A oeste, algumas figuras estavam também entalhadas no altar de pedra. Imagens estranhas de necromantes conjurando criaturas do inferno, outras que demonstravam raios de energia atingindo homens e mulheres, e assim sucessivamente.

    Na porção leste, o altar continha algumas inscrições ocultas, como runas antigas. Por algum motivo, uma árvore de oliveira e outra de macieira apareciam entrelaçadas bem no centro do altar.

    Finalmente, na parte meridional, Jason identificou marcações que sem dúvida remetiam a guerras antigas, com espadas atravessando corpos, machados sendo cravados em cabeças e grandes maças de aço arrancando pescoços.

    Jason sacudiu a cabeça por um instante, sentindo-a se desanuviar aos poucos. A mudança abrupta de cenário era, sem dúvida, uma das grandes estratégias de Zathroth. De espada embainhada, decidiu começar pelo simples e tentou remover a espada cravada na pedra. Surpreendentemente, ela se soltou sem esforço. Os outros três não esboçaram qualquer reação. Jason simplesmente não sabia o que fazer com aquilo.

    Ao acaso, lembrou-se de uma história que ouvira em Rookgaard há alguns anos, contada pelo velho Cipfried. Na oportunidade, o monge havia sido resoluto ao explicar a Jason que o continente antigo tinha uma série de mistérios não resolvidos, e que, de todos eles, o que mais chamava sua atenção era o do Deserto de Jakundaf. No passado, expedicionários haviam aberto uma porção de túneis subterrâneos e encontrado uma forma simples de esconder suas conquistas, já que a pilhagem nas estradas era avassaladora e as casas em Thais ainda não tinham a segurança que tinham nos tempos modernos.

    Cipfried não lhe falara muito sobre isso, porque ele mesmo parecia desconhecer boa parte dos antigos contos na sua integralidade, embora fosse um homem sábio, inegavelmente. Ele dissera que tudo que havia descoberto girava nos entornos da união das vocações mais poderosas do antigo continente e, caso o sacrifício correto fosse feito, o acesso à sala das recompensas seria imediatamente concedido a quem desvendasse os mistérios de Jakundaf.

    Aquilo nada mais era do que uma simples repetição do que os bravos homens do passado haviam conquistado no deserto.

    E, então, Jason entendeu.

    — Arqueiro, posicione-se na porção norte e coloque sua besta no altar – disse, convicto. – Feiticeira, a senhora, na parte leste; preciso que ofereça seu livro de magias. A xamã – ele olhou para a garota, que lhe devolveu um olhar insolente –, ou seja lá o que você for, no ponto oeste, e oferte sua maçã.

    Imediatamente, os três obedeceram. O arqueiro tomou seu lugar ao norte e colocou sua besta no altar; a feiticeira, se arrastando, dirigiu-se para o ponto a leste, e ofereceu seu precioso livro de magias; a druida, por sua vez, respirou fundo, contrariada, e ocupou sua posição a oeste, colocando sobre o altar sua maçã comida pela metade.

    — Quanto a mim… vou ocupar a porção sul.

    Jason posicionou-se em frente ao altar e ofertou a espada que havia arrancado da imensa pedra. Contudo, nada aconteceu. Os outros três permaneceram imóveis, devolvendo seu olhar com indolência.

    Ele tinha certeza de que tinha chegado à conclusão correta, e de que alguma coisa muito simples havia sido deixada para trás.

    Olhando através do arqueiro, ele a viu.

    — Você – apontou para ele. – Puxe essa alavanca. Agora.

    Sem questionar, o arqueiro obedeceu.

    Repentinamente, o ambiente se dissolveu outra vez.

    *

    John e Samuel entraram pelas portas da igreja e tiveram a visão mais fabulosa de que se lembravam, desde quando viram a face de Crunor.
    De mãos dadas e sentados sobre as pernas cruzadas, um de frente para o outro, Leonard e Melany flutuavam no ar. Literalmente. Os dois simplesmente se encontravam suspensos no ar, exatamente no centro da capela.

    Os incandescentes aproximaram-se devagar, e Leonard olhou para John, parecendo curtir o momento.

    — Cara, o Jason está arrebentando – disse ele, feliz. – Depois que ele te mandou sair, Zathroth o colocou para enfrentar o desafio da inteligência. E ele resolveu aquela porra em menos de cinco minutos! O cara é foda demais.

    John piscou duas vezes, ainda embasbacado.

    — Você sabe usar magia?
    — Vamos deixar essas explicações esparsas para depois – disse Melany, cujo rosto estava radiante. Pelo visto, Jason vinha realmente se saindo bem. – Querem se juntar a nós? Talvez consigamos estender a extensão da magia para abarcá-los também.

    Samuel e John não precisaram de um segundo convite. Aproximando-se reverenciados, eles se colocaram à disposição. Leonard e Melany sorriram e soltaram uma das mãos, espalmando-as na direção dos outros dois.

    Logo, os incandescentes estavam sintonizados na rádio Jason Walker.
    ----------------------------------------------------------------------------------
    ¹ A fala é uma referência ao diálogo entre Lord Voldemort e Severo Snape no último livro da saga de Harry Potter.




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    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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  6. #46
    desespero full Avatar de Iridium
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    Saudações!

    Fack, esqueci de editar o post anterior... Enfim, farei um comentário mais geral sobre os últimos capítulos. Épico! Não tem como você errar a mão: estavam todos fantásticos, eu que, por conta de questões da Real Life e de força maior, não pude postar! Sério, que incrível! E que deixada épica para a Desert Quest, cara! É como já disse anteriormente: tuas descrições são tão boas, envolventes e épicas que fica muito difícil lembrar que o Jason é low lvl com pouquíssimos recursos à mão exceto sua convicção e sua grande esperteza.

    As referências, a forma como Zathroth apareceu... Tudo se encaixando divinamente bem! Eu não tenho palavras para descrever o prazer que sinto em ler esses capítulos e a ansiedade em ter que aguardar os próximos! A história está maravilhosa, esse capítulos não deixaram a desejar de forma alguma, e sinto que tudo o que me resta é esperar os próximos!


    Abraço,
    Iridium.

  7. #47
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    A nota de rodapé confirmou o que eu achava um pouco desde o começo. A forte influência de Harry Potter ,mesclada claro com Piratas do Caribe.

    Ficou uma boa mistura.

    Uma luta que transcorre em paralelo ou seja ,Jason luta diretamente e o resto do grupo envia uma ajuda adicional. Não sei mas acho que Zarthroth em um dado momento vai fazer uma visitinha ao grupo de apoio. Ou mandar algum amiguinho fazer isso.

    Desconfio que esse pessoal sentadinho lá numa boa dentro do templo não vai ter vida fácil o tempo todo não.

    Vamos ver se o meu feeling está certo.

  8. #48
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    CAPÍTULO 15 – LÓGICA, BRAVURA E SACRIFÍCIO


    Jason abriu os olhos. O ambiente, agora, era totalmente diferente daquele que havia deixado para trás. Estava diante de uma sala muito iluminada, à luz do dia. Adiante, quatro altares de pedra igualmente espaçados estavam dispostos, e um quinto, exatamente ao centro, estava vazio. Todos os demais continham ossos e caveiras do que se parecia assustadoramente com o corpo humano.

    Outros tantos ossos estavam espalhados pela sala, o que levava a crer que muitos guerreiros padeceram na tentativa de vencer os desafios de Zathroth antes. Uma pequena nota havia sido afixada à parede, exatamente sobre o altar do meio, escrita em letras decoradas.

    Somos em cinco partes, falta a que comanda a todos nós. Com uma delas, tocamos; com a outra, nos distanciamos; com a outra, nos erigimos; com a outra, descansamos; e a quinta, a que nos comanda, está em falta.

    Jason pensou por um instante, mas aquele desafio não tinha absolutamente nada de lógica. Era muito simples: um dos altares continha braços esqueléticos; o outro, pernas; o outro, o que inegavelmente era uma coluna vertebral; e o outro, os ossos da pélvis. Faltava tão somente um crânio, porque, obviamente, o cérebro é o que comanda o restante do corpo.

    Ele se virou e começou a fuçar entre os ossos no chão, encontrando uma caveira rapidamente. Depositou-a no altar do centro, vazio, e aguardou.

    A cena se dissolveu imediatamente, o que levou Jason a crer que estava correto em sua conclusão. Contudo, quando sua visão retornou, percebeu que o desafio da bravura estava intrinsecamente conectado com o desafio da lógica, e que, agora, seria rival das suas próprias convicções.

    Estava em uma imensa claraboia de terra, desta vez, sob a luz das estrelas. Os esqueletos que forravam o chão na sala anterior agora estavam assustadoramente em pé, cada qual segurando uma espada, um machado ou uma clava. Alguns deles eram avermelhados; aparentavam ter sido objeto de magia das trevas.

    Jason sacou sua espada e contou rapidamente. Tinha dez adversários pela frente, sendo quatro vermelhos e seis comuns. Os vermelhos carregavam espadas e machados; os comuns, clavas.

    Tomara uma decisão: acabaria primeiro com o que supôs ser os mais fracos, os comuns. Depois, partiria para os demais.

    Toda determinação seria pouca.

    *

    De mãos dadas, Leonard, Melany, Samuel e John mantinham os olhos fechados, assistindo o desempenho de Jason no Castelo das Ilusões. As imagens eram tão lúcidas que John ficou se perguntando por que Leonard se mantinha na moita; sabia que os habitantes de Carlin costumavam zombar dele por ser obtuso em alguns momentos, mas, agora, o incandescente concluía que o arqueiro escondia o jogo propositalmente. Afinal de contas, ser um elemento surpresa talvez não fosse uma dádiva para qualquer um.

    Jason vencera facilmente o desafio da lógica, que não exigira dele mais do que dois minutos de reflexão. Agora, contudo, Zathroth o colocava defronte à sua própria criação: os esqueletos que ele deixara para trás na sala anterior se levantavam contra ele, e exigiriam muita bravura para que o cavaleiro saísse vivo daquela.

    Por algum motivo, o cavaleiro decidira se manter acuado em um determinado ponto da sala, atraindo-os de dois em dois. Os esqueletos demoníacos moviam-se, sem favor algum, mais rapidamente que os demais, que praticamente se arrastavam com dificuldade pelo chão de terra, mas os golpes dos esqueletos comuns eram bastante mais rápidos, porque as clavas eram bem mais leves do que as espadas e os machados. Jason, no entanto, era um espadachim treinado por Dalheim e pela família Bonecrusher; nenhuma das maças o acertou e ele as desviava facilmente, chutando esqueletos aqui e ali e girando pela sala quando sentia que estava demasiadamente ameaçado no canto onde se encontrava.

    Inicialmente, John considerou a estratégia do garoto arriscada, afinal de contas, nenhum deles conhecia o poderio dos esqueletos. Contudo, Jason dava a entender que alguma coisa interessante estava sendo planejada. Os bichos andavam a esmo pela sala, vez ou outra chocando-se contra as paredes e caindo pelo chão ao se enroscar em algum buraco na terra. Era perceptível que o garoto tentava mantê-los todos reunidos em um lugar só. Algo passara pela cabeça de Jason que lhe permitira criar uma estratégia inteligente para vencer as criaturas conjuradas.

    Os esqueletos demoníacos davam a entender que estavam frustrados pelo giro constante de Jason pela sala. Em função da lentidão dos demais esqueletos, eles acabavam não conseguindo alcançar o garoto, e um dos esqueletos comuns já havia sido desmontado pelos demais, que não conseguiam aguardar pacientemente sua chegada até o garoto.

    Quando um dos esqueletos vermelhos destruiu outro dos comuns, John finalmente entendeu: em maior número, não seria inteligente combater os comuns corpo-a-corpo. Em vez disso, girava a esmo pela sala, dando piques curtos aqui e ali, e os mais fortes dos adversários, incomodados e impacientes, acabavam destruindo os colegas mais frágeis. Jason estava fazendo com que os próprios esqueletos se destruíssem para reduzir seu contingente, aguardando com muita paciência pela oportunidade de enfrentar somente os mais fortes com outro tipo de estratégia.

    Leonard e Melany estavam fascinados. Não paravam de sorrir. Samuel, no entanto, mantinha seu semblante fechado, absolutamente concentrado. Internamente, contudo, apreciava a inteligência de combate do jovem Walker. Pelo visto, ele havia sido treinado com muita propriedade e pelos melhores combatentes corpo-a-corpo que se podia imaginar.

    Quando o último esqueleto comum cedeu, Jason mudou a estratégia imediatamente. Ele pegou uma das maças do chão e girou no ar, atirando contra um dos esqueletos demoníacos e acertando-o no plexo com muita força. Ele não desmontou, mas o braço que segurava um machado imenso cedeu, deixando-o desarmado. O cavaleiro aplicou dois pisões frontais na altura do joelho esquerdo do bicho, que também se partiu. Com um chute rodado, ele arrancou a cabeça do esqueleto, findando o combate com aquele.

    Leonard e Melany vibraram, e John deixou escapar um “isso, garoto”, enquanto Samuel sorria.

    Então, Jason sacou seu escudo. Ele o girou no ar e atirou contra um dos adversários, que soltou a espada para segurá-lo. Jason empurrou o escudo e atirou o esqueleto no chão. Tomando de volta para si, ele levantou o artefato defensivo no ar e o cravou exatamente na articulação que juntava o pescoço esquelético ao crânio bisonho, separando também a cabeça desse de seu corpo. Dois se foram, faltavam dois.

    Ele correu pela sala, distanciando-se dos esqueletos remanescentes. Parecia apreciar o combate. Ele combateu a espada de um dos esqueletos, que, afinal de contas, era bem mais forte do que aparentava, e quase foi desarmado. Rolando pelo chão, ele abriu distância novamente, e quando o esqueleto se aproximou de novo, Jason deu-lhe uma estocada na altura do pescoço e aplicou a alavanca, arrancando sua cabeça também.

    — Esse garoto é melhor do que eu – lamentou-se Samuel, mas em sentido positivo. John sorriu. – Demorei mais de uma hora para destruir essas coisas.

    Surpreendentemente, o garoto embainhou sua espada. Diante do último esqueleto, que estava sem dúvidas furioso, ele decidira utilizar uma estratégia final. O bicho portava um machado imenso, que manuseava com certa dificuldade. Parado no mesmo local, ele aguardou. O monstro se arrastou em sua direção e preparou-se para atacar; com um movimento vertical que seria capaz de decepar um dragão, ele atacou, e Jason deu um passo curto e calculado para o lado no momento exato. O machado se cravou no chão e o esqueleto passou a engendrar seus esforços para arrancá-lo.

    Em vão.

    Jason deu a volta calmamente e subiu nas costas do bicho, segurando sua cabeça com as mãos abertas. Com muita força, o garoto arrancou-a de qualquer jeito, atirando-a pela sala quando o restante do corpo cedeu, inerte.

    Ele levantou a cabeça devagar, inteiro, tendo vencido o combate sem sofrer um único arranhão.

    A cena, então, se dissolveu.

    O último desafio de Zathroth começaria.

    *

    Jason largou a cabeça do esqueleto e levantou a sua própria, aguardando. Como esperado, o ambiente onde estava se foi, e, agora, o cavaleiro encontrava-se em uma sala suntuosa, com mobília futurística, muito limpa. Seus olhos demoraram para se acostumar com a claridade que vinha de um candelabro fixado no teto, que mais parecia uma tocha.

    O aposento era perfeitamente quadrado e continha uma cama enorme, a um canto, uma mesa central com seis cadeiras, tudo feito de mogno trabalhado, e um carpete verde que se estendia em todas as direções, findando nas paredes de pedra. Não tinha dúvidas de onde estava. Encontrava-se no quarto da Rainha Heloise, em Carlin.

    A porta a oeste se abriu, e Jason colocou as mãos no cabo da espada embainhada. Contudo, foi surpreendido pela entrada de John, Catarina, Melany, Leonard, Samuel, Margareth e a própria Rainha, que sorriam para ele, orgulhosos.

    A arqueira se adiantou e deu-lhe um abraço apertado, dando-lhe um beijo estalado na bochecha e voltando a se juntar aos demais. Todos sorriam para ele, satisfeitos.

    — Parabéns, Jason – disse Leonard, levantando o polegar. – Você venceu todos os desafios até agora. Estamos aqui para acompanhá-lo no último.
    — Vocês realmente estão aqui? – perguntou o garoto, os olhos marejados. – Ou são apenas obra da minha cabeça?

    Samuel deu-lhe um sorriso.

    — Só porque somos obra da sua cabeça, não significa que não estejamos aqui.¹

    Jason assentiu uma vez, feliz.

    Heloise aponto para o canto leste do quarto, onde havia um portal que Jason não havia percebido antes.

    — Para enfrentar seu próximo desafio, querido, basta passar pelo portal. Porém, isso vai requerer de você um sacrifício, como você deve saber.
    — O portal é selado pela magia de Zathroth, Jason – disse Margareth, a testa franzida como costumava ficar quando estava preocupada. – E Zathroth exige um sacrifício de sangue.

    O garoto fez que sim, compreendendo.

    — Vou me cortar, ofereço meu próprio sangue e passo – concluiu ele.

    Margareth, contudo, sacudiu a cabeça.

    — Você deve matar um de nós – disse ela, com tristeza, para o espanto total do garoto, que cria piamente que a presença dos amigos ali era uma boa notícia. – Mas não pode ser qualquer um. Tem de ser aquele que você mais ama.

    Jason lembrou-se do momento em que enfrentou as serpentes de Zathroth, antes de chegarem a Folda, quando aquela incômoda pedra de gelo desceu pelo seu estômago, mas não sem antes se alojar em seu diafragma, restringindo sua respiração. O que quer que precisasse fazer para vencer o desafio de Zathroth, agora o demônio exigia que ele matasse um dos seus melhores amigos – e mais, que fosse o amigo mais amado dentre todos eles.

    O garoto não ousou tocar a própria espada. Preferia desistir a ter que fazer aquilo. Contudo, os ensinamentos de John haviam sido bastante claros: concluir a missão ou a morte do incandescente e, talvez, a sua própria. De uma forma ou de outra, Jason não poderia deixar aquela sala sem que algum dos amados amigos morresse no empreendimento.

    Pela primeira vez naquela missão enfadonha, o garoto não sabia o que fazer. Sentia-se de mãos completamente atadas, e não tinha qualquer intenção de cravar sua espada em nenhum dos amigos.

    Quando estava prestes a desistir, contudo, uma voz doce lhe veio à cabeça. Era baixa e contida, mas decididamente conhecida. Inicialmente, pensou que fosse a voz da mãe. No entanto, percebeu, após alguns segundos, que se tratava da voz da arqueira Melany.

    — Jason, é uma ilusão – dizia ela, e parecia muito distante dali. Não vinha da Melany presente naquela sala. – Vá adiante, ofereça o sacrifício. Estamos totalmente seguros.

    Jason estava assustado. De onde fosse que viesse a voz da garota, era firme e decidida. Tinha segurança no que dizia. Ele sacou a espada, a cabeça de lado, reflexivo e assoberbado. Precisaria tomar uma decisão, e sabia que não seria a mais fácil das que já enfrentara. Contudo, se a garota lhe dizia que estava diante de uma ilusão… confiaria nela.

    Ele atravessou a sala e, decidido, cravou sua espada no estômago de Melany.
    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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  9. #49
    Avatar de Glauco
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    O cramuião está armando

    Esse negocio de ilusão sei não sei não

  10. #50
    Avatar de Senhor das Botas
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    Tempos que eu não comento na sua história.

    Enfim, eu acabava por ler e não fazia nenhum comentário, o que muitas vezes pode ser desmotivador para um escritor, não ter um feedback de uma galera. Mas, pelo visto, você não ligou muito para a ausência de comentários, e chegou o purrete, escrevendo do mesmo modo impecável nos capítulos seguintes, mantendo o alto nível da escrita. Não só da escrita, mas do enredo, com algumas surpresas aqui e acolá. (quem diria que o terceiro servo de Zathroth na verdade servia a Crunor? Quem esperava que Leonard se disfarçou todos esses anos pra evitar o serviço forçado à guarda de Carlin? E que ele e Melany seriam guerreiros sagrados?).

    Só tenho uma pergunta, meramente especulativa, que pode ser simplesmente paranóia minha... Mas há, na história, uma dualidade entre bem e mal? Não que não seja difícil identificar o mal( capiroto, Zathroth), e o bem( Crunor), mas será que o Jason iria vir a combater o mal... Usando de métodos relacionados a Maldade( no sentido semântico da palavra)? No próprio desafio do sacrifício Jason se provou incapaz de realizar tal ato, mas sei lá.

    Enfim, encerrar os delírios deste post por aqui huheuheueh. Saiba que há leitores, vivos, lhe acompanhando; e embora, as vezes, eles possam demorar a se manifestar, leitores como eu, secretamente, lhe admiram muito e estão sempre a ler e a acompanhar

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    Última edição por Senhor das Botas; 16-11-2016 às 22:50.


    Não espere algo bem elaborado e feito. De resto...



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