Capítulo 10 – Clarividente.
Narrado por Stutch Queen.
(Horas antes em Thais)
“Seis combatentes fortificados, uma arma de destruição única, e o retorno ao tempo no qual éramos temidos... Agora me diz como em um dia o primeiro recurso cai para um terço, e em questão de tempo todo o esforço feito para a volta aos tempos áureos desaparece?”
Seco tive de escutar essas afirmações, já que a incompetência e o descontrole de Leon nos levou ao desastre. Então após alguns segundos o Clarividente prosseguiu: “Antes de vocês saírem do submundo da cidade, eu olhava vocês como os raios de esperança de Thais. Vocês construíram grandes feitos para nós, entretanto Stutch você optou por não mais ser uma sombra, você desejou ter seu reconhecimento e teve sem duvida. Mas acontece que nós temos de pagar nossas contas, você continua sendo muito útil e nós o pouparemos. Só que de hoje em diante as decisões não mais competem a você, eu estarei à frente do projeto no ponto estratégico, você se juntará ao seu companheiro Leon nos trabalhos de desenvolvimento.”.
Levantei-me da cadeira na qual estava sentado, colocando minhas razões na mesa e todo o progresso que foi feito, porém a decisão dele foi implacável. Todo o meu trabalho desmanchou em minhas mãos, graças à decisão de confiar no Leon, graças a colocar atribuições àquele que não tem competência. Nesse momento a sala em que eu estava se apequenava, nem mais de minha poderia chama – lá, agora eu sou um mero membro daquilo que fundei, mas isso não irá ficar assim... Leon ainda me pagará e caro.
Fiquei estático por minutos enquanto tentava absorver a noticia, e durante todo esse tempo o novo líder do projeto me observava, dentro de seu capuz fitando minha reação de indignação e negação. É então que ele me faz uma proposta: “Seu cargo não poderá ter tão cedo, mas se conseguir provar sua eficiência quem sabe você não volte para seu lugar de origem? Mas não é disso que vim falar... E sim do seu fracasso, que na verdade não foi seu e mesmo assim em você caiu à punição por tal feito.”
No mesmo instante questiono o porquê de toda essa história, se eu não terei de volta o lugar que me pertence. E uma tímida risada antecede a resposta: “Um líder tem de ser implacável em suas decisões, e não as transferir a subalternos mesmo sendo eles de confiança, pois se eles falharem também estarão falhando com ela. E nós dois sabemos bem como temos de lidar com quem traem a nossa confiança...”
Logo depois de proferir essas palavras o Clarividente me despensa, e assim abandono a sala que até o inicio do dia era minha. No entanto uma duvida paira na minha cabeça, porque ele desejaria a morte de Leon, e até aonde posso confiar na palavra do Clarividente. Porque mesmo Leon sendo um grande amigo, e uma pessoa de confiança, ele foi também aquele que selou o fim do meu projeto.
(Tempo atual)
Narrado por Wilson Harth.
Corri o máximo que pude quando os vi, eram muitos urros juntos, contagiando-se para um ataque. Suas armas estavam afiadas, e suas bandeiras erguidas ao máximo, impondo respeito a quem de longe pudesse observar. Pobres goblins e também de nós caso os encontre, a última coisa que podemos fazer agora é lutar.
Assim que dei a notícia todos pareciam desacreditar, o medo presente na Natália era real, e o descontentamento de Elizander perceptível. Megan não entendeu o porquê das reações, mas ela julgou o clima e logo entendeu do que se tratava. Foi quando de longe observamos as chamas das grandes tochas que os orcs traziam, o instinto de correr falou mais algo e abandonamos toda a farta comida, e adentramos a floresta noite adentro.
A capitã mesmo estando desconfortável aceitou ser levada pelo seu assistente, o que o ultimo por sua vez mostrava um sentimento contrário, e que irritava Megan mais ainda. Os dois não mudavam a natureza mesmo com o perigo eminente, diferente de Natália ainda abalada com a chance de poder ser encontrada pelo Ceifador.
Eu por minha vez mantive a calma, talvez por não ter nada a perder, ou por estar ainda perdido nas mesmas perguntas que me rodeiam. Mas os gritos de guerra, que mesmo que aos poucos eram abafados pela distância, me relembravam de que eu não podia me dar ao luxo de ficar na inércia apenas.
Narrado por Leon Kevin.
“Hoje foi um dia estranho Frodo, então me traz a melhor que estiver nessa merda!” Fiz minha entrada de “gala” na taverna, e chutando a porta como de costume. E logo me veio o cheiro de álcool, e claro a visão maldita de alguns elementos caídos, junto à mobília velha que muitos diriam ser o charme do lugar. O desgraçado pediu respeito pelo recinto depois da minha entrada, e foi então que fiz o mesmo relembrar o que aquele negrito fez com ele. Alguns guerreiros de elite se levantaram em defesa do pobrezinho, mas o próprio protegido pediu que se fizesse por menos, e me separou uma dose, que era bem forte por sinal.
Depois de terminar minha bebida, deixei o valor na mesa e segui meu caminho, a noite já dava lugar a madrugada, e nas ruas apenas eu e os poucos postes acesos, e claro a minha companhia de todas as noites. Melanie como se chamava ou pelo foi o nome que me deu, sempre na mesma hora e no mesmo local, me esperando para trocar uma noite por algumas moedas de platina. Dessa vez ela tinha um recado de Stutch, esse por sua vez foi quem a indicou para mim, já que a última acabou sabendo demais.
Enquanto Melanie me recepcionava com um longo beijo, mesmo que apenas por interesse, mas quem se importa? Eu abria a carta na qual ele pedia, para que eu o encontrasse amanhã depois do expediente na organização. Apenas o amassei joguei na lixeira, e segui até minha casa, porque tinha coisas muito mais interessantes, do que pensar em como vai ser a birra que Stutch vai fazer.