Fazendo um pequeno adendo, que só reparei agora: o prólogo, por algum motivo, me lembra a música "Dance of Death", do Iron Maiden. Por alguma razão ainda mais estranha, eu consegui lê-lo no ritmo certo e, ao colocar a música em conjunto, casou muito bem. Coincidência ou mero delírio desta que vos fala?
Abraço,
Iridium.
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E lá vou eu começando a saga de perder capítulos... -.-
Enfim, gostei bastante do capítulo mas estranhei que alguns capítulos de narração não foram separados uns dos outros. O texto veio mais condensado dessa vez e foi mais complicadinho de ler. De resto, está impecável como sempre, e gostei dos esclarecimentos dados sobre os Gatunos e da abordagem que virá a seguir. Resta apenas esperar para ver como Jason lidará com tudo isso; a responsabilidade, de fato, está pesando fortemente em seus ombros.
Aguardo ansiosamente o próximo!
Abraço,
Iridium.
Então, a respeito da narração, é a continuidade da fala do John. Tenho a política de manter os diálogos todos juntos, e os parágrafos de narração separados. Queria dar a certeza de que quem narrava o pedaço da história era o incandescente.
No entanto, ficou tudo meio "encavalado", mesmo. Vou me atentar nos próximos capítulos.
Obrigado pelo comentário!
Postado originalmente por CarlosLendario
Pits of Inferno, então? Eu nem imaginei que a sequência se trataria disso, que falha a minha. Achei que você criaria algo novo, mas no fim você provavelmente criou uma interpretação diferente tanto dos Implacáveis quanto das Plataformas(que é como sempre me refiro a PoI). Estou realmente curioso para saber a forma que você tratará os Poços do Inferno.
Gostei do capítulo, principalmente dessa menção a Arieswar como o primeiro a fechar a PoI. Ele é um dos meus tibianos lendários preferidos, assim como o Cachero e o Astronis. Eu particularmente gostaria de ser um Sorcerer como o Cachero, mas sei que isso nunca vai acontecer
Aguardo o próximo e que o John seja quem sempre foi.
Eu pensei em migrar pra outra vertente, mas, neste momento, a ideia que tive ao encerrar a primeira história da saga acabou me dando o gancho pra que eu pudesse escrever a segunda. Já está na minha cabeça a possibilidade de Jason Walker ter uma trilogia, ou, quem sabe, ainda mais. A inspiração em J. K. Rowling me permite sonhar. Vamos ver.
A respeito da menção a Arieswar: n'A Arca do Destino, o incandescente Samuel tem o nome original de Oblivion. Preciso dizer de onde veio a referência? Se você prestar atenção, todos os grandes jogadores do passado receberão, ao longo da nossa história, menções honrosas. Eternal Oblivion teve seu momento, Arieswar também, e, em breve, outros surgirão. Feliz por esse pedaço da história ter agradado.
Postado originalmente por Glauco
Já começou o novo livro e eu comi mosca mas já estou atualizado
No início pensei que o enfoque teria mudado em relação ao primeiro livro
Este aqui teria uma historia mais analítica, policial, investigativa uma temática mais urbana
Mais ai lembrei do epilogo do outro e dos sete cramuião barra pesada que se apresentaram
Então vai ter porrada federal neste aqui também e como o Jason agora tem a espada doutrinadora o pau vai comer mermao el cacete vueja
Segue o negócio que começou bem so dou uma chancelada no que a distinta moderadora falou above teve uns paragrafos ali que ficaram meio aglomerados mas é só dar uma ajeitadazinha cosmetica básica que fica tudo nos figurinos em termo de forma porque o conteudo esta liso esta descendo bem
Plenamente ciente. Agradeço por te ver de volta aqui, seus comentários são os melhores. Não deixe de me acompanhar.
Postado originalmente por Iridium
Saudações!
Fazendo um pequeno adendo, que só reparei agora: o prólogo, por algum motivo, me lembra a música "Dance of Death", do Iron Maiden. Por alguma razão ainda mais estranha, eu consegui lê-lo no ritmo certo e, ao colocar a música em conjunto, casou muito bem. Coincidência ou mero delírio desta que vos fala?
Abraço,
Iridium.
Se eu te falar que sequer pensei nisso... A intenção era criar um par de rimas internas e depois encerrar com rimas externas. Admito que existiu uma certa influência de Rick Riordan com seus poemas, especialmente quando referencia Annabeth - "A filha da sabedoria caminha solitária; A Marca de Atena por toda Roma é incendiária", e assim sucessivamente.
Há um certo sincretismo de autores nos meus contos, como isso já deve ter ficado visível: J. K. Rowling, Dan Brown, Rick Riordan, Stephanie Meyer. Não sou uma cópia de nenhum deles, mas me inspiro em cada um em particular e em todos no geral, pra tentar criar o melhor ambiente possível.
Obrigado pela presença. Gosto muito de você e seus comentários sempre me auxiliam muito.
CAPÍTULO 4 – CARLIN EM CHAMAS
Jason sabia que estava sonhando, mas, por vários motivos, desejava poder continuar naquele universo paralelo por mais tempo. Melany estava lá. Seus cabelos ruivos brilhavam à luz do sol, o sol de meio de tarde. Cabelos brilhando ao sol. Sol amarelo… sol vermelho.
Alguém gritava, não muito distante dali. Jason torceu o nariz, incomodado. Melany falava com ele, mas ele não conseguia escutá-la. Os gritos eram muito altos. “Jason”, dizia ela, com doçura. “Jason, defenda sua cidade. Ela precisa de você”, continuava ela, e ele somente sorria, agradado com a sua presença. “Jason…”
Não foi somente a voz urgente de Leonard que o acordou, mas, também, aquele som claro de explosão, não muito distante dali.
— Jason, levante-se – gritou Leonard com urgência, por algum motivo utilizando sua armadura completa e segurando seu arco. – Depressa!
— O que está havendo? – Jason se sentou, coçando os olhos para afastar o sono.
Leonard deu um tapa no rosto do amigo, que respondeu com um olhar de indignação.
— Vista-se, pegue a Espada, depressa. Dragões, Jason! Dragões! Dois verdes, de Thais, e um vermelho, de Edron, como o fogo do inferno! Estamos sob ataque!
Jason não precisou de um segundo aviso. Saltando da cama muito depressa, ele vestiu suas armaduras de qualquer jeito, encaixando-as com certa dificuldade. Ele puxou a espada pendurada no gancho sob a cama e embainhou, disparando escada acima a toda velocidade.
Quando Jason saiu para o ar quente da manhã, outra explosão pode ser ouvida. Ele praguejou por um instante, amaldiçoando seu sono pesado e a dificuldade que sempre tinha para dormir, o que gerava um cansaço absurdo no dia seguinte. Rapidamente, ele e Leonard chegaram ao depósito, onde uma balbúrdia sem fim havia sido instaurada.
Dois dragões verdes enormes pisoteavam tudo que conseguiam alcançar, disparando labaredas por todos os lados. Os corpos iam se acumulando no chão, alguns pisoteados até a morte, outros carbonizados, e, em alguns pontos, uma pilha de cadáveres ia se formando de tal forma que se assemelhava a um piquete bisonho.
Jason olhou na direção da entrada norte da cidade, por onde vinham os dragões. Ainda não havia vestígios do dragão vermelho sobre o qual Leonard falara. Cada um dos verdes tinha cerca de sete metros de comprimento e pelo menos cinco de altura do chão. Ele conhecia o ponto fraco dos dragões: suas escamas eram impenetráveis como ferro fundido, porém, seus olhos eram extremamente frágeis. Uma vez que fossem golpeados ali, provavelmente os bichos sangrariam até a morte, mas o cavaleiro ainda não tinha a exata noção da dimensão da Espada de Crunor enfrentando aquele tipo de carapaça intransponível.
Repentinamente, a população que corria pareceu tomar consciência de que Jason estava finalmente ali. Alguns aplaudiram a presença do cavaleiro, outros davam-lhe tapinhas nas costas, e outros tantos se acumulavam nos arredores dele, impedindo sua visão e sua passagem, na ânsia de desejar-lhe sorte.
— Saiam, saiam daqui – gritava Jason, abrindo espaço às cotoveladas. – Protejam-se e saiam daqui! Agora!
Quando se afastou o suficiente, Jason olhou para Leonard.
— Preciso me aproximar – disse, em tom de obviedade. – Conhece algo que possa minimizar os efeitos do fogo deles?
— Exana flam – disse a Rainha Heloise, surgindo do nada em meio à multidão e tocando a cabeça de Jason com seu cajado. – Agora você tem certa resistência. Salve-nos, Jason, precisamos de você.
*
Sentado na cela, John olhava para o carcereiro, que não sabia bem o que fazer.
— Se me deixar sentado aqui, seremos massacrados – disse o antigo incandescente ao guarda, que mordia os lábios, nervoso. – Vamos, saco enorme de estrume! Tire-me daqui! Posso ajudar no combate!
O carcereiro enfim tomara uma decisão. Puxando o molho de chaves, ele abriu a cela, permitindo a saída de John.
Tão logo o ex-incandescente deixou a cela, ele apertou suas mãos espalmadas contra o estômago do guarda, murmurando um feitiço simples. Uma acha de fogo brotou de suas mãos e perfurou o carcereiro de fora a fora, levando-o à morte instantaneamente.
De volta ao plano, pensou John, sorrindo e puxando seu capuz por sobre a cabeça e deixando a cela cuidadosamente.
*
Não muito distante da balbúrdia, um homem encapuzado portando um arco simples, recém furtado, subia pelas escadarias das muralhas de Carlin, objetivando chegar a uma das duas torres na saída norte. O exército estava empenhado em combater os dragões, ainda que o vermelho ainda estivesse fora dos limites da cidade, disparando chamas a esmo. Era a condição perfeita.
Ele alcançou o topo da torre e aguardou pacientemente até que Jason Walker chegasse. O cavaleiro acabara de ser abençoado por Heloise. A hora estava chegando.
Com cuidado, o arqueiro equipou em sua arma uma flecha de cume de ônix. Bastava um único tiro, bastava acertar o braço que empunhava a Espada, e todos os problemas seriam solucionados. Ele seria o novo detentor da maior relíquia histórica de que o antigo continente tinha notícia, e poderia empreender seus esforços em seus outros projetos, que estavam parados por causa da propriedade de Jason Walker sobre a Espada.
Cedo ou tarde, Jason precisaria se concentrar totalmente na batalha com os dragões. E a visão do atirador, dali, era clara. Somente a paciência e a pontaria seriam suficientes. Em breve, a Espada mudaria de mãos.
*
Jason avançou devagar em meio à multidão, aproximando-se cada vez mais do primeiro dragão. Os olhos amarelos do bicho chegavam a ser peçonhentos, e o garoto tinha certas dúvidas a respeito do que fazer quando chegasse a hora. Finalmente, alcançou um espaço livre após a balbúrdia. Ali, aninhou-se de costas contra as paredes de um beco, colocando a cabeça para fora eventualmente para verificar a posição atual do dragão. Chegara a hora de agir.
Jason sacou a Espada e aguardou. Duas pisadas profundas faziam crer que o dragão mais próximo estava chegando ainda mais perto. Quando o bicho gritou e suas chamas cessaram, o cavaleiro saltou de trás das paredes e disparou na sua direção.
Ali, Jason dançou por entre as pernas enormes e torneadas do dragão, saltando para lá e para cá e escapando de ser pisoteado em diversas ocasiões. De repente, o bicho fez um movimento ágil e saltou para trás, deixando Jason totalmente exposto. Quando o dragão abriu a bocarra para fazer picadinho do garoto, ele atacou horizontalmente com a Espada.
Jason sentiu o atrito da lâmina com algo, mas não soube dizer com o que até que percebeu duas enormes presas rolando pelo chão. O dragão atirou a cabeça para trás, confuso, somente por tempo suficiente para que Jason pudesse se posicionar abaixo dele novamente.
O cavaleiro agarrou uma das escamas do bicho com a mão livre e calçou-o na altura dos quartos, alçando-se para cima devagar. Em poucos instantes, estava nas costas escarpadas do dragão, subindo pacientemente até encontrar o pescoço imenso. Ali, Jason se lembrou bisonhamente da ocasião em que escalara o corpo de uma imensa serpente marítima. Embora os dragões fossem exponencialmente mais poderosos magicamente, também tinham seu ponto fraco, e, coincidentemente, era o mesmo das serpentes, vez que descendiam do mesmo ancestral em comum.
Jason segurou num dos chifres do dragão e se alçou para o seu pescoço, chegando a uma posição firme. Girando a Espada nas mãos, ele apunhalou o bicho com firmeza num olho e logo após no outro, sem lhe dar chances de defesa.
O dragão gritou muito alto, destruindo o calçamento da cidade ao distribuir suas pisadas pesadas para todos os lados. Jason tentou serrar-lhe a carne, porém, em vão: a pele era muito resistente, até mesmo para a Espada de Crunor.
O garoto utilizou as costas do dragão como um escorregador imenso, descendo por ela até a parte de trás, onde encontrou uma pequena falha entre as escamas do bicho na altura da metade do rabo. Ali, não precisou de uma segunda sugestão: erguendo sua lâmina com força, ele decepou a cauda do dragão, que sapateou ainda mais, antes de, finalmente, tombar inerte no chão, derrotado.
Um já fora. Faltavam dois.
*
Do alto da torre, a figura encapuzada estava incrédula. Ele realmente derrotou o dragão com essa facilidade?
Ele sabia que a Espada de Crunor daria ao seu possuidor uma vantagem inimaginável em batalha, mas boa parte dos movimentos feitos por Jason Walker no combate contra o primeiro dragão haviam sido deveras naturais. A Espada de Crunor não tinha nada a ver com aquilo. Mesmo sem ela, o garoto era um guerreiro e tanto, exatamente conforme o esperado.
Jason agora se posicionava para enfrentar o segundo dragão, que já causara um dano substancial na cidade. Poucos metros para fora de Carlin, o imenso dragão vermelho cuspia fogo na relva e pisoteava a grama, sem se aproximar da cidade. Ele precisaria de um incentivo.
Quando o cavaleiro cortou uma das unhas do dragão, decepando metade dos dedos das patas dianteiras, a figura de capuz tomou uma decisão. Trocando de lado, ele mirou a flecha com ponta de ônix na direção do dragão vermelho, calculando com cuidado.
Um segundo depois, disparou.
A flecha negra rompeu o ar na direção do dragão vermelho, que se virou em tempo de vê-la ser enterrada na carne da sua asa direita. O bicho grunhiu, e parecia confuso. O homem de capuz puxou outra flecha e disparou a esmo, acertando o peito do dragão, onde ela não se fixou, mas caiu inerte no chão.
Finalmente, a criatura pareceu notar de onde vinham os disparos. Quando o monstro imenso trotou apressado na direção da cidade, houve somente um segundo de tempo para que o homem de capuz rolasse para fora da torre no instante correto.
O dragão saltou e bateu suas asas enormes, destruindo uma das torres e danificando a outra seriamente. Com um movimento gracioso, ele descreveu uma curva no ar, posicionando-se atrás do dragão verde no exato instante em que ele era abatido por Jason Walker, novamente em tempo recorde.
Assistir a um de seus companheiros de combate ser sumariamente derrotado foi o que bastou. O imenso dragão vermelho não cometeu o erro de tentar combater a população de Carlin no chão, pelo contrário; ele bateu as asas novamente e planou, a bocarra imensa aberta na direção de uma grande quantidade de pessoas que se espremia metros dali, em frente ao depósito.
O rabo do bicho acertou Jason Walker, que rolou pelo chão de pavimento destruído, colocando-se em pé com dificuldade e empunhando a Espada. Enquanto o dragão cuspia fogo e destruía a cidade de cima abaixo, o homem de capuz entendeu que a hora chegara.
Ele puxou outra flecha de ônix e mirou na direção de Jason Walker, que dançava para lá e para cá, com urgência, para fugir dos ataques de fogo que recebia. O garoto levantou a espada, pronto para golpear de volta assim que o dragão descesse a uma distância razoável.
Sentindo cheiro de enxofre, o homem de capuz soltou a flecha.
Os primeiros Dragões ninguém nunca esquece! Rapaz, que capítulo sensacional! A dinâmica foi incrível, consegui sentir o calor e a confusão do ataque promovido pelos dragões; a única coisa que senti falta foi de mais berros do Dragon Lord, que é mais inteligente que o Dragon regular.
O foco dividido entre os Personagens (Jason e o encapuzado) me lembrou Azincourt, de Bernard Cornwell; seu primor e afeição por detalhes aliada à capacidade de deixar o texto bem dinâmico e ágil fazem da leitura algo sempre muito agradável.
O final foi um belo Cliff hanger; senti a minha respiração presa, esperando pelo fechamento dessa tensão pós-ataque. Aguardo o próximo, encantada com essa nova saga, ansiosa para ver o desenvolvimento do Jason.
Os primeiros Dragões ninguém nunca esquece! Rapaz, que capítulo sensacional! A dinâmica foi incrível, consegui sentir o calor e a confusão do ataque promovido pelos dragões; a única coisa que senti falta foi de mais berros do Dragon Lord, que é mais inteligente que o Dragon regular.
O foco dividido entre os Personagens (Jason e o encapuzado) me lembrou Azincourt, de Bernard Cornwell; seu primor e afeição por detalhes aliada à capacidade de deixar o texto bem dinâmico e ágil fazem da leitura algo sempre muito agradável.
O final foi um belo Cliff hanger; senti a minha respiração presa, esperando pelo fechamento dessa tensão pós-ataque. Aguardo o próximo, encantada com essa nova saga, ansiosa para ver o desenvolvimento do Jason.
Abraço,
Iridium.
Sempre muito gentil. Admito estar enfrentando um fortíssimo problema de motivação a respeito desta continuação; esperava que mais gente estivesse me acompanhando a essa altura.
De qualquer forma, vamos em frente?
CAPÍTULO 5 – A MODERNA VILA DE SVARGROND
Jason via Melany novamente. Os olhos castanhos dela devolviam o seu olhar insolentemente, enquanto o garoto tentava alcançá-la a todo custo. Quando finalmente a tocou, a visão se dissolveu e Jason estava diante de um imenso trono negro, cercado por poços de enxofre e veneno por todos os lados.
Uma mulher de cabelos curtos e espetados, trajando as mesmas armaduras nas quais vira Zathroth da última vez, estava sentada no trono, lixando as unhas despreocupadamente. Era miúda, é verdade, mas a imensa espada que carregava não deixava dúvidas de que poderia ser mortal se subestimada.
Ela direcionou seus olhos para Jason e, repentinamente, a visão se desfez outra vez.
Cada pedaço do corpo de Jason protestava desesperadamente. Os ossos pareciam inchados demais para caber dentro da pele, que queimava, como se estivesse sendo cozida em água fervente. Ele tinha a impressão de que seus olhos estavam sendo empurrados para fora do crânio de qualquer jeito, e havia uma dor excruciante na altura do ombro esquerdo.
Os rostos de Heloise e Leonard pairaram diante dele, e ele mergulhou na inconsciência outra vez.
Estava novamente diante do trono negro com a garota loura de cabelos curtos. Agora ela parecia curiosa, como se assistisse a uma peça de teatro levemente interessante. Seus dedos longos e finos corriam pela lâmina da espada imensa que segurava entre as mãos, e os olhos eram muito negros, como os de Sirius e Bellatrix.
De algum modo, a mulher não parecia agressiva. Pelo contrário, aparentava achar certa graça na presença de Jason ali. Ela jogou a franja curta graciosamente para trás, ainda atenta a Jason, que mal conseguia se mover.
O trono e a garota desapareceram novamente.
O cavaleiro gritou em agonia quando algo muito quente tocou sua testa, certo de que sua cabeça seria perfurada cedo ou tarde. Seus músculos, já muito doloridos, se retesaram completamente e ele socou a cara de Leonard em um movimento involuntário. O arqueiro não fez conta do golpe que recebera e voltou a segurar as mãos do amigo, lágrimas peroladas rolando pelos seus olhos.
Quando o garoto quedou inconsciente novamente, a garota loura estava de pé, a poucos palmos de distância dele.
— Que competência – disse ela, a voz firme, mas bastante aguda. – Veja só o que temos aqui. O dono da Espada de Crunor é um projetor astral por excelência.
O sorriso dela revelou dentição perfeita.
— Sabe-se lá se Zathroth tem consciência de todos os seus talentos, menino. Não seria surpreendente se ele não tivesse.
Jason sentiu que a pele voltara a queimar, e sabia que estava retornando à consciência novamente. Sabendo que perderia contato com a garota, ele tentou segurá-la, mas suas mãos fantasmagóricas não encontraram substância no que se agarrar.
— Te vejo em breve – disse ela, dando-lhe um meio sorriso.
Quando Jason acordou, não havia dor, somente uma sensação estranhíssima de ressaca corporal. Seus membros demoraram para lhe obedecer os movimentos, mas logo ele se deu conta de que estava deitado em uma confortável cama, em uma barraca rudimentar. A julgar pelo excesso de cobertas que usava, devia estar fazendo muito frio.
Ele fez menção de se levantar, porém, não conseguiu. Imediatamente Heloise e Leonard correram até ele, preocupados.
— Cacete, bicho – praguejou o arqueiro, tenso. – Achei que você tivesse batido com as botas, achei mesmo.
— O que houve? – a voz de Jason saiu rascante, como se não fosse utilizada há muito tempo.
Leonard e Heloise trocaram um olhar.
— O dragão destruiu absolutamente tudo – disse a Rainha, tensa. – Não sobrou Carlin na qual se viver. Além disso, ele ainda está lá, pousando sobre seu espólio de guerra. A população foi massacrada.
Jason arregalou os olhos, mas não conseguiu dizer nada.
— Puta merda, cara – Leonard suava frio. – Você abateu dois dragões adultos em menos de dez minutos. Mas o dragão vermelho chegou logo, e algum desavisado tentou acertá-lo com uma flecha e a cravou em seu ombro esquerdo. Passou a isso aqui – ele fez um sinal vago, o polegar muito próximo do indicador – do seu coração. Se eu pego um bunda mole desses – ele fez um outro sinal, o polegar direito passando pela garganta.
O cavaleiro olhou para o lado e encontrou a Espada de Crunor, embainhada, muito suja de sangue. Ele se sentou devagar, sentindo muito frio.
— A flecha veio do norte – disse, os olhos ardendo. – Não havia combatentes no norte. Foi por onde o dragão vermelho entrou, as torres estavam destruídas quando derrubei o segundo dragão verde. Alguém estava interessado em me desarmar e obter a Espada.
Heloise olhou para Jason, confusa.
— Jason, a população inteira estava lutando – argumentou. – Alguém errou o dragão, e foi isso que…
— Não erraram o dragão, porque o dragão não era o alvo – Jason a cortou, falando entre os dentes. – A única coisa que esse suposto desavisado tem de desavisado é a habilidade no manejo de um arco e de uma flecha. Eu estou certo de que ele tentou me acertar.
Heloise e Leonard trocaram um olhar significativo, como quem diz “é melhor não contrariar”. Aquilo não fugiu aos olhos de Jason, que se sentia deveras irritado para interpelar os amigos. Finalmente ele se deu conta de que o dragão vermelho vencera a batalha, e de que Carlin estava destruída por sua própria ineficiência.
O garoto sentiu uma onda avassaladora de remorso se abater sobre ele imediatamente, ameaçando devolvê-lo à inconsciência a qualquer momento. Como que para desanuviar a mente, ele olhou nos arredores, percebendo, enfim, que um punhado de neve se acumulava do lado de fora da cabana.
— Onde estamos, no final das contas?
— Svargrond – Leonard pareceu feliz com a mudança de assunto. – Tivemos que velejar até aqui. John também está aqui, ele apareceu logo depois de você sofrer aquela flechada.
— John está aqui?
Novamente, Jason fez menção de se levantar e foi empurrado de volta para a cama por Leonard. Deu-se conta subitamente de que estava coberto por três ou quatro cobertores.
— Magias contra o inverno não funcionam aqui – disse Heloise, aparentemente lendo os pensamentos de Jason. – Enfrentaremos o inverno rigoroso como cidadãos comuns.
— Quero falar com John – Jason respondeu, aparentemente alheio ao comentário da Rainha.
O antigo incandescente não precisou de um segundo aviso. Aparentemente, tinha estado à porta da cabana, do lado de fora, por todo aquele tempo. Ainda usava aquele sobretudo nojento dos Gatunos da Meia-Noite, mas Jason resolveu deixar aquela passar, pelo menos por enquanto. Tinha problemas maiores para resolver e, decididamente, interpelar John novamente por causa das péssimas escolhas que ele tinha feito não era uma prioridade.
Os dois trocaram um olhar intenso que constrangeu Leonard e Heloise de bate-pronto. O arqueiro imediatamente entendeu: havia um elo criado entre os dois que não se formava ao acaso. O incandescente dera uma missão a Jason, que a cumprira com eficiência e excelência. Dificilmente algum dos dois conseguiria esconder algo relevante do outro. Jason estava fazendo uso inconsciente daquela conexão; Leonard achou que, cedo ou tarde, ela se tornaria um aspecto fundamental na vida daqueles dois.
— Não sei quem atirou em você – disse John, por fim.
Jason sentiu os músculos relaxarem, mas permaneceu sustentando o olhar do outro.
— Também acho que o tiro foi doloso – complementou John, sem receio de olhar nos olhos de Jason. – E também preciso salientar que não vi combatentes distribuídos na saída norte de Carlin.
O cavaleiro assentiu uma vez, sentindo muitas dores no braço esquerdo. Ele ainda mantinha seus olhos fixos nos de John.
— Matei o agente carcerário de Carlin – disse, com firmeza. – Foi um ato de mera liberalidade. Receei que ele pudesse impedir meus movimentos com o uso de magia.
— Matá-lo era necessário?
O antigo incandescente deu de ombros.
— Não sei, mas não quis arriscar.
Jason assentiu outra vez, nem minimamente inclinado a aceitar o desprezo que John parecia ter desenvolvido pela vida humana.
— Depois converso com você novamente.
John assentiu e deixou a cabana, seus passos distanciando-se aos poucos na neve alta.
— Ele matou o agente carcerário? – Heloise parecia sinceramente chocada.
— Rainha, se puder, por gentileza, agilize meu processo de recuperação – Jason limitou-se a pedir, tentando parecer mais calmo. – Precisamos resolver alguns problemas.
*
— Vocês precisam ouvir isso.
Sentados em uma moderna estalagem próximo ao depósito de Svargrond, Heloise, Leonard, John e Jason acabavam de ser interpelados pela cozinheira e dona do estabelecimento, Thiffany, uma jovem de vinte e tantos anos muito preocupada com seus hóspedes.
Ela trouxe um pequeno rádio e deu-lhe um rápido toque de varinha. A voz que veio era inconfundivelmente de Svan, capitão de Heloise.
— … deixar consignado que existe mandado de prisão em face de Heloise Pennyworth, do arqueiro Leonard Saint, do cavaleiro Jason Walker e do forasteiro John, de sobrenome desconhecido.
Uma multidão tentava falar ao mesmo tempo.
— Heloise Pennyworth é acusada de traição, conspiração, conluio, corrupção passiva, falsidade, estelionato e outros vinte e dois crimes contra a Coroa – disse a voz de Svan, ao que a Rainha levou as mãos à boca, embasbacada. – Leonard Saint é acusado de traição, conspiração, conluio, evasão, fuga, homicídio culposo qualificado e outros dezoito crimes contra a Coroa. E Jason Walker é acusado de quarenta e sete crimes contra a Coroa, dentre os quais traição, homicídio culposo qualificado e prestação de falso testemunho.
“Assim como o disposto na Legislação Orgânica da Coroa, com a evasão de Heloise Pennyworth, eu, capitão Svan, sou o Rei Regente desta comarca. Já obtivemos êxito em afugentar o imenso dragão vermelho daqui, e, nos próximos dias, nosso povo trabalhará incessantemente tanto para reconstruir nossa cidade, quanto para resgatar nosso orgulho. Carlin ressurgirá das chamas e os traidores e conspiradores pagarão pelos crimes cometidos.
“Heloise Pennyworth, Leonard Saint , John e Jason Walker, falo agora diretamente com vocês. Vocês falharam na missão de defender nossa cidade, negaram auxílio aos nossos cidadãos, evadiram-se quando o dragão tomou conta de nossos terrenos e o sangue de nossos homens, mulheres e crianças está em vossas mãos. Eu prometo a vós, e a todos os cidadãos desta comarca, que os caçarei neste continente e em qualquer outro, até o último suspiro de nossos soldados, e antes que a regência extraordinária nesta cidade tenha fim, seus pescoços sentirão o toque frio do fio da navalha”.
Heloise, Jason e Leonard trocaram olhares, sem saber o que dizer. Pela primeira vez, levantava-se um suspeito de atirar em Jason.
Caramba, que capítulo intrigante; não só a aparição do rádio lá para o final (agora entendi o título, e achei essa adição muito interessante ao cenário Tibiano), como também toda a questão do tiro que Jason levou e às mudanças comportamentais do trio. A vida está muito complicada para o Incandescente e seus amigos... Agora quero ver como as coisas vão se desenrolar. E esse suspeito aí... Quero muito saber quem é.
O capítulo está excelente, como sempre. Quanto ao público, não se preocupe: o pessoal vem, mas volta. Farei sempre meu melhor para comentar e não deixar a tua peteca cair; você escreve maravilhosamente bem e seria uma tristeza imensa vc deixar de escrever. Há épocas em que a galera aparece mais e outras que o pessoal aparece menos. Qualquer coisa, tente divulgar a história sempre, que dá certo!
Aguardando o próximo, e estarei sempre aqui.
Abraço,
Iridium.
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Caramba, que capítulo intrigante; não só a aparição do rádio lá para o final (agora entendi o título, e achei essa adição muito interessante ao cenário Tibiano), como também toda a questão do tiro que Jason levou e às mudanças comportamentais do trio. A vida está muito complicada para o Incandescente e seus amigos... Agora quero ver como as coisas vão se desenrolar. E esse suspeito aí... Quero muito saber quem é.
O capítulo está excelente, como sempre. Quanto ao público, não se preocupe: o pessoal vem, mas volta. Farei sempre meu melhor para comentar e não deixar a tua peteca cair; você escreve maravilhosamente bem e seria uma tristeza imensa vc deixar de escrever. Há épocas em que a galera aparece mais e outras que o pessoal aparece menos. Qualquer coisa, tente divulgar a história sempre, que dá certo!
Aguardando o próximo, e estarei sempre aqui.
Abraço,
Iridium.
Obrigado, Iridium. Agradeço sempre pela sua presença. Espero que goste dos próximos também.
Postado originalmente por Glauco
Golpe militar em Carlin?
Não digo que seja um golpe republicano porque o Svan se autoproclamou regente então formalmente a monarquia ainda vige.
Mas mandaram um AI-5 em cima da rainha.
Vai ter que ter guerrilha e conspiração da braba.
O que é isso companheiro?
E esse radinho aí, hein?
Grande amigo, obrigado pelo retorno. Não suma, gosto dos seus comentários.
CAPÍTULO 6 – TRAIÇÃO VELADA
— Vamos raciocinar.
Jason, Heloise, Leonard e John estavam cada qual mais branco que o outro. Não só Svan os condenara em um tribunal de exceção, como também era a primeira vez que havia o regime de regência na cidade de Carlin. A Rainha pensou por um instante no fato de que era a primeira vez que um homem ocupava tal posição no seu reino e, francamente, ela nunca se sentira mais incomodada na vida.
— Vou te falar sobre o que vou raciocinar – Leonard torceu a cara numa careta engraçada e colocou a língua para fora. – Tragam esse bunda mole aqui e vou enfiar é uma flecha no rabo dele, sem dó nem piedade.
John deu-lhe um meio sorriso, soltando uma risada anasalada curta. Heloise e Jason trocaram um olhar, tensos.
— Arthur não vai apoiá-lo – disse ela, aparentemente sabedora do que se passava na cabeça do jovem cavaleiro. – Podemos tentar contato com…
— Não – Jason sacudiu a cabeça. – Thais não é parceira de Carlin. Preciso que você pense com clareza, Heloise. Temos alguma outra comarca que tenha relações mais saudáveis do que isso com nossa cidade?
A Rainha pensou por um instante, mas sentiu sua mente cada vez mais anuviada. Por alguma razão, John tirou um elástico do bolso e começou a girá-lo entre os dedos, aparentemente nervoso. E Leonard, de boca entreaberta, fitava o vazio, dando a impressão de estar em outra dimensão.
— Podemos contatar a Sociedade dos Exploradores – disse ela, sem convicção. – Lorik reside aqui, em Svargrond, e eles são bem numerosos.
— Leonard, nos ajude a pensar nisso… - ia dizendo Jason.
Naquele instante, a dona da hospedaria se aproximou com uma tigela com algo muito cheiroso dentro. No instante seguinte, Leonard fez menção de comer, mas parou a meio caminho da tigela ao notar a expressão de Jason.
— Salgadinhos de forno com guacamole – disse a mulher, desaparecendo na sequência.
— Leonard, concentre-se – exigiu Jason, ligeiramente frustrado.
— Eu quero comer guacamole.
O cavaleiro bufou, irritado.
*
Bambi Bonecrusher encontrou Svan tentando passar por uma porta aparentemente trancada no castelo. Ela tentou sair de fininho, mas o capitão já a havia notado.
— Você – exigiu ele, irritadíssimo. – Como faço para passar por esta porcaria?
— Este é o quarto da Rainha – respondeu ela, em tom de obviedade.
Svan deu um passo na direção da mulher, os olhos mordazes.
— Este é o quarto do rei que estiver designado para Carlin no momento em que estiver. Sou o Rei Regente neste momento. Quero acessá-lo.
Bambi deu de ombros.
— Boa sorte, Rei Regente – ela disse, tentando esconder o sarcasmo. – Se conseguir passar por esta porta, amanhecerá com café na cama levado pessoalmente por mim.
Dando-lhe as costas, Bambi desceu as escadas, enquanto Svan mordia a língua, mais nervoso do que jamais se sentira na vida.
Bambi chegou até o hall do castelo, onde alguns soldados pareciam discutir certas táticas de proteção da cidade. Ao sair para o ar quente do verão, sentiu-se, pela primeira vez, mais arrasada do que jamais se sentira na vida. Seria leal a Heloise até o fim, e mesmo os cidadãos de Carlin pareciam pouco convencidos de que ela realmente praticara qualquer crime contra a cidade. Além disso, apesar dos esforços contínuos de todos e da magia bastante avançada da maior parte dos membros da Academia, a cidade era reconstruída com passos de formiga, como se algum tipo de mágica oculta estivesse entravando as obras realizadas.
Uma mulher de armadura completa, ruiva e de rabo-de-cavalo, se aproximou de Bambi tão logo ela deixou o castelo.
— Tisha – cumprimentou, incerta.
— Venha aqui – disse a líder da guilda dos cavaleiros da cidade.
A mulher de nome Tisha conduziu Bambi para fora do muro norte da cidade, onde parecia ter notado alguma coisa peculiar. Ali, ela apontou para o céu sobre o castelo, onde, sem sombra de dúvidas, havia uma espécie de nuvem negra, deveras imperceptível, somente notável pelos olhos mais perspicazes.
— O que acha que é isso? – perguntou a cavaleira, mordendo o lábio.
Bambi parecia hipnotizada.
— Parece-me que o Rei Regente deixou passar alguma coisa muito importante na vigência do seu reinado.
— Como é que…
— Preciso de um meio de comunicação que seja seguro – Bambi colocou muita ênfase na expressão “seguro”.
Tisha parecia nervosa.
— Você quer conversar com quem acho que quer conversar?
A guerreira do exército levantou seus olhos para a nuvem bisonha novamente.
*
Heloise bebericou seu hidromel com certa ansiedade. Somente no minuto seguinte percebeu que a estalajadeira conversava com ela.
— … através de um meio de comunicação seguro – ia ela dizendo.
— Desculpe, querida. O quê?
A mulher revirou os olhos, torcendo um pano de prato entre as mãos delicadas.
— Recebemos uma chamada de Carlin através de um meio de comunicação seguro – ela repetiu. – Seja quem for que queira falar com a senhora, deve possuir uma relação afetiva consigo que é bastante transcendental.
Heloise levantou-se num rompante, seguida de perto de Jason, que acabara de retornar com a Espada de Crunor embainhada. Não havia sinal de John ou Leonard. A rainha olhou para o cavaleiro, que a encorajou com um aceno breve de cabeça, parecendo espantado.
A dona da estalagem os conduziu escadaria acima através de um labirinto insondável de madeira e feno. Finalmente, chegaram em um quarto minúsculo, onde mal havia espaço para Jason e Heloise permanecerem sem que seus corpos se tocassem de maneira constrangedora, e a mulher fechou a porta atrás deles.
Ali, não havia nada exceto um pedestal com uma espécie de bacia d’água. Heloise desviou o olhar, frustrada, mas logo seus olhos retornaram para a bacia. Ela parecia assombrada.
— Bambi?
O rosto da guerreira de Carlin flutuava na superfície das águas, e, por algum motivo, ela parecia aliviada. Sorria de orelha a orelha para a rainha e seu cavaleiro, ao lado, curiosamente, de Tisha, uma das mulheres que haviam treinado Jason em Carlin, muitos anos antes.
— Rainha, que bom que a senhora está bem – a voz de Bambi era simultaneamente ansiosa e atropelada, etérea, como se dita através de um cano muito comprido. – E também o jovem Jason. Que momento feliz.
Heloise aproximou-se da bacia, certa de que desconhecia aquele tipo de magia, o que a deixava ainda mais frustrada. A rainha era conhecida por ser uma druida de primeiro escalão, e desconhecer qualquer ramo da magia branca lhe servia tão somente como uma incisiva e dolorosa fratura exposta na honra.
Porém, tinha informações mais importantes de que precisava e decidiu tratar o ego ferido depois.
— Bambi, o que está havendo?
— Rainha, preciso ser rápida, a qualquer momento Svan vai constatar que estou contatando Svargrond e o exército pesará sobre a cidade quase que simultaneamente.
Heloise assentiu, os olhos arregalados.
— Svan tomou a regência da cidade e está transformando a vida de todos em um verdadeiro inferno. Ademais, os esforços dos nossos cidadãos estão sendo infelizes no sentido de reconstruir nossa cidade. Parece que os blocos simplesmente não se aderem, não existe mais aquela ligação que tornava tudo tão perfeito.
— Magia do dragão – disse Jason, imediatamente.
Bambi sacudiu a cabeça, surpreendentemente.
— Existe uma… aura estranha sobre o castelo, Rainha e cavaleiro – prosseguiu Bambi, falando cada vez mais depressa. – Já vi coisa semelhante no passado. Isso não é magia draconiana. Isso é magia negra, encantamento pesado.
Heloise sacudiu a cabeça, confusa.
— Vamos ao ponto, Bambi. Magia negra deixa rastros, tudo bem? Não é algo que se possa castar e simplesmente desaparecer. Ela é rastreável.
— Sei disso, Rainha, sei disso. Porém, tenho razões para crer que Svan está possuído, ou algo do gênero. Mesmo em situações de muita crise, ele nunca foi tão agressivo. Seja quem for o Rei Regente de Carlin atualmente, não é Svan. Talvez não seja necessário rastrear a magia, porque quem a castou pode estar dentro do castelo neste exato momento.
Jason e Heloise trocaram um olhar, e o cavaleiro se adiantou.
— Estaremos em Carlin ao amanhecer – disse, concisamente, atraindo o atento olhar da rainha. – Bambi, prepare o cais para que sejamos recebidos, tudo bem? Por falar em rastros, não os criaremos por aqui, em Svargrond. Faremos uma escala em Ab’Dendriel e utilizaremos a influência de Leonard por lá para tomarmos o primeiro navio para Carlin. Se Svan realmente está possuído, reagirá à presença da Espada de Crunor.
— É arriscado, Jason, sei que…
— Nossa decisão já está tomada – cortou-a o cavaleiro, com firmeza. – Temos o que precisamos, somente necessitamos da facilitação do desembarque. Bambi, você foi uma soldada leal até agora, mas precisaremos de um pouco mais, podemos exigir isso de você?
Bambi assentiu prontamente, engolindo em seco. Jason fez que sim, aprovando.
— Primeiro navio da manhã – disse ele, com pressa. – Vamos interromper a ligação para que não seja rastreada.
— Nos vemos por aqui amanhã – disse Bambi, interrompendo a chamada.
A água da bacia retomou sua cor translúcida, revelando o fundo do recipiente e refletindo os rostos de um cavaleiro e uma druida repletos de incertezas.
*
Ao lado do corpo nocauteado de Leonard, deitado sobre a cama da rústica cabana como se dormisse, John tomou seu pulso. Ele ainda estava vivo. O antigo incandescente de Crunor respirou fundo; era importante tirá-lo de combate, mas não matá-lo. Jason não sossegaria até que encontrasse seu assassino.
Com cuidado, John limpou o ambiente de modo a garantir o desaparecimento das evidências da sua presença. Mesmo agora, em situações que exigiriam tudo de sua lealdade à guilda dos Gatunos da Meia-Noite e às ordens de Lancaster Wilshere, sentia suas dúvidas, mas não podia permitir que elas tomassem seu coração. Lancaster o mataria tão logo tivesse notícia disso.
Seu papel como agente duplo estava funcionando bastante bem. Jason tinha suas desconfianças, mas John sabia muito bem de que lado se encontrava. Agora, cavaleiro e rainha pretendiam invadir Carlin com base na força bruta. Teria que lutar ao lado deles para manter as aparências e não revelar sua nova identidade.
Devagar, John saqueou o que o arqueiro tinha: flechas, dardos, um livro de magia e algumas poções de recuperação. Quebrou-as uma a uma, utilizando sobre elas um encantamento de desaparecimento antes de sair da cabana. A hora chegara.
Esse John é um safado mesmo... Leonard presa facílima, mas provavelmente com muito propósito. Outra adição interessante: comunicação mágica via água! Achei bacana a forma encontrada por Bambi de se comunicar com a Rainha e o Jason. Quero saber quem foi o responsável por possuir Sven, se é que ele foi possuído de fato, e quem é essa pessoa orquestrando tudo. Eu aposto em algum servo de Bazir, senão ele próprio.
A única crítica que tenho é quanto ao uso do aportuguesado verbo "castar": eu, particularmente, prefiro "conjurar", "enfeitiçar", etc. Entretanto, é um detalhe mínimo, que só reparei por ser um pouquinho cricri. Claro, nada que diminua a sua sempre excelente capacidade de tecer bons capítulos. Aguardo os próximos e vê se não some!
Esse John é um safado mesmo... Leonard presa facílima, mas provavelmente com muito propósito. Outra adição interessante: comunicação mágica via água! Achei bacana a forma encontrada por Bambi de se comunicar com a Rainha e o Jason. Quero saber quem foi o responsável por possuir Sven, se é que ele foi possuído de fato, e quem é essa pessoa orquestrando tudo. Eu aposto em algum servo de Bazir, senão ele próprio.
A única crítica que tenho é quanto ao uso do aportuguesado verbo "castar": eu, particularmente, prefiro "conjurar", "enfeitiçar", etc. Entretanto, é um detalhe mínimo, que só reparei por ser um pouquinho cricri. Claro, nada que diminua a sua sempre excelente capacidade de tecer bons capítulos. Aguardo os próximos e vê se não some!
Abraço,
Iridium.
Interessante o comentário sobre o aportuguesamento das palavras. É um costume que tenho; se você for ver a primeira parte da história, também contém alguns elementos disso. Tento deixar a leitura o mais fluido quanto for possível, talvez por isso tenha apelado pra utilização dessas expressões.
CAPÍTULO 7 – HIGHWAY TO HELL
O navio vindo de Svargrond atracou suavemente no cais de Ab’Dendriel, trazendo quatro figuras bastante ímpares, três homens e uma mulher. Um dos homens tinha longa barba ruiva e usava um smoking com uma cartola. Outro deles tinha a pele queimada de sol, e estava trajado como um xeque da arábia, portando um arco élfico. O terceiro homem era mais robusto e tinha uma espada gasta embainhada às costas, de cabo escondido sob os longos cabelos louros. A mulher mais se parecia com uma mendiga do que com qualquer outra coisa. Roupas rasgadas aqui e ali, cabelo lanzudo.
Era avançada a madrugada, e o sol estava para raiar.
O homem da espada se adiantou, e os olhos do elfo que atendia o cais se estreitaram.
— Quatro para Carlin – disse, a voz grossa.
— Identificação das passagens – respondeu o elfo, desconfiado.
O homem louro franziu o cenho, fazendo com que o elfo se lembrasse de um rosto conhecido, embora não conseguisse identificar qual.
— Identificação das passagens?
— Preciso de sua arma para garantir a identificação das passagens – explicou o elfo, dominado pela sensação de que conhecia o homem à sua frente.
O espadachim trocou um olhar cauteloso com o homem do arco, parecendo confuso. Confuso demais. Suspeitamente confuso.
— Não creio que isso seja necessário.
O elfo deu de ombros.
— Sou o administrador deste cais, e as ordens do Rei Regente de Carlin foram deveras claras. Somente adquire passagens quem as identifica.
Da escadaria do cais, outros três elfos surgiram, trajando uniformes militares e arcos rústicos de madeira. Membros d’A Guarda Real de Ab’Dendriel.
— Está bem, está bem – adiantou-se o homem do arco. – Aqui está. As passagens poderão ficar em meu nome.
Naquele instante, o navio com destino a Carlin acabava de atracar, com ninguém além do seu capitão.
O elfo tomou o arco nas mãos e o analisou longamente, os olhos estreitando-se cada vez mais. Parecia ter identificado algo que chamara sua atenção, embora, até aquele momento, nada tivera dito.
Finalmente, ele ergueu os olhos.
— Arco élfico – disse, em tom de constatação. – Um metro. Madeira sagrada das florestas de Chor, de árvores cuidadas especialmente pelos lagartos gigantes. Peças de prata banhadas a ouro são os ornamentos. E o fio de tração, pelo de crista…
Ele parou por um instante, arregalando os olhos.
— Pelo de crista de unicórnio.
Os três elfos-soldados sacaram flechas, equipando-as em seus arcos.
— Somente um arco deste foi feito nas terras de Ab’Dendriel, e ele foi destinado a Leonard Saint – prosseguiu o elfo, juntando as peças. – Ou você é um impostor, ou… você é um impostor.
O homem de smoking agiu muito depressa. Sacando um cajado de dentro do colete, ele disparou contra o rosto de um dos elfos-soldados, atirando-o pelo cais, desacordado. A mulher, mendiga, também não precisou de outro aviso e ela mesma sacou sua varinha, disparando contra outro dos elfos, que também foi abatido.
O homem da espada sacou a sua e adiantou-se contra o soldado remanescente, escapando por um fio de ter uma flecha enterrada contra sua orelha. No segundo seguinte, ele golpeou no sentido vertical, partindo o arco do elfo ao meio. Crendo que seria covardia matá-lo, simplesmente embainhou sua espada novamente e trocou socos com ele, vencendo-o facilmente no combate corporal.
O capitão do navio que levava a Carlin estava estarrecido, segurando o timão como se fosse um porto-seguro em uma tempestade intransponível. Repentinamente, o xeque árabe tomou o arco de volta das mãos do elfo embasbacado, ao passo que o cavaleiro sacava sua espada novamente.
Os olhos do elfo correram pela lâmina afiadíssima da espada, detendo-se em sua cruz. Não é possível. Esta é mesmo a lendária Espada de Crunor?
— Existem duas formas de se fazer isso – disse o espadachim, parecendo estar muito cansado. – E cada uma das duas parece igualmente arriscada para mim. Poderíamos deixá-lo ir, e correr o risco de ver falhar nossa missão. Ou podemos levá-lo conosco, e correr o risco de ver falhar nossa missão igualmente.
— Jason Walker? – perguntou o elfo, incrédulo. Sabia que conhecia aquele rosto.
O espadachim nada disse, sustentando o olhar do outro.
— Sabemos que os elfos têm princípios, diferente daquilo que é próprio da personalidade do novo Rei Regente de Carlin – prosseguiu, inquieto, a espada ainda em riste. – Não obstante, parece-me claro que você não tem interesse em saber quem está certo e quem está errado. Porém, vou advertir-lhe do óbvio: Svan está transformando Carlin em um antro do diabo. Vamos destroná-lo. Você fecha o bico, ou morre na tentativa. O que me diz?
O elfo engoliu em seco, pesando as palavras do outro.
— Não tenho nada a ver com Carlin, de qualquer forma.
— Vá embora – disse o espadachim, embainhando a espada.
Contudo, no instante em que o elfo deu-lhe as costas, o feiticeiro do grupo o atacou com uma magia inesperada, perfurando suas costas de fora a fora. Surpreso, o espadachim tentou gritar, mas sua voz permaneceu estrangulada em sua garganta.
Antes que o homem da espada pudesse tomar outra decisão, o feiticeiro atacou também o capitão do navio que fazia a rota para Carlin, atirando-o por sobre a amurada para o mar.
— Por Crunor, John – disse o espadachim, abismado. – Que merda é essa? Você se transformou em um assassino profissional? Mata primeiro, pergunta depois?
John desceu pelo cais e, utilizando magia, puxou a prancha do navio de Carlin para si. Ele sustentou o olhar do espadachim, parecendo decidido.
— Riscos não são toleráveis neste momento, Jason. Entendo que você tenha seus princípios, mas, sinceramente, para mim, tanto faz como tanto fez. Existe uma missão a ser cumprida, e não estou disposto a colocar a vida de nós quatro em xeque exclusivamente porque você assume pontos de falha desnecessários.
Jason olhou para John, sentindo que o desconhecia.
— Sinto muito, Jason – disse ele, e não parecia sentir absolutamente nada. – Um elfo a mais, um capitão a menos, sinceramente, não me causam preocupação. Quero mais é que se fodam. E, se não for pedir demais, gostaria que embarcássemos. Bambi Bonecrusher está arriscando o próprio pescoço para tornar nossa missão possível.
John marchou para dentro do navio e a mendiga, Heloise, o acompanhou, deixando a varinha pender molemente na mão direita. Ela encontrara certa lógica no discurso de John, mas amava demais Jason para dizê-lo, então preferiu simplesmente não prosseguir com a discussão.
Leonard aproximou-se, inquieto.
— Eu diria que as rédeas desse cão estão longas demais – cochichou para Jason, que ainda não conseguira se mover. – E digo mais: antes que ele tome qualquer outra decisão precipitada, vou lhe enfiar uma flecha rabo adentro. Pode crer.
— Leonard…
— Jason, seja quem for esse bunda mole, não é John – o arqueiro disse, ainda em voz baixa, mais incisivamente. – Parece mais um pedaço de estrume, daqueles que Zathroth usou para adubar aquelas plantas malditas das Ilhas Proibidas – Jason olhou para Leonard, achando cômica a referência. O arqueiro assentiu, dando ênfase ao que dizia. – Sabe, aquelas ervas vagabundas que, quando você passa, atiram veneno na sua cara como se fosse uma flecha de esperma para fertilizar behemoth? E vou-lhe dizer uma coisa: sabe quem não vê importância na vida? Zathroth e Lancaster. Diria que eles são o que se chama cafetão e esse John, certamente, é uma biscate da mais horrorosa estirpe, de quinta categoria. Do tipo que faz amor mesmo quando sente dor.
Jason cerrou os lábios com muita firmeza, sentindo uma repentina e incontrolável vontade de rir.
— Não fique preocupado – disse Leonard, com certeza interpretando muito mal a expressão do amigo. – Tenho um dardo cuja circunferência deve ser idêntica à do rabo desse puto. Se ele pisar fora da linha, vai engolir projétil pela bunda. E tenho dito.
Muito sério, Leonard andou pela prancha e entrou no navio, deixando para trás um Jason dividido entre a vontade de rir até cansar e de chorar até morrer.
*
Bambi Bonecrusher era uma mulher forte, descendente de uma linhagem de grandes guerreiros serventes do exército de Carlin. Sua mãe fora capitã, o mesmo posto atualmente ocupado pelo cavaleiro Svan, e sua avó fora comandante-geral. Ela, no entanto, era somente cabo. Tinha servido por tempo suficiente para saber o que queria e o que não queria e, honestamente, não tinha qualquer interesse em se envolver com a burocracia do Estado-Maior.
Contudo, agora, seria necessário um pouco do jogo de cintura que ela custara a desenvolver ao longo da vida. Era excepcional na arte do manejo de uma espada, mas muito crua no que toca às públicas relações.
O sol estava para despontar e sua influência no cais seria necessária.
Ali, apenas dois ou três transeuntes tentavam se aninhar entre as caixas, tentando se abrigar da brisa da noite. Sacudindo a cabeça de leve, ela subiu pela escadaria de mão e encontrou as docas praticamente vazias, exceção feita a Greyhound, capitão reformado que agora fazia as vezes de vendedor de tíquetes. Ele dormia a sono solto.
Bambi aproximou-se batendo os pés propositalmente, ao que o homem acordou, tentando enrijecer a postura. Seus olhos imediatamente registraram a presença da mulher, para quem ele sorriu amarelo.
— Tão cedo, Bambi – a voz do homem era bondosa, mas ele parecia cansado.
— Greyhound, preciso de uma gentileza – ela piscou para ele, mal acreditando que estava fazendo aquilo. – Quatro amigos chegarão do navio vindo de Ab’Dendriel, o primeiro da manhã. Pode facilitar o trabalho alfandegário?
Greyhound torceu o nariz. Sentia-se muito melhor quando era capitão de navio; os favores eram menores e menos velados.
— Está bem, está bem, por você, e só dessa vez – ele puxou um pedaço de pergaminho e uma pena para perto. – Quais são os nomes deles?
Bambi arqueou a coluna, sentindo-se desanimada. Precisava pensar rápido.
— O que acha de… - ela puxou uma bolsa de moedas e contou dez delas – dez moedas para esquecermo-nos dos nomes?
O homem ergueu uma sobrancelha.
— Trinta – barganhou.
— Vinte e cinco, e não se fala mais nisso.
Greyhound concedeu de má vontade, aceitando as moedas e contando-as meticulosamente.
— Vivemos tempos loucos, madame. Muito loucos.
Bambi fez uma careta, como quem dissesse “falou e disse”. Dois minutos depois, o navio despontou no horizonte e se aproximou devagar, surpreendentemente sendo manuseado por um homem de cartola e smoking.
Greyhound abriu a boca em um “O” perfeito, sem saber o que pensar.
O navio atracou com suavidade no cais e um homem carregando uma espada embainhada nas costas e de cabelos louros e longos esticou a prancha, derrubando-a no cais de qualquer jeito.
Os quatro excêntricos membros da embarcação desceram e fizeram um curto sinal para o antigo capitão, que respondeu de volta, ainda embasbacado. Já lá embaixo, onde os cinco haviam se reunido, Bambi olhou para a mulher que ela presumiu ser Heloise, inquisitiva.
— Complicações surgiram, continuaram e foram superadas¹ - disse a mulher, olhando com tristeza nos arredores para a cidade destruída.
— Precisamos nos organizar – cochichou o homem da espada.
— Venham comigo – Bambi os guiou.
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¹ Uma referência a Piratas do Caribe.
Segundo, o capítulo está muito bom! Está com um caráter mais introdutório, dando um sabor das coisas que estão por vir; o pessoal já suspeitando de tudo e todos nesse caminho xD
Não consigo deixar de sentir pena do Jason... Sério, o coitado tá com mais conflitos do que ele gostaria o que estou gostando mesmo de ver é esse conflito psicológico todo, bem como as "vidas duplas" dos personagens. E eu achei que o Elfo ia dedurar cada um deles AHUEHUEAHUHEUHUAEHU
Adorei as referências e adorei o capítulo. Excelente como sempre! Continue
Abraço,
Iridium.
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