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Tópico: Jason Walker e a Arca do Destino

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    Excelente capítulo!
    A história continua envolvente e muito bem escrita, além dos personagens muito bem trabalhados.
    Aguardo ansiosamente a continuação!

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  2. #2
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    CAPÍTULO 4 – NAVEGANDO EM ÁGUAS MISTERIOSAS

    Jason perdeu-se por um instante no pôr-do-sol, que tanto gostava de parar e admirar. Naquele instante, o sol, que sempre se levantava imponente, ia dando seus últimos ares da graça antes de desaparecer no horizonte para dar lugar à noite com seu manto escuro.

    Quando Leonard chegou – surpreendentemente seguido de perto por Margareth –, enfim, a tripulação estava completa.

    Eles estavam diante de sete homens e mulheres, cada qual com sua característica particular.

    — Apresentem-se ao seu capitão – ordenou Margareth, em tom enérgico.

    O primeiro homem, que usava um chapéu muito puído e roupas grossas de viagem, com uma longa barba grisalha, deu um passo à frente.

    — Sou Cotton, meu senhor – tinha uma voz grosseira, mas agradável. – Servi à marinha de Heloise por trinta anos antes de me colocar à disposição da iniciativa privada. Tenho conhecimentos de velas, mastros, remos e lemes.

    O segundo homem também deu um passo à frente. Este era um pouco mais baixo e atarracado, mas igualmente forte. Totalmente careca e sem barba. Tinha várias tatuagens malfeitas sobre a pele dos braços torneados.

    — Sou Gibbs, senhor – sua voz era baixa, mas marcante. – Servi com Cotton por quinze anos, e estou recém aposentado das atividades da marinha. À disposição.

    O terceiro componente do grupo era uma mulher. Usava um vestido de linho muito bonito, de todo, e era ligeiramente robusta. O rosto era muito bondoso e os cabelos castanhos haviam sido presos em uma cuidadosa trança.

    — Catarina, meu senhor – sua voz era aguda, mas bonita. – Fui disponibilizada pela Rainha Heloise para acompanhá-los nesta expedição. Não há cozinheira neste mundo que seja capaz de me vencer – ela deu uma piscadinha.

    Jason, até o momento, tinha achado a presença de Catarina muito mais vantajosa do que a dos demais, mas isso se dava porque ele era mais convencível pela
    barriga do que pela cabeça.

    O quarto integrante da tripulação era alto e magro, até desengonçado, mas transparecia confiança. Quando sorriu, revelou dentição perfeita.

    — Joshua, meu senhor – disse, com a voz firme. – Seus olhos no mastro e no mar.

    O quinto integrante era forte como os dois primeiros, mas seus olhos eram curiosamente mais perspicazes. Tinha uma barba rala e a pele queimada de sol.

    — Reynold, capitão – disse ele, a voz contida, como quem gostasse de dizer somente o necessário. – Seu condutor no timão.

    Já o sexto componente do grupo era consideravelmente mais agradável aos olhos. A garota não parecia ter mais de dezoito anos – Jason anotou mentalmente o fato para cobrá-la depois. Tinha longos cabelos ruivos, jogados para trás, olhos castanhos, corpo esguio, busto farto, bumbum empinado. Vestia-se com uma despreocupação que somente tornava a visão ainda mais bonita. Carregava consigo um arco, uma aljava e duas mochilas.

    — Melany, senhor – disse ela, sorrindo. Para Jason, sua voz soou como os sinos de uma igreja ao amanhecer. – Tradicionalmente, sou druida, mas me aperfeiçoei bem trabalhando com ambas as vocações. Da cura ao tiro certeiro, conte comigo.

    Jason levou uma fração de segundo constrangedora para desviar seu olhar de Melany e pousá-lo no último componente da tripulação, que era decididamente excêntrico. O homem era magro, utilizava um terno muito bem cortado, com uma gravata fina. Seus cabelos, sedosos, estavam jogados de lado num penteado elegante, e sua barba era tão perfeita que parecia ter sido cortada com uma régua. Os olhos eram da cor azul do céu.

    — John, capitão – disse ele, e Jason pensou já ter ouvido aquela voz antes. – Sou o maior cartógrafo deste continente. Consigo designar as horas pela posição do sol, das estrelas e da lua. Oferecerei o melhor caminho com o menor risco.

    Jason assentiu, olhando para Leonard.

    — Creio que seja isso – disse o arqueiro, sentindo-se ligeiramente embestado pela presunção do homem chamado John. – Vamos partir?
    — Jason, uma palavrinha – disse Margareth.

    O cavaleiro fez sinal para que todos embarcassem e o aguardassem.

    — Este trabalho não é nem remotamente parecido com aqueles que você já desempenhou até hoje, querido. Estamos concordantes quanto a isso?

    O menino assentiu.

    — Trate o desígnio do incandescente como se estivesse protegendo sua própria vida porque, afinal de contas, é exatamente o que você está fazendo. E, se trouxer a honraria para cá… será o cavaleiro mais lendário da história deste continente, até seu desfazimento total.

    Ela deu um beijo desajeitado no topo da testa de Jason, que o correspondeu como pode, com todos aqueles metros de mulher diante dele. Dando-lhe as costas com um aceno, ele embarcou.

    De fora, Margareth sorriu ao ouvir o jovem garoto bradar “levantar a âncora, içar as velas, cães sarnentos! Este navio serve para quê? Para navegar ou para aguardar a boa vontade do senhor Gibbs de parar de lançar suas artimanhas perigosas contra a jovem Melany?”

    Rindo, a bibliotecária deu um último aceno àquele que, por procedimento, decidira adotar como afilhado.

    E mais do que isso, Jason. Que Crunor esteja convosco, te guiando, te guardando e concedendo sempre as melhores alternativas diante das eventuais dificuldades com as quais você venha a ter contato com sua aventura.

    *

    A noite já lançara seu véu sobre o antigo continente na altura em que o navio chegou ao alto mar, onde já não se podia mais discernir a terra. A tripulação dormiria em redes no subsolo; Catarina e Melany dividiriam um quarto no convés; na popa, John requisitara presunçosamente um quarto somente para si; Leonard e Jason dividiriam a sala do capitão, na proa.

    O magrelo desengonçado chamado Joshua prontamente assumiu sua posição no cesto do mastro, com uma luneta antiquada nas mãos. Cotton, Gibbs e Reynold haviam trabalhado nas velas para que elas operassem a pleno vento. John, por sua vez, tornara-se um misterioso ser recluso tão logo recebeu os mapas, sob o pretexto de que os deveria analisar. Catarina já estava trabalhando na cozinha e Melany, segurando uma curiosa combinação de varinha e arco, fazia o patrulhamento no navio de proa a popa.

    A sala do capitão era bastante suntuosa. Tinha um grosso carpete vermelho, fofo, que revestia todo o chão, e duas redes penduradas em quatro mastros equidistantes. Havia uma escotilha de frente e outras duas de lado, e duas escrivaninhas sólidas com duas cadeiras de chintz haviam sido juntadas no centro do aposento. Ali, Jason e Leonard, agora, analisavam febrilmente um mapa parco do oceano e os escritos de Joseph W. Prince.

    Leonard coçou a cabeça, confuso.

    — Quer dizer que o incandescente é guardião dessa Arca do Destino.
    Jason fez que sim, utilizando um esquadro e um compasso para mensurar a distância no mar.
    — Existe a informação de que Oblivion foi o último cavaleiro custeado pela Coroa de Thais a buscar a relíquia em uma expedição – disse Jason, concentrado. – Desde que saiu, há mais de cinquenta anos, nunca mais se ouviu falar dele. A expedição destinava-se a Senja, então faremos o trajeto ao largo daquilo que Oblivion planejava fazer.
    — Jantar – gritou uma voz feminina lá de fora.

    Jason e Leonard saíram para o ar da noite, bastante frio. O céu estava inteiramente salpicado de estrelas e somente a imensidão do oceano sem fim era visível através das amuradas. Eles cruzaram o convés e desceram a escadaria para o subsolo.

    Ali, quatro redes haviam sido estendidas entre os mastros, e uma pesada mesa continha uma sucessão de alimentos. Imediatamente, Jason sentiu o cheiro de galinha assada, arroz de forno, batatas coradas e alguma coisa que parecia porco frito, o que fez seu estômago roncar e lembrá-lo de que ele tinha muita fome.
    Jason sentou-se à ponta da mesa, com Leonard do seu lado direito e John, do esquerdo. O restante da tripulação se distribuiu nos demais lugares disponíveis. Por um instante, ninguém falou muito; Catarina era, de fato, uma cozinheira de mão cheia, e conseguiu manter as bocas mais preenchidas com comida do que com fala.

    Ao fim do jantar, todos se sentiram demasiado preguiçosos e exaustos por um momento. Finalmente, John sacou um maço de papéis e os estendeu diante de si na mesa, voltando suas atenções para Jason.

    — Capitão, existem duas rotas que podem ser adotadas no interregno do nosso ingresso nas ilhas geladas – disse ele, em tom profissional. Jason piscou duas vezes e olhou para ele, aguardando. – A rota mais rápida é entre Folda e Vega, já que Senja é a última ilha, mas passaremos por uma região com relativo risco de emboscadas ou enfrentamento de picos de gelo.

    Jason assentiu, compreendendo.

    — Minha sugestão é a de darmos a volta por fora de Folda, e, então, passaremos ao largo de Vega e, finalmente, chegaremos a Senja.
    — Qual a diferença de tempo no trajeto?

    John franziu os lábios, reflexivo.

    — Hoje é terça-feira – disse, pensativo. – Se fizéssemos o trajeto de risco, chegaríamos na sexta-feira. Pelo trajeto alternativo, se não fizermos paradas no caminho, podemos chegar no sábado pela manhã.

    Jason fez que sim, e Leonard espelhou seu movimento, ambos raciocinando. A intenção de Jason era a de concluir a jornada até o domingo, quando, se tudo corresse bem, estariam aptos a retornar para Carlin.

    — Pelo caminho alternativo, portanto – disse Jason, colocando-se de pé. – Catarina, precisa de ajuda com a cozinha?

    Ela piscou com um olho, conspirativa.

    — Nada que um pouco de magia não possa resolver, meu capitão.

    Surpreendentemente, a cozinheira tirou de dentro das vestes um cajado curto e fez um gesto no ar. Os pratos se ergueram e se dirigiram até a pia, onde uma escovinha com sabão começou a lavá-los sozinha.

    — Excepcional – ele aprovou, sorrindo. – Cotton, Gibbs, Reynold e Joshua, gostaria que vocês se revezassem entre o timão e o cesto durante esta noite, começando com Gibbs no timão e Reynold, no mastro. Leonard, Melany e eu faremos a troca de patrulha; Leonard fará o primeiro turno. Os turnos serão de uma hora. Dispensados.

    Todos se levantaram e começaram a sair, quando Jason puxou John pelo braço. O cartógrafo olhou para ele, surpreso.

    — O que você sabe sobre as três ilhas geladas?

    John respirou aliviado, por algum motivo.

    — Folda, Senja e Vega são criações de Crunor, que as utilizava, inicialmente, para o plantio. Durante a Primeira Grande Guerra, Zathroth conseguiu tomar as ilhas para si, e colocou sob o governo dos seus três maiores demônios: Bellatrix, em Folda; Sirius, em Vega; Samuel, em Senja. Desde então, nunca mais se fez dia naquele canto do mundo, e a era glacial tomou conta de cada centímetro.

    Jason fez que sim, olhando para todos os cantos para verificar se alguém os ouvia.

    — Temos a missão de resgatar a Arca do Destino – confidenciou em voz baixa, para a surpresa total de John, que arregalou os olhos. – Porém, tenho alguns planos um pouco mais audaciosos.
    — Surpreendente – John aprovou, sorrindo. – És um guerreiro de alto patamar, capitão. Quais são os demais planos?

    O cavaleiro mordeu o lábio inferior, calculando.

    — Creio que possamos libertar as ilhas do comando de Zathroth. Consegue levantar informações a respeito das potenciais fraquezas desses demônios?
    — Certamente que sim – o cartógrafo aprovou, puxando uma caderneta e lançando nela uma anotação rápida. – É certo que os cidadãos nos serão eternamente gratos.
    — É isso, então – Jason colocou-se a caminhar, seguido por John. – Levante as informações para mim e, depois, discuto o plano com a população.

    Lá em cima, Leonard fazia a ronda em um movimento circular, com uma cigarrilha presa aos lábios. Gibbs manuseava o timão, com os mapas de John nas mãos, e Reynold utilizava a luneta de Joshua para analisar tudo que conseguia ver.

    Já na cabine, Jason se sentou. Acabara de tomar uma decisão importantíssima.
    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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    CAPÍTULO 8 – O SURPREENDENTE PLANO DE JASON WALKER


    — Bellatrix os está confrontando neste momento, meu senhor.

    Em uma caverna escura, uma minúscula sombra se curvava diante de um homem de meia-idade sentado em um trono de ouro. Os olhos do homem percorreram o aposento enquanto ele coçava a barba espessa, conjecturando.

    — Não gosto de Bellatrix envolvida em um confronto direto – disse ele, com a voz soturna.

    O homem curvado se endireitou.

    — Vou abordá-los se passarem por ela, e conseguirei obter o incandescente.
    — Não espero menos de você.
    — Com licença.

    *

    Jason saltou sobre Bellatrix e a atacou. Contudo, ela dançou para o lado e escapou do golpe por um fio – o movimento foi tão simples e ao mesmo tempo tão gracioso e inesperado que podia ter sido feito sem querer.

    John carregou seu cajado e disparou. Bellatrix torceu a cabeça de lado e o raio de fogo disparado passou a milímetros da orelha dela. Ato contínuo, Leonard e Melany dispararam suas flechas simultaneamente. Foi o instante em que, de todas as coisas até o momento, o mais surpreendente aconteceu.

    As flechas pararam no ar, a centímetros do rosto da mulher. Em seguida, elas simplesmente caíram no chão, como se nunca tivessem sido disparadas.

    Bellatrix rugiu e decidiu atacar. Com um passo curto, porém muito depressa, ela acertou um soco no estômago de Jason. A armadura de aço do cavaleiro se partiu e ele se dobrou ao meio, o ar expulso de seus pulmões. Com outro passo depressa, ela chutou o arco de Leonard, que se quebrou ao meio.

    Melany recuou por um instante, mas o punho do demônio de Zathroth encontrou o rosto dela no segundo seguinte. A garota disparou no ar pela clareira e se chocou contra o paredão de gelo a oeste, fazendo-o tremer. Grandes pedras de gelo rolaram pelo desfiladeiro e sepultaram a arqueira.

    O incandescente John vacilou e deu um passo atrás quando Bellatrix se voltou para ele. Ela se atirou para a frente e investiu, mas John conseguiu aparar seu golpe com o antebraço. Ele gingou de lado e desferiu uma joelhada contra o estômago dela, mas Bellatrix não estava mais ali.

    John sacudiu a cabeça, confuso. A mulher estava parada diante da cabana, vinte metros adiante, como num passe de mágica.

    — Vocês não são páreos para mim – ela disse, frustrada, abrindo os braços em sinal de desafio. – Estão me fazendo perder tempo.

    Ela levantou uma das mãos e desapareceu no ar. Um segundo depois, rugidos altos puderam ser ouvidos do ponto em que o planalto se encerrava na descida.

    Quatro ursos polares imensos entraram na clareira, as pesadas patas deixando marcas na neve que caía e se acumulava. Seus olhos não eram negros ou castanhos, mas muito amarelos, e o corpo era tão torneado que parecia antinatural demais para ser real.

    John carregou a energia em seu cajado e disparou contra o urso mais próximo. Ele soltou um ganido e foi atirado para trás, rolando pelo chão. No momento seguinte, já estava de pé novamente – o rosto tinha uma queimadura pitoresca que fazia aparecer o osso da face, mas o animal não pareceu notar.

    Jason arrancou a armadura e expôs o peitoral nu ao vento cortante. Empunhando a espada dada por seu pai, ele avançou e arrancou a cabeça de um dos ursos, que tombou no chão, inerte.

    Os outros três pareceram sentir a perda do colega. Com muita ferocidade e uma velocidade impressionante para o tamanho, eles saltaram e atacaram. John chutou um deles no rosto, aparando seu golpe. Jason cravou sua espada na cabeça do outro, arrancando-a na sequência. E quando o terceiro e último urso parecia prestes a devorar parte da perna do cavaleiro, algo voou pelo ar e se alojou firmemente em seu crânio.

    Confuso, Jason direcionou seu olhar para o bicho. Uma estrela ninja vermelha como o fogo havia sido atirada contra ele. Leonard juntou-se ao cavaleiro, que agradeceu a ele com o olhar.

    Bellatrix ressurgiu e atacou novamente. Seu chute bem colocado acertou o rosto de John, e todos se preocuparam ao escutar o sinistro som de ossos se partindo. Ele tombou no chão e não mais se moveu.

    Jason a contragolpeou e foi desarmado – sua espada foi atirada metros adiante pela clareira. No segundo seguinte, Bellatrix pegou Leonard pelo pescoço e o atirou trilha afora. O arqueiro deslizou até ser perdido de vista; ela se voltou para Jason, que já havia se recomposto, e passou a lutar contra ela utilizando seus conhecimentos de artes marciais.

    Ele soltou um direto longo, que foi facilmente aparado por ela; ela arriscou uma cotovelada rodada, desviada pelo cavaleiro; ele conseguiu acertar o rosto dela com dois jabs curtos e, logo em seguida, conseguiu desferir um potente chute na altura de seu plexo.

    Bellatrix rolou e imediatamente se colocou de pé. Ela sorriu, cuspindo sangue.

    Surpreendentemente, John estava de pé. O maxilar parecia sinistramente deslocado, mas ele parecia, de outro modo, inteiro. Ele disparou uma série de achas contra ela, envolvendo-a em uma pira enorme de fogo. Jason teve que se afastar; o fogo começou a derreter a neve nos entornos de onde deveria estar o corpo de Bellatrix e causou-lhe uma queimadura no antebraço.

    Um segundo depois, a pira explodiu e Bellatrix ressurgiu, intacta, mas irritada. Seus olhos eram mais animalescos do que nunca. Ela avançou contra John, preparada para acabar com a vida do incandescente.

    Algo atravessou o ar novamente, chiando com o vento, e se alojou firmemente nas costas da mulher. Ela parou a meio bote e deu meia volta, olhando para trás.

    Jason segurava o arco rústico de Melany nas mãos, ligeiramente abaixado. Parecia surpreso com alguma coisa.

    — Munições, magias, espadas, e nada surte o efeito que vocês gostariam que surtisse – ela riu, bisonhamente. – E, agora, o cavaleiro decidiu que será um arqueiro. Quanta… pretensão.

    Bellatrix agachou-se e se preparou para saltar contra Jason, mas sua investida não prosseguiu. Mais do que isso, ela sequer conseguiu sair do lugar.

    O demônio franziu o cenho por um instante, confuso, e arregalou os olhos na sequência, olhando para o plexo, que sangrava.

    A flecha com ponta de ferro ainda estava ali. Ela sequer pensara em removê-la, porque não teria necessidade, mas não poderia nem se quisesse. Uma estrela de seis pontas rudimentar havia sido desenhada no cume do projétil. Daquela posição, na altura em que ela estava, o símbolo parecia zombar dela.

    — Eu não acredito – ela disse, embasbacada, e realmente não parecia acreditar. Não havia sido um comentário retórico.

    Jason sorriu, triunfante.

    — As lendas são reais.

    Bellatrix ergueu os olhos para ele, cautelosa pela primeira vez. Sua boca estava semiaberta e algo era refletido no seu olhar – talvez medo.

    Ela sorriu amarelo.

    — Qual o próximo passo? Cravar sua espada em mim até dilacerar o corpo que possuo?
    Jason deu de ombros, indiferente.
    — Seria uma boa ideia, mas não tenho qualquer intenção de fazer isso. Apesar de crer que o corpo dessa bela moça já está totalmente deteriorado e, provavelmente, ela já deve estar morta, sei que atingir sua forma física é ineficaz.
    — E então? – ela sorriu, desafiando.

    Ele conjecturou.

    — Acho que vou enviá-la para assar novamente no fogo de Zathroth.
    — Você realmente acredita no ritual de exorcismo cristão? – ela zombou.

    John levantou-se devagar e se aproximou de Jason. O rosto do incandescente já estava seriamente danificado, mas, a julgar pelas habilidades de Melany, que parecia ainda conservar um quê de druida, se ela estivesse viva, poderia curá-lo depois.

    Ele assentiu uma vez, sinalizando que estava bem.

    — O ritual de exorcismo não é cristão. É pagão. Se funciona com os demônios cristãos, não sei… mas estou disposto a correr o risco.

    John sacou o pequeno livro puído de dentro das vestes, agora salpicado de sangue, e o entregou a Jason. Ele o abriu na página certa e estendeu as mãos contra Bellatrix.

    — Espero que sua estadia de volta seja infinitamente pior do que a de vinda.
    Regna terrae, cantate Deo, psállite dómino, tribuite virtutem Deo, Exorcizamus te, omnis immundus spiritus, omnis satanica potestas, omnis incursio infernalis adversarii, omnis legio, omnis congregatio et secta diabólica…

    Bellatrix enlouqueceu. Sem conseguir se mover, ela saltava de um lado para o outro no mesmo lugar, lutando com todas as forças para conseguir se libertar do feitiço lançado por Jason. Ele entendeu que tomava o caminho certo de acordo com as reações dela, que parecia estar queimando de dentro para fora.

    Os olhos de Bellatrix se voltaram para dentro do crânio e, a cada segundo de encantamento, ela gritava com mais força e mais agonia do que nunca. Ironicamente, a mulher que havia sido designada para trazer sobre a humanidade tanto sofrimento, agora, experimentava por si só o golpe espiritual máximo de Crunor, que lançava sua alma de dentro para fora, direto para as profundezas.

    Sanctus, Sanctus, Sanctus, Dominus Deo Sabaoth.

    Bellatrix gritou mais alto do que nunca e uma substância branca leitosa começou a escorrer de todos os orifícios de seu corpo – até suas calças ficaram empapadas. Ela torceu a cabeça e tremeu violentamente, até que, finalmente, o corpo inerte da mulher possuída há tantos milênios tombasse no chão.

    Jason adiantou-se para ela, que piscou por um segundo, ainda viva. Ele a tomou em seus braços. Seu rosto, agora, parecia tão inocente, e ao mesmo tempo tão torturado, que ele não soube o que dizer, tampouco o que fazer.

    Os lábios da mulher se moveram e Jason aproximou seus ouvidos deles.

    — Obrigada – disse, sem forças. – Acolho… a morte. Com a… alegria de quem… viveu em agonia.

    Em seguida, seus olhos devolveram somente a opacidade da morte do corpo físico. Jason, de joelhos, fechou os olhos e chorou. Como nunca havia chorado antes.

    Abençoando-a, ele entregou sua alma a Crunor, certo de que o sofrimento que ela experimentara em vida a recompensaria com uma eternidade de felicidade nos Campos Elísios. John o abraçou.

    *

    O homem se colocou na presença dele uma vez mais. Oculto na penumbra, de joelhos, ele fez uma reverência, sendo dispensado pelo outro.

    — Bellatrix foi derrotada, meu senhor – disse, sondando.
    — Tenho consciência disso – o homem sentado no trono de ouro franziu o cenho, como se a notícia o deixasse meramente curioso. – O jovem Jason Walker está se saindo perigosamente bem.

    O outro assentiu, sem saber mais o que dizer.

    — O senhor acompanhou a batalha?

    O homem do trono de ouro fez que sim uma vez, distraído.

    — O plano de Jason Walker foi audacioso, mas eficaz – disse, por fim. – Aparentemente, a assessoria do incandescente o está auxiliando. Sinceramente, não sei muito bem o que pensar a esse respeito. Quais são as chances dele contra Sirius?

    O homem oculto nas sombras deu de ombros.

    — Sirius e Bellatrix têm poderes muito semelhantes.
    — Qual a diferença primordial?
    — Creio que Sirius seja mais sanguinário. Bellatrix gosta de brincar com a caça; Sirius gosta de matá-la. Esse pode ser o fiel da balança.

    O homem do trono assentiu novamente.
    — Muito bem. Acompanhe o desenlace da missão de Walker de perto. Se Sirius for derrotado, você tem permissão para emboscá-los antes de chegarem a Senja.
    — Está bem, meu senhor.
    — Dispensado.
    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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