Grande Neal, obrigado pelo comentário e pelos elogios. E perdão pelos erros, foi uma distração rápida na minha revisão.
A história deve estar no ritmo certo agora. Não consegui manter um clima depressivo, que era a minha intenção inicial, mas acredito que não será necessário por enquanto. Por hora, fazer com que os leitores entendam tudo é minha intenção primária.
Obrigado pela sua presença e conto contigo nos próximos capítulos.
Continuo essa caminhada para o final da história. E conforme ela vai se aproximando, coisas novas serão reveladas. Eu espero que tudo que está acontecendo até o momento esteja empolgando vocês.
Espero que gostem.
No capítulo anterior:
Dartaul relembra seu passado, ou o último dia em que esteve com seus pais. Aika está acordada e viva, e agora gera dúvidas e receio no grupo. Enquanto isso, eles planejam ir até Carlin para deixar Eloise em segurança.
Capítulo 26 – Assunto para Mortos
O porto de Carlin parece um cemitério.
Apesar de ser dia e do sol estar iluminando a cidade, ela não parece tão animada quanto a luz que a ilumina. O cais vazio, a falta de um guia e o movimento rápido das pessoas nas ruas indicam que a situação na cidade não parece ter melhorado muito. Nightcrawler e Trevor veem isso enquanto próximos do contramestre e do capitão do navio, já que estavam passando um bom tempo conversando ali até chegarem à cidade.
— Achei que a cidade estaria melhor, agora que há uma nova líder. Não parece ter mudado muito... — Comenta Trevor, inquieto.
— Carlin está melhor, mas os seus cidadãos não. — Responde o contramestre, um homem moreno com um visual comum de marinheiro e um chapéu triangular. — Ela tem reformado todo o norte da cidade mais rápido do que chuva de verão, e pelo que é dito, já está terminado. Logo os mercantes voltam pra essa cidade e as coisas voltam a andar.
— Você realmente pensa que tudo voltará a andar assim, como se elas tivessem sido atacadas por orcs? — Questiona Nightcrawler, com os braços cruzados — Eram membros da Irmandade. Eu andei olhando mais alguns relatórios que reuni e me lembrei de algo importante que devo ter deixado passar: Massacres promovidos pela Irmandade nunca são feitos por eles mesmo, mas sim pelas vítimas, conduzidas a matar umas as outras. Há os mesmos rastros em todas as que olhei. Então, só imagine como o psicológico de quem sobreviveu aquilo está agora, some com rumores espalhados pela cidade, e então...
O contramestre fica em silêncio, bem como o restante.
— Bem, você tinha me dito que está próximo de acabar com eles, não é? — Disse Harlow, sem se distrair com o mar ou com o assunto. — Se estiver, faça isso o quanto antes. Os tibianos não merecem sofrer por tanto tempo dessa maneira.
— Ou talvez sim. O destino sempre tem seus motivos para atuar.
O navio atraca no cais sem pressa. A primeira vista, não parecem saber muito bem o que fazer. A luz que Carlin sempre teve parece ter se dissipado, e a própria cidade parece inquieta com alguma coisa. Do convés, sobem Dartaul, Aika e Alayen, além de quatro marujos com um caixão. Nele, está Eloise, que já não é mais a rainha.
— Nosso trajeto será pelos esgotos. Não importa se a cidade está depressiva ou não.
Ninguém discorda. O detetive se despede de Harlow e diz que voltará em algumas horas. Feito isso, eles partem até um armazém próximo e encontram uma entrada para os esgotos. Vendo que ninguém está nas redondezas, eles descem, sendo Alayen o primeiro para guiar os marujos e assegurar a segurança do local, depois o caixão, e então o resto do grupo.
A jornada pelos fétidos corredores do subterrâneo da cidade mostra-se sombrio. O cheiro ruim de água suja e lixo distrai os sentidos de alguns membros do grupo, mas como estão sendo seguidos por Nightcrawler, sentem que conseguirão passar por ali sem muitos problemas. E conforme seguem em direção ao norte, sentem um cheiro estranho além do lixo entrar por suas narinas e confundi-los pelo caminho que estão seguindo.
Após alguns minutos, eles descobrem a fonte do cheiro. As águas dos esgotos do norte de Carlin foram convertidas em sangue. Nightcrawler respira fundo e o restante desvia o olhar.
O detetive acha uma saída ao lado do castelo de Carlin e, novamente, Alayen sobe primeiro, checa o perímetro e manda o caixão subir. Dessa vez, usam uma corda para puxá-lo, com um marujo atrás empurrando. Feito isso, o resto do grupo sobe para dar uma olhada na região. E como imaginaram, as casas estão limpas, com janelas trocadas e portas com novas maçanetas, indicando novas fechaduras. Não há mais nenhum rastro de sangue na região, apesar dela estar estranhamente vazia.
Eles caminham atentos até a entrada do castelo. Reparam que a Guilda dos Cavaleiros, o prédio que fica do outro lado do castelo, próximo da muralha, está desativado. O provável é que não encontraram ainda um substituto para Trisha, a antiga líder da guilda. E na entrada do castelo, o que encontram é uma guarda composta por doze guardas, dois na entrada, o resto andando pelo jardim destruído do castelo, que agora está convertido em terra.
Nightcrawler olha para Aika e faz sinal para que ela siga-o. Os marujos vem logo atrás. Após doze passos, as dez guardas ao redor surgem num instante ao redor do caixão, apontando suas espadas. As outras duas apontam as suas para o pescoço de Nightcrawler, que segue com as mãos no bolso, indiferente ao perigo. Aika parece assustada, mas mantém a calma.
— Homem. — Disse com desprezo a guarda na sua direita, uma mulher desconhecida, mas com voz firme. Usa um visual de cavaleiro completo, com capacete, armadura, ombreiras, caneleiras, luvas e capa — Acho melhor que tenha uma boa desculpa para ousar pisar mais do que dez vezes neste recinto nobre e feminino.
— Ô se tenho, recruta. É só olhar o caixão.
As guardas irritam-se com o comentário e Aika percebe que é o momento de agir.
— Perdoe a falta de educação de meu guarda-costas. Meu nome é Aika Danguian, e trago algo que recuperei em nome de Vossa Majestade.
As atenções são voltadas para a feiticeira, que não se sente a vontade. Dartaul, ao fundo, parece nervoso.
— O que seria?
— A falecida Rainha Eloise.
As mulheres parecem bem surpresas. As guardas que cercam o caixão abaixam suas espadas, mas as outras duas não. Parecem ter dúvidas. Isso é visível pela forma de como seus braços tremem.
— Eu preciso verificar o caixão.
— Só na presença da rainha atual. Nenhuma guarda deste reino pode profanar o descanso de uma antiga líder sem permissão, é uma completa blasfêmia.
A guarda à direita cerra os dentes, mas abaixa a espada, entendendo o pedido.
— Acompanhem-me, então.
— Gostaria de pedir que os outros membros do meu grupo me acompanhassem.
— Por?
— Questão de segurança. E todos eles tem a ver com o resgate do corpo.
A mulher fica pensativa.
— Bem, de qualquer maneira, tudo depende de Sua Majestade, que está em seus aposentos. Ficarão do lado de fora até que ela tome uma decisão a respeito disso.
Aika assente e faz sinal para o restante vir com eles. Enquanto passam pelo caminho no meio do jardim, eles recebem encaradas intensas das mulheres ao redor, forçando-os a caminharem mais rápido até o castelo.
O que encontram no caminho até o quarto da rainha é um chão que um dia já foi impecável, mas agora parece menos cuidado. Ele não brilha em reflexo das luzes dos dois lustres pendurados no teto, e não é mais tão branco que parece vidro. Agora, ele contrasta com as cortinas vermelhas nas janelas, com as paredes de mármore branco e com o tapete vermelho que leva até o trono, mas não mais da mesma maneira grandiosa de outrora.
As escadarias que levam aos andares superiores são feitas de mármore e serpenteiam até o andar seguinte. Eles passam por um corredor com vários quartos, mas, aparentemente, nenhum deles é o da rainha. Há portas feitas também de um mármore branco e fino, mas faltam polimento, portanto, estão escurecidas. E no andar onde está o aposento em questão, encontram algumas mulheres perambulando pelo corredor – Empregadas da rainha. Há duas guardas no final do corredor, onde está o quarto.
Por incrível que pareça, os homens presentes ali atraem mais a atenção do que o caixão. Cada mulher que os encara parece tirar mais de suas seguranças particulares, como se, no fundo, quisessem tirar suas masculinidades com as mãos. Dartaul não entende o ódio que elas sentem, mas não se importa com isso, apenas continua andando.
E ao chegarem no quarto, a guarda que os acompanha pede que fiquem do lado de fora, esperando, enquanto as guardas de fora e algumas serviçais desarmam eles por questões de segurança. Após alguma inquietação e diálogos, ela aparece de novo, mandando, surpreendentemente, todos entrarem.
O quarto da rainha é menor do que o que Eloise possuía, portanto, não é tão grande. Possui uma cama de solteiro rica e ornamentada no canto esquerdo à porta, uma janela relativamente pequena, um armário branco comum à direita, um criado-mudo de mesma cor ao lado da cama e uma cômoda marrom ao lado da porta. Há uma mesa de montar feita de madeira bem polida no centro do quarto, onde a rainha se encontra, com um vestido simples e vermelho com um cinto de couro. A mesma coroa que antes Eloise usava agora está em sua cabeça, em seus cabelos presos numa grande trança que passa pelo seu ombro e um pouco além de seu peito.
A mulher é bela e jovem, alguém que não viu tantos invernos. Possui um cabelo cor avelã, um corpo magro e comum para as mulheres carlinídeas, olhos verdes, nariz e lábios finos. Seu olhar é firme, porém, encantador. Ela está de pé frente a essa mesa, onde há alguns pergaminhos reunidos, além de um pote branco de tinta com uma pena sobre ao lado. Suas mãos estão juntas frente a sua barriga, que parece bem reta e sem destaque algum.
O grupo faz uma reverência para a rainha. Exceto Nightcrawler, que permanece parado.
— Não é necessário. Levantem suas posturas, por favor. — Disse a líder, com um pequeno sorriso no rosto. Sua voz é doce e calma, porém, possui autoridade.
— O oferecimento do nosso respeito à Vossa Majestade é necessária, principalmente nesta situação. Agradeço por aceitar nossa presença aqui, senhorita. — Disse Aika, preocupada com o que diz.
— Eu entendo, mas não é necessário. Vocês dizem ter algo de uma importância realmente surreal, que nem mesmo Vania, a mulher que lhes trouxe até aqui, teve coragem de dizer. Este caixão... Pode deixá-lo no chão e abri-lo, por favor.
Os homens do grupo vão para os cantos do quarto e deixam Aika tomar a frente. Nightcrawler fica próximo da garota, enquanto os marujos abrem o caixão e deixam-no ao alcance da visão da mulher, para depois saírem do quarto. E ao ver o rosto pálido da sua antiga líder, sua expressão muda.
— Não devo ter me apresentado ainda. Sou Elisângela, sobrinha de Eloise. A rainha teve um filho, mas este foi banido do reino por uma relação proibida. Como ela não conseguiu gerar uma criança mulher, eu, filha de sua irmã, Êdora, assumi o trono e o governo do reino de Carlin. Minha mãe faleceu há alguns anos, e desde então, estive vivendo em Ab’Dendriel. E vocês, os que resgataram minha falecida tia, quem são?
Tanto Nightcrawler quanto Dartaul parecem incomodados com o fato dela não se incomodar tanto com a presença do corpo de Eloise a sua frente.
— Sou Aika Danguian, venho de Porto Esperança.
— Entendo... Há muitas pessoas de olhos puxados por lá. E vocês?
— Dispense apresentações dos membros, rainha Elisângela. — Corta Nightcrawler, direto e sério. Estranhamente, a mulher não se importa com isso. É como se ela estivesse esperando que algum deles fizesse isso.
— Se é o seu desejo, visitante...
— Eu sou o atual líder desta companhia. Estivemos em Yalahar para recuperar o corpo de sua parente.
— Entendo... Você é Nightcrawler, não é? Sei do seu título... O Conde Mascarado de Yalahar. Você é aquele homem corajoso que persegue a irmandade responsável pela morte de Eloise.
— É por aí. Passamos por bastante sufoco para recuperar o corpo dela. O motivo foi descoberto por nós recentemente. Peço para que preste atenção.
A rainha não diz nada, apenas concorda com a cabeça.
— Nenhuma vítima da Irmandade do Caminho de Sangue está morta. Elas estão num estado de coma induzido, muito semelhante com a morte. Estão lidando com pesadelos, um atrás do outro. Só sairão desse estado quando toda a Irmandade for exterminada. E é o que eu busco, no momento.
Elisângela mostra uma expressão de surpresa pela primeira vez, mas seu semblante continua indiferente, tornando todo o resto falso.
— Então... Eloise continua viva?
— Exato. Mesmo agora ela pode possivelmente nos ouvir, mas não sairá do estado de coma.
— Entendo. É uma grande descoberta, detetive.
— De fato, é. Por isso resgatamos Eloise. Ela precisa de cuidados e proteção.
— Pois bem. Eu compreendo.
Um silêncio surge de repente no quarto. Algo parece se divergir entre os pensamentos da rainha e do grupo.
— Bem... Pela quietude, parece que vocês desejam que meus druidas sejam quem dará a ela cuidado e proteção, estou certa?
— É o que esperamos encontrar aqui, Majestade. — Disse Aika, juntando as mãos, ainda preocupada e inquieta.
Dartaul fecha a cara. Ele parece já ter entendido tudo antes de todos. Por um breve instante, Elisângela olha para ele e sorri levemente de canto, e volta a olhar para Nightcrawler e Aika.
— Não. Eloise não é problema meu.
Silêncio dentro da sala. Caos dentro das cabeças dos presentes.
— Como é? — Pergunta Nightcrawler, tirando as mãos do bolso.
— É como eu disse. Ela será problema ou dos druidas, ou de vocês. Eu reneguei sua linhagem falha e iniciei a minha própria, inspirada na minha mãe. Tive autorização das ministras e tudo corre bem. Isso foi necessário para que toda a cidade ficasse limpa como está agora e para que eu não me preocupasse com nada além da situação de Carlin.
— Essa atitude é uma blasfêmia contra a cidade e o seu povo, Majestade. Não faz sentido nem em sua base.
— Claro que faz... Caso fosse revelado ao povo que a família de Eloise usurpou o trono.
O caos em suas mentes parece cobrir tudo que ouvem. Ele aumenta mais a cada palavra dita por Elisângela, que permanece calma como a brisa de uma manhã, e voraz como um lobo há semanas sem comer.
— Talvez não tenham reparado, mas... — Disse a rainha, retirando algumas mechas de cabelo que cobriam suas orelhas, revelando um formato pontiagudo — Sou uma elfa. Apesar de eu me parecer muito com uma humana, isso não passa de uma maldição imposta pela família de minha tia, a mesma família nobre de Thais que roubou o que deveria ser dos druidas e dos elfos, mandando-nos para Ab’Dendriel contra nossa vontade. Esperamos por dois séculos, indiferentes a longevidade élfica. Mas deu certo, no final. O ataque da Irmandade do Caminho de Sangue foi uma mão na roda. Carlin pode voltar a pertencer a quem sempre pertenceu, matando de uma vez a influência thaiana que existe no norte deste continente e dando-o para as raças que realmente seguem os deuses. E isso é tudo.
O grupo fica em silêncio. Havia algum barulho do lado de fora do quarto, mas este também cessou há algum tempo. Aparentemente, quem está do lado de fora também está ouvindo a conversa.
— No fim, você acabou dando um golpe de estado surpresa, não é? — Disse Dartaul. Não está nervoso nem sente medo, apenas está irritado.
— Ora. Golpe de estado? Aonde, aqui? — Questiona Elisângela, olhando para o rapaz de forma desafiadora — Não aconteceu nenhum tipo de golpe aqui, meu rapaz. Fui coroada legitimamente. Sou a única sucessora restante.
— Não. Você roubou o trono. Não tem sangue real, provavelmente foi adotada.
— Minha avó foi. Ela era uma elfa em segredo que foi assassinada por um viajante de Venore. O mesmo foi julgado há muitos anos. Mas não há necessidade para que eu tenha sangue real, afinal, o trono sempre foi dos elfos!
— Quem determina isso são os líderes élficos! Se fosse mesmo o caso, os arcanistas já teriam vindo aqui te visitar, não acha? Os elfos estariam entrando na cidade, estariam colaborando com os druidas para assegurar as redondezas, retirariam o sangue nos esgotos. Mas isso não está acontecendo pois você não é a líder legítima. Os elfos não te apoiam.
— Os elfos ainda não sabem quem eu sou. Mas logo saberão e virão para me auxiliar, e espalhar a palavra dos verdadeiros governantes desta parcela do continente.
— É aí que você está errada. — Disse agora Alayen, com os braços cruzados, encostado na cômoda de madeira — Os arcanistas não virão te ajudar, pois eu nunca os ouvi desejando o trono de Carlin. Preferem deixar na mão das ex-amazonas. Eu próprio os questionei, como parte do meu treinamento particular.
Elisângela parece estar perdendo sua resistente calma.
— De qualquer maneira, o corpo não é problema meu. Resolvam esse problema da forma que acharem melhor. Estão dispensados.
— Nunca vi alguém fazer pouco caso de uma parente dessa maneira. — Disse Nightcrawler, resignado.
Alguém parece ter aberto a porta, mas apenas alguns membros do grupo repararam. A rainha ainda rouba-lhes a atenção, principalmente pela sua visível mudança de humor.
— A RAINHA ELOISE NÃO ERA MINHA PARENTE! Essa linhagem morreu! E se vocês também não quiserem o mesmo destino, sumam daqui junto desse caixão. Essa audiência está terminada.
— Carlin também encontrou seu fim com você, rainha Elisângela.
— Como é? — Questiona a mulher, com uma das mãos sobre a mesa. Sua calma já se fora há algum tempo.
— Exatamente o que ouviu. Acha que Carlin se sustentou todos esses anos por causa que essa família era rica? Melhor dar uma revisada no seu conhecimento lendo alguns livros a respeito da história deste reino, pois o motivo de você ter esse castelo luxuoso e essas serviçais e guardas a sua disposição é apenas por causa da competência de cada líder que governou esse lugar depois de Xenom. Não seja estúpida. Carlin nunca foi governada por thaianos disfarçados e os elfos nunca desejaram esse reino. Você está sendo uma criança birrenta, achando que roubaram seu brinquedo, e agora está jogando tudo que acha no caminho no chão e nas paredes pra ver se te notam e te ajudam a recuperar o brinquedo que você nunca teve.
Elisângela arregala os olhos. Mal acredita no que está ouvindo naquele momento.
— Ama o povo de Carlin? Faça um favor para eles: Deixe esse trono. Pois eu próprio farei Eloise voltar a governar essa merda de reino, não importa se eu tiver que tirar um exército do meu cu e botar na porta dessa cidade. Pois se as mulheres daqui dependerem de você, elas vão estar mais fodidas do que caso fossem governadas por um homem.
Nightcrawler dá as costas para a rainha e vai em direção da porta. E ao abri-la, dá de cara com três guardas, várias serviçais e com a líder da Guilda dos Feiticeiros, Lea, totalmente surpresa. Entretanto, ele passa direto por ela, e vai até os marujos.
— Tirem o caixão daquele quarto. Estamos partindo de Carlin hoje mesmo.
Sem contrariar, eles concordam e correm até o quarto. Os restantes no quarto saem, liberando o caminho para os marujos trabalharem. A passos largos o detetive se vai, e a passos rápidos e desesperados alguém o segue. Próximo de descer para o próximo andar, ele decide parar e virar para trás, mas é surpreendido pelo abraço de alguém querido.
Lea abraça-o forte, mas Nightcrawler afasta a mulher. Ela insiste, deixando-o sem muitas opções.
— Achei que não tínhamos nenhuma relação forte.
Ela sente um aperto no coração.
— Claro que tínhamos, seu imbecil! Eu... Eu mal pude me perdoar por isso. Por não deixar você saber o quão inquieta e depressiva eu fiquei por todo esse tempo que você me deixou, visitando-me tão raramente... E sabendo que você iria para Yalahar, para atrair a Irmandade toda de uma vez e tentar destruí-la... Merda, Crawler! Eu realmente senti medo. Um medo tão forte que meu peito chegava a doer. Me dava até falta de ar imaginar uma faca entrando no seu coração...
— Melhor do que sentir dor nas costas o tempo inteiro.
Lea soca o braço do detetive. Ele sorri.
— Você sabe que eu nunca vou morrer pra esses desgraçados. Eu nunca fui pego por eles, e assim vai continuar até que eu os extermine.
— E agora... Você está indo até eles pra destruí-los?
— Precisamente. E eu não sei se irei voltar.
— Não... Nightcrawler. Ou melhor, Suzio. Me prometa...
As mãos de Lea chegam atrás de sua cabeça num instante para retirar o barbante transparente que prendia a máscara do homem. Ela retira devagar, revelando para ela olhos mais sombrios que da última vez que ela pôde ver esse rosto. Com as duas mãos na nuca do homem, ela beija-o apaixonadamente, e se afasta alguns instantes depois.
—...Que irá voltar.
Suzio dá um sorriso triste e toma a máscara das mãos de Lea para colocá-la novamente. O grupo está vindo ao longe, junto do caixão. Ele volta a pousar seu olhar no rosto esperançoso de Lea.
— Desculpe, Lea. Eu não posso.
Ele toma os braços da moça de si e abaixa-os, e vira-se para descer a escadaria até o próximo andar, sem se despedir. Lea fica ali, cabisbaixa, sem saber como reagir. Sua echarpe cai no chão, e o grupo, junto do caixão, passa direto por ela. E conforme ela nota isso, ela percebe que ninguém voltará por ela. E ninguém pode ajudá-la a matar essa solidão que a ronda por tantos anos.
E então, Dartaul pega a echarpe da mulher e deixa em seus braços, sem dizer nada. Ela fita-o, e por um momento, pensa ter visto Suzio, porém, muito mais jovem.
Ele vai embora. A hora de investir contra a Irmandade está chegando, e ela sabe que eles não possuem tempo para ajudar ninguém senão eles mesmos.
Próximo: Capítulo 27 – Divergentes
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Responder com Citação

mentira, na verdade minha primeiríssima não passou nem perto disso aí, quis dizer que nunca descabacei ninguém
