Capítulo 13 – Trajetória e destino. (Parte 1)
Narrado por Elizander Rotckenback.
“Se tivesse outro jeito, eu escolheria sem pensar amigo.” Tentei explicar minha decisão ao meu conhecido, que parecia estar um pouco relutante em aceitar que a garrafada foi o melhor caminho. Poderia ser talvez pelo fato de depois dele ser desacordado, eu ter feito um pequeno corte em seu braço e pego um pouco do seu sangue; ou por acordar amarrado numa pilastra do depósito da vila, e não estar entendendo nada do que estava se passando.
Quando se cessou seu arsenal de ofensas e suas tentativas de se debater, eu me aproximei de Wilson e calmamente disse a ele: “Para inicio de conversa, fiz isso para pegar um pouco do seu sangue que talvez salve o irmão daquele estranho.” Minha sinceridade ao menos conseguiu encerrar a barulheira, que logo chamaria a atenção dos moradores; só que como nada é perfeito, ele começou a insistir que eu desse uma explicação, sobre como que eu soube da história do navio e da peste.
Pestanejei no começo bastante, mas vendo que não teria outra maneira tive de abrir o jogo. Aproveitei um tempo para pegar uma cadeira jogada no depósito, que a propósito era bem velho mesmo sendo conservado; tive de testar a cadeira na qual peguei pra mim, pois já não aguentava ficar em pé, e também pelo fato que explicar tudo levaria muito tempo sem a menor sombra de dúvidas.
Por final me assentei, cocei a cabeça por um tempo, e por fim escolhi um melhor ponto para se começar: “Elizander Rotckenback, Lars Hajaern, Tom Miller e Ellis Roth. Bom, esses quatro nomes se remetem a uma pessoa, que é essa que está falando com você agora.” Não demorou muito para que se associassem as visitas constantes de necromancers até Carlin, foi quando Wilson se voltou para mim e perguntou o porquê estaria contando a ele isso, já que meus nomes nada tem a ver com o que ele pediu para que se explicasse.
Enquanto ele mirava os cantos do depósito, tentando estabelecer uma ponte aos fatos que poderiam ligar meu conhecimento de sua história, eu me reclinei na cadeira e prossegui: “Tom Miller foi um feiticeiro de Thais, que por dois anos estudou o processo de multiplicação de uma runa, que foi encontrada nas proximidades de Drefia por uma tropa Thaiana.” O jovem que já havia forçado bastante a corda se soltou, e partiu para cima de mim; pensando ser eu o projetor daquilo que assassinou tantos de seus conhecidos.
Foi quando eu ironicamente apontei para trás, mesmo assim fui ignorado completamente; então um dos meus esqueletos demoníacos que se encontravam atrás da pilastra, passou um espelho na frente de Wilson; o espelho mostrava outra garrafa já na direção de sua cabeça. Foi então que sua frustração me rendeu certas gargalhadas, mas me prontifiquei de recuperar a serenidade e continuar a explicar para o jovem meu envolvimento.
Agora com ambos de pé indiquei que saíssemos daquele lugar fechado, e agora sem truques desenvolvesse no cais o fim dessa conversa. O caminho foi apenas até o portão do local, que já dava a visão do cais, que contava já com alguns pescadores; o ambiente trazia um pouco de tranquilidade, coisa que eu precisaria ter com Wilson, o qual eu voltei a dirigir a palavra: “Eu estudei uma forma de parar aquilo, como eu te disse essas runas foram encontradas em Drefia, se recorda?” Wilson se mostrou desconfiado, mas ponderou e pediu que eu prosseguisse com a minha história.
Tirei um tempo para pegar o ar, e sentir um pouco da brisa para prosseguir, coisa que para Wilson demorava uma eternidade. Porém logo tratei de retomar a explicação: “Essas runas foram perdidas na minha fuga de Drefia, eu já estava cansado de ficar tanto tempo recluso àquelas ruínas, foi então que fugi com Melissa a qual para todos se chama Melinda.”.
As coisas começavam a se encaixar para o garoto, que pela primeira vez não esboçou em seu semblante a vontade de partir para cima de mim, apenas se sentou na ponta do cais e ficou a encarar o horizonte; coisa que até agora não vi dele. Mas até que de certa forma eu invejo a ousadia desse garoto, me faz lembrar um velho amigo que talvez apresente a ele mais pra frente.
E depois de uma longa pausa, Wilson se volta a mim com mais perguntas: “Então você sabe da história de todos daquele grupo, já que para estudar os avanços deles você teve que adentrar no DROPE, e lá com certeza viu os materiais sobre nós.” E então quando me preparava para responder a afirmação ele continuou: “E também, se conhecia os trabalhos de Leon e Stutch, porque não parou as operações?”.
O veneno da critica a minha inercia sobre a empreitada de Thais foi algo que não esperava, porém parei por um tempo e o encarei firmemente e declarei: “Sim eu sabia de todos vocês e suas origens, e não consegui impedi-los de realizar seus testes, pois sou um necromancer apenas; posso ser um dos ou senão o mais forte, porém não sou imbatível e não passaria por vocês e uma tropa inteira que seriam colocados contra mim; além de que não poderia arriscar Melissa por causa de uma burrice minha; espero que não volte a colocar culpa da sua desgraça sobre mim, porque eu não sou quem tem que responder por isso.”. Depois de tomar certo ar, fui voltando para a casa de Jowel junto a Wilson que sem dizer nada me seguiu; afinal, ele poderia estar puto por descobrir que um descuido meu causou grande impacto na sua vida. Só que por outro lado, o sol já dizia que a hora do almoço já tinha passado por tempos; e você pode até conseguir passar o dia puto, mas nunca que vai passar o dia com fome.