
Postado originalmente por
Neal Caffrey
Grande Carlão. O Carlão da Regulagem. Aquele que tem uma jiboia do tamanho de um recém nascido.
Irmão, sua narrativa é só ladeira acima, contrariando as suas próprias expectativas iniciais. Aliás, destaco:
Sensacional, puta que o pariu. Você deve perceber que alguns excertos específicos me empolgam, e sua história tem muito disso. Esse pedaço (peço a permissão de chamar de "pedaço") é de uma riqueza literária, orgulha-me ver o quanto seus capítulos evoluem e o quanto a sua narrativa evolui também.
Peço perdão pela ausência, você deve ter percebido que a história de Jason Walker também não está caminhando na mesma velocidade das demais. Vou seguir teu conselho lá e farei os 5 contos; já existe um engatilhado na minha cabeça pra depois do fim da saga, e escreverei um conto somente, justamente pra não vincular todo mundo ao andamento da série como um todo.
No mais, fico no aguardo do próximo capítulo. Parabéns, mais uma vez. Só vejo você caminhando pra frente.
Um abraço!
Grande Neal, obrigado pelo comentário e pelos muitos elogios. É sempre ótimo ler elogios seus, sinto-me cada vez mais determinado a continuar escrevendo e confio mais no que estou escrevendo.
Não sei se você reparou, mas desde que sua história apareceu na sua seção e desde que comecei a ler ela, eu comecei a tentar melhorar minha escrita. Eu não sou nenhum outcaster de literatura, você se impressionaria em saber que não leio muitos livros, mas ainda assim, minhas melhoras partiram de mim mesmo e da ajuda das pessoas da seção. É por isso que eu aprecio todos os comentários que me ajudam e que dão críticas construtivas.
E cara, você escreve bem pra caralho, acho que muitos dos antigos principais da seção, de anós atrás, elogiam a sua escrita e te comparam a escritores brasileiros incríveis. Já te chamaram de Paulo Coelho da seção de Roleplaying, parceiro. E vendo isso, é impossível eu me comparar a você, não tenho a mesma habilidade e talvez eu nunca tenha. Mas isso não significa que pararei de escrever um dia. Estou sempre buscando evoluir e chegar no nível de escritores consagrados. Eu ficaria feliz pra um caralho se aparecesse numa crítica na internet ou num jornal que minha escrita se compara a, sei lá, J.K. Rowling. Que minha criatividade se equipara ao meu mestre, J.R.R. Tolkien. É meu sonho. E Bloodtrip é parte dessa minha jornada, uma vez que ela mudou totalmente meu modo de escrever e criar.
No mais, Neal, faça os outros dois contos restantes e não deixe essa seção por nada. Juntos podemos inspirar mais escritores e alimentar mais a literatura brasileira, mesmo que por simples fanfics. O começo de grandes criadores sempre vem de coisas pequenas.
ta comparando minha jiboia àquele recém-nascido que veio bem dotado? pois é verdade
Opa Skirt, obrigado pelo comentário e pelos elogios.
Cara, eu não faço fanservice, juro pra você

tudo aqui é parte do que eu desenvolvi pra essa história. Então, se tem uma cena de sexo na história, acredite, é pela história.
Dartaul é um jovem de sorte mesmo btw
E eu continuo negando que há algo naruteiro aqui, não temos mechas de chakra nem nego soltando cobras pela boca, então deixa disso
A teoria pode acabar deixando o suspense ainda mais alto, então, se quiser, pode soltá-la. Adoro essas coisas.

Postado originalmente por
Senhor das Botas
Não dá, tenho que comentar; se o mestre já deu seu perecer, devo prosseguir.
Primeiramente, minhas desculpas por não comentar. Nem sei mais o porquê de logar no forum, acho que se eu fosse um mero visitante não iria fazer muita diferença
Btw, antes de falar dos capítulos recentes, gostaria de falar da organização estrutural da sua história. Sério, nunca antes eu invejei de tal forma o quão bem preparada a sua história foi. Cada capítulo trazendo esclarecimentos, novas dúvidas, novos ganchos, e assim vai; em momento sequer, ao final da leitura de um capítulo seu, eu parei e pensei "capítulo filler esse". Sério, se o Kishimoto tivesse lhe colocado pra dar uma ajudinha no roteiro do mangá, coisas teriam saido mais suaves ( e loucas. Guerra Ninja não seria nada perto de você)
Quantos aos capítulos recentes... Caceti! Tive que refazer umas leituras pra pegar a imagem da coisa, e acho que vou reler os capítulos anteriores pra já ter uma ideia de desde quando Vermuda vem falando Dartaul. No mais, piadas à parte, o Dartaul é tão virjão que até uma virgem tinha mais experiência que ele
E ao menos, obtivemos informações do que realmente aconteceu em Yalahar, com o retorno de Zoe... QUE TROUXE MAIS DÚVIDAS!
Enfim, no aguardo dos próximos capítulos. Você me motiva pra caralh* a voltar a escrever Carlão, e acho que vou começar a deixar a rotina mecânica de estudo/jogo
PS: Mas o age ainda tá aberto. Deu sdds
Meu amigo Botas, obrigado pelo comentário e pelos elogios. E poxa, logue ao menos pra comentar aqui, pô. Já disse que adoro comentários.
Cara, agradeço mesmo em saber que a história não está confusa. Eu tinha esse medo e acabei fazendo diversas mudanças na história pra que ela não fique estranha nem complicada demais. E sinceramente, se dependesse de mim, nem Guerra Ninja aconteceria. Ela teria outro nome: Reunião dos Cinco Kages. Dali, a história estaria dando seus passos pro final. Eu mudaria tanta coisa que Naruto ia ficar bem menor.
E rapaz, você comentou sobre Varmuda na cabeça do rapaz, e eu achei por um instante que esqueci de mencionar quando ela começou a falar com ele, mas já lembrei onde fiz isso. Capítulo 21, parte 3. Dartaul acorda novamente falando que Varmuda esclareceu tudo sobre Nightcrawler. Caso não tenha entendido direito, já expliquei aí. Agradeça-me, não costumo fazer isso.
E volte a escrever, Botas. A seção não é a mesma sem você.
E não feche esse Age nunca. Não deixe o melhor RTS de todos morrer.
Yo galero, venho fazer a história caminhar mais com um capítulo que farão vocês começarem a duvidar mais do que eu posso colocar aqui. Também dedico essa parte a minha namorada que disse estar lendo minha história. Acho que logo ela chega nesse capítulo. Eu espero que esteja gostando de tudo da história e que não me mate pelas decisões que tomei até aqui
e não esqueça que eu te amo, fofinha.
No capítulo anterior:
Zoe aborda Dartaul no meio do vazio e diz que ele quebrou um selo importante feito em Aika, e que a Irmandade está vindo. Com isso, dois deles surgem, um prendendo Trevor e Alayen, o outro atacando Dartaul e Aika. Mas Nightcrawler surge nos instantes finais para exorcizar Bryca. Mas, após isso ser feito, o corpo da Sangue é possuído por Zoe.
Capítulo 29 – Junketsu
Parte 3
O quarto parece tão silencioso que dói. Todos olham, ao mesmo tempo, para o corpo de Bryca, onde aparentemente está Zoe. Mas ninguém consegue dizer uma só palavra, tampouco mexer os braços ou pernas. Enquanto isso, Zoe vira a cabeça para a janela, aparentemente, sem jeito.
— Por favor... — Suplica Zoe, tentando esconder a vergonha de estar nua na frente de todos.
— Ah... AH! Porra, vocês tão olhando o quê? Saiam fora, vão! — Disse Alayen, se aproximando de Zoe e dando sua camiseta para ela. Também está sem jeito.
Numa cena cômica, Alayen está levemente corado e de costas para Zoe, que sentou-se de frente para a janela, sem que ninguém veja algo de seu corpo. Ali, ela colocou a camiseta laranja do rapaz, e uma calça azul que Trevor disse estar dentro do guarda-roupa do quarto. Ao sentir-se mais confortável e vestida, ela vira-se, mostrando não ser ela de verdade. Bryca tem olhos azuis, nariz fino, mas lábios carnudos. Possui uma estranha, porém, visível cicatriz começando do lado direito do nariz e indo até acima do olho direito.
Zoe levanta-se. Repara no montante de dúvidas a frente dela. Mas essa era a recepção que ela estava esperando.
— Muito bem, comece quando quiser, garota. — Disse Nightcrawler, com as mãos nos bolsos do sobretudo.
— B-Bem... É meio difícil explicar o que aconteceu comigo, pois nem eu entendi muito bem.
— Como não? Um dia atrás você morre e agora está em outro corpo? Isso seria alguma habilidade sua que você não revelou para nós?
— Não... Acho que, antes de tudo, preciso explicar o que seria a sociedade de onde eu vim.
O detetive apoia-se na parede. Quem sobrou de pé se sentou na cama, como se esperassem uma história interessante. Zoe coça o queixo, encabulada.
— A Sociedade dos Espíritos Claros é uma grande corrente formada nas ilhas geladas, originalmente em Senja. Ela se espalhou para outros locais das ilhas, como em Svargrond. Nós não somos como os xamãs, somos mais dotados de uma influência continental, a cultura de Thais ou Carlin. Temos uma base lá feita de tijolos que parece um pequeno castelo, no alto da montanha que circunda a cidade dos xamãs. Vivemos em paz com eles e cultivamos nossa religião principalmente no subsolo.
“Sempre fomos dedicados à meditação para encontrar o poder de nossas almas, ou para comunicarmo-nos com as almas que ainda desejam ficar neste mundo. Existem muitos de nós que já entraram em contato com um espírito ou com a nossa própria alma, algo bastante excitante, por assim dizer. Experiência própria, eu diria...”
“Mas, bem, nós desenvolvemos habilidades baseadas no poder de nossas almas. Nossos antepassados cultivaram essas habilidades e herdamos elas de berço. Não é algo difícil as desenvolver e usar quando você já é da Sociedade, o problema é se você vier de fora. Tínhamos muitas leis, regras, ordens e raramente ficávamos sem algo para fazer. Sonhar e nos conectar com o deus Nornur é algo básico na nossa rotina. Assim como com Crunor, Bastesh ou até mesmo Banor. Sabemos de muitos segredos desse mundo, por isso somos um grupo seleto e bem reservado.”
“Há muitas formas de desenvolver poderes. É dito que, quanto mais branco você for de pele ou de outra característica, como os cabelos, os olhos, os lábios ou qualquer outra parte do seu corpo, mais você tem poderes de alma. Caso tenha notado, somos conectados com espíritos brilhantes, ou seja, estamos sempre buscando a luz e evitando a escuridão.”
“Eu nasci albina. Meu corpo sempre foi claro. A probabilidade de eu aprender tudo que me ensinassem e que fosse algo da Sociedade era sempre muito alta. E, de fato, eu aprendi inúmeras coisas, além de segredos do mundo e dos deuses. E, por incrível que pareça, eu tinha uma irmã igualmente albina. Erámos os prodígios do grupo, o sinal de prosperidade da nossa Sociedade.”
“Mas eu e minha irmã fugimos, pois a pressão sobre nós era grande demais. Demais! E aquela não foi a primeira vez que tentamos isso. Tínhamos sempre que nos submeter a lições e tarefas difíceis e mal tínhamos amigos. Diziam que não podiam andar com seres poderosos como nós. Queríamos ser consideradas pessoas normais, como os outros membros da Sociedade! Lembro que fizeram minha irmã engravidar com pouco mais de 16 anos. Anos depois, foi minha vez, com 22. Eu peguei minha filha recém-nascida e fugi com minha irmã e a filha dela. Suportamos uma infância e uma adolescência inteira na mão deles, não largaríamos a vida adulta por nada.”
“Eu fugi pra Yalahar, e ela, pra Edron. Tornei-me jornalista. Conheci vocês recentemente. Mas acabei morrendo. Eu não sei como voltei a vida, apenas posso lhes dizer que os espíritos vão para o vácuo, o limbo, antes de irem para o paraíso ou para o inferno. Eu me uni com o vácuo, e me tornei ele próprio. Posso manipulá-lo a vontade, criar luz ou escuridão, enviar coisas para o vácuo ou tirá-las de sua realidade e levá-las para o meu domínio... São muitas coisas. Eu não sei de tudo. Mas sei que meu poder é extremo, como o de um deus. E isso tudo por eu ser albina. Eu me pergunto se o mesmo ocorrerá com minha irmã ou com minha filha, ou com a sobrinha dela. Elas também são albinas e, bem... Tenho medo que elas ganhem essa existência triste que eu tenho.”
Mais uma vez, o cômodo é invadido pelo silêncio. É difícil dizer qualquer coisa frente ao que lhes foi dito. Zoe, uma deusa. Se é difícil acreditar? Talvez. Mas Nightcrawler, aquele que sempre observa, aquele que sempre está alheio a tudo, mostra indiferença a tudo que lhe foi dito, parecendo estar lidando com as paranoias literárias de um escritor de fantasia frustrado.
— Você, Zoe Nubila, é uma deusa? — Questiona ele, trazendo os outros a realidade.
— É... Acho que sim.
Nightcrawler dá uma longa e assustadora gargalhada. Parece desacreditado, ou simplesmente está achando graça. Um detetive cínico e realista jamais acreditaria em um deus se ele aparecesse na sua frente e lhe devolvesse tudo que ele perdeu um dia. Ele é do tipo que cuspiria na cara desse deus se as vidas que ele perdeu fossem trazidas de volta, e os itens que perdeu fossem recuperados por esse ser divino. Ele diria que está dando de volta o cuspe que o deus mandou nele. Que todas aquelas bondades foram como um cuspe daqueles bem carregados diretamente na sua vida e no seu sofrimento. Afinal, tudo que ele passou jamais teria feito sentido.
E agora, ele pensa que terá essa chance. A chance de cuspir na cara de um deus por ele estar tentando trazer de volta o que ele perdeu. Mas um simples olhar em Zoe já prova que ela não é esse tipo de deus, nem que ela pode trazer o que foi perdido de volta. Esse não é o papel dela. Frente a isso, só resta uma coisa para ele dizer.
— Prove.
As pessoas do cômodo ficam tensas. Se Zoe for realmente quem diz, o que ela poderia fazer em seguida?
— Er... Como?
— Não sei. Dá seu jeito.
— Bem... Eu morri e voltei em outro corpo... Isso pode ser alguma coisa, não?
— Não, não pode. Você pode facilmente ser a vadia que acabamos de matar tentando se passar pela pessoa que ela matou.
— Eu pensei na mesma coisa quando entrei no corpo dela... Mas vocês acreditam em mim, não é?
— Eu acredito, Zoe! — Disse Alayen, temendo o que pode vir a seguir naquela discussão e se metendo — Provavelmente você não sabe usar suas habilidades novas, então iremos te ajudar. Pode ser?
— Bem, eu...
— Não. Tenho uma ideia de como você pode provar pra todos nós que você é, de fato, uma deusa.
Zoe tem um mau pressentimento.
— Bom... O que é?
— Me mate.
A mulher se assusta com a proposta, assim como os outros. Trevor chega a dar uma risadinha.
— Boa piada, Crawler. — Disse Trevor, cruzando os braços.
— Vai se fuder, animal. Eu estou falando sério.
— Você só pode ter endoidado de vez ficando naquele quarto, seu retardado! — Vocifera Alayen, levantando-se e colocando-se entre ele e Zoe. — Ela não vai matar ninguém!
— É ela que decide, e não você, moleque. Agora sai da frente.
— Vai ter que me matar pra fazer isso.
— Ok.
Os poderes de Nightcrawler se manifestam, e seu braço é coberto pela aura quase transparente e alaranjada manifestada a partir de seu olho. Ele usa-o para jogar Alayen pra parede do lado direito do quarto, sem precisar tocá-lo. Em questão de segundos, um círculo aprisionador se manifesta na parede, correntes prendem seus braços e pernas e uma lâmina gigante e pontuda surge próxima dele e do detetive, esperando um único soco de Suzio para acertar seu alvo. Todas as coisas invocadas por ele possuem cores laranja e parecem um pouco transparentes. Aika se afasta para a cabeceira da cama, Trevor sai da cama e vai para trás e Dartaul também se afasta. Alayen está assustado, mas também bastante irritado.
— Manda ver, FILHO DA PUTA!
O detetive cobre ambos braços com esse poder, reforça-os, deixando a aura mais grossa, prepara seu soco e manda sem hesitar, sem algum receio, como se fosse algo natural. A lâmina vai em alta velocidade, e iria acertá-lo em menos de um segundo. Todos fecharam os olhos, menos o agressor. E Zoe.
Numa fração de segundos, ele vê. As pupilas de Zoe ganham uma combinação de azul e vermelho, parecendo estrelas num céu distante. Seus olhos estão escuros, e essa combinação de duas cores manifesta-se em suas mãos também. Ela levanta uma delas e parece abrir um feixe de luz em toda a área do corpo de Alayen que ia ser atingida. E então, a lâmina some. Em seguida, o círculo e as correntes. E assim, o feiticeiro cai na cama.
— É o suficiente.
O detetive está de volta ao normal, assim como Zoe. Ela ainda olha assustada para suas mãos e para o homem, que fora tão brutal dessa forma. O restante abre os olhos, vendo que Alayen está bem e que nada foi feito contra ele.
Ainda assim, Dartaul se levanta da cama, vai até o detetive e soca o seu rosto. Sua máscara cai.
— Volte pro quarto onde você estava entocado, seu psicopata. Ninguém precisa mais de você aqui.
Suzio sorri. Mesmo sabendo que Varmuda está mexendo com a mente do rapaz, ele entende que, de certa forma, isso está ajudando-o consideravelmente.
— Só não deixe essa... Deusa fazer alguma merda com vocês.
Suzio pega sua máscara do chão, vira-se e sai do quarto. Ele volta para o seu e fecha a porta. Tudo isso sem fazer barulho algum. É como se fosse uma breve miragem, ou uma imagem se movendo. Isso é normal vindo do detetive, que sempre atrai presenças estranhas.
As atenções caem sobre Dartaul. Zoe olha triste para a situação, pois não esperava que algo assim acontecesse caso voltasse.
— Bem... — Zoe não sabia nem onde colocar o rosto. Sentia ele queimar e uma frustração enorme forrar-lhe o estômago.
Dartaul vira-se e fita-a. Dá um pequeno sorriso de canto, como se entendesse como ela se sente.
— Olhando assim, você ainda parece bem humana, Zoe.
Ela levanta seu rosto e olha para Dartaul. Pouquíssimas foram as vezes em que alguém disse para ela que ela é humana, que ela é uma pessoa como qualquer outra, apesar de suas feições peculiares. Ela sabe que, daquele grupo, Alayen é o único que realmente não estranha ela e que gosta dela como ela é, que enxergava o mesmo em Borges por ele se preocupar com sua filha e com ela mesma, e que agora vê o mesmo em Dartaul.
Seus olhos brilham. Ela sorri e sente-se mais aliviada.
— Queria acreditar nisso — Disse Zoe, levemente cabisbaixa — Mas eu ainda me impressiono muito com o que sou capaz de fazer. No momento, penso que é melhor manter distância de vocês.
— Não! — Disse Alayen, saindo da cama e indo até Zoe — Você é parte desse grupo, por que diabos iria querer deixá-lo?
— Pois eu sou uma presença divina que pode atrair qualquer membro da Irmandade até do outro lado do continente. — Disse ela, triste — Eles possuem forte aptidão em reconhecer coisas divinas... É uma das coisas que aprendi durante minha ausência.
— Pensando bem, isso é uma boa dica sobre o que está por trás deles... — Disse Dartaul, cruzando os braços.
— Por isso irei atrai-los para longe. Veja, essa garota já foi uma garota normal, uma filha de um poderoso guerreiro de Svargrond, que também era muito habilidosa. Ela morreu, pois se tornou uma valquíria carlinídea e os xamãs a amaldiçoaram por isso. Eu irei levá-la de volta para Svargrond e tentar dar a ela sua vida de volta. Ela está morta, mas não significa que eu não possa ressuscitá-la. Afinal, ela morreu há pouco tempo e ainda está no limbo.
— Então por que “tentar”?
— Existe a chance de não dar certo... Ela pode querer não voltar a viver, ou os xamãs não autorizarão seu retorno, nem seu pai. E aí não haverá nada que eu possa fazer. Mesmo assim, isso vai atrair a Irmandade até mim, e eles pensarão que vocês estão me acompanhando. E desistirão daqui.
Dartaul e Alayen parecem pensativos a respeito. Isso pode dar certo, mas os Sangues não parecem tão burros. Ainda assim, é algo bom para se tentar.
— Tente então, Zoe. Ainda vamos precisar pensar no que faramos contra eles. — Disse Dartaul.
Zoe concorda com a cabeça. Ela pensa que Nightcrawler é o melhor para pensar nessas coisas, mas lembra-se que eles não estão a fim de conversar sobre nada relacionado a ele.
— Então eu já vou indo. Usem o restante da noite para descansarem.
— Acho difícil fazer algo assim depois de tudo que aconteceu aqui. — Disse Trevor, que se manteve quieto desde o que Dartaul fez — Mas tentaremos. Boa sorte, Zoe.
— Obrigada. Boa noite pra todos vocês, e lembrem-se que estarei sempre desejando o melhor pra vocês.
Zoe sai pela porta, rumando pelo corredor. Ela desce as escadas rapidamente, sem olhar pra trás. Com isso, parece que o clima mudou relativamente.
— Isso é demais. — Murmura Alayen, perplexo.
O mago espadachim vai até o corredor e desce as escadas. Nenhuma das pessoas do quarto pensa em pará-lo.
— Gritem se precisarem de algo. — Disse Trevor, também saindo do quarto e fechando a porta.
Dartaul respira fundo. Aika também, apesar de ter sido praticamente ignorada o tempo todo.
Zoe está saindo pela porta. Entretanto, Alayen para ela, agarrando seu braço.
— Espere.
A garota vira-se rapidamente. Não é o rosto dela, mas sua expressão é muito parecida com as que a jornalista costuma fazer.
— A-Alayen? O que foi?
— Me deixe ir contigo. Estou cansado de seguir aquele cara.
— Por quê? Você sempre dizia que gostava dele e que queria ser como ele...
— Antes de conhecê-lo de verdade, sim, eu queria. Agora eu sinto que ele é um verdadeiro lixo humano. Não hesitou em tentar me matar ali. Nunca hesitou em arriscar nossas vidas. Ele é maluco, e eu sinto que vou morrer se continuar acompanhando ele.
Ela fica cabisbaixa. Sabe que o que precisa dizer irá deixá-lo irritado e não irá convencê-lo.
— Mas ainda assim é melhor do que me seguir. Os membros da Irmandade não irão atrás de você.
— Foda-se os Sangues, eu quero ir contigo! Não posso deixar você se arriscar sozinha! Mesmo que você seja uma deusa ou sei lá o que mais... Eu não vou deixar você sozinha.
A mulher sorri. Há anos Alayen nunca deixou a moça sozinha, sempre indo atrás de novos furos noticiários para colocá-la na frente dos jornalistas de Yalahar. Algumas vezes isso até a colocou em risco de morte, mas ele sempre aparecia antes para defendê-la, apesar dela ser naturalmente mais poderosa do que ele. Mesmo que ele apanhasse, mesmo que fosse humilhado, ele ajudava ela. E nunca deixou de dizer a frase que ela sonhava em ouvir desde sua adolescência.
— Você ainda é uma humana pra mim. É humanamente impossível passar por todos esses tormentos só.
Ele nunca deixou de dizer que ela é humana. Diferente de outras pessoas, que a comparavam a um monstro ou a um fantasma.
Por causa disso, ela dá dois passos até o rapaz e beija-o. Durou um minuto. Mas pareceu uma eternidade. Uma feliz e confortável eternidade.
— Eu te amo, Alayen. Você sempre fez muito mais do que o suficiente pra mim. Ainda assim, eu estou disposta a sofrer todos os tormentos desse mundo se for pelo bem dos outros. Pois você fez o mesmo por mim quando eu nem abri minha boca para pedir.
Raras eram as ocasiões em que aquele mago ficava sem saber o que fazer. Essa é uma delas.
— Não se preocupe. Eu estarei sempre próxima de você, mesmo que eu não pertença mais a esse mundo.
Zoe dá meia volta e segue pela rua de pedra, sem olhar para trás. Quanto mais ela se distancia, mais doloroso parece o clima daquele lugar. E mais dolorosa é a sensação de impotência que Alayen está sentindo, quando finalmente a ficha cai sobre a inferioridade dele frente ao poder que a ex-jornalista tem agora.
Pela primeira vez em anos, ele entende o que Lea sente. Ela é uma mulher tão importante quanto a sua mãe, e a frustração dela é a dele também. E por isso, um ódio por Nightcrawler começa a nascer dentro dele. É pequeno, mas suficiente para causar problemas.
Próximo: Capítulo 30 – Além do Limite
eu nunca fui tão romantico em historias assim, meu deus do céu