>carlinhos
Neal, Neal. Obrigado pela constante presença no tópico.
Acredito que Senzo possa ser do seu agrado. Há muito guardado pra ele nesses próximos capítulos. Mas certamente não será como Nightcrawler.
Voltei, e espero não partir de novo dessa forma. Só é uma pena que eu não consiga terminar a história esse ano. Tá durando mais do que planejei originalmente.
Caras, depois de um tempo sumido, estou de volta. Meu computador não foi consertado, então estou usando um notebook que entrou aqui em casa recentemente e serve para o propósito de escrever.
Perdi um pouco da mão nesse tempo que fiquei fora, então é possível que eu dê uns deslizes nesses próximos capítulos. Mas não demorará muito pra retomar o ritmo. A propósito, decidi mudar o nome do capítulo 31 pois achei que se encaixaria melhor ao propósito dele.
Espero que gostem!
No capítulo anterior:
O jovem Senzo conhece Nuito. Ele entra no Centro das Almas de Ferro, uma poderosa academia para aqueles que desejam ser alquimistas. Ela também ajuda a formar engenheiros e outros tipos de formação. Lá, ele constrói Yoru, um automato com o formato de um louva-a-deus, e o apresenta na Feira Internacional de Maravilhas, mas um acidente grave ocorre durante a apresentação.
Capitulo 31 – Resmonogatari
Parte 2
O ano é 327. Passou-se três anos desde o caso Yoru.
Embora o caso tivesse chocado Yalahar e se espalhado pelo mundo, Senzo não se deixou abalar. Isso porque seus amigos não permitiram que isso acontecesse. Ele ainda está estudando no Centro das Almas de Ferro, e este será seu último ano.
As pessoas, bem como o colégio, se esforçaram para esquecer o episódio. Ver alguém sendo eletrocutado até a morte certamente não é uma boa programação para uma tarde, mas os humanos tem uma grande habilidade que até mesmo os elfos invejam: Esquecer. Dito isso, é normal ver mais jovens entrando no colégio todos os anos, e o movimento não diminuiu tanto. Agora mesmo, durante uma nova tarde ensolarada de Yalahar, dois rapazes de 14 anos andam tranquilamente até as escadarias que levam ao colégio. Mas no caminho delas, encostado, está uma figura de cabelos lisos e negros, pálida, encarando-os com cara de poucos amigos.
Senzo desce e se dirige a passos lentos até a dupla. Receosos, decidem começar a falar.
— Boa tarde... — Começa o primeiro rapaz, com tanto vergonha quanto medo — Somos novos alunos do colégio, disseram que um guia nos aguardaria no colégio para explicar o que precisamos saber. Você é o guia?
— Eu tenho cara de guia?
O segundo rapaz engole em seco. Ambos estão vestidos com o mesmo uniforme, um casaco de botões branco, calças negras e sapatos marrons. Os jovens parecem intimidados – certamente uma má recepção para ambos.
— B-Bem... Você parece ser um aluno veterano daqui, achamos que poderia nos ajudar...
— Não. Estou incumbido de proteger esse lugar de qualquer coisa que signifique ignorância. É um lugar para poucos. E não inclui vocês.
— Com licença, mas fomos aceitos na nossa entrevista, com certeza podemos entrar nesse colégio. — Disse o segundo, da maneira mais educada e comportada possível para evitar problemas.
— Não é porque foram aceitos que podem necessariamente entrar aqui dentro. Vocês não fazem ideia do que é estar nesse colégio nem do que é necessário. Posso dizer isso apenas olhando para as suas faces.
— Me desculpe, mas você é apenas um aluno, não pode nos dizer que não podemos estudar aqui!
Senzo levanta uma sobrancelha. Em seguida, seu braço, que é envolvido em segundos por uma peça de metal amarelada. Algo semelhante a um tentáculo saindo de suas costas, e envolvendo seu braço como um segundo braço mecânico, contendo uma lâmina de 30 centímetros na ponta.
— O que você disse? — Dispara Senzo, notavelmente irritado.
Mas ao invés das crianças se sentirem assustadas, elas se impressionam. Aparentemente, já viram aquilo de algum lugar. Logo acabam abrindo sorrisos de admiração.
— Ei, ei! — Disse o primeiro rapaz, encarando com surpresa a peça — Isso é a Célula de Ferro! Você é Senzo?
Agora quem está incomodado é Senzo. Pois ele já sabia que os rumores de sua criação se espalharam por Yalahar.
— E se eu for?
— Você é incrível! Criou não só isso como Yoru, o autômato mais bonito já criado! Mesmo que tenha acontecido aquele acidente, você fez um grande trabalho!
— Entramos nesse colégio apenas por sua causa! Queremos ser grandes engenheiros como você! — Disse o segundo, acompanhando a agitação do primeiro.
O jogo virou. Agora é Senzo quem está acuado, sem saber o que responder. Aquela admiração é realmente irritante para ele, alguém que está acostumado a ser, no mínimo, um figurante. Antes que pensasse em sair andando, uma boa alma surge para salvá-lo daquela situação.
— Ora, ora, Senzo. Está assustando jovens a essa hora do dia? Ou seria o contrário? — Disse Nuito, brincando com o fato do amigo já estar numa péssima situação para ele mesmo.
— Hein? Não estou fazendo nada!
— E por que está mostrando a Célula de Ferro, então?
Senzo fica um pouco cabisbaixo e irritado, e acaba se afastando. Nuito decide resolver o caso.
— Não se preocupem, ele é assim mesmo. Gosta de testar todos os novos alunos. Ele está no último ano, afinal de contas.
— Ah, você é Nuito?! Criador da Teoria da Criação por Alquimia e da Solução Lacrixca? — Questiona o primeiro rapaz, com um grande sorriso no rosto.
— Sim, e sou o guia de vocês. Nuito Resgakr, tutor iniciante do Centro das Almas de Ferro. Devem conhecer meu amigo.
O jovem desativa a Célula de Ferro, fazendo ela voltar para suas costas. Ou para um pequeno dispositivo que tem um formato semelhante a um ovo numa frigideira, que está no lado esquerdo de suas costas. Continua afastado, apesar de ainda atrair o olhar dos novatos.
— Conhecemos sim!
— Bem, ainda darão de cara com ele aqui algumas vezes. Não me verão com muita frequência, no entanto.
— Que grosseria a nossa! Meu nome é Bertolomey e o meu amigo se chama Lucio! Prazer em conhecê-lo! — Disse o segundo garoto, estendendo sua mão para Nuito.
— Igualmente. Logo alcanço vocês.
Os jovens assentiram e foram rapidamente para a entrada do colégio. Senzo os fita ao longe, insatisfeito e ofendido. Nuito coloca seu braço em seu ombro, também observando os novatos.
— Então você não sabe lidar com a fama? Deveria já ter se acostumado.
— Me acostumei com o lado ruim dela.
Nuito fica em silêncio por um instante.
— Para, vai. Como eu já disse inúmeras vezes, você é inteligente. Muito inteligente. E merece o respeito que tem ganhado aqui dentro.
— Que seja. Não gosto disso e ponto final.
— Ah, que gênio chato.
Por que acreditei nele?
É a terceira vez que Nuito o chama dessa maneira. Ele continua incomodado com o elogio.
— Não tem mais o que fazer?
— Você também tem, não?
— Pro inferno. Eu tô indo, te vejo depois.
Senzo afasta-se e sai andando. Nuito ri e vai até o colégio para ajudar os novatos, como lhe foi pedido.
Faz um bom tempo desde que Nuito se formou. Ele entrou no colégio com apenas 11 anos, e no ano seguinte ao que Senzo entrou, ele já se formou. Quatro anos de curso foram mais que suficiente para ele, mas ainda assim ele decidiu continuar lá tanto para ajudar seu amigo quanto para aprimorar seu currículo. Ele pode ser muito conhecido em Yalahar, mas não eram todos que ouviram seu nome fora da cidade-estado.
Em direção ao leste, Senzo caminha pelas ruas brancas de Yalahar, seguindo pela calçada para não ser atropelado por algum maluco com um cavalo descontrolado, ou por uma carruagem em alta velocidade. Essas ruas sempre lhe eram interessantes, pois os cavalos não eram as únicas montarias que as pessoas usam por lá. Sempre há criaturas interessantes levando seus mestres aqui e ali. Talvez o caso mais engraçado que ele já viu até então foi um homem relativamente grande montando uma ovelha negra. Parecia que eu estava no circo por um momento, pensa Senzo.
Ele atravessa a rua e para na fachada de uma casa relativamente grande, de dois andares, onde por uma extensa vitrine era possível ver um professor e alguém tocando um piano marrom. Ao entrar no lugar, ele encanta-se com a suave e ao mesmo tempo firme melodia que a pessoa toca para o professor, que contempla a execução dessa obra prima com orgulho. Aparentemente ela já está no fim, então Senzo fica ao lado da porta em absoluto silêncio.
O jovem observa a sala onde se encontra. O chão é de madeira, e há apenas uma vitrine do lado de fora, e ao redor há apenas paredes brancas. Há diversos quadros pendurados nela, e há mais de um piano ali. Próximo de onde ele está, encontra-se uma mesa grossa também de madeira com muitos papéis em cima, bem como um pote de tinta com uma pena dentro dele.
A música acaba. Quando o professor nota Senzo na porta, ele decide dar apenas alguns elogios para a pianista e se retira para o corredor próximo daquele piano, que está perto de uma parede cheia de quadros estranhos representando criaturas da noite. Um gosto um tanto exótico, ou diferente.
Esta pianista fita Senzo ao longe e caminha rapidamente até ele. Indo em sua direção, com um belo sorriso no rosto, está Miraya, a garota de olhos levemente puxados e cabelo curto e escuro como o breu. Ao parar de frente para ele, ela pega suas mãos, e antes que o rapaz possa reagir, ela beija-o. Um beijo que dura quase 10 segundos.
Logo que ela o solta, ele parece um pouco surpreso e também agitado. Ela dá uma risadinha entre os dentes.
— Esse foi meu boa tarde. Como você está hoje, mocinho? — Indaga Miraya, sorrindo.
— B-Bem... Ah, sei lá. Não consigo pensar em mais nada depois disso. — Responde Senzo, esforçando-se para não gaguejar ou parecer ridículo.
— Então você está bem. Assim como eu.
Miraya dá alguns passos para trás para vê-lo melhor. Senzo lhe manda um olhar curioso.
— Você está realmente bonito hoje.
Senzo está mais apresentável do que de costume. Seu cabelo está bem arrumado num pequeno rabo de cavalo. Seu paletó branco, bem como a camisa preta que está usando por baixo, contrasta bem com sua calça azul escura e seus sapatos sociais marrons. Ele não tem o costume de se arrumar, mas quando o faz, dá bons resultados.
— Nem tanto. — Balbucia o garoto, coçando a cabeça — Só tentei parecer menos feio.
— Isso é papo de gente triste! Vamos, você está sempre bonito. E hoje está bem mais que o normal. Sinto como se fosse arrancar a cabeça de qualquer garota que ousasse olhar pra você com interesse.
Ela é boa demais pra mim, pensa, enquanto sorri sem jeito. Miraya, que está com uma blusa de mangas longas de um laranja bem claro, bem como calças escuras e sapatilhas brancas, parece roubar bem mais a atenção do público do que ele. Ela não está tão arrumada, mas ela não precisa de muito pra parecer atraente.
— Bem, vamos indo? — Disse Miraya, pegando a mão de Senzo e levando-o para fora antes que ele pudesse protestar. Se é que ele deseja mesmo fazer isso.
O casal cria seu próprio dia conforme passeiam pela cidade. Passam numa sorveteria, conversando e brincando sobre várias coisas. Passam num dos Centros de Xadrez e ficam um bom tempo disputando, sem se importar com o fato de serem o único casal dali; por fim, acabam num restaurante, onde Senzo se esforçou um pouco para pagar a conta. Um encontro comum entre um casal que parece se dar muito bem.
Eles começaram a namorar há pouco menos de dois anos. Ambos se davam muito bem, e aparentemente Miraya lidava bem com o fato dele preferir estudar do que sair. Ela própria é assim, embora não estude tanto quanto Senzo. Ela também não se importa com o comportamento as vezes tóxico dele, com comentários um tanto ofensivos, chegando até a rir ao ouvi-los. Certa vez, ele acabou assustando sem querer uma criança, e ela se acabou de rir vendo aquilo ao invés de consolar o pequeno. Uma garota perfeita para ele.
Embora não passem tanto tempo juntos, seus encontros eram mais que satisfatórios para os dois, que mais conversavam do que faziam outras coisas de casal. Por isso, Senzo não se sente culpado por deixá-la em casa para voltar ao Centro das Almas de Ferro para continuar trabalhando, ao invés de prosseguir com o encontro; e Miraya não se sente incomodada por ele preferir continuar seu trabalho. Afinal, ele está trabalhando em algo muito maior do que a Célula de Ferro, e precisa de tempo. E assim ele o faz no final do encontro, despedindo-se de sua garota com apenas um beijo rápido.
Após vinte minutos, ele volta para o colégio, e dirige-se para os dormitórios, que ficam atrás da grande construção. Logo, ele chega nos laboratórios abaixo deles. Hora de trabalhar.
Em seu dormitório, algumas semanas depois, Nuito testa a Célula de Ferro. Do mesmo jeito que antes, mas agora com um cilindro com seis buracos na ponta que lançam dardos. Com alguma dificuldade ele acerta todos os dardos num alvo do outro lado do quarto. Enquanto isso, Senzo observa um pequeno pote de vidro com uma tampa escura, com um liquido branco e viscoso dentro. Nuito repara e decide recolher a invenção que estava usando, vencido pela curiosidade.
— Ei, Senzo. O que é isso aí?
— Ah, isso? É muito mais complexo do que você imagina.
— Ah, vamos lá, nada é complexo demais pra mim, sabe disso.
Senzo gira um pouco a própria cadeira e contempla o potinho.
— A Teoria da Criação por Alquimia diz que tudo que é físico nesse mundo possui não só uma assinatura própria em nível microscópico como também uma leitura própria. Algo semelhante a DNA e coisas assim. O que eu fiz foi estudar todas essas leituras a fundo e portar todas elas para uma coisa só. Elas assumiram essa forma líquida e branca que chamo de Nancore. E precisei apenas de alguns materiais que possuíam as leituras que eu precisava.
Nuito parece perplexo.
— Em suma, você criou uma coisa que cria outras coisas?
— Exatamente. Não é incrível?
Seu amigo não sabe como reagir.
Senzo nem chegou a terminar o curso ainda, mas sempre se mostrou genial. Ele sabia que o amigo tinha potencial para ultrapassá-lo e criar coisas muito mais grandiosas que seus próprios estudos e teorias, algo grande até para um biólogo, coisa que ele planeja ser. Mas agora ele está vendo o rapaz criar algo baseado no que ele mesmo desenvolveu. Um estudo incompleto, uma teoria. Trazida para a realidade com forma física.
Ele já pode se declarar superado.
— Mas, no entanto, existem certas complicações na criação do Nancore, e ainda não consegui um material muito importante de Porto Esperança. Então acho que o Nancore não é capaz de criar nada ainda.
Ou por enquanto não.
— Ah, que pena. Seria incrível ver isso em ação. Conte comigo se precisar de ajuda.
— Acho que vou precisar sim, afinal, foi você quem criou o estudo que me baseei.
— E eu me baseei em outro estudo yalahari. Então não há nada demais no que estamos fazendo.
— Claro que há! Estamos melhorando o que foi criado no passado! Não é assim que a humanidade sempre funcionou?
Senzo sempre se empolgava na hora de falar sobre assuntos do tipo e até esquecia-se de certas coisas. Até mesmo sobre ética. Mas, no momento, ele não está prejudicando ninguém, o contrário: Está criando algo que pode ajudar muitas pessoas e mudar o mundo ao mesmo tempo. Mal dá pra imaginar o quanto de coisas que podem ser feitas a partir do Nancore.
— De qualquer forma, você vai apresentar isso na feira desse ano? Seria um forte candidato a vencer.
— Não. Ele não está pronto.
— Ah é, verdade. Falta o material de Porto Esperança, não é? E qual é?
Senzo guarda o potinho numa gaveta antes de falar alguma coisa.
— Um coração de um lagarto templário de Chor.
Nuito engole em seco.
~*~
A Feira Internacional de Maravilhas retorna após três anos. O caso Yoru realmente foi fatal para a reputação do colégio e por muito pouco Senzo não foi expulso, e isso porque Nuito ajudou a aliviar a pena.
Com o retorno, os projetos de alquimia já não tinham mais a mesma mistura complexa com a engenharia, apenas em raros casos. Peças de robôs não eram mais vistas, tampouco as pequenas maravilhas que se moviam sozinhas e eram feitas de muitas pecinhas. No ponto de vista do público, é como se a tecnologia tivesse atrasado seu progresso em alguns anos.
Senzo veio com muita insistência por parte de Nuito para a feira. Acompanhado dele, bem como de Miraya e Ember, o grupo segue tranquilamente pelas barracas, evitando muita conversa com as outras pessoas. Elas ainda colocam os olhos em Senzo, e ele acaba ficando mais pálido do que de costume. Em inúmeras mesas, é possível ver machucados se recuperando instantaneamente, animais diminuindo de tamanho, pequenas mutações como uma cauda a mais, e até um hamster com supervelocidade, que atraiu bastante gente. Talvez o maior destaque daquela feira foi um remédio que fez um homem cego voltar a enxergar, mas o grupo não conseguiu chegar lá no momento em que aconteceu.
Eles param em frente de uma barraca onde há vários alunos demonstrando soluções simples para problemas do cotidiano. Um deles era um garoto de 16 anos mostrando um anel que gerava açúcar infinito a partir do oxigênio, sendo usado para adoçar líquidos. Senzo está distraído e avoado, então não reparou quando o próprio criador do anel o chamou.
Miraya o cutuca e ele percebe o jovem o encarando. Novamente fica incomodado.
— Você é Senzo, não é? Senzo Damasukas! Eu queria muito que você me dissesse o que acha da minha invenção!
— O... Quê? — Balbucia em resposta, não prestando muita atenção no que ele diz.
— Meu nome é Udel, eu criei esse anel que pode gerar açúcar infinito! Veja, veja! — Disse, usando a ponta do anel, uma espécie de bola com formato octógono tridimensional, mergulhando-a num copo cheio de leite. Depois, ele o oferece.
Todas essas coisas me dão ódio.
Senzo encara o copo enquanto o tempo parece correr devagar. É muito estranho para alguém como ele receber esse tipo de atenção, como se alguém o admirasse. Ele sente ao mesmo tempo que a pessoa parece se rebaixar e se inferiorizar frente a ele, como se ele fosse a figura mais importante do mundo, quando nem passa pela sua cabeça algo assim. É um sentimento estranho, que o dá náuseas e faz sua cabeça formigar.
Ser admirado parece lhe dar nojo.
— Posso? — Pergunta Miraya para o garoto, tomando o copo de sua mão sem que ele pudesse reagir a tempo. Ela toma um gole um pouco longo e dá de volta para ele.
Senzo e Nuito a encaram de forma estranha, mas ela parece ter gostado da invenção.
— Eu gostei! Uma invenção simples, mas muito útil. Dá o açúcar na dosagem certa. É ótimo pra quem não tem tempo nem de ir pegar o pote de açúcar no armário e ainda é bonito.
Apesar da resposta positiva de Miraya, o garoto não parece satisfeito.
— Me desculpe, mas eu pedi apenas a opinião do Senzo e de mais ninguém.
— Ah sim... Tudo bem. Só fiquei curiosa.
— Espere que logo chamo vocês, pode ser?
Pois me lembram dele.
Senzo ouve aquilo e logo em seguida olha para Miraya, que assente para a resposta do estudante com um sorriso triste. E para Senzo, aquilo é um rosto muito mais triste do que aparenta. Que esconde muito mais sentimentos do que alguém pode imaginar. Pois Miraya é assim: Alguém pouco sentimental por fora, mas incrivelmente dramática por dentro.
Isso é o suficiente para irritá-lo de verdade.
— Sabe o que eu acho da sua invenção, Udel? — Disse Senzo, encarando o garoto, que não responde.
O rapaz pega o copo e atira ele no chão, com muita raiva. Isso atrai vários olhares diretamente para o grupo.
— Horrível. — Disse, com uma voz alta, porém rasteira e odiosa. De nojo.
— O... O quê? P-Por quê? — Gagueja o pobre garoto, assustado com o ato de Senzo.
— Um anel pra adoçar coisas? O que você tem na cabeça? Quer que os outros enfiem o dedo no meio da própria bebida só pra adoçar ela? Por que você acha que elas usam colheres ao invés da porra de um anel?
— M-Mas ele p-pode criar pequenos c-cubos que-
— Não importa o jeito que você explique, nem de como pode ser útil, é horrível. Uma merda. Jogue no lixo. Terá mais utilidade lá do que no dedo de uma pessoa, até porque ele é mais feio do que a sua mãe.
— Senzo! — Grita Nuito, assustado com a forma que o amigo está atacando o jovem.
Muitas pessoas estão encarando Senzo, que humilhou o jovem sem nem precisar gritar. Como se fosse algo desnecessário para alguém como ele. Isso assusta até Miraya, que até então não se importava com a forma que Senzo se comportava de vez em quando.
Sem falar muito mais, ele sai andando entre o público, com um olhar sério e duro. Parece outra pessoa, ao menos para quem o conhece. E sem parar nem olhar para alguém, ele sai da feira, acreditando que foi um grande erro entrar lá dentro.
Fora do Centro das Almas de Ferro, ele encara o céu, com algumas nuvens quase a cobrir o sol. Provavelmente choverá mais tarde.
É o clima perfeito para o começo da formação de um homem.
Próximo: Capítulo 31 – Resmonogatari III
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Responder com Citação
momento do Nightcrawler... E é isso. Estou incerto de minhas próprias interpretações do que está para ocorrer, e aguardo o desfecho de tudo

