Então John não abandonou sua condição (i)mortal no final das contas. A explicação de John sobre os corpos, pelo "bem maior" e td mais... Se me perdoa o humor negro, só faltou um ALAHU AKBAR depois dessa explicação .-.
Excelente história do passado de Leonard. Embora a história "seja" de Jason Walker, o Leonard parece ser o cara que mais anda roubando a cena ultimamente haha.
E pra encerrar... Lúcifer! Pelo visto essa treta vai tomar umas proporções de outro mundo, se me permite o trocadilho.
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Não espere algo bem elaborado e feito. De resto...
Eu já tinha terminado de ler antes, mas não pude comentar mais cedo.
Rapaz, que capítulo de tirar o fôlego! Foi pesado, foi agitado e terminou com um suspense digno; a sua mistura de Tibia com a nossa realidade é algo fantástico e que você faz com muita maestria. Mesmo. Eu quero muito ver o desenrolar de tudo isso. Fiquei hipnotizada do início ao fim. Você tem uma ótima história nas mãos, já te disse isso antes e venho aqui reforçar.
Eu só quero ver essa galera na Pits of Inferno. Quero ver como você vai abordar e descrever o cenário, as lutas, os caminhos... Ah, mal posso esperar!
(8)Lucifer Mortuus Diabolus
Nec Deus Nec Arcangealus....(8) (Trecho da música "Lucifer", da banda E Nomine. Depois dê uma olhada, se for de seu interesse xD)
Lúcifer. Não imaginei que você combinaria as coisas da nossa realidade com a do Tibia a esse nível. Mas, devo dizer, estou empolgado para ver o desenrolar disso.
Ótimos capítulos estes Neal, fiquei impressionado e me sentindo um pouco burro de não ter notado que era Bazir que tomou o corpo de Svan. E bem, eu fiquei um pouco decepcionado por Bazir ter sido derrotado fácil assim, mas me lembrei que sua história não é um Dragon Ball ou um Naruto da vida, então não tem problema. Eu gostei da personalidade dele(a) e creio que iria gostar mais de ver esse Implacável em ação por certos motivos(), mas não colou.
Serio que ele vai entrar nessa parada ai? Vade retro! Tá amarrado! Tá repreendido!
Não vai ter água benta que resolva. Esse arco da retomada de Carlin foi maís rápido do que eu pensava. Mas isso graças ao Leonard Saint. Graaaande Leonard ,esse cara é bom.
Notinha de rodapé 1: quer dizer que o Lancaster dá ré no kibe. Escorrega na maionese.
Notinha de rodapé 2: O Jason e a galera dele vão mesmo tomar um Maria da Penha pela frente. Já é a segunda mulher que eles descem a bordoada. Ô loco meu.
Então John não abandonou sua condição (i)mortal no final das contas. A explicação de John sobre os corpos, pelo "bem maior" e td mais... Se me perdoa o humor negro, só faltou um ALAHU AKBAR depois dessa explicação .-.
Excelente história do passado de Leonard. Embora a história "seja" de Jason Walker, o Leonard parece ser o cara que mais anda roubando a cena ultimamente haha.
E pra encerrar... Lúcifer! Pelo visto essa treta vai tomar umas proporções de outro mundo, se me permite o trocadilho.
Sabe que eu ainda não havia me decidido sobre John até este capítulo? Somente no decorrer dele é que, sabedor de que havia duas formas de abordar o problema, decidi por uma delas. Tinha dúvidas sinceras.
Obrigado pela presença, assertivo como sempre.
Postado originalmente por Iridium
Saudações!
Eu já tinha terminado de ler antes, mas não pude comentar mais cedo.
Rapaz, que capítulo de tirar o fôlego! Foi pesado, foi agitado e terminou com um suspense digno; a sua mistura de Tibia com a nossa realidade é algo fantástico e que você faz com muita maestria. Mesmo. Eu quero muito ver o desenrolar de tudo isso. Fiquei hipnotizada do início ao fim. Você tem uma ótima história nas mãos, já te disse isso antes e venho aqui reforçar.
Eu só quero ver essa galera na Pits of Inferno. Quero ver como você vai abordar e descrever o cenário, as lutas, os caminhos... Ah, mal posso esperar!
(8)Lucifer Mortuus Diabolus
Nec Deus Nec Arcangealus....(8) (Trecho da música "Lucifer", da banda E Nomine. Depois dê uma olhada, se for de seu interesse xD)
Abraço,
Iridium.
Suas referências são as melhores. Nada mais a acrescentar, Iridium.
Postado originalmente por CarlosLendario
Lúcifer. Não imaginei que você combinaria as coisas da nossa realidade com a do Tibia a esse nível. Mas, devo dizer, estou empolgado para ver o desenrolar disso.
Ótimos capítulos estes Neal, fiquei impressionado e me sentindo um pouco burro de não ter notado que era Bazir que tomou o corpo de Svan. E bem, eu fiquei um pouco decepcionado por Bazir ter sido derrotado fácil assim, mas me lembrei que sua história não é um Dragon Ball ou um Naruto da vida, então não tem problema. Eu gostei da personalidade dele(a) e creio que iria gostar mais de ver esse Implacável em ação por certos motivos(), mas não colou.
Aguardo o próximo capítulo.
Que isso, cara. Carlos Lendario falou, tá falado, e se ele não disse é porque não aconteceu.
Pra tudo há uma adequada explicação, inclusive com relação à derrota fácil de Bazir e de outros que virão a seguir. Espero não decepcionar.
Postado originalmente por Glauco
O que?
O cramuião?
O tinhoso?
O encardido?
O coisa ruim?
Serio que ele vai entrar nessa parada ai? Vade retro! Tá amarrado! Tá repreendido!
Não vai ter água benta que resolva. Esse arco da retomada de Carlin foi maís rápido do que eu pensava. Mas isso graças ao Leonard Saint. Graaaande Leonard ,esse cara é bom.
Notinha de rodapé 1: quer dizer que o Lancaster dá ré no kibe. Escorrega na maionese.
Notinha de rodapé 2: O Jason e a galera dele vão mesmo tomar um Maria da Penha pela frente. Já é a segunda mulher que eles descem a bordoada. Ô loco meu.
Cara, pelo amor de Deus, não suma. Seus comentários são os melhores UHEAUHEAUHEA
Obrigado pelo retorno.
CAPÍTULO 12 – SHOW MUST GO ON
Leonard levantou-se e demorou um segundo para entender onde estava. Os dias anteriores haviam sido tão turbulentos que ele sequer conseguira uma noite completa de descanso como aquela.
Jason já havia saído, mas não era surpresa alguma. O relógio de pêndulo marcava onze da manhã. Céus. Dormi demais.
Vestiu-se devagar, fez sua higiene matinal e saiu para o ar surpreendentemente abafado. Não usava nada além de roupas simples de linho, brancas; imaginou que não precisaria usar armas, ao menos não naquele dia.
A reconstrução da cidade tomara uma proporção vertiginosa durante a madrugada. Aparentemente, Bambi Bonecrusher estava certa: a magia de Bazir e Lancaster vinha entravando o desenvolvimento de Carlin, que agora parecia bem mais vistosa e cheia de vida. Heloise trabalhara muito depressa, e muitas pessoas já haviam sido removidas das ruas e devolvidas aos seus lares.
Falando em Bambi, Leonard encontrou-se com a guerreira junto ao portão leste da cidade.
— Bom dia, Bela Adormecida – disse ela.
Leonard bocejou, sem responder.
— Achei que viajaria com Jason – ela continuou, relanceando os olhos para a estrada e voltando-os para ele, claramente puxando assunto.
— É, precisei descansar um pouco m…
O arqueiro tombou a cabeça de lado, confuso.
— Desculpe, viajar com quem?
Foi a vez de Bambi se sentir confusa.
— Jason. Ele deixou a cidade pouco antes do nascer do sol.
— Ele o quê?
*
Leonard chutou um vaso d’água com força, partindo-o ao meio, frustrado. Utilizara suas melhores magias de localização e, mesmo com toda a conexão que tinha com o amigo, não conseguira qualquer pista do seu paradeiro. Jason não havia informado ninguém a respeito de qualquer viagem, mas Bambi o viu partir vestido de armadura completa e apenas com uma mochila.
John, imediatamente, levantou a tese de que Jason havia partido rumo aos Poços do Inferno sozinho, mas Leonard achava que havia uma inconsistência nessas considerações do incandescente. Nem mesmo diante das mais críticas situações Jason decidira agir sozinho; o arqueiro era seu companheiro de caçadas, lucros e fracassos. John, que surgira há menos de um ano, não conhecia sequer de longe o espadachim como Leonard.
— Preciso sair – disse o arqueiro. – Levantar informações sobre Jason.
— Em hipótese alguma trabalharemos com contingete ainda mais reduzido – disse John, pensando racionalmente. – Vou até o Paraíso e conversarei com Crunor. Enquanto isso, Leonard, você ficará exatamente onde está, e diminuirá de sobremaneira sua ansiedade. Temos um acordo?
— Quanto tempo levará?
John pensou por um instante.
— Estarei de volta antes do entardecer.
— Isso é tempo demais.
Leonard andou para lá e para cá, visivelmente em estado de choque. O desaparecimento de Jason parecia ter causado a ele mais avarias do que o arqueiro gostaria de admitir.
John colocou-se de pé.
— Pode ser, mas você ficará em Carlin, ou, por Crunor, quebrarei suas duas pernas e partirei sua coluna ao meio.
O incandescente deixou a casa dos amigos antes que Leonard, mais frustrado do que nunca, mas obediente, pudesse respondê-lo.
*
John chegou defronte a um portão de ferro maciço, levantando o punho direito. Em seguida, atravessou as grades como se fossem feitas de fumaça.
Agora, o incandescente encontrava-se em um extenso campo de copos-de-leite e rosas, caminhando sobre uma delineada trilha de paralelepípedos dourados. À frente, muito à frente, um imponente casarão alvo como a neve erguia-se do chão, como um leviatã surgido das profundezas.
Os incandescentes não costumavam ir até o Palácio dos Deuses com frequência, mas também não costumavam ser mal recebidos. John baixou a cabeça ao cruzar a esplanada da fachada, parando defronte a uma dupla de portas de carvalho puro.
As portas se abriram para dentro e ele entrou.
Agora, achava-se em uma antecâmara espaçosa o suficiente para caber um quarto do município de Carlin, com sobras. O espaço não continha nada, exceto uma escrivaninha junto à parede oposta, atrás da qual achava-se sentado um homem de cabelos médios e barba longa, grisalho. Sequer levantou os olhos quando John se aproximou; por um bom tempo, mesmo depois disso, continuou focado em um extenso pergaminho que lia com a ajuda de óculos de meia-lua.
Finalmente, o homem ergueu a cabeça e baixou os óculos, cruzando as mãos.
— Senhor – disse John, fazendo uma reverência exagerada.
— John – o homem sorriu; a voz era bondosa. – Meu melhor incandescente.
O incandescente sabia que estava diante de mais um dos testes de Crunor, e não se deixou levar pelo elogio. O orgulho era uma das características desprezadas pelo Criador. Em hipótese alguma poderia deixar que o sentimento o dominasse.
— Senhor, solicito providências com relação à localização de Jason Walker.
Crunor se recostou à cadeira de espaldar alto, descansando os punhos sobre os braços, um de cada lado. Ele estreitou os olhos.
— Proibiu Leonard Saint de procurá-lo – não era uma pergunta.
John fez que sim, ainda de cabeça baixa.
— Acha que Leonard Saint seria incapaz de encontrá-lo – uma vez mais, não se tratava de uma pergunta. – Crê que Jason Walker diligenciou por si mesmo aos Poços do Inferno e decidiu enfrentar Zathroth sozinho.
O incandescente assentiu mais uma vez, sentindo um incômodo tremor sobre o olho direito.
— Você cumpriu duas das mais difíceis missões que designei a um incandescente na história da existência do universo – prosseguiu Crunor, ainda de olhos estreitados, sem, contudo, soar agressivo. – E não acreditou que o amor que Leonard Saint sente por Jason Walker seja capaz de fazer com que ele encontre seu amigo querido.
John anuiu, em silêncio.
— Você é competente, John, e acertou duas alegações de três. De fato, proibiu Leonard Saint de procurar Jason Walker. De fato, creu que o arqueiro não poderia encontrá-lo. De fato, crê que Jason Walker foi até o Caminho dos Sonhos sozinho.
Pela primeira vez, John ergueu os olhos, permitindo-se a ousadia.
— Onde foi que errei, Senhor?
Crunor fez um cachinho com a barba na altura do queixo, reflexivo.
— Leonard Saint é um arqueiro poderoso – disse, em tom de esquiva. – Se quisesse encontrar Zathroth, conseguiria.
— Então Jason Walker realmente foi até os Tronos de Zathroth por si mesmo.
O Criador fez que sim, fazendo pouco caso.
— Senhor, solicito providências no sentido de demover Jason Walker de sua ideia, imediatamente – John não se conteve, e disse em tom alarmado. – Ele não poderá enfrentar os Sete Implacáveis e Zathroth simultaneamente sem ajuda.
O outro piscou duas vezes, fitando o vazio.
— O que o faz imaginar isso?
— Senhor, Jason Walker não conseguiu vencer Lancaster Wilshere sozinho. Os Sete Implacáveis… ele não terá a menor chance.
Crunor passou um tempo em silêncio, levandou John quase ao enlouquecimento. Parecia, porém, ponderar.
— Jason Walker não derrotou Lancaster Wilshere porque não quis – disse, finalmente. – Teria feito em menos de dois minutos, se quisesse.
John arqueou as sobrancelhas, surpreso.
— Como é?
— Exatamente isso – Crunor assentiu, como se quisesse dar ênfase ao que dizia. – Jason Walker teria acabado com a raça de Lancaster Wilshere em menos de dois minutos se assim quisesse. Ele decidiu expor você ao benefício da dúvida e aguardou seu retorno, como que para comprovar uma tese. Diga-se de passagem, até mesmo a mais obtusa das mentes teria notado que Jason Walker passou a lutar cem, duzentas, quinhentas vezes melhor depois que você retornou.
O incandescente vacilou por um instante, crendo que estava imaginando coisas.
— Quer me dizer que Jason Walker correu o risco de perder a Espada tão somente para provar minha lealdade? Ora, isso é um tanto quanto estúpido.
— Respeite-me.
O tom de Crunor não foi agressivo, tampouco ordenatório. Foi até afável. Cordial. Entretanto, John calou-se no mesmo instante. Já achava que estava violando diversos limites, e que Crunor estava sendo deveras paciente até aquele momento. A paciência do Criador, contudo, não se alterou. Ele permaneceu reflexivo, enquanto John praticamente queimava de dentro para fora.
— Indefiro – disse, por fim. – Jason Walker tem o que é necessário.
— Mas, Senhor…
— Escute-me, John.
Crunor pôs-se de pé, e John resistiu bravamente ao impulso de recuar um passo.
— Se quer ajudar Jason Walker, retorne e organize uma expedição. Porém, não devo, e não faria se devesse, intervir no futuro do garoto. Jason Walker é um homem e deve ser tratado como tal. E, como tal, é livre, e todo homem livre está condenado a fazer escolhas. Ele fez a dele. Faça você a sua.
— Não sou livre.
Crunor sorriu, achando graça.
— Você é mil vezes mais livre que Gabriel, Rafael e Miguel, que são arcanjos, John. Você é meu descendente, é tataravô de Jason Walker e é seu protetor e mentor. Proteja-o, se achar que deve, mas este tema não receberá intervenções diretas da minha parte.
John respirou fundo, nervoso, quando algo chamou sua atenção.
— Intervenções diretas, Senhor?
Crunor piscou para ele com um olho só, sorriu e se sentou novamente. John entendeu que a conversa estava finalizada.
Com uma última reverência, ele deixou o Palácio dos Deuses.
*
Jason e Lancaster trocaram um aperto de mão breve mas significativo. O acordo entre eles estava selado. O feiticeiro sorriu, satisfeito.
O espadachim, dono da Espada de Crunor, sabia que corria um gravíssimo risco ao negociar com os Gatunos da Meia-Noite. Rejeitara veementemente a sugestão de Lancaster para que se juntasse a eles, mas aceitaria trabalhar com eles se julgasse necessário.
Antes mesmo que John e Leonard o interpelassem, o cavaleiro decidira agir. Achara que Zathroth fora longe demais ao colocar Bazir no comando de Carlin. Nem mesmo Crunor poderia saber qual seria o próximo passo da trupe do Rei do Inferno.
Agora, precisava agir depressa. Firmara um contrato perigoso. Trabalhar com Lancaster não era o objetivo, mas era uma consequência.
Invadiria os Poços do Inferno e dizimaria todos os demônios de Zathroth.
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Última edição por Neal Caffrey; 19-02-2017 às 23:27.
Rapaz... Jason partindo sozinho pros Poços do Inferno e ainda se aliando com Lancaster? Eu precisei ler mais de uma vez pra notar que o cara realmente pediu ajuda pros Gatunos da Meia-Noite pra entrar em PoI. Impressionante.
Esse capítulo trouxe algo que eu nem lembro se já foi mencionado ou não, que é o fato do John ser tataravô de Jason. Caralho, não esperava por essa. Ainda bem que John não se tornou um traira de verdade, senão, ele seria um grande cuzão em se virar contra um descendente dele. É bom saber que não é nada disso.
Mais uma vez um excelente capítulo Neal, estou ansioso para ver os arcanjos agirem de alguma forma sobre a história. Depois que Lúcifer foi mencionado, a expectativa de rolar uma treta gigante aí cresceu bastante.
Rapaz... Jason partindo sozinho pros Poços do Inferno e ainda se aliando com Lancaster? Eu precisei ler mais de uma vez pra notar que o cara realmente pediu ajuda pros Gatunos da Meia-Noite pra entrar em PoI. Impressionante.
Esse capítulo trouxe algo que eu nem lembro se já foi mencionado ou não, que é o fato do John ser tataravô de Jason. Caralho, não esperava por essa. Ainda bem que John não se tornou um traira de verdade, senão, ele seria um grande cuzão em se virar contra um descendente dele. É bom saber que não é nada disso.
Mais uma vez um excelente capítulo Neal, estou ansioso para ver os arcanjos agirem de alguma forma sobre a história. Depois que Lúcifer foi mencionado, a expectativa de rolar uma treta gigante aí cresceu bastante.
Como sempre, aguardo o próximo.
Salve, Carlos! Existem outras ideias para a continuação da história; tenho o final desta já em minha cabeça e o começo da próxima também bastante delineado. Vamos chegar lá. Só tenho a agradecer por você estar me acompanhando até aqui.
CAPÍTULO 12 – INSIDE THE FIRE
Svan, magicamente e integralmente recuperado, Heloise, Leonard e John conversavam em voz baixa no saguão do Quartel General do Exército de Carlin. Àquela altura, a magia dos cidadãos já havia reconstruído mais de noventa e cinco por cento do município, algo que preenchera quase que inteiramente o tempo da Rainha nos últimos cinco ou seis dias.
Jason Walker se fora há quatro. E John retornara com a péssima notícia de que Crunor não conseguira encontrá-lo.
Leonard tentara organizar uma equipe imediatamente para partirem, mas fora convencido pelo incandescente de que Jason tomara uma decisão que poderia colocar em risco não somente ele, como, também, todos os amigos. Enfrentar os Tronos de Zathroth de peito aberto somente para buscar o cavaleiro seria suicídio, caixão para todo mundo.
Naquele instante, John explicara que nenhum dos comerciantes ou capitães de navios de quaisquer cidades do continente haviam visto Jason. Era um bom sinal: provavelmente, o cavaleiro teria partido para as Planícies do Caos sozinho, e a pé, o que daria aos amigos vantagem temporal de sobremaneira caso decidissem por partir até Venore de navio. Dali, a caminhada para a entrada dos Poços do Inferno não levaria mais do que metade de um dia.
Enfrentavam, agora, um outro agravante um pouco mais complexo: dizia a lenda que o acesso aos Poços dependia da presença de um arqueiro, um druida, um feiticeiro e um cavaleiro. E era por isso que Svan participava daquela conversa.
John argumentou, em diversas ocasiões, que mesmo que tivessem as quatro vocações à disposição, uma equipe um pouco maior seria necessária. Leonard não aguardou outras instruções e saiu, estabelecendo contatos e retornando três horas depois sem dizer palavra.
Svan aceitara compor a expedição, o que significava, em tese, que Bambi Bonecrusher assumiria interinamente sua posição no Exército de Carlin. Para Heloise, tudo bem; porém, ela também decidira acompanhar os amigos, o que deixaria Carlin momentaneamente sem um rei.
Às cinco da tarde daquele dia, um homem excêntrico, com longos cabelos louros presos em uma trança caprichada, utilizando capa de veludo irretocável e de olhos azuis, apareceu. Heloise o acolheu como quem recebesse um irmão.
— Este é Daniel Steelsoul – informou ela, brevemente. – É acompanhante da regência atual de Edron. Ocupará minha posição temporariamente enquanto diligenciamos para nossa missão.
Os outros assentiram, sem dizer nada. Heloise deixou a sala no minuto seguinte, pronta para passar a Steelsoul a programação adequada para aquele tempo em que ela ficaria fora.
Causara certo susto em John o fato de que nenhum daqueles presentes parecia ter real noção do perigo que enfrentariam a seguir. De outro modo, aliás, todos davam a entender que encaravam aquilo como se fosse outra expedição a Senja. Foi com muita dificuldade que o incandescente conseguiu alertá-los a respeito dos riscos, o que, em verdade, não fez diferença alguma. Todos estavam deveras decididos.
Às sete da noite, Heloise retornou, trazendo consigo três mulheres praticamente seminuas. Trajavam somente algumas peles de animais, e a maior parte dos corpos robustos e bonitos estava à mostra.
Amazonas.
— Essas senhoritas dizem que você as contatou, Leonard – disse a Rainha, registrando de pronto a aparência excêntrica de cada uma delas.
O arqueiro se adiantou e abraçou afetivamente aquela que aparentava ser a líder do grupo. No instante seguinte, ela tirou o capuz, revelando uma mecha de sedosos cabelos vermelhos como o fogo.
— Soube que meu homem enlouqueceu – disse Melany, sorrindo de canto.
— Por Crunor, essa, sim, é uma boa notícia.
John também se adiantou e abraçou a garota, que retribuiu, feliz.
— Estamos as três disponíveis para a empreitada. E, antes que você diga alguma coisa – ela levantou um indicador para silenciar John, que já começara a falar –, estamos perfeitamente cientes do que vamos encontrar em Venore.
— Não é somente isso – John se sentou e juntou as pontas dos dedos. – Existe um certo potencial ofensivo em nosso novo desafio que pode fazer com que Zathroth se pareça com um coelho da páscoa. Estou falando, é claro, do Anjo Caído.
Todos os outros trocaram um olhar constrangido, aparentemente bastante conhecedores de quem era o Anjo Caído e do que ele era capaz. Leonard, obtuso, como sempre, fitava o vazio com a boca semiaberta.
— Enfraquecer Zathroth significa fortalecer o Anjo Caído – continuou o incandescente, ligeiramente tenso. – Ele destinou seus melhores recursos a esta batalha e, francamente, parece muito próxima de vencê-la, cedo ou tarde. O fará com ainda mais maestria se auxiliarmos sua empreitada.
— O que sugere? – perguntou Svan. – Que deixemos Jason à própria sorte?
John sacudiu a cabeça em sinal negativo.
— Que estejam cientes de que enfrentaremos a mesma guerra em duas frentes. Os arcanjos Gabriel, Miguel e Rafael foram designados por Crunor para conter os avanços do Anjo Caído em alguns pontos do continente, e eles têm obtido relativo sucesso em alguns desses combates. Muitos incandescentes já morreram, e outros tantos já foram gravemente feridos.
“O que quero dizer é que o Anjo Caído é infinitamente mais poderoso do que Zathroth, que é apenas um meio-irmão de Crunor. Seu contingente é eficiente e seus soldados, sanguinários. Não traçam planos. Matam. Matam, pilham, destroem, e queimam o que sobra. Se ele ainda não avançou sobre os Poços do Inferno, é porque os desconhece.
“Resgataremos Jason e derrubaremos corpos pelo caminho, se necessário. Porém, devo advertir-lhes que, tão logo façamos isso, Zathroth terá somente peões à disposição, e o Anjo Caído fará pedaços deles com velocidade inexplicável. Nesse instante de enfraquecimento de uma frente, a outra estará automaticamente fortalecida. Temos de ter isso em mente. Não é determinante para fecharmos a expedição, mas é importante para que entendamos o que pode derivar dela”.
Todos fizeram que sim, finalmente se dando conta de quais eram os fatores envolvidos no combate que estavam prestes a delinear. Por um longo instante, ninguém disse absolutamente nada, até que, farto, Leonard se levantou e saiu para a noite de Carlin.
Melany não demorou para alcançá-lo e logo estavam caminhando pelas ruas e vielas de Carlin, cuja reconstrução já estava quase completa.
— Jason pirou, não foi?
O arqueiro olhou para a amiga, incerto.
— Jason é um homem sábio – respondeu, pesando as palavras. – Se foi até os Poços sozinho, tinha a intenção de poupar o restante do grupo. O problema é que ele não tem chances. E não ficaremos de braços cruzados esperando a morte chegar.
A garota fez beicinho, reflexiva.
— Ouvimos falar no Anjo Caído no acampamento do extremo leste. Um ermitão de Venore nos informou que é uma espécie de demônio, e que está preso numa jaula. Aparentemente, alguns trabalhos precisam ser feitos para que ele seja libertado definitivamente. Seus soldados parecem estar tentando entender o que é necessário para isso.
Leonard fez que sim, pouca conta fazendo do tal Anjo Caído.
— Vencidos seis desafios, ele ascende – continuou ela, analisando criticamente a postura do outro. – Disso, já sabíamos. Não sabemos exatamente o que precisa ser feito.
— Melany, olhe, entendo que você esteja preocupada…
— Com o Anjo Caído mas não com a vida de Jason?
Os dois pararam em frente à loja de poções, no sul de Carlin. A casa de Leonard e Jason ficava a poucos metros dali. Melany dirigiu a Leonard seu olhar mais frio, mais calculista. O arqueiro precisava entender que a morte de poucos era justificada pela salvação de muitos.
John Walker passara um bom tempo com as amazonas no acampamento do extremo leste antes de diligenciar para a missão que lhe fora concedida por Crunor. Lá, o incandescente explicara às arqueiras que algumas vidas deveriam ser sacrificadas em prol de um bem comum, e que, possivelmente, a de Jason Walker seria uma delas.
Tardiamente, Melany descobriu que John era um antepassado distante de Jason, talvez bisavô de seu pai. Aquilo, evidentemente, mudou a forma como a amazona enxergava o incandescente. Entendia quando alguém se dispunha a sacrificar uma vida em detrimento de outras tantas, mas John não parecia se importar com o fato de que Jason, o último descendente vivo que ele possuía e que derivava da própria linhagem de Crunor, poderia ser uma dessas vidas.
Agora, contudo, enxergava certa lógica na argumentação do incandescente, e sentia-se ligeiramente frustrada que Leonard estivesse disposto a colocar em risco a vida de todos para salvar a de Jason. Melany o amava, e isso era deveras óbvio até mesmo para os mais obtusos dos observadores, mas acreditava que tinham uma missão e tanto nas mãos e que certos sacrifícios eram requeridos para garantir que a missão fosse concluída com sucesso.
Leonard deu-lhe um abraço breve e marchou sozinho para a própria casa, aparentemente imerso em pensamentos. Sequer se deu o trabalho de responder à última frase da amazona; parecia totalmente decidido, não importando o que derivasse do fato de que estavam prestes a socorrer Jason novamente em provavelmente um dos piores locais para se lutar no mundo.
Melany respirou fundo, sem saber o que fazer.
*
Jason finalizou a volta nos entornos daquela construção imponente, mas bastante desgastada pelo tempo. Atrás de si, esqueletos infernais e mortos-vivos acumulavam-se em pilhas de coisas mortas. Não lhe tomaram mais do que dez minutos para que ele pudesse chegar até ali.
As lendas diziam que a entrada tradicional dos Poços do Inferno deveria ser acessada por baixo do cemitério, através de um emaranhado de túneis que levaria a uma antessala onde uma sucessão de alavancas precisariam ser puxadas no tempo certo. Porém, Jason não tinha esse tempo, tampouco possuía um grupo consigo para ajudá-lo a acionar todos os dispositivos e vencer cada etapa antes de chegar aos tronos dos demônios.
Lancaster confidenciara a ele que havia uma segunda entrada para os Poços, até aquele momento bastante desconhecida pelos que decidiram se aventurar naquele canto do continente. Para isso, deu-lhe uma chave velha e gasta, mística, que prometia abrir uma selada porta que levava a um suposto portal dimensional. Obviamente, Jason não confiava em Lancaster o suficiente para marchar de peito aberto para a suposta segunda entrada; porém, fazia agora um minucioso reconhecimento do ambiente e estava pronto para entrar, se a passagem fosse, de fato, verdadeira.
Um campo de eletricidade estática protegia a entrada por uma porta oculta, no canto leste da construção. Jason murmurou algumas palavras e atirou duas pedras na direção do campo, extinguindo-o em poucos segundos. Após, empurrou a porta, que, gasta e parcialmente destruída, somente se sustentava por meia dobradiça.
Ele marchou para dentro empunhando a Espada, os olhos atentos na penumbra. Não havia ninguém ali, vivo ou morto. No canto oeste, uma escadaria em que faltavam vários degraus levava ao andar superior, mas não havia degraus o suficiente para subir por ela. Jason concluiu que o que procurava encontrava-se no andar térreo.
No canto nordeste, havia uma porta intacta, que parecia ser a única coisa que se sustentava adequadamente naquelas ruínas varridas pela destruição. Jason caminhou até lá devagar, ainda muito atento a qualquer movimento em sua visão periférica, mas nada impediu sua chegada à porta. Não havia maçaneta, somente uma fechadura. Com cuidado, o cavaleiro sacou a pequena chave que lhe fora dada por Lancaster e arriscou. A porta se abriu com um clique. Adiante, surpreendentemente, uma esfera de energia brilhava alegremente, convidativa.
Caraca, all hell breaks loose! Nossa, que capítulos fantásticos! A politicagem, a trama e os dramas divinos, os Poços do Inferno... Caramba, mal posso esperar para o desfecho de tudo isso. Está FANTÁSTICO, meu caro Neal! Continue o excelente trabalho, estou sem palavras e digerindo ainda esses capítulos que li xD
Excelente capítulo, Neal! A história parece estar caminhando para o seu clímax. Um grupo foi armado pra ir atrás de Jason, mas ele não parece precisar de tanta ajuda agora, ainda mais porque ele já está adentrando sozinho a PoI por uma entrada que ninguém conhece. Devo dizer que ela me lembrou uma torre existente em Venore e tem puzzles complexos lá. Paradox Tower, algo assim.
Caraca, all hell breaks loose! Nossa, que capítulos fantásticos! A politicagem, a trama e os dramas divinos, os Poços do Inferno... Caramba, mal posso esperar para o desfecho de tudo isso. Está FANTÁSTICO, meu caro Neal! Continue o excelente trabalho, estou sem palavras e digerindo ainda esses capítulos que li xD
Aguardo ansiosamente a continuação.
Abraço,
Iridium.
Odeio você momentaneamente por antecipar o nome de um dos capítulos seguintes. Já conversamos sobre isso, mas só gostaria de frisar uma vez mais.
Obrigado pelos elogios, Iridium. Retorne, não ouse fazer diferente.
Postado originalmente por CarlosLendario
Excelente capítulo, Neal! A história parece estar caminhando para o seu clímax. Um grupo foi armado pra ir atrás de Jason, mas ele não parece precisar de tanta ajuda agora, ainda mais porque ele já está adentrando sozinho a PoI por uma entrada que ninguém conhece. Devo dizer que ela me lembrou uma torre existente em Venore e tem puzzles complexos lá. Paradox Tower, algo assim.
Aguardo o próximo.
Grande Carlos, obrigado pela presença, uma vez mais. A referência foi para a construção que abriga o portal que devolve os jogadores à antessala principal da PoI quando eles já conseguiram chegar aos tronos, ao menos uma vez. O pessoal usa bastante pra refilar as munições e as poções no Tibia. Quis dar a esse local uma importância maior do que ele realmente possui.
Agradeço, de verdade.
CAPÍTULO 14 – ONE, TWO, THE FALLEN ANGEL IS COMING FOR YOU
Três homens muito musculosos, de estatura mediana, com os mesmos olhos azul-claros da cor do céu, seguravam espadas e analisavam o terreno, bastante tensos. Um deles tinha cabelos louros e cacheados, como os de um anjo; o outro, era negro e completamente careca; e o terceiro, era parrudo e troncudo, e tinha longos cabelos negros que chegavam aos ombros.
O homem negro avançou meio passo, os olhos perdidos no horizonte. Estavam no alto de uma montanha.
— É chegada a hora, Gabriel – disse, a voz grave, concentrado. – Sabe o que fazer.
O homem de cabelos louros e cacheados assentiu uma vez, saltando para o infinito na borda da montanha. Um ser humano qualquer teria se esborrachado no chão a trinta metros de altura e quebrado todos os ossos, mas o homem de nome Gabriel simplesmente pousou com suavidade e, sem olhar para trás, disparou correndo na direção para a qual os olhos do homem negro estavam voltados.
— Precisamos de um contingente mais efetivo na entrada dos Poços do Inferno, Miguel – disse novamente o homem negro, conversando com o outro de cabelos pretos como a noite. – Acha que consegue obter uma guarnição?
— Sim, Rafael – Miguel respondeu, embainhando a própria espada. – Qual a ocasião?
Rafael estreitou os olhos, reflexivo, ainda com eles voltados para a linha do horizonte, além daquilo que o olhar humano era capaz de ver.
— Lúcifer tomou conhecimento sobre os Poços – disse, finalmente.
Miguel sacudiu a cabeça devagar, decepcionado.
— Jason Walker tem importante missão nos cadafalsos – continuou Rafael. – Ele tentará dizimar os soldados de Zathroth. Precisamos impedir que os outros cheguem e o auxiliem.
Foi a vez de Miguel torcer o nariz, confuso.
— Impedir o que, exatamente?
— Zathroth não pode ser destruído – Rafael pesava as palavras como nunca havia feito antes. – Lúcifer tornar-se-á imparável se isso acontecer. Não podemos permitir que Os Trabalhos sejam realizados.
— Quais são Os Trabalhos, Rafael?
Rafael fechou os olhos por um instante e se transportou dali, dando uma bela olhada em Jason Walker. O espadachim já chegara até o portal. O arcanjo amaldiçoou Lancaster por auxiliá-lo; embora Jason ainda não tivesse cruzado a esfera, faria a qualquer momento, e, dentro das antessalas, iria se tornar um perigo para a empreitada que estavam realizando no sentido de parar o Anjo Caído.
De volta ao presente, Rafael olhou para Miguel, cansado.
— Um deles já foi rompido quando Svan matou Bazir – disse, finalmente. – Se Jason destruir o trono de Infernatil; se Zathroth utilizar uma das doze relíquias; se o último selo dos Poços for rompido por um imortal; e se o Pedaço do Céu for destruído, Lúcifer sairá livre. Sua jaula será aberta, e estaremos em guerra até o final dos tempos.
Miguel fez uma breve conta mental.
— São cinco os selos que você listou – observou.
Rafael olhou para ele, temeroso.
— Nenhum incandescente pode morrer.
Compreendendo a urgência do tema, Miguel saltou para o ar como Gabriel, e decidiu empenhar-se na proteção das entradas dos Poços do Inferno.
*
Jason olhou longamente para a esfera de energia que pulsava diante de si. Bastaria tocá-la e, segundo as informações de Lancaster, estaria na antecâmara principal dos Poços do Inferno. Dali, bastaria partir para os tronos e destruir cada um dos demônios de Zathroth.
O espadachim ponderou por um instante mas, no minuto seguinte, já tocara o portal.
Jason sentiu um solavanco na altura do umbigo e uma pressão na cabeça, como se estivesse sendo espremido de qualquer jeito por um apertado cano de borracha. A sensação perdurou por alguns segundos até que seu peito foi totalmente comprimido, sendo expulso o ar de seus pulmões.
Quando o cavaleiro estava prestes a mergulhar na inconsciência, um ar mornou invadiu suas narinas novamente e ele espirou profundamente, batendo com o rosto num pedaço de linóleo gelado.
Ele respirou profundamente e se levantou devagar, os olhos se acostumando devagar com o excesso de luz no ambiente. Achava-se, agora, num local futurístico e muito amplo, totalmente vazio. Era o único ser ali, vivo ou não.
As paredes eram totalmente feitas de ossos. Abaixo de si, havia um único quadrado de linóleo branco; o restante da sala era todo composto por blocos de linóleo negro. Sete estátuas estavam espalhadas pelo domo: três a leste, três a oeste, uma ao norte. Cada qual tinha diante de si outra esfera de energia. Portais.
Oportunamente, Jason notou que cada uma das estátuas era uma referência a um dos demônios de Zathroth. Reconheceu Bazir imediatamente; achava, contudo, que sua antessala estava vazia, porque Svan e os outros já a haviam destruído em Carlin. Não perderia tempo com seu trono; destruiria aquele por último, já que não enfrentaria ameaças potenciais no caminho.
Jason analisou as estátuas longamente e tomou uma decisão: Infernatil seria a primeira. Imaginava que, dos Sete Implacáveis, talvez Apocalypse fosse a mais forte, e Verminor e Bazir, talvez os mais fracos. Infernatil, pois, seria a primeira: ali, Jason seria capaz de identificar exatamente qual era o poderio ofensivo de cada um deles, tomando por base um dos demônios intermediários.
O cavaleiro respirou fundo mais uma vez, pesando suas opções. Lembrou-se uma última vez de Melany e do sorriso despreocupado de Leonard, achando que sua devoção pela vida dos amigos seria capaz de salvá-lo. Ele pisou no portal de Infernatil.
Imediatamente, a mesma sensação recentemente experimentada voltou a assolar o cavaleiro: o ar comprimido dos pulmões, o achatamento do crânio, o estado de semiconsciência e, finalmente, o ar e o chão frio. Dessa vez, contudo, o calor chegava às raias do imponderável.
Jason achava-se num local totalmente diferente daquele que deixara para trás, exceto pelo chão de linóleo negro. Adiante, vapores de fumaça subiam constantemente, mergulhando o ambiente em uma penumbra intransponível. Ele notou que o fundo dos poços continha lava, em constante processo de erupção. Adiante, o caminho serpeava regularmente por pontes sobre o fogo, todas feitas de mármore maciço.
O cavaleiro sacou a Espada e avançou devagar, suando profusamente com o calor. Os olhos necessitavam de alívio constante. O caminho prosseguia para o norte, fazia uma curva para o leste e continuava no sentido sul; no extremo sul, fazia nova curva para o leste e continuava no sentido norte. A ideia era bastante inteligente, Jason ponderou; se alguém chegasse até ali, provavelmente desmaiaria com o calor no trajeto até o trono ou, na melhor das hipóteses, decidiria voltar. O calor era, de fato, sufocante, e o suor escorria como se fosse uma torneira entreaberta.
Finalmente, Jason chegou ao fim do caminho serpeante. Ali, uma imensa placa de pedra havia sido afixada em uma das paredes de mármore negro; Jason identificou pequenos excertos do que parecia ser um poema.
— Porque Infernatil é a Senhora Incendiária; Destruidora conhecida e que luta solitária; No fundo dos Poços do Inferno, ela mantém seu altar; E sonha, um dia, o antigo continente exterminar – murmurou, raciocinando.
Adiante, alguém começou a bater palmas, lentas, deliberadas, em tom de aprovação. Jason, enfim, deixou a lava para trás e seguiu adiante pela penumbra, onde o calor já cedia, embora muito vagarosamente.
Estava, agora, em uma sala suntuosa, toda iluminada com archotes de mármore. Havia, a um canto, um trono negro como a noite, com acolchoado vermelho como o sangue. E uma mulher, sentada sobre ele, de pernas cruzadas, aplaudia valorosamente. Comparada com Bazir, era consideravelmente mais baixa e tinha a aparência muito mais infantil; não chegava a ter um metro e meio de altura, e os cabelos da cor da palha emprestavam-lhe um ar ainda mais inocente.
Os olhos vermelhos dela perfuraram os de Jason.
— Parabéns ao obstinado descendente de Crunor – disse, a voz soprana e muito aguda. – Uma vez que decidira vir até aqui sozinho, tinha duas opções: enfrentaria demônios mais fracos, ou encontraria sua ruína logo na primeira opção. Tão ininteligente… escolheu o segundo, o mais tortuoso dos caminhos.
Não demorou para que ela se pusesse de pé e saltasse contra Jason. O movimento pegou o cavaleiro de surpresa; os demônios que enfrentara até ali, ao menos os de Zathroth, ponderavam muito mais antes de lutar e costumavam tentar quebrar seus oponentes primeiro pela mente, depois pelo corpo. Infernatil, porém, parecia ter a paciência curta. Seu soco entrou exatamente no maxilar de Jason, atirando-o pelo recinto e fazendo-o soltar a Espada de Crunor.
Muito tonto, Jason pôs-se de pé devagar, apenas pelo tempo suficiente para sofrer outro golpe: uma joelhada na altura do estômago, que partiu sua armadura dourada ao meio. Imediatamente, o garoto perdeu o ar; sua armadura se quebrou definitivamente e caiu ao chão, deixando-o exposto.
O movimento seguinte de Infernatil foi um chute na altura da cabeça, que acertou em cheio a lateral-esquerda do rosto de Jason. Ele perdeu o equilíbrio e caiu de novo, mais zonzo do que nunca. Jamais enfrentara um adversário tão resoluto e preciso como aquele. Infernatil recuou dois passos e cruzou as mãos em frente ao corpo, olhando para o garoto e aguardando. Novamente, com muita dificuldade, Jason ficou em pé, a respiração pelo nariz integralmente comprometida pelo sangue que fluía. Sentiu o maxilar ligeiramente deslocado.
Tremendo, o garoto tateou nas vestes internas e encontrou uma pequena poção vermelha; ele a tomou e seus ferimentos se regeneraram, mas a sensação de tontura pelos golpes não passou.
— Podemos acabar com isso? – Infernatil questionou, entediada.
A Espada de Crunor reapareceu magicamente nas mãos de Jason. Ele a girou no ar e avançou contra o demônio. A primeira estocada que desferiu passou no vazio, e Infernatil acertou uma boa cotovelada na cabeça dele, agora na lateral-direita. Um corte abriu-se imediatamente na altura da temporal de Jason; ele rolou pelo chão e parou somente quando se chocou dolorosamente contra a parede de mármore. Sentiu uma de suas costelas se partir com o choque.
Ele tomou outra poção, a visão turva. Tivera uma ideia, mas precisaria de espaço para executá-la. Infernatil já estava sobre ele novamente. Embora tonto, Jason conseguiu defender-se em um primeiro momento, aparando os golpes do demônio com movimentos breves, até conseguir tirar as costas do chão. Novamente em pé, Jason calculou um chute rodado na altura do plexo de Infernatil, mas ele também passou no vazio; não conseguia acertá-la, e, naquele ritmo, morreria logo no primeiro demônio da missão.
Infernatil socou e Jason pesou o corpo para a esquerda, esquivando-se bem; no instante seguinte, conseguiu atingi-la com o cabo da espada bem na testa, atirando-a pela sala.
Ele respirou fundo, mas, embora estivesse cortada e o sangue vertesse pelo seu rosto, Infernatil já estava de pé novamente. De Espada em punho, Jason desviou seus golpes e dirigiu-se devagar para o trono, conseguindo evitar a maior parte dos socos e chutes que ela aplicava.
Ali, Jason conseguiu chutar Infernatil na altura do estômago, abrindo distância. Com espaço, ele ergueu a Espada no ar e perfurou o trono, partindo-o em dois.
*
— O Segundo Trabalho foi realizado – disse Rafael a Crunor, tenso.
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