
Postado originalmente por
Skirt Underdome
Boa luta, Charles.
Combate ninja com tudo que tem direito.
Prevejo uma trajetória diferenciada para o Lalori a partir de agora, quem sabe até uma mudança de lado.
Diga aí Skirt, obrigado pelo comentário e pelos elogios.
Nem chegou a ser um combate ninja direito

mas sim, essa misericórdia de Nightcrawler pode dar um resultado interessante no final da história, logo veremos.

Postado originalmente por
Neal Caffrey
Primeiramente, quanto ao parágrafo preliminar em que você expôs momentaneamente uma frustração que talvez nem mesmo você saiba que existe: comentaristas vêm e vão, Carlos, e nem sempre eles apresentarão seus comentários oportunamente. Minha história possui um comentarista a cada capítulo, mas as visualizações já passaram de mil em menos de dois meses. Não sei se entende o que quero dizer, mas vou tentar traduzir isso em palavras mais simples: podem não haver comentários, mas, com certeza, há leitores. Aqui, nesta seção, uma boa parte deles é composta por anônimos, que não se registram no fórum e que somente procuram algo um pouco diferente pra fazer a imaginação voar. É o caso. Assim que postar um novo episódio, fique de olho nas informações de tópico lá embaixo; verá dois ou três usuários registrados e um porrilhão de visitantes. Respire fundo e não perca o pique. Sempre digo que, se houver um único leitor acompanhando a história, ainda vale a pena contá-la. Não perca isso de vista.
Em segundo lugar, não posso dizer que esse capítulo foi menos do que caprichoso. Apesar de seus meios pouco ortodoxos, continuo sendo um fã confesso do personagem Nightcrawler, e acho que, no curso do tempo, Dartaul também pode chegar lá. A gramática da sua escrita tem melhorado bastante e atingido pontos de excelência indizíveis. Seu avanço é notório, peço pra que não se perca no meio de eventuais frustrações que venham a ser supervenientes na sua caminhada. Seria uma lástima se Bloodtrip parasse na metade, tanto pra seção, quanto pros leitores.
O capítulo foi bem fechado. Não posso esperar do próximo que seja menos do que excelente do que esse. Continuo elogiando sua narrativa como o ponto mais forte das suas habilidades, e encorajaria você a fomentar esse pedaço da sua história.
De mais a mais, conte comigo, amigo. Se eu não aparecer por aqui, é porque estou muito apurado com o escritório. Pra qualquer coisa que for necessária, conte comigo.
Abraços!
Grande Neal, obrigado pelo comentário e pelos elogios.
É, há uma certa frustração frente a essa situação, mesmo. Apesar de eu saber que comentaristas nunca se mantêm no mesmo tópico por muito tempo(anos de experiência), ainda é frustrante não ver um comentário por mais de uma semana na sua história. Digo isso pois eu não gosto de fazer double post e, apesar dos leitores anônimos, eu preciso de um comentário para saber se as pessoas estão lendo minha história mesmo ou não, pra saber se estou fazendo merda ou não, pra saber o que acharam do capítulo, essas coisas. Gosto de comentários, só é uma pena que eu não receba muitos aqui.
Vejo que gosta do Nightcrawler, e provavelmente irá gostar mais dele no futuro. Ainda há mais coisas que precisam ser reveladas e contadas a respeito dele, e com o tempo, chegaremos lá. Dartaul também se tornará um personagem querido pelo pessoal - ou odiado. Isso veremos.
Obrigado por todo o apoio Neal, é ótimo que minha história esteja te agradando. Sei que você é mais velho do que eu nessa seção e já leu muitas histórias, e pra minha história despertar seu interesse e ainda merecer tantos elogios seus, significa que estou fazendo um bom trabalho.

Postado originalmente por
Edge Fencer
E aí!
Como eu esperava, fiquei bem surpreso com esse poder do Lalori. Sério, não passou nem perto do que eu possa ter pensado quando li o capítulo anterior kkkk
Mas ficou bem legal dessa forma, achei inteligente e criativa a forma e o uso que vc deu para os fios nesse caso xD
A narração da luta manteve o nível dos últimos capítulos, ou seja: ficou muito boa.
Curiosa a personalidade do Lalori, faz a gente pensar que todos os membros da irmandade já podem ter sido apenas pessoas comuns há algum tempo. Fico mais curioso ainda por isso ter feito o Crawler poupá-lo... Acho que a participação dele na história não acabou nesse capítulo.
Eu já tava gostando muito do capítulo, mas esse final aí elevou bastante o nível. Ansioso pra descobrir como o Dartaul e o Nightcrawler reagirão a essa situação...
Quanto aos comentários na tópico, assino embaixo do que o Neal disse: continue em frente com a história. Se você conseguir finalizá-la com esse nível atual, com certeza ela será bem marcante pra seção.
Abraço!
E aí Edge, obrigado pelo comentário e pelos elogios.
E sim, a intenção era realmente surpreender com o Lalori, tanto com a revelação dos poderes dele quanto com a misericórdia de Nightcrawler. Bom que tenha surpreendido você.
Há mais para ser revelado sobre os membros da Irmandade, acredito que solucionará muitas dúvidas.
E sim, continuarei com a história. Só preciso de um comentário ou dois pra me manter no ritmo.
E como sempre, espero que goste deste capítulo.
Bem pessoal, espero que gostem deste capítulo. Pode ser que as coisas deem uma suavizada de novo, mas logo tudo volta a explodir e virar caos, aí que as coisas ficarão interessantes.
E vamos lá.
No capítulo anterior:
O grupo descobre o segredo de Lalori e ele se rende ao perceber isso, pois considera que não tem mais chance contra eles. Adumo não aceita isso e é morto rapidamente por Nightcrawler, sendo afundado no oceano. Entretanto, no buraco por onde ele foi jogado, surge uma mulher: Aika.
Capítulo 25 – Máscaras para Animais
Um Dartaul pequeno olha por trás do portão da sua casa. Barras de ferro isolam-no do mundo lá fora, já que não fora autorizado que saísse. Esse é o seu cotidiano.
Ele anseia por sair dali logo. Fugir para as pequenas montanhas ao leste de Thais, para as planícies ao sul. Qualquer lugar longe de sua casa.
Pois naquele momento, a única coisa que ele ouvia eram os lamentos de sua mãe enquanto era socada pelo seu marido.
~*~
Era uma tarde de verão. Dartaul agora não está mais impedido pelas barras de ferro do seu portão, e, ao invés disso, está sentado na frente dele, lendo um livro. Ele não é para crianças, e sim para adolescentes, quase adultos, pelo nível de maturidade do conteúdo transcrito. O rapazinho de dez anos é bem inteligente, tem uma visão matemática excelente e ótimo raciocínio. O que ele aprendia na escola ou lendo livros sempre surpreendia sua mãe. Entretanto, não era o mesmo com seu pai, que está sempre trabalhando, e este algumas vezes nem mesmo volta pra casa.
Naquele dia, ele estava sozinho em casa. Sua mãe partiu para conseguir a cesta de alimentos garantida pelo serviço mensal do marido. No entanto, era preciso pagar por ela; e apesar da adversidade, as coisas saiam mais baratas lá do que isoladas, e os produtos tinham alguma qualidade, então não havia do que reclamar.
Dartaul aguarda-a ansiosamente. Quer contar para ela as coisas interessantes que viu naquele livro, chamado de Vyllarëgord, um conto saído de Senja que conta sobre uma mulher que descendia diretamente de Banor, o primeiro humano de Tibia, e dos poderes que ela possuía. Entretanto, apesar do livro interessante, sua mãe está demorando.
Depois de um bom tempo, ela surge no horizonte, virando a esquina. O local onde viviam era no sudoeste da cidade, logo, era um local mais humilde. Mas era bom para Dartaul, pois ele conseguia distinguir melhor as pessoas ali. Especialmente a sua progenitora.
O problema é que ela não carrega nada nos braços. E isso deixou o menino inquieto.
— Ei, mãe! — Chama Dartaul, quando sua mãe já está próxima de casa — Onde está a cesta?
Sua mãe não respondeu. Apenas o mandou entrar.
Dentro de casa, sua mãe senta numa cadeira de madeira, na sala. Olha para a sua carteira verde, e o pouco que tinha. Não irá durar o mês inteiro, pensa. Terei de pedir algo aos vizinhos. Talvez para a avó Abbe. Ela não se importa com isso, mas não posso abusar de sua bondade... Ao olhar para o lado, vê Dartaul, fitando-a com preocupação.
— Diga, Dartaul.
— Por que não trouxe a cesta, mamãe?
— Eu ia, mas achei alguém com mais necessidade, e decidi ajudar.
— Como assim?
— Um sem-teto. Ele estava agonizando de fome num canto e machucado. Pedi ajuda a alguém que morava perto e cuidei um pouco dele. Depois, comprei pão e um pouco de carne. Ele ficou muito feliz, sabe? Não me arrependo do que eu fiz. Receber sorrisos sinceros é a melhor coisa dessa vida, Dartaul. Mesmo que você tenha que fazer sacrifícios.
— Por isso... Que a cesta não veio?
— É... O dinheiro não deu. Não se preocupe, falarei depois com a vó Abbe.
— Mas... E o papai? Ele não gosta que você peça ajuda pra ninguém.
Apesar do assunto ser um pouco pesado para o rapaz, a mãe dele consegue tratá-lo sem muitos problemas. Ele tem noção de muitas coisas do mundo.
— Conversarei com ele. Tudo ficará bem, ok?
Dartaul assente com a cabeça. Mas ele sabe que é mentira.
Mais tarde, seu pai chega em casa. Ele está em seu quarto, ainda lendo o livro de antes. Ao ouvir a porta bater forte, ele deixa o livro de lado e senta na sua cama, olhando pelo corredor, enquanto tenta ouvir alguma coisa. Imagina que uma discussão irá começar em breve, mas depois de ter ouvido sua mãe falar o que fez, ele não ouviu mais nada. Simplesmente ouviu passos até o corredor, e então, o seu pai.
Um homem alto, sem muitos músculos, mas forte. Tem um olhar revoltado e fundo, cabelos negros e baixos e pele clara, quase morena. Seu olhar sombrio é ressaltado pelas pequenas tochas no corredor, assustando Dartaul. Mas ele simplesmente entra em outro quarto e fecha-o, sem dizer uma palavra sequer.
Sua mãe vem em seguida. Uma mulher loira, de expressão mais funda e acabada, mas como se insistisse para si mesma que ela está bem. Ela é mais baixa que o marido, não tem músculos visíveis e aparenta ser fraca. Ela olha pelo corredor com as mãos juntas e colocadas em frente a seu avental bege, enquanto usa um vestido branco por trás. A moça não esboça nenhuma esperança de que tudo está bem para o jovem. Até porque nada está bem.
Algo certamente acontecerá naquela noite.
Mais tarde, Dartaul deitou-se para dormir. Abandonara a leitura por não estar mais tranquilo o suficiente para ela. E talvez nem para adormecer. Já que o tempo todo, durante o jantar e as horas seguintes, o que predominou naquela casa foi o silencio.
E uma hora, seu pai sai do quarto onde sua mãe também está. Ele vai em direção da cozinha, e fica lá por dez minutos, aproximadamente. Dartaul escuta variados sons vindos de lá, mas não compreende nenhum deles.
Quando ele termina e sai de lá, o homem vem em passos lentos pelo corredor. Dartaul sente um medo imenso correr pelo seu corpo. Não sabe o que vai acontecer. Nem do que seu pai é capaz de fazer. E quando este abre a porta de seu quarto apenas para olhá-lo por quase um minuto, ele entende que a sua vida não será mais a mesma. Principalmente após ouvir seu pai.
— Eu perdi.
Ele fecha a porta e tranca-a. Antes disso, ele nota algo parecido com uma corrente em suas mãos. E quando a porta é trancada, Dartaul salta de sua cama para, inutilmente, tentar abri-la.
Enquanto tenta abrir, ele ouve alguns sons de dentro do quarto dos seus pais.
Dario, o que você está fazendo?
Ele força mais e mais a maçaneta. Dá chutes. Socos.
Larga isso! Não, por favor!
Ele também ouve socos e lamentos de dentro do quarto. Isso o motiva mais e mais a abrir aquela porta. Seus lamentos agem em conjunto com os da sua mãe. E aquele homem, o seu pai, está conseguindo algo que nem mesmo o melhor assassino conseguiria.
Matar indiretamente uma pessoa e diretamente outra pessoa.
Ele, por fim, ouve agoniantes sons de correntes. Os berros de sua mãe sendo estrangulada. Ele ouve aquela cama tremendo, os socos dela nas coisas ao lado, uma escrivaninha caindo, um copo se quebrando. E ela também ouve seu filho berrando, socando a porta, chutando-a, pedindo socorro.
Sua mãe já está morta. Mas ele ainda está gritando.
Mas não para que seu pai pare. Para que sua mãe seja salva. Para que alguma alma viva salve ele e a pobre mulher.
Para Deus. Ele grita para Deus. No entanto, ele não o escuta.
O sol levanta-se no horizonte e ilumina o quarto de Dartaul. Ao mesmo tempo, homens da guarnição thaiana invadem a casa e examinam os cômodos. Eles entram no quarto onde vinha os gritos, mas o que encontraram foi apenas um corpo na cama com o pescoço envolto numa corrente, com inúmeras marcas de agressão por vários locais do corpo. O vestido que a mulher usa – cuja é chamada de Irale – está bem manchado de sangue nas regiões do tronco, com rasgos nas mangas e nos locais extremos próximos do tornozelo. Não há sinais de abuso.
Em outro quarto, acharam Dartaul, ajoelhado no chão. Suas mãos estão em carne viva, há marcas de cabeçadas no rosto e seus sapatos possuem rasgos, causados pelos chutes. Ao serem retirados, notaram que seus pés estão realmente machucados, com unhas encravadas. O homem que o encontrou comoveu-se e não pôde deixar de pedir ajuda para seus companheiros. Afinal, é um caso pesado.
Este homem, Borges, levanta-o e coloca o rapaz na sua cama. E por mais que tentasse, ele não lhe dá nomes, ou informações do que aconteceu. Ao invés disso, Borges apenas encontra olhos vazios, e mãos que, mesmo tremendo, mesmo machucadas, ainda se movem. Quando uma delas soca – de forma bastante fraca – o peito de Borges, e deixa um pouco de sangue para trás, ele entende o que aconteceu ali.
— Acalme-se, filho. Vou te tirar dessa. Você não está sozinho.
Os olhos de Dartaul se fecham. O cansaço venceu seu desespero, após horas de luta.
~*~
Dartaul acorda. Para sua surpresa, o que ele vê a sua frente não é Borges, como vira em seu sonho, para lhe dizer que está dormindo há muito tempo e que precisa estudar, como era de costume quando era uma criança. Ao invés disso, é Aika quem está em cima dele, com um olhar levemente preocupado.
Ela se abaixa e beija o rapaz. Logo em seguida, ela se afasta, menos preocupada. E Dartaul, novamente, deixa um olhar aéreo para a garota, sem reação.
— Você não parece como aqueles homens mais velhos que sempre sabem o que fazer...
Dartaul sente-se levemente ofendido, mas entende a situação.
— Desculpe. É que eu nunca acordei com uma garota que achei que estava morta em cima de mim.
— Você nunca teve esse senso de humor tóxico...
A garota sai de cima dele e senta na outra ponta da cama. O investigador se levanta logo em seguida. Pelo balançar do recinto, eles ainda estão no navio de Harlow. Ele fita a garota, que está surpreendentemente bem. Seu visual está diferente, pois agora ela usa calças negras, uma camisa branca e um casaco roxo por cima, que está aberto e se estende além da sua cintura. Seu cabelo curto está mais ajeitado e bonito.
— Você está péssimo.
Dartaul entende a mensagem. Nas últimas horas, ele foi colocado em inúmeras situações de risco onde precisou largar seu espírito altruísta para adotar uma personalidade realista. Seu olhar está mais duro, menos pensativo e mais fundo. Ele parece um homem mais sólido do que antes, além de mais sombrio. Uma mudança de personalidade rápida e súbita que nem mesmo Nightcrawler esperaria. Isso parece ter mudado Dartaul – Como se ele tivesse envelhecido alguns anos em apenas algumas horas.
— Seus olhos refletem melhor a morte do que os meus. Dartaul... O que aconteceu?
— Você não se lembra de nada?
— Lembro de entrarmos na sala das plataformas do esconderijo de Nightcrawler... Mas... Tudo parece nebuloso a partir daí. Não consigo me lembrar de muita coisa. A partir daí, é como se eu tivesse adormecido e caído num pesadelo.
— E o que você via?
— Eu não via nada. Só ouvia sons. Gente sendo morta e gritando. Eu me movia sem minha permissão.
Alguém abre a porta daquele quarto. Como esperado, é Nightcrawler.
— Bom saber. Vá dizendo mais lá na cabine principal, com todo mundo reunido. Se apresse.
O mascarado vai embora rápido. O quarto pequeno e simples abaixo da cabine do capitão possuía várias velas iluminando-o, tinha dois quadros em cada lado da cama, e esta é um pouco pequena, mas confortável. Dartaul odeia o fato de ter que deixá-la logo agora, mas entende o pedido.
Ele chega lá subindo o convés e passando direto pelos marujos. É noite, e Dartaul nem se lembra porque foi dormir, nem como dormiu tanto.
— Me disseram que você desmaiou ao me ver. Eu acordei um pouco depois. Acho que até Nightcrawler estava preocupado contigo. — Comenta Aika, que está ao lado do rapaz.
— Desmaiei, é?... — Disse Dartaul, como se sentisse vergonha de algo assim ter acontecido.
—Não se preocupe. Pelo que vejo, você está bem melhor depois desse descanso.
Dartaul fita-a. Ela ainda tem os mesmos olhos azuis e fortes de antes. O sorriso que ela esboça ao notar que está sendo observada com ele parece encantar o rapaz, que vira a cara um pouco rápido, o que faz a moça esconder uma risada. Quando abrem as portas e entram no lugar, reparam que todos estão ali, inclusive o capitão. E todos estão olhando para Aika, como se ela tivesse voltado a ser um perigo crescente para o grupo.
Aika se dá ao trabalho de fechar as portas e começar a ouvir o que eles têm a dizer. Nightcrawler não faz rodeios e aproxima-se dela a passos lentos, deixando o clima inquieto.
— Você é realmente surpreendente, Aika Danguian. Eu tenho certeza que transformei sua cabeça em mil pedaços.
Dartaul cerra os punhos e olha para o mascarado com irritação, mas ele não se importa.
— Não, detetive, não diga isso. Eu estou bem aqui, viva!
— Essa é a questão, feiticeira. Como? Por que diabo você está bem aí, viva?
— Eu disse isso quando acordei. Não sei o que aconteceu comigo!
— Bom, se me permite — Disse Trevor, tomando a frente. — A teoria que estive formulando é que ela sempre esteve no corpo de Adumo, e que capturamos uma espécie de isca da Irmandade para aquele ataque direto ao seu esconderijo.
— E como diabos ela se lembra de Dartaul e de nós? — Questiona Alayen, um pouco irritado.
— É possível que as duas estivessem conectadas de alguma forma, ou que Adumo tenha criado a isca. Ele podia invocar criaturas do oceano, fazer uma isca dessa maneira não deve ser nada pra ele.
— Não queria admitir isso, mas esse caso pode nos fazer entender melhor como funciona os poderes da Irmandade. — Disse Nightcrawler, atento ao assunto. — E meu primeiro teste será feito em Carlin.
— O que planeja? — Pergunta Dartaul, um pouco alheio aos pensamentos do detetive.
— Simples. Veremos como a cidade está. Levaremos o corpo da rainha e a própria Aika pela área onde o massacre da Irmandade aconteceu. Iremos até o castelo, o último lugar onde Eloise foi vista viva, conversaremos com a herdeira que já está coroada, e por fim, deixaremos o corpo aos cuidados dela ou dos druidas. Lalori disse que ninguém vítima da Irmandade realmente morreu. A rainha será o primeiro teste.
— Tem certeza que quer passar por lá, Crawler? Talvez as mulheres estejam trabalhando com os thaianos para capturá-lo... — Pergunta Harlow.
— Há! Aquelas vadias são orgulhosas demais pra aceitar que homens andem com liberdade na terra delas para capturar um alvo que não tem nada a ver com elas. Carlin ainda é um porto seguro.
— E temos Lea para nos auxiliar lá. — Completa Alayen, com um sorriso.
— Então, já sabe, não é, Harlow? Devemos zarpar para lá.
— Espero que não se importem, mas a viagem demorará. Preparem-se até lá.
O grupo todo assente. Aika sente falta de pessoas ali, assim como Dartaul, que se manteve praticamente calado o tempo todo. Em seu sonho, algo importante passou pela sua cabeça, como um aviso.
Você não está sozinho.
O sonho parece ter feito sentido para ele, mais que o de relembrar aquela cena horrenda de sua infância.
— Ei, Nightcrawler. E Borges? Não resgatará o corpo dele?
Surpreendentemente, um longo período de silencio se instaura na sala. Ninguém parece ter coragem de falar algo a respeito disso. Apenas o mascarado, que não parece se importar com o assunto.
— Vai ter que me desculpar, jovem, pois eu não mandei ninguém atrás do corpo dele.
O chão da sala treme. Uma rachadura abre-se do pé direito de Dartaul até a parede e a porta atrás dele. Isso acompanha um olhar de fúria por parte do investigador.
— E então — Vocifera Dartaul, bem alterado, assustando alguns dos membros da sala — Você tá realmente, REALMENTE esperando que eu contribua com a missão sabendo disso?
— Estou. Você não tem outra opção. — Disse por fim Nightcrawler, indiferente.
O olhar de Dartaul se acalma e passa a ser indiferente. Aika tocou sua mão há alguns segundos, e isso talvez tenha ajudado a dissipar a nuvem de ódio que estava retornando a cabeça do rapaz.
— Se ninguém que foi vítima da Irmandade morreu, eu voltarei para Yalahar assim que tudo isso acabar e resgatarei ele. Pouco me importa agora se tudo terminará bem ou não.
Dartaul larga a mão de Aika e sai da cabine a passos largos. A garota, um pouco envergonhada, despede-se de todos e segue-o rapidamente. Ao detetive, restara apenas cruzar os braços.
— Não acha que foi um pouco cruel demais com ele? — Pergunta Harlow, perplexo.
— Foi necessário. Algo me diz que, quando tudo isso acabar, ele vai ser um investigador de verdade. Pois agora ele já é um homem de verdade.
— E quanto aquela rachadura que ele fez sem nem mesmo sair do lugar?
Parece que todos que estão na sala esperam uma resposta imediata dele. Mas o detetive pensa um pouco a respeito.
— Acho que precisarei fazer uma pesquisa.
Próximo: Capítulo 26 – Assunto para Mortos