Capítulo 1 - Despertar.
Narrado Wilson Harth
“Imagino ser mais confortável que as acomodações no navio?” essa foi à recepção de um dos membros do grande escalão da metrópole se suas condecorações não mentirem. Com grande parte de seu traje proveniente de dragões, tirando as calças douradas, conjunto esse que servia muito para impor respeito. Sua altura não me intimidou diferente de minha última resposta. O silencio predominou dessa vez, o que lhe deu sinal verde para continuar uma conexão para algum tipo de conversa.
“Mesmo com tantos artefatos não tentou alcançar nenhum? Desistiu de fugir, e vai mesmo se manter sendo o bom garoto?” continuou tentando obter alguma reação. “Como se eu não estivesse cercado por guardas do lado de fora também. Afinal além de testar meu controle, qual a razão dessas armas estarem ali?” retruquei dirigindo-me a elas, e analisando uma a uma até que fui surpreendido com um convite a sair da sala na qual estava confinado.
Aceitei a oportunidade indo em direção a porta, e logo dei de cara com um longo corredor aonde que ao abrir da porta todos os olhares se voltaram a mim, os pequenos grupos de membros da tropa Thaiana presentes cessaram o burburinho instantaneamente. Todos trajados com os reluzentes equipamentos de combate da coroa, na verdade alguns de menor patente talvez, estava com os equipamentos básicos de cavaleiro. Acostumado desde pequeno a atrair olhares de ódio ou nojo, dessa vez pude anotar uma sensação diferente: espanto. Logo de quem fez muitos dos meus morrer disso nos campos de cana.
O longo corredor conectava algumas salas, mas parecia servir mesmo de sala de espera para aqueles que esperam suas missões, ou as reportar para os escrivães presentes. As armas expostas no corredor, emblemas da coroa simetricamente colocadas ao longo do caminho davam o ar de segurança para todos presentes exceto aquele que os relata. Esse foi o máximo que deu para analisar até ser “convidado” a continuar me movendo, segui com indiferença aos olhares por algum tempo até me deparar com uma escada. Descendo a mesma me deparo com outro corredor imenso, esse vazio e com iluminação precária. O silencio chegava a incomodar, mas nada que atrapalhasse minha caminhada, e até que finalmente paramos frente a uma sala que fechava o corredor. Foi me dado as honras de conferir, e lá estava um senhor de idade avançada sentado de frente a uma mesa com formulários, que eram preenchidos graças à iluminação de um cajado mágico fincado na ponta da mesa. Enquanto não me foi dito nada, analisei ao redor algumas estantes com livros, muitas notas em um mural já deteriorado nas bases, o que indicava que ali não era lugar para qualquer um visitar.
“É assustador não é?” foi o que o senil me disse ainda preenchendo os papeis. “O que exatamente?” respondi em tom sereno, enquanto sentava na cadeira de frente a dele. “Durante a viagem, aquela cortina de fumaça que ia obstruindo a visão, e sugando a vida de todos no seu raio de alcance um por um...” Me descreveu como quem já vinha testando há algum tempo os efeitos daquela arma. “Quem já viu pessoas sendo espancadas até a morte, ou torturas como a simulação de afogamento, e outros tipos de violência que se fosse falar duraria dias... Não se assusta tão facilmente quando se depara com arma de potencial massivo.” Meu breve comentário rendeu um sorriso do senhor que estendeu a mim um formulário no qual constava:
“Você morrerá se não vir calmamente. Precisamos de sua cooperação para certos tipos de missões, essas aonde que usaremos aquela coisa que você viu naquele dia. Como observado você é imune a ela, logo essa sua capacidade é interessante a nós, mas para total uso disso precisamos de sua cooperação então que tal seguir-me?” Guardei meu rancor ao ouvir essas palavras e segui o velho, que arrumou alguns livros que decoravam as estantes da sala, até que ele saiu da sala dando sinal de positivo. Só consigo me lembrar de um soco no queixo e uma gravata que privou minha respiração até o meu desmaiar.
Correntes de couro em todo meu corpo me prendendo a uma cadeira, algumas coisas ligadas a minha cabeça me deixam um tanto desconfortável (tudo bem conforto não é algo que me é comum). Uma palavra de ignição e mais um choque, uma palavra e outro choque, essa seqüência veio durante 30 vezes, seguidamente de palavras de ordem gritadas ao meu lado para que eu as absorvesse sem duvidas. Deram-me um descanso e depois de horas voltaram a mim, começaram a se referir a mim como Black Knight, ou melhor, cavaleiro negro diversas vezes.
Comecei a responder suas palavras, o encanto do senhor era macabro. O deixei saborear seu triunfo, mas logo ele se certificou de quantas “doses” eu havia recebido, parecia não ser o suficiente, pois logo ele deu ordem para prosseguir. Depois de mais algumas dez além das vinte anteriores, os guardas que observavam o experimento me soltaram e foi me dado o comando de receber ordens, agora livre me levantei e de frente para o velho que encabeçava o programa, me foi entregue uma espada longa e de ferro negro que brilhava na ponta lindamente.
Enquanto eu a analisava recebi outro comando: “Qual o seu propósito?” radiante a minha frente ele esperava minha resposta. Sem pensar duas vezes rapidamente alvejei seu pescoço com o artefato que acabara de me ser entregue, fazendo sujar toda a sala de vermelho, e prossegui com a seguinte frase: “Não ter misericórdia.”