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Tópico: Jason Walker e os Poços do Inferno

  1. #21
    Cavaleiro do Word Avatar de CarlosLendario
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    Perdi os últimos capítulos, perdão.

    Gostei de todos eles, inclusive o capítulo de Carlin em chamas foi excelente. Parece que nós dois ferramos forte Carlin em nossas histórias, hein.

    Também to gostando de como a história está se desenrolando, além dos diálogos do Leonard e as tantas coisas bem detalhadas na história, como na hora que o elfo analisou o arco. Excelente, sério mesmo. Estou gostando do decorrer de tudo e quero ver como o Sven vai ser retirado de Carlin.

    Aguardo o próximo capítulo.

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  2. #22
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    CAPÍTULO 8 – BLACK IN BLACK


    Heloise nunca sentira maior dor em seus poucos anos de vida.

    As ruas de Carlin estavam apinhadas de sem-tetos, homens, mulheres e crianças cujas casas foram tomadas pela destruição proporcionada pelo imenso dragão vermelho, num episódio que parecia ter ocorrido em outra vida. Aqui e ali, eles eram interpelados por pedintes, dentre os quais, com um descompasso no coração, Jason identificou Margareth.

    Naquele exato instante, no entanto, algo grande acontecia. A rua principal que ligava Carlin de leste a oeste e que passava em frente ao depósito estava muito livre, e alguns soldados – homens, surpreendentemente – faziam uma espécie de cordão de isolamento.

    Por ali, vinha Svan, montado em um imponente veado alvo como a neve. Não tinha qualquer escolta, mas, sinceramente, não parecia necessário. Apesar disso, o que chamou a atenção de Jason, imerso em meio à multidão junto dos outros quatro amigos, era um segundo homem, que vinha montado em um cavalo muito negro.

    John piscou duas vezes, incerto. O homem era alto e robusto, forte como Svan, mas um pouco mais musculoso. Tinha cabelos brancos e lisos, jogados para trás, na altura dos ombros. As vestes davam conta de que se tratava de alguém com um alto poder aquisitivo: usava um sobretudo muito negro, como a pelagem do cavalo que montava, aparentemente feito de seda e lã, e os adornos de ouro branco eram visíveis a distância. Carregava uma espécie de cajado de onde, ocasionalmente, brotavam pequenas descargas elétricas.

    Ele olhou para onde se localizavam os cinco amigos e deteve-se longamente, sem, contudo, reduzir ou interromper o passo do cavalo.

    — Quem… - começou Jason.
    — Lancaster Wilshere – cochichou John, ao que Jason sentiu um frio na espinha que não tinha nada a ver com o tempo. – O líder da guilda dos Gatunos da Meia-Noite. E ele já nos identificou.
    — Mas então…
    — Mudaremos de disfarce assim que estivermos em um local seguro – John cortou Jason novamente, mordendo os lábios, inquieto. – Se Lancaster desconfiar que estou com vocês, vai me matar em menos de dois segundos.

    O cortejo prosseguiu e fez a curva na outra avenida principal, que cortava a primeira no sentido norte, na direção do castelo. Lancaster não demonstrou qualquer adicional sinal de que tinha reparado nos cinco amigos imersos na multidão.

    Jason estava absolutamente perplexo. A presença de Lancaster em Carlin, junto de Svan, parecia dizer alguma coisa sobre a bagunça em que se encontravam naquele instante. Além disso, John parecia negativamente surpreso: será que Lancaster não tinha ideia de que ele assumira um duplo papel, auxiliando os amigos em detrimento da guilda?

    — Vamos – disse a voz de Bambi Bonecrusher quando a multidão começou a se dispesar. – Vamos, precisamos ir.

    Bambi os guiou através da avenida principal no sentido oeste, tomando uma pequena viela ao sul próximo das torres parcialmente destruídas e muito bem resguardadas por soldados do exército. Ali, chegaram diante de uma porta da madeira em uma residência pequena, para dentro da qual Bambi os colocou.

    O aposento era muito maior por dentro do que parecia ser por fora. Estavam em uma antessala bastante simples, com cinco camas de solteiro espalhadas aleatoriamente pelo domo. Aqui e ali, haviam pequenos criados mudos vazios e muito gastos.

    — Fiz o que pude – disse ela, em tom de desculpas.

    Heloise sacudiu a cabeça, ainda um pouco atônita.

    — É perfeito. O que faremos agora, Jason?

    O cavaleiro trocou um olhar com John, que o sustentou, inerte. Jason sacudiu a cabeça como Heloise, mais para desanuviá-la.

    — Preciso saber se há outra entrada para o castelo – disse, por fim. – Presumo que Svan tenha assumido a sala de Heloise.

    Foi a vez de Bambi balançar a cabeça em tom negativo.

    — Sua mágica funcionou muito bem, rainha – disse, sorrindo de canto. – Svan fez todo o possível mas não conseguir acessar seus aposentos.
    — Essa é uma boa notícia – disse a rainha, calculando. – Há dois anos, construí uma pequena passagem no coração das rochas ao norte, que pudesse servir como eventual válvula de escape.

    Jason olhou para ela, inquisitivo, mas foi Leonard quem se adiantou.

    — Dois anos atrás, salvo ledo engano, havia certa tensão entre os reinos de Carlin e Thais. Falava-se até mesmo em guerra, tudo por causa da economia.
    — Você tem razão – disse Heloise. – Temíamos que Arthur nos invadisse e, se fosse o caso, poderíamos nos evadir antes que ele nos alcançasse. Uma vez fora da zona de combate, seria mais simples de bolar um plano de retomada.

    Bambi trouxe um mapa exato da região ao norte de Carlin, colocando-o diante de Heloise, onde ela apontou uma pequena formação rochosa.

    — Este é o templo de Humphrey – disse Jason, reconhecendo a construção. – Onde ele concede bênçãos aos novos guerreiros.

    Heloise assentiu.

    — Precisamente. Existe um alçapão de pedra na porção nordeste do templo, por onde poderíamos sair. Não estou muito certa sobre a possibilidade de acessá-lo de fora para dentro; a passagem não foi construída para isso.

    Bambi se levantou.

    — Vou diligenciar até lá e verificarei as condições. Quanto a vocês… creio que já tenham entendido a situação atual na qual se encontra nossa cidade. Façam-me um favor e não saiam daqui.

    Jason fez que sim, um pouco disperso, ainda pensando em Lancaster Wilshere. John parecia nem estar presente; recolhera-se a um canto da sala, na cama que elegeu como sua antes de qualquer outro dos presentes, e permanecia sentado e de olhos fechados.

    O cavaleiro gostava demais do antigo incandescente para dizer a ele exatamente o que estava pensando no momento, mas imaginou que aquela conversa entre eles teria de acontecer mais cedo ou mais tarde.

    Mais tarde, pensou Jason, sentando-se ele próprio na sua cama e recostando-se para um cochilo breve.

    *

    Bambi retornou cedo, numa altura em que John já tratara de cuidar dos novos disfarces de todos. Agora, Jason se parecia com um bárbaro antigo, trajando roupas de menos e carregando um fictício machado às costas, a Espada de Crunor embainhada na cintura. Heloise, por sua vez, lembrava uma xamã e carregava um cajado no cume do qual fora afixada sua varinha. Leonard parecia um cidadão comum, exceção feita à barba cheia que agora lhe recobria o rosto e ao arco que lhe trançava o corpo. E John, por sua vez, era a figura mais emblemática e excêntrica: trajara-se com um sobretudo muito negro e utilizava uma máscara de caveira, replicada em pequenos broches em cada um dos ombros.

    Os quatro discutiriam táticas uma vez que estivessem dentro do castelo e estavam ponderando sobre onde poderiam encontrar seus potenciais alvos. Decidiram se dividir em dois grupos: um deles seria formado por Jason e Leonard e, o outro, por John e Heloise. O trabalho seria bastante simples: um dos grupos seguiria o castelo no sentido ascendente e, o outro, no sentido descendente. Quem encontrasse Svan primeiro o exorcizaria, se fosse o caso.

    A guerreira de Heloise informou que Humphrey mantinha-se neutro, mas parecia disposto a ajudar. Nesse sentido, o monge orientara o grupo a deixar a cidade no sentido norte sem alardes, ao entardecer. Ali, ele permitiria o acesso dos quatro e garantiria a entrada no túnel subterrâneo. Bambi julgou que ele parecia sincero.

    — Vamos deixar a cidade na formação que definimos para vasculhar o castelo – disse Jason, concentrado. – Bambi, existe qualquer informação adicional que possa nos fornecer?
    — Svan varia sua estadia entre o quarto no extremo topo do castelo e a sala privativa no quartel general no extremo subsolo – disse ela, pensando. – Os aposentos são equidistantes do quarto da rainha, portanto, as duas equipes provavelmente enfrentarão o mesmo caminho. Guardas realizam patrulhas armadas constantemente, de cima abaixo, todos homens.

    Jason olhou para a rainha, parecendo deliberar.

    — Heloise…
    — Já sei, Jason – ela desviou o olhar, constrangida. – Se for necessário, derrubaremos corpos pelo caminho. Sinto pelos meus soldados, mas, quando esta crise começou, eles definiram um lado pelo qual lutar.
    — Aqui.

    John entregou a cada um dos outros, inclusive Bambi, um frasco de tamanho médio contendo um líquido incolor. Eles os analisaram longamente, confusos.

    — Água benta – explicou. – Antes de atacar qualquer soldado, borrifem um pouco disso em qualquer pedaço de pele visível. Se estiverem possuídos, reagirão prontamente à substância e se queimarão. Pensem nisso antes de atacá-los.

    Jason estava prestes a demonstrar surpresa quando Leonard, remexendo na própria mochila, soltou um muxoxo de impaciência.

    — Não é possível – resmungou, revirando a mochila. – Não. Não é possível.
    — O que houve?

    Leonard levantou a cabeça, branco como neve.

    — Minhas flechas encantadas e especiais, minhas poções, tudo sumiu. Tudo!

    Jason franziu o cenho, sentindo-se confuso.

    — Como assim “sumiu”?

    Bambi sacudiu a cabeça, impaciente.

    — Tenho um apanhado de munições extras para arqueiros. Não será a mesma coisa, mas pelo menos não te deixará de mãos abanando.
    — E quanto às poções? – Leonard olhou diretamente para John, pela primeira vez consternado com a sua presença.

    Bambi fez sinal negativo novamente, inquieta. Jason, no entanto, não deixou de assimilar o olhar acusatório de Leonard direcionado ao antigo incandescente. De uma forma ou de outra, por algum motivo, o arqueiro parecia culpar John pelo sumiço dos seus suprimentos.

    — A loja mágica local não está operando, os suprimentos acabaram com a invasão dos dragões e não chegaram novas mercadorias, porque os comerciantes têm evitado esta rota. Terão que lutar com a cara e com a coragem.
    — Como é que você só notou a ausência dos itens neste momento? – Jason finalmente decidiu questionar o arqueiro.

    Leonard olhou para ele, indignado.

    — Não precisei de nada até agora. Parece-me óbvio.
    — Óbvio me parece ser a conferência dos suprimentos muito tempo antes de se iniciar uma jornada – Jason respondeu, e Heloise sentiu uma tensão latente imediata no ar. – Fomos de Svargrond a Ab’Dendriel, enfrentamos quatro elfos, estamos na iminência de invadir o castelo de Svan e só agora você nota que não tem poções ou flechas?

    O arqueiro parecia ainda mais irritado com a contestação de Jason. No entanto, quando ele abriu a boca para falar, Bambi colocou em seus braços uma bela ninhada de flechas simples.

    — Não quero saber quem está certo e quem está errado – disse, depressa, enquanto Leonard ia desgostosamente munindo sua aljava com munições com as quais ele não estava acostumado. – Temos uma missão aqui. Mantenham o foco.

    Jason estava deveras irritado com o amigo para responder, então, somente ajeitou o próprio disfarce e deu uma rápida olhadela em como estava Heloise. A Rainha parecia tensa com a discussão recente, e Leonard mal olhou para eles quando marchou porta afora, embrenhando-se na noite.
    Heloise resolveu não contestar o plano recente que estava fechado, mas achava que talvez não fosse o melhor momento para Jason e Leonard trabalharem juntos.
    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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  3. #23
    Cavaleiro do Word Avatar de CarlosLendario
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    Ótimo capítulo. Parece que a ação vai começar agora que eles planejaram certinho como tirar Sven de lá. Mas creio que outra coisa maior vai acontecer durante essa operação e deve ter a ver com os Sete Implacáveis.

    E esse clima entre o Jason e o Leonard vai dar problemas mais pra frente, principalmente com o John indeciso sobre que lado tomar.


    Aguardo o próximo capítulo. E sem negões e varas de bambu, por favor.



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  4. #24
    desespero full Avatar de Iridium
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    Saudações!

    Êeeeee Leonard! AHUEAUEAHUEHUHUAEHUE

    Legal é que todo mundo tá suspeitando de todo mundo e está sendo forçado a trabalhar junto contra um inimigo comum. Agora que eles têm ua noção mais real do que os aguarda, bem como a sombra do Lancaster pairando sobre eles, virou uma corrida contra o tempo: vence quem for mais ágil e esperto. Excelente como sempre. Aguardo o próximo e peço desculpas pela demora.



    Abraço,
    Iridium.

  5. #25
    Avatar de Senhor das Botas
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    Bom, quem é vivo sempre retorna!

    Só vim passar para falar que ainda acompanho sua (magnífica) história. Não sei o porquê de ter não ter comentado todo esse tempo, mas cá venho, lhe IMPLORAR para que continue esta magnífica obra de arte que a seção está presenciando, e such art!

    Enfim, não desista. Tentarei acompanhar os próximos capítulos postados; se estás a se divertir escrevendo, continue

    PS: QUAL É A DESSE JOHN MANO? Na sua primeira história era óbvio quem era o "moçinho" e o "vilão". Mas esse John, todos esses capítulos sem saber a dele, e ferrando com a melhor personagem da história, que é o Leonard...


    PS²: Aposto que muito mais que um negão virá atrás de mim pelo sumiço, não?




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    Última edição por Senhor das Botas; 22-01-2017 às 01:55.


    Não espere algo bem elaborado e feito. De resto...

  6. #26
    Avatar de Neal Caffrey
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    CAPÍTULO 8 – 666, THE NUMBER OF THE BEAST


    Já havia sido suficientemente estranho para o soldado Josh ver um arqueiro e um guerreiro deixarem a cidade juntos àquela hora da noite, pouco tempo antes do toque de recolher. Os dois feiticeiros haviam acabado de deixar a cidade logo em seguida quando o guerreiro decidiu reportar a estranheza da situação.

    Ao chegar no hall do castelo, no entanto, Svan e Lancaster já conversavam em voz baixa, curiosamente vestidos para o combate. Josh aguardou por um instante antes que Svan lhe desse ordem para se aproximar.

    — Senhor, gostaria de informar…
    — Que deixou Leonard Saint, Heloise Pennyworth, John e Jason Walker passarem pelo portão há menos de cinco minutos sem detê-los? – Svan olhou para o soldado, imerso naquela estranha máscara de calmaria absoluta.

    Josh piscou duas vezes, tenso.

    — Para a sua sorte, soldado, temos todo o plano de Jason Walker sob nosso absoluto conhecimento – o Rei Regente coçou a barba, olhando para o vazio. – Volte ao seu posto, e continue fazendo de conta que está trabalhando.

    O garoto marchou para fora bastante desconcertado, mas grato por sua vida ter sido poupada. Svan olhou para Lancaster, que respirou fundo.

    — Não toque no incandescente John – orientou Lancaster, sério. – As contas dele serão acertadas comigo.

    Svan assentiu, pensando na Espada de Crunor.

    *

    — Ei, Leo – ia dizendo Jason, sua voz reverberando pelo túnel de pedra e terra, enquanto faziam a travessia do templo ao norte de Carlin até o castelo. – Me desculpe, cara. Pelo que aconteceu lá atrás.

    Leonard brecou por um único segundo, relanceou um olhar para Jason e continuou andando.

    — John sumiu com meus suprimentos – disse, confirmando o que Jason já suspeitara no quartel. – Ninguém além de vocês sabia o que eu carregava naquela mochila. É indecente que esse tenha sido o modus operandi dele.
    — Está certo disso?

    Leonard parou novamente, dessa vez fazendo com que Jason se chocasse contra ele, distraído.

    — Não me importa o quanto você ache que John é um homem regenerado, Jason, não me importa mesmo – o arqueiro falava sério; seus olhos perfuraram os do amigo, inquietos. – O John que nos acompanha não é o John que designou sua missão.

    Eles chegaram até o final do túnel onde havia um pequeno alçapão de pedra, onde aguardaram pela chegada dos outros dois, conforme o combinado. Jason tomara uma decisão súbita que podia colocar a missão em risco.

    — Mudança de planos – disse, decidido. – John vai comigo. Leonard e Heloise irão juntos.

    O cavaleiro se atentou à reação do mago, que simplesmente assentiu, dando de ombros. Leonard sentiu um assomo de gratidão pelo amigo; decidira levar o elemento mais duvidoso do grupo consigo para preservar a missão e a vida de Heloise. Sábia decisão. Sábia e difícil.

    Heloise tomou a frente e empurrou o alçapão, revelando um suntuoso quarto com mobília futurística e candelabro magicamente aceso fixado ao teto. O aposento era perfeitamente quadrado e era decorado com uma cama muito grande empurrada em um dos cantos, uma mesa central com seis cadeiras em mogno trabalhado, e um carpete verde que se estendia em todas as direções, findando nas paredes de pedra.

    A Rainha soltou um muxoxo de saudades, suspirando.

    — Minha mágica funcionou – ela sorriu. – Svan não conseguiu acessar meu quarto.

    Ela se adiantou e olhou através da maçaneta, também com o uso de mágica.

    — Não temos surpresas – informou, respirando fundo. – Vamos adiante.

    Os quatro deixaram o quarto cautelosamente. Ali, dividiram-se novamente; Jason e John tomaram a escadaria no sentido ascendente; Heloise e Leonard tomaram a escadaria no sentido descendente. Leonard arriscou uma olhadela para Jason, desejando-lhe boa sorte com os olhos; o amigo retribuiu, temendo pela vida do arqueiro, mas certo de que ele seria capaz de lidar com quaisquer adversidades.

    — Jason, aqui, é necessário fazer um adendo – disse John, antes que subissem as escadas. – Erros não são toleráveis. Você entendeu?
    — Matar os soldados, e não desarmá-los – disse o cavaleiro, ao que sentiu o quão ingrata poderia ser aquela missão.
    — Precisamente.

    Os dois iniciaram cautelosa subida, vasculhando cômodo por cômodo. Tudo parecia estranhamente organizado e nenhum soldado se interpôs em seu caminho. Pelo trajeto que faziam, Jason imaginou que estivessem subindo pela torre sudeste; as outras três estavam destruídas, então, se alguém pudesse ser encontrado na parte superior do castelo, seria ali.

    Finalmente, chegaram ao pé de uma escadaria em caracol, cujo topo era visível a partir da base. A porta para o terraço da torre estava entreaberta. John fez sinal para subir na frente, e Jason não contestou. O feiticeiro cobriu os degraus devagar, com Jason em seu encalço, dando-lhe cobertura à retaguarda.

    Finalmente, chegaram ao topo da torre. Uma brisa morna de verão soprava sobre o amplo espaço, de aproximadamente vinte e cinco metros quadrados, talvez menos. Ali, uma figura solitária estava posicionada no parapeito oposto, de costas, observando a rua principal que cortava a cidade de norte a sul, as mãos também às costas.

    Ele não precisou se virar para que Jason soubesse quem era. Robusto e musculoso, cabelos brancos e lisos, jogados para trás; vestes negras de seda e lã, e adornos de ouro branco; cajado de onde brotavam pequenas descargas elétricas.

    Lancaster Wilshere.

    — Vocês chegaram bastante longe, John e Jason Walker – disse ele, sem se virar, aparentemente alheio à potencial ameaça que enfrentava. – Estou impressionado.

    Jason e John trocaram um olhar, e o garoto sacou a espada, ao que John puxou o próprio cajado.

    Finalmente Lancaster se virou. Sorria. Dentição perfeita. Olhos astutos.

    — Bom trabalho, John – disse, finalmente. – Teria sido difícil sem sua cooperação.

    Jason franziu o cenho na altura em que, surpreendentemente, John baixou seu cajado e, com obediência e um sorriso no rosto, venceu a distância até o mestre de sua guilda, juntando-se a ele.

    — Não é possível – Jason estreitou os olhos, mas não fraquejou em sua guarda. De certa forma, esperava por aquilo. – Difícil de compreender. Foi você quem me deu aquela flechada?

    John sorriu de canto, impassível.

    — Se eu estivesse manejando aquele arco, não erraria o tiro.
    — Algum dos seus comparsas? – ele relanceou um olhar para Lancaster, que não se movia.

    O antigo incandescente fez que não.

    — Os Gatunos da Meia-Noite têm sua própria forma de obter suas relíquias e o modo de operação de quem lhe atingiu é ortodoxo demais – Lancaster disse, e Jason se perguntou por um instante sobre por que estava recebendo explicações. – Somos um pouco menos… previsíveis.

    Jason riu e olhou para John, como quem dissesse “convença-me”. Enfim Lancaster decidiu sacar seu cajado.

    — Prepare-se, garoto – disse, com a voz sedosa. – Este é um combate das trevas que você não poderá vencer.

    *

    Heloise e Leonard passaram pela sala do trono, vazia naquele momento. Já haviam estranhado a inexistência de guardas no caminho, mas não ver Svan sentado em seu trono ilegítimo parecia bastante incômodo. A Rainha tinha certeza de que seu antigo capitão faria de todo o possível para se sentir Rei, de fato.

    Leonard vasculhou o andar e fez que não com a cabeça, ao que a Rainha começou a se dirigir à escadaria que levava ao subsolo. Finalmente, contudo, um movimento brusco próximo às portas do castelo, que estavam fechadas, despertou sua atenção.

    Svan caminhou calmamente para dentro do saguão de espada em punho. Seus olhos pareciam ligeiramente fora de foco, mas o cavaleiro nunca aparentou tamanha determinação em seus anos de serviço.

    — Voltaram… para a morte – disse, sorrindo de canto.
    — Como ousa ocupar o meu lugar? – a Rainha puxou sua varinha, mas Leonard a deteu com um movimento rápido, os olhos fixos no rosto de Svan.

    O cavaleiro deu de ombros, inerte.

    — Legislação Orgânica da Coroa – disse. – Lei que você mesma criou.
    — Me acusou de crimes perante minha população!
    — Não somente diante do seu povo, mas diante de todo o continente. De uma forma ou de outra, em algum lugar aqui ou ali, todos parecem ligeiramente convencidos de que a Rainha não é a cidadã que seu pai gostaria que ela tivesse sido.

    Heloise fez menção de atacar, mas novamente Leonard a impediu. Ele parecia um pouco curioso com algo, embora ainda não tivesse dito nada. Svan, de outra forma, sequer se moveu diante do movimento realizado pela druida.

    — Você – disse o arqueiro, enfim. – Deixe-o e nos enfrente agora. Com coragem. Não seja covarde.

    A Rainha olhou para o arqueiro como se estivesse visitando um hospício de passagem. Leonard, porém, estava irredutível; mantinha o dedo indicador apontado para Svan, que torceu a cabeça de lado, parecendo tão confuso quanto a Rainha.

    Finalmente, um lampejo de compreensão atravessou a cabeça de Heloise. De alguma forma, Leonard parecia ter chegado à conclusão de que Svan estava, de fato, possuído. Porém, o que levara ele àquela conclusão permanecia sendo um absoluto mistério.

    — Desculpe?
    — Deixe o cavaleiro e nos enfrente em sua forma natural – disse o arqueiro, também sorrindo. – Ou sua forma normal não é assim tão precisa?
    — Você…

    De repente, Leonard sacou uma flecha. Com uma velocidade impressionante, equipou-a em seu arco e atirou na direção do cavaleiro. O projétil se alojou com firmeza na altura da coxa direita de Svan, que mais parecia surpreso do que em agonia. Os olhos dele percorreram o arco de Leonard e se detiveram no rabo da flecha enterrada em sua carne.

    Ele fez menção de sacá-la, mas não conseguiu. Então, sacudindo a cabeça de leve, levantou seus olhos para o arqueiro.

    — Inteligente – aprovou. – Muito inteligente.

    Heloise olhou para Leonard, confusa.

    — Houve tempo suficiente para que eu entalhasse uma estrela hexagonal no cume da flecha – ele disse. – O filho da puta só se move quando eu quiser.

    Leonard puxou um dos frascos de água benta de dentro da própria mochila e o desarrolhou, atentou à reação de Svan. O capitão, contudo, nada fez, permanecendo parado.

    — Acha que isso é água benta? – perguntou, divertindo-se com a situação. – Céus, bem que Lancaster falou. O trabalho de John é de dar inveja. Como vocês são estúpidos.

    O arqueiro não deu ouvidos a ele e simplesmente atirou um punhado de água na direção do cavaleiro. Surpreendentemente, ele gritou, agoniado, e se debateu intensamente, sem conseguir sair do lugar. Era água benta; talvez John não tivesse sido tão preciso assim.

    — Será expulso – disse Leonard para Heloise. – E, aí, será a nossa vez.
    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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  7. #27
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    Excelente capítulo novamente, Neal.


    A narração foi tensa, mas o final foi sensacional. Finalmente nos foi mostrado que John não é John de fato, afinal, a mudança de personalidade dele foi muito brusca para parecer que é ele mesmo. E essa agilidade de raciocínio do Leonard, tô até impressionado que ele tenha notado primeiro que tem alguém dentro de Svan e ele não é assim. Com certeza tem um dos Sete Implacáveis dentro dele, mas não faço ideia de quem seja. Com a lábia dele, quem sabe não seja Tafariel?

    E a água benta gerou mais dúvidas. O que John realmente planeja? Se aliar ao inimigo ou destruí-lo de dentro pra fora?


    Grande trabalho nesse capítulo, Neal. Aguardo pelo próximo.



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  8. #28
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    CAPÍTULO 9 – FEAR OF THE DARK


    — Termine sua missão – disse Lancaster, sem olhar para John. – Depois, volte.

    Sem olhar para trás, John se dirigiu às escadarias do castelo e desapareceu de vista. Por um instante, Jason pensou em detê-lo, mas achou que Lancaster faria picadinho dele diante da menor tentativa.

    — Está pronto para rever Crunor?

    O cavaleiro decidiu não esperar e atacou, com muita velocidade. Porém, na metade do tempo, Lancaster simplesmente desapareceu no ar. Jason levantou a Espada por um instante, confuso, no momento em que sentiu algo queimar-lhe as costas, na altura do pulmão esquerdo.

    Lancaster estava próximo da escada, atrás do garoto, e atacou com uma magia razoavelmente frágil, porém extremamente dolorosa. Indignado, Jason rugiu e correu contra ele novamente, sua lâmina encontrando o ar mais uma vez. De uma forma ou de outra, o líder da guilda dos Gatunos da Meia-Noite tinha habilidades muito peculiares e parecia se divertir com combates como aquele.

    Repentinamente, Lancaster surgiu ao lado de Jason e, muito suavemente, tocou sua cabeça com os dedos.

    O ambiente se dissolveu e o garoto mergulhou na inconsciência.

    *

    O corpo de Svan tombou inerte no chão, no mesmo tempo em que uma mulher esguia, magra, de seios fartos e quadril largo surgiu ao seu lado. Seus olhos eram vermelhos como o sangue, e seus cabelos louros estavam presos numa elegante trança, até a metade das costas. Usava armadura vermelha como a cor dos olhos, e havia certa arrogância no modo como empinava o queixo e o nariz perfeitos.

    Ela deu um sorriso de canto, sem revelar os dentes. Heloise fez menção de avançar para Svan, mas Leonard a impediu com o braço, os olhos fixos na mulher.

    — Quem diria – disse ela, a voz suave e melodiosa. – Logo o cabeça-oca.
    — Leonard não é isso – Heloise respondeu entre os dentes, mas o arqueiro fez um sinal curto de cabeça para ela, como quem a instruísse a não entrar naquele tipo de discussão. – Quem é você, afinal?

    A mulher olhou para Leonard, como se o instasse a responder aquela questão.

    — Bazir – disse ele, ainda atento a algo que Heloise não havia percebido até aquele momento. – Mentiras, enganações, enfim. Especialidades da casa.

    Bazir bateu duas palminhas, dando pulinhos no mesmo lugar, excitada.

    — Gostaria de vê-lo lutando por mim – disse ela, revelando, agora sim, seus perfeitos dentes. – Parece haver certo charme na sua falta de inteligência.
    — Quem sabe, em uma próxima vida.

    Um movimento brusco ao pé das escadas chamou a atenção de Leonard. Heloise levantou sua varinha apenas no tempo de ver John atacá-la com uma runa paralisante. Com um movimento brusco, o antigo incandescente de Crunor sacou seu cajado e empurrou a Rainha de qualquer jeito para um canto da sala, olhando de Leonard para Bazir como se finalmente entendesse algo que tivesse lhe escapado.

    Leonard abriu a boca para perguntar “o que pensa que está fazendo?”, mas John paralisou também a ele, atirando-o pela sala como fizera com Heloise. Bazir gargalhou, feliz, e olhou para John como quem olha para um filho prodígio.

    — Lancaster é demais – ela aprovou. – Sabe escolher seus comandados.

    No entanto, sem aviso, John disparou um raio elétrico contra o rosto da mulher, que o recebeu em cheio. No tempo em que ela gritou e levou as mãos à cabeça, o mago venceu a distância até ela e agarrou sua cabeça em um clinch firme, desferindo seis ou sete joelhadas em seu rosto até levar o demônio de Zathroth próximo à inconsciência.

    O combate foi tão breve que pegou Leonard de surpresa. O surgimento de John, a princípio, o fizera crer que o incandescente, de fato, assumira sua posição ao lado de Lancaster e Zathroth. Agora, porém, como costumavam dizer em Yalahar, "algo de errado não estava certo".

    — Que… merda é essa?

    Bazir cuspiu sangue no chão, levantando-se com muita dificuldade. Seu olho direito estava totalmente fechado em função do inchaço originado pelos golpes, mas ela parecia ainda bastante lúcida.

    John levantou seu cajado e disparou descargas contra ela incessantemente, atingindo variadas partes de seu corpo.

    Um cheiro horrível de carne humana queimada se levantou em meio à fumaça dos golpes, e a pele do demônio chiou enquanto Bazir era atacada. Após o último golpe, o corpo inerte dela, praticamente desvanecido, foi o que restou.

    O antigo incandescente conferiu o demônio pela última vez antes de retornar para Leonard e Heloise, libertando-os dos efeitos das runas. Leonard sentia o peito um pouco comprimido pela força utilizada por John, mas parecia mais espantado do que irritado.

    — Por Crunor, o que foi isso?
    — Por Crunor digo eu – John respondeu, e parecia com muita pressa. – Jason está no terraço com Lancaster, não faço a menor ideia de o que está acontecendo lá. Precisamos voltar. Agora.

    Quando John fez menção de correr para a escada, Leonard segurou seu braço com firmeza.

    — Meu rabo sairá daqui somente quando você explicar o que está acontecendo. Não me obrigue a por uma flecha em você.
    — Leonard, não há tempo para isso. Céus. Sou um agente duplo, tudo bem? Tive que quebrar suas flechas e suas poções, deixar Jason sozinho, assumir uma posição ao lado de Lancaster, tudo em prol da missão que me foi dada por Crunor. Precisava agir depressa e não tinha permissão para compartilhar os detalhes. Lancaster me mandou descer para matá-los, e desci para matar Bazir. Vocês não tinham a menor chance contra ela. Entenda. Não tenho tempo para destrinchar ainda mais esse tema.

    John virou-se e, imediatamente, deparou-se com o que sobrou do corpo mutilado de Bazir logo atrás de si.

    Ela levantou as mãos para atacá-lo, porém, antes que pudesse finalizar o que quer que tivesse planejado, uma espada atravessou seu peito na altura do coração, a partir das costas.

    Ela soltou um muxoxo de incompreensão, como se estivesse levemente confusa, porém, a luz deixou seus olhos quase instantaneamente e o restante do seu corpo tombou, finalmente.

    Atrás dela, Svan, com a perna muito ferida e em pé com relativa dificuldade, parecendo à beira da morte, sacou de volta sua espada. Naquele instante, o castelo inteiro tremeu, e o corpo morto de Bazir estremeceu violentamente. No segundo seguinte, uma substância negra e leitosa começou a escorrer de seus olhos, nariz, boca, empapando o chão, como um lodo intratável.

    Heloise correu para Svan para ampará-lo, e John olhou para Leonard, assustado.

    — Puta merda – disse, repetindo a expressão que aprendera com o arqueiro. – Essa foi por pouco.
    — Vão ajudar Jason – disse a Rainha, sofrendo para colocar Svan nos ombros. Ele estava desacordado novamente. – Vou levá-lo aos curandeiros da cidade.

    John e Leonard trocaram um olhar, em que um dizia “desculpas” e o outro “confio em você”, e, finalmente, baixaram a guarda. Os dois trocaram um aperto de mãos muito breve e dispararam escadaria acima, deixando Heloise para trás com seu homem de confiança violentamente ferido.

    *

    Lancaster, enfim, admirava o próprio trabalho. Jason estava suspenso no ar, desacordado, mas ele não poderia tomar a Espada de Crunor naquela ocasião. Dependia do retorno de John, que, àquela altura, já devia ter cumprido sua parte, para concluir os serviços que acreditava dependerem estritamente da sua participação.

    De repente, um projétil errante cortou o ar, passando a milímetros da sua orelha direita. Ele não fez sequer questão de se mover, somente levantando os olhos quando o arqueiro Leonard invadiu o terraço, já equipando outra flecha em seu belo arco.

    John vinha em seu encalço, e Lancaster lutou contra a vontade de sorrir para ele. As coisas vinham acontecendo exatamente como planejado.

    Leonard disparou novamente, e Lancaster pendeu a cabeça para o lado somente por tempo suficiente para que o projétil o errasse novamente.

    Ele levou as mãos ao rosto teatralmente.

    — Oh, não! O poderoso Leonard Saint com uma porção de flechas descalibradas. É o meu fim!

    O arqueiro baixou o arco ligeiramente e o ergueu novamente, franzindo o cenho.

    — Rapaz – disse, assoviando baixinho. – Você é bixa, é?

    Lancaster deu de ombros, sorrindo, e sacou o próprio cajado.

    — A tolice de vocês, guerreiros subalternos, é ligeiramente incomodante para mim, se querem saber. Jason Walker, Heloise Pennyworth, Leonard Saint, oh, Crunor. Isso é o que de melhor você pode me oferecer?

    De repente, John fez um movimento breve com seu cajado no ar.

    Inesperadamente, o corpo de Jason, que flutuava magicamente, despencou, batendo no chão com estrondo.

    Quando Lancaster olhou para John, simultaneamente confuso e incrédulo, finalmente o líder dos Gatunos da Meia-Noite entendeu.

    *

    Jason sentiu uma dor excruciante na cabeça e acordou no chão. Não sabia o que havia acontecido mas, por algum motivo, sentia-se mais desperto do que nunca. Ele se levantou de uma só vez e sacou a Espada de Crunor, atacando Lancaster com a maior ferocidade que podia reunir.

    O feiticeiro gingou para lá e para cá e, vez ou outra, utilizou o próprio cajado para aparar os golpes do espadachim. Paralelamente, Leonard, cuja precisão era fulcral mesmo utilizando-se de projéteis avariados, disparava flechas, com cuidado para não acertar o amigo. Por algum motivo, John também se juntara ao combate e ia disparando feitiços na direção do Gatuno.

    Lancaster desapareceu no ar novamente, mas os instintos de Jason estavam muito aguçados. Na altura em que o feiticeiro surgiu outra vez, o garoto já estava praticamente sobre ele, brandindo sua espada com tanta velocidade que parecia um verdadeiro furacão em forma humana.

    O feiticeiro chutou, porém, Jason já não estava mais no mesmo lugar. Um milímetro de movimento para a direita e o garoto encontrou o ângulo perfeito para uma estocada. A Espada cortou o sobretudo de Lancaster na altura da costela esquerda, o sangue vertendo devagar pelo ferimento aberto.

    John levantou seu cajado e disparou duas achas de fogo naquela direção, acertando uma delas e tendo a outra desviada por Lancaster.

    — O que está acontecendo aqui, John? – perguntou, segurando o ferimento e recuando dois passos enquanto Jason continuava a atacá-lo, sem se preocupar com o acerto de contas entre o feiticeiro e o antigo incandescente.
    — O que está morto deve permanecer morto, Lancaster¹ - John respondeu, sem deixar de atacá-lo. – Você, melhor do que ninguém, deveria saber disso.

    Heloise surgiu pela escada de repente, finalmente se dando conta de que um combate de proporções alarmantes se desenrolava no terraço do seu castelo. Ela não pensou novamente: sacou a própria varinha e engajou-se no combate.

    Por mais poderoso e experiente que Lancaster fosse, não tinha condições de combater dois feiticeiros, um arqueiro e um cavaleiro, ainda menos diante do envolvimento da Espada de Crunor naquela luta. Seu anseio pela relíquia histórica teria que aguardar um pouco mais.

    Ele saltou para trás e afastou Jason com uma cotovelada. Olhou para John, mal crendo na frieza do antigo incandescente.

    — Acertaremos nossas contas em breve.

    Aproximando-se do parapeito do terraço, Lancaster saltou para a noite.
    -----------------------------------------------------------------------
    ¹Dean Winchester, Supernatural, T02E04, "Children shouldn't play with dead things".
    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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  9. #29
    desespero full Avatar de Iridium
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    Saudações!

    Oloco, perdi capítulo adoidado x.x

    Perdão pela demora em aparecer aqui; estou impressionada com o rumo que a história está tomando. E esse último capítulo foi maravilhoso! Amei a aparição de Bazir e os perrengues que o pessoal passou! As cartas foram postas à mesa e o safado do Lancaster escapou x.x

    Eta raid boss do mal! Aguardo o próximo capítulo!



    Abraço,
    Iridium.

  10. #30
    Avatar de Neal Caffrey
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    CAPÍTULO 11 – STAIRWAY TO HEAVEN


    John, Leonard e Jason estavam reunidos em frente à guilda dos druidas de Carlin, em silêncio. Uma pequena multidão se acumulava próximo deles, mas ninguém lhes dirigia a palavra. Por algum motivo, todos pareciam suficientemente convencidos de que Heloise e os três amigos não eram o que fora dito a respeito deles, e a sensação de incapacidade deixara a cidade poucas horas antes.

    Jason já tinha olhado para John diversas vezes, decidido a interpelá-lo, quando mudou de ideia na última hora. Tivera uma ideia bastante boa a respeito de como realizar uma verdadeira leitura do incandescente, mas decidira deixar isso para depois.

    Heloise saiu, segundos depois, e a multidão ameaçou avançar, sendo contida por confusos soldados do exército de Carlin, que pareciam tentar entender como acordaram ali, sendo que a última lembrança que tinham era de uma reunião com Svan e com um feiticeiro chamado Lancaster dias antes.

    — Ele vai se recuperar – disse ela, olhando para as mãos. – Jason, John, Leonard, não sei como agradecê-los. Prometo pensar em algo.
    — Esta é nossa cidade também – Jason respondeu, mas a Rainha não lhe prestava atenção.

    Os agradecimentos especiais da mulher pareciam ter sido direcionados mais a Leonard do que aos demais. Certamente, o comportamento adotado pelo arqueiro ao expulsar Bazir do corpo de Svan rendera a ele alguns pontos junto à Rainha, que já o tinha em grande estima, porque o resgatara quase mortalmente ferido muitos anos antes.

    Por um instante, Heloise retornou ao passado.

    A noite de inverno era suave, a temperatura, agradável. Tinha acabado de repassar detalhes de eventuais proteções externas contra uma possível invasão de Thais a Carlin com seu capitão, Svan. Do terraço da torre mais alta do castelo, ela notou que algo se arrastava nas sombras, pela entrada leste do portão da cidade.

    Era a hora da troca de turnos das guerreiras e, então, Heloise deixou o castelo e se dirigiu até lá.

    A poucos metros da entrada de Carlin, ao norte do cemitério, encontrou algo que se parecia alarmantemente com um zumbi, um morto-vivo. Sacou sua varinha imediatamente. Que estranho. Nunca vi mortos-vivos na superfície, tampouco próximos de cidades.

    Ansiosa, ela aguardou. A coisa rastejou em sua direção e, em tempo, ela percebeu que se tratava de um menino, com não mais de oito anos completos. Ela baixou ligeiramente a varinha e se aproximou devagar, temerosa.

    No instante seguinte, já gritava ordens às guerreiras que assumiram seu posto na vigia noturna. Em menos de dez minutos, o garoto de pele morena queimada pelo sol, cabelos finos e porte físico avantajado para a idade já estava removido à guilda dos druidas, no sudoeste da cidade.

    A Rainha não sabia explicar o motivo, mas foi dominada pelo sentimento de preocupação nos dias subsequentes. Não tinha sido o primeiro forasteiro que resgatara, porém, as demais cidades do continente tinham a política de não acolher homens naquela condição. Lumelia fora traída em Edron naquela situação, e os heróis, encampados e em campo de batalha, jamais conseguiram resgatá-la. Até aqueles dias, o paradeiro da princesa de uma das maiores potências do mundo ainda era incerto, apesar de alguns já terem sua morte em conta.

    Quando, finalmente, a Rainha fora informada que o garoto melhorara e que sua condição era boa, ela o visitou na enfermaria. Realmente, o forasteiro já parecia bem mais corado e vinha sendo tratado muito bem pelas druidas da cidade.

    — Como é o seu nome? – perguntou ela, cautelosamente, sentando-se ao pé da cama do garoto.

    Ele sacudiu a cabeça em sinal negativo, os olhos estalados ligeiramente grandes para o tamanho da cabeça.

    — De onde você vem?

    Novamente, o garoto fez que não. Pobre coitado.

    — O que houve? Como você ficou naquele estado?

    O menino olhou através da janela na parede oposta, um pouco perdido em pensamentos. Quando Heloise decidiu que aquela entrevista seria em vão, ele finalmente decidiu falar.

    — Desculpe, senhora – disse, a voz muito infantil, criando um nó indesejado na garganta da Rainha. – Não sei meu nome, nunca soube. Costumavam me chamar de dagabunda, ou algo do gênero.
    — Vagabundo?

    Ele fez que sim, sua inocência acentuando o sentimento de pena de Heloise. Ela notou que lhe faltavam alguns dentes, mas não haviam sido arrancados. Ele estava em fase de troca, embora tardia.

    — Venho de Venore, mas não sei onde nasci. Acho que foi lá, mesmo.

    Heloise se sentou novamente, as mãos cruzadas sobre o colo.

    — Ouvi dizer que Ab’Dendriel treinava arqueiros, então decidi ir até lá para saber se os elfos poderiam me treinar – ele prosseguiu, parecendo cada vez mais frágil, cada vez menos autossuficiente. – Acho que tomei o caminho errado.
    — Quem atacou você?

    Ele pensou por um instante, a testa franzida.

    — Mercenários – disse, por fim. – Estavam bêbados, mas se divertiram. Não posso culpá-los. Creio que tenham parado porque acharam que eu estava morto.

    Heloise desviou o olhar, constrangida. Era comum que a rota entre Carlin e Venore fosse dominada por mercenários, alguns contratados, outros por conta própria. Era um problema recorrente que todas as cidades acabavam por enfrentar, cedo ou tarde, mas nunca achou que fossem capazes de atacar um garoto de menos de dez anos de idade.

    — Você gosta de atirar? – ela perguntou, tentando mudar o rumo da conversa.

    Ele fez que sim, um sorriso infantil perpassando seu rosto magoado.

    — Sou muito bom nisso, aliás.

    Heloise chamou a curandeira e emitiu uma ordem. Cinco minutos depois, uma mulher de cabelos roxos, carregando uma lança mágica, apareceu, fazendo uma curta reverência à Rainha.

    — Legola, assim que este menino terminar, quero que treine sua pontaria – ordenou, os olhos fixos no garoto a uma distância razoável, onde eles não podiam ser ouvidos. – É um forasteiro, chegou quase morto, mas é muito inocente.
    — Será um prazer, Rainha – Legola respondeu, olhando para o garoto.

    Quando a líder da guilda dos arqueiros da cidade deixou a enfermaria, Heloise se aproximou do garoto novamente.

    — De que nome gosta?

    Ele olhou para ela e pensou por um instante.

    — Saint – disse, como quem pedisse desculpas. – É o nome de um moço que me ajudava em Venore. Nunca roubei nada, senhora. Juro. Mas ele tomava algumas coisas de uns comerciantes e me fornecia, para que eu não morresse de fome.

    A Rainha fez que sim, aprovando.

    — Qual mais?

    Ele pensou novamente, aparentemente se divertindo.

    — Tem um homem em Venore que canta muito bem e se chama Leonard.
    — Leonard Saint será o seu nome. De acordo?

    Ele fez que sim imediatamente, feliz.

    — Descanse. Amanhã, venho vê-lo novamente.

    De volta ao presente, Heloise mal reparou que Jason falava algo sobre verificar o estado atual da propriedade que detinha com Leonard. Ela assentiu uma vez, e eles saíram, ficando apenas John.

    O incandescente olhou para a Rainha longamente, sem dizer palavra. Ela retribuiu o seu olhar, achando que, como os demais, ele se expusera a um extremo risco em prol da realização da missão. Carlin, agora, parecia totalmente livre das influências de Zathroth e Lancaster, e todos poderiam passar por um período de paz novamente.

    Finalmente, pensou, sentindo-se mais cansada do que nunca.

    *

    A casa de Jason e Leonard estava surpreendentemente intacta. Nem um tijolo sequer fora do lugar. Aparentemente, os dragões foram à desforra somente na parte norte da cidade, já que boa parte da porção sul preservava suas características mais marcantes.

    Não tardou para que Leonard aparecesse com aquele cachimbo aceso novamente, e os dois foram até a sacada, onde costumavam se reunir com frequência. Das duas, uma: ou Svan não se interessara por sua casa, ou algo o impedira firmemente de passar pela porta. Fato é que tudo estava cirurgicamente irretocado, exceção feita à poeira que se acumulava aqui e ali.

    Jason e Leonard se sentaram naqueles familiares bancos de madeira, sentindo que o jardim suspenso dependia de uma aparação leve, nada muito fora do comum. Por um instante, nenhum dos dois disse nada, somente saborearam o gosto do tabaco moído com frutas secas.

    — Sabe que nossa missão não acabou, não é?
    — Que cortês é você. Sequer me permite um minuto de descanso.

    Os dois riram por um segundo, mas Leonard logo assentiu.

    — Cara, sei no que você está pensando – disse. – John tem que ser um excelente ator para estar nos traindo, sinceramente. Minha desconfiança ao seu respeito se dissolveu no instante em que ele espancou Bazir. Creio que nem mesmo tenha deixado de ser um incandescente. Acho que ainda compõe as fileiras de Crunor.
    — É uma possibilidade – Jason respirou fundo e esfregou os olhos, cansado. – Mas não posso evitar, preciso interrogá-lo com um pouco mais de tranquilidade.
    — Pode fazê-lo já - disse uma terceira voz.

    John subiu as escadas e sentou-se ao lado de Jason, os olhos fixos no amigo. Ele levantou o braço esquerdo e revelou a pele nua, onde não havia qualquer tatuagem que o vinculasse aos Gatunos da Meia-Noite.

    Jason arqueou as sobrancelhas e Leonard abriu a boca em um “O” perfeito.

    — Sinto muito pelo sofrimento que fiz com que passassem nos últimos dias, amigos. Realmente, não pude revelar nada a respeito da minha missão.

    “Como vocês já devem saber a essa altura, é claro, nunca deixei de ser um incandescente. Precisei tomar decisões heterodoxas pelo caminho, tirar a vida de inocentes, mas o sacrifício de poucos justifica a sobrevivência de muitos. É um aspecto enraizado em nossa cultura do qual não podemos nos dissociar.

    “Crunor recebeu as almas do carcereiro de Carlin, dos elfos de Ab’Dendriel, do capitão do navio, enfim. Todos receberão suas honrarias e passarão a eternidade nos Campos Elísios. Seu sacrifício não foi o motivo, mas foi o reflexo da nossa missão. Foi necessário”.

    O espadachim baixou os olhos, pensando a respeito. Afinal de contas, não havia apenas uma vida terrena, obviamente. Crunor era o responsável pela passagem, e acolhia as almas daqueles que atuaram em seu nome, mataram por ele, morreram por ele, lutaram por ele, ainda que indiretamente. Sentiu-se momentaneamente estúpido por não ter considerado aquelas possibilidades em tempo hábil.

    — Desta vez, Zathroth tomou Svan – continuou John. – Da próxima, poderá tomar Arthur, Yalahari, Palimuth, ou mesmo Lancaster. E nossos problemas serão ainda maiores.
    — O que sugere? – Leonard puxou fumaça pelo cachimbo.
    — Precisamos invadir os Poços do Inferno e dizimar os soldados de Zathroth, imediatamente. Enfraquecido do lado de fora, ficará vulnerável do lado de dentro.

    Jason refletia sobre uma eventual quebra de equilíbrio quando John o interrompeu.

    — Existe carne nova no pedaço, Jason. Alguém que achávamos que não existia, mas que disputará o trono palmo a palmo com Zathroth. Alguém que não conseguirá se manter neutro, e que tentará ocupar seu lugar. E conseguirá, e a guerra continuará.

    Jason sentiu seus pelos se eriçarem.

    — E quem é?

    John respirou fundo.

    — Os cristãos o chamam de O Anjo Caído.

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    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
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