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Tópico: Jason Walker e a Arca do Destino

  1. #31
    Avatar de Neal Caffrey
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    CAPÍTULO 9 – SIRIUS, O TRANSFORMISTA


    Melany estava viva – e muito viva – no fim das contas, e surpreendentemente só tinha sofrido algumas escoriações. Apesar do arremesso sofrido, Leonard também estava inteiro; Jason e John foram curados por Melany em um instante, porém, o esforço de castar as magias de cura acabou exigindo demais dela, pelo que ela ficou recolhida em repouso durante um bom tempo.

    O navio já estava a todo pano novamente, na direção da ilha de Vega. Jason, John e Leonard repassavam os últimos detalhes da batalha contra Bellatrix e já se preparavam para enfrentar Sirius. Apesar de a perda de Melany representar uma significativa baixa, talvez eles pudessem supri-la de outra forma.

    Leonard, sem dúvida, era o mais empolgado. Repetia sem parar, e com detalhes, a respeito da habilidade de Jason ao empunhar o arco de Melany. Vez ou outra, dizia que a cena o tinha deixado igualmente perplexo e excitado, e que Jason poderia aperfeiçoar suas habilidades no manejo do arco e da flecha no futuro. O cavaleiro, por sua vez, somente pensava em o que poderia fazer quando aquela jornada terminasse.

    Fato é que a espada dada por Lawton a Jason viera muito a calhar. Apesar de a força de Bellatrix o ter subjugado por um instante, ele considerou a nova arma muito mais positiva do que a lâmina serrilhada que tinha possuído antes.

    Cedo demais, a ilha de Vega se tornou visível aos olhos. Ao contrário de Folda, não possuía montanha alguma; tratava-se apenas de uma superfície plana, com ligeiras ondulações de terreno e com uma casinha ao fundo, indiscernível àquela distância.

    John sentou-se à mesa e mordiscou seu pãozinho, os olhos fixos no capitão.

    — Sirius é um pouco mais… violento que Bellatrix, Jason – advertiu.

    O cavaleiro respirou fundo, cansado.

    — A esta altura, John, não estou preocupado com qual deles é o pior. A vitória sobre Bellatrix nos deu sobrevida. Podemos vencer Sirius também.

    Leonard levantou a perna direita e peidou, sob os olhares de reprovação de Catarina. Em seguida, ele sorveu todo seu café de uma só vez, como se nada tivesse acontecido.

    — Vou lhe dizer o que acho – disse ele, de boca cheia, sacudindo um pedaço de presunto na cara do amigo. – Na sua melhor forma, você é imbatível, cara. E com a equipe que possui, será uma surpresa se Sirius nos ofertar problemas.
    — Mil metros – gritou a voz de Joshua, lá de fora.

    Jason respirou fundo de novo e equipou novamente sua armadura, que fora consertada por John. Embainhando a espada, ele subiu as escadas para o convés, o corpo imediatamente protestando contra o choque intenso de frio que sofreu. John e Leonard o seguiram, após serem abençoados por Catarina.

    Lá em cima, a ilha de Vega ia se aproximando cada vez mais.

    Joshua chamou o capitão de lado, destacando-o do grupo.

    — Capitão, quero que leve isto.

    Ele entregou a Jason um crucifixo ornamentado, todo desenhado. Parecia pagão, mas, na verdade, era cristão.

    — Crunor, Jesus Cristo, que seja, cara – ele engoliu em seco, tenso. – Qualquer que seja a nossa crença, nossa fé pode nos salvar. Este é um crucifixo abençoado por cada um dos templários de cada cidade.

    Jason aceitou o presente, ligeiramente comovido, sem saber como dizer o que pensava. “Tá, e numa hora crítica, usarei isto para quê? Fincá-lo no peito de Sirius?”

    — Se a situação ficar crítica, você vai saber o que fazer – disse Joshua, como se lesse seus pensamentos. – Que Deus, e seu Crunor, o abençoem, capitão.

    Jason aceitou o abraço desajeitado do marujo, os olhos marejados, e retornou ao pelotão, a cruz presenteada firmemente presa ao pescoço em um cordão de prata. Ele a escondeu sob as vestes e se dirigiu à amurada.

    — Três vão, o restante fica, mas, nessas condições, talvez preparado para combater também – orientou, a cabeça cheia de incertezas. Será que deveria expor a população não combatente ao combate?

    Cotton, Gibbs e Reynold seguravam pesadas lanças dobráveis e pareciam prontos para ingressar. Joshua somente tinha sua bíblia, mas parecia ser o suficiente para ele. Catarina portava seu cajado.

    Quando o barco atracou, Jason olhou para trás, nervoso, mas desceu. O caminho até a cabana rústica era curto; menos de trinta metros.

    Adiante, pinheiros cheios de neve estavam espalhados, mas uma cerca-viva, também congelada, crescida de ambos os lados, fornecia uma passagem mais convidativa por uma passarela de pisos de cerâmica muito limpos através da caminhada. Jason, Leonard e John, todos armados, passaram a caminhar devagar, os pés escorregando aqui e ali, mas as armas firmes.

    Ao fim, depararam-se com uma escadaria simples de madeira de três degraus que levava a uma varanda simples no casebre muito bem organizado. Era um chalé, como o de Bellatrix, mas muito mais convidativo e aconchegante.

    Jason arriscou uma relanceada de olhar pela janela. A lareira estava acesa diante de um tapete fofo e uma poltrona e uma cômoda, onde havia um livro semiaberto. Uma caneca de chá, intocada, também compunha a paisagem.

    Leonard torceu a cabeça de lado.

    — Acho que estamos é na casa do Papai Noel – disse.

    Jason revirou os olhos.

    — Não seja obtuso.
    — Não, é sério. Veja.

    O cavaleiro foi até a porta da casa, toda de carvalho, ao lado da qual havia uma caixa de correio aparentemente comum. À porta, os dizeres “Welcome to Santa’s Home” estavam escritos. Pareciam até sonoros, quando se lia muito depressa.

    Jason olhou para John, inquisitivo. O incandescente, contudo, parecia tão surpreso quanto eles. Deu de ombros.

    — Se for mesmo uma porra de um Papai Noel – Jason revirou os olhos pela segunda vez –, então não se importará se nos dar meio minuto de sua atenção.

    Ele levantou o punho para bater à porta, porém, ela já não estava mais ali. Diante dele, sob o batente da porta aberta, havia um homem de meia idade, gorducho, de longos cabelos e barbas muito brancos, bisonhamente trajado com um pijama de seda vermelho com detalhes dourados. Seus olhos eram muito negros – um contraste com o restante do que aparentava ser.

    — Visitantes – disse ele, feliz. A voz era pueril e bondosa, jovial. Um “avô bem resolvido”. – Sejam bem-vindos. Bem-vindos! Podem entrar.
    — Acho que vamos ficar aqui mesmo – disse Jason, friamente.

    O homem se virou para ele, parecendo ligeiramente decepcionado, e assentiu bondosamente.

    — Está certo. Alguém não está feliz comigo. Quem foi que eu desagradei?
    — Isso depende.

    O senhor assentiu devagar, reflexivo. Parecia, realmente, muito bondoso. Por um instante, Jason temeu que estivesse abordando a pessoa errada.

    — Muito bem, muito bem – o homem olhou para Jason, curioso. – Gostaria de ver como é que você se sai sozinho e nos meus domínios, Jason Walker.

    *

    Jason abriu os olhos. Estava em uma espécie de arena fechada. Vazia. Fria. Úmida. Seus olhos apreenderam somente as paredes rachadas de pedra. O chão era de linóleo negro, e continha várias manchas secas que se pareciam veementemente com sangue. O teto era aberto e refletia o céu escuro da noite, embora, instantes atrás, fosse dia. Havia apenas três estrelas no céu, uma delas ligeiramente mais apagada que as demais.

    Repentinamente, um homem se materializou no ar. Tinha cabelos revoltosos negros, na altura dos ombros, e barba rala. Seus olhos eram muito escuros. Usava um sobretudo azul-marinho e parecia estranhamente deslocado naquele ambiente. Ele mantinha as mãos entrelaçadas diante do corpo.

    — Bem-vindo, Jason Walker, ao meu pesadelo – disse, a voz muito grave.
    — Sirius – Jason respondeu, de espada na mão.

    O homem fez que sim levemente, sondando.

    — Você matou Bellatrix. Admito que deu um passo importante na sua missão, mas você enfrentará algo muito diferente nesta arena. Enfrentará seus medos e seus pesadelos. Questiono-me sobre se você está preparado.

    Jason não respondeu, mas manteve seus olhos fixos no homem diante de si. Estava estudando a melhor forma de atacá-lo.

    — Muito bem. Que os jogos comecem.

    Sirius desapareceu. Jason girou várias vezes no mesmo lugar, procurando algo que lhe parecesse deslocado de alguma forma, e demorou alguns segundos até que percebesse. E, quando notou, já era tarde.

    Um morcego enorme desceu dos céus sobre Jason, as garras de suas patas cortando o garoto na altura do ombro e abrindo um talho incrível em sua armadura. Ele caiu e se pôs de pé muito rapidamente, os olhos procurando pelo monstro, que desaparecera. Um segundo depois, um cachorro imenso de três cabeças se materializou no ar e cuspiu fogo em sua direção, a poucos metros de distância. Desta vez, contudo, Jason estava preparado, e conseguiu saltar para o lado a tempo. O linóleo derreteu onde a saliva do cão tocou.

    No instante seguinte, um dragão vermelho apareceu no centro da arena, seu rabo ricocheteando na direção do cavaleiro. Ele saltou para trás a tempo e tentou um golpe curto de espada, mas não havia mais nada para ser tocado. O monstro desaparecera. Em seu lugar, surgira uma medusa, que disparou raios com seus olhos em todas as direções, errando o garoto por pouco.

    Aos poucos, Jason ia ficando mais tenso a respeito daquilo. Os monstros de Sirius pareciam surgir sem padrão aparente, em cantos diferentes da arena, de modo que ele não conseguia prever seus movimentos.

    Logo após, Sirius ressurgiu e abriu suas mãos espalmadas na direção do garoto. Um raio muito branco surgiu dali e cortou o ar em sua direção. Jason se desviou e o feitiço disparado pelo demônio atingiu a parede da arena, abrindo um buraco nela. Sirius desapareceu novamente.

    Jason girou a espada nas mãos e raciocinou. Precisaria tomar uma decisão em breve, ou seria morto sem ter qualquer chance de se defender.

    *

    John e Leonard cercavam o corpo inerte de Jason do lado de fora da casa na ilha de Vega. O garoto simplesmente desmaiara e o senhor que os recebera desaparecera no ar, sem deixar qualquer rastro para trás. Os sinais vitais do cavaleiro estavam estáveis, mas, vez ou outra, disparavam inexplicavelmente, retornando ao normal logo na sequência. Era a primeira vez que John tinha contato com algo do gênero.

    — Mas o quê…
    — Sirius – disse John, fechando os olhos e sacudindo a cabeça, incrédulo. – Não consigo crer que deixei esta passar.

    Leonard fez uma careta engraçada e olhou para ele. Em vez de lhe dar atenção, o incandescente simplesmente tirou a pequena caderneta de um dos bolsos e a folheou febrilmente, até, finalmente, encontrar o que procurava.

    Um rabisco breve havia sido feito no rodapé de uma das páginas, cujos papiros já estavam muito gastos em função de tantas vezes que o incandescente havia folheado e folheado a caderneta. Ele sacudiu a cabeça mais uma vez, tenso.

    — Sirius é um transformista – disse, por fim. – Tem sua própria dimensão de atuação, no reino espiritual. Provavelmente, arrastou a alma de Jason para lá e está fazendo um jogo de sobrevivência com ela. Ele o separou de nós para diminuir nossas chances.

    Leonard torceu a cabeça de lado.

    — Esse poder tem que ser canalizado em algum lugar – disse, relembrando algo sobre suas lições de magia onde fora treinado. – Ele não surge simplesmente do nada. Precisa ser trabalhado para que o feiticeiro chegue neste nível de desenvoltura.
    — Você tem um ponto – John olhou em volta. – Onde é que podemos achar o local?

    Leonard respirou fundo.

    — Reviste o perímetro. Vou revirar este casebre de cima a baixo.

    John assentiu, retornando pelo caminho de gelo até a entrada da ilha, onde o navio estava simpaticamente ancorado.

    Vamos, Jason. Segure as pontas por nós.

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    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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  2. #32
    desespero full Avatar de Iridium
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    Saudações,

    EITA!

    Quando eu li o título do capítulo, te confesso que pude interpretar de uma maneira muito boba aheauehuehuhe

    Caramba... Estou impressionada com o Sirius. Excelente vilão, gostei da personalidade, do jeito e das habilidades; estou ansiosa para ver mais. E combates espirituais tendem a ser bem... Intensos. Torço para que o Jason consiga levar a melhor ou ao menos encontrar uma maneira de escapar do jugo de Sirius, Aguardo o próximo.

    A história está, como sempre, impecável e maravilhosa.


    Abraço,
    Iridium.

  3. #33
    Avatar de Skunky
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    AEE!!! Ela não morreu hahahahahaha

    Ótimo capitulo! Essa luta, parece que vai ser boa!

    No aguardo.

    Att

  4. #34
    Avatar de Neal Caffrey
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    CAPÍTULO 10 – A AUSPICIOSIDADE DE LEONARD SAINT


    Jason manteve sua espada em punho, sendo mantido sozinho durante um longo tempo. Aquela espera somente o deixava mais tenso. Que é que Sirius havia preparado para utilizar contra ele na sequência?

    De repente, Jason se lembrou de quando recebera treinamentos específicos de Dalheim em Rookgaard. O Homem da Espada, como era chamado, era um dos guerreiros de alta classe do antigo continente e que havia decidido migrar para a pequena ilhota com a finalidade de auxiliar os novos empreendedores.

    *

    A manhã de sol no inverno era bem-vinda para espantar o frio. Jason havia levantado cedo e ido atrás de algumas lebres no extremo sul da ilha, de sabre em punho. Seus ombros doíam pelo esforço das aulas puxadas de Dalheim, mas ele conseguira sobreviver à primeira lição. Aquilo não se parecia em nada com o que as Bonecrusher faziam em Carlin com os novos cavaleiros. Dalheim parecia Zathroth travestido.

    Com dois coelhos amarrados pelas patas, ele vinha retornando para o centro do vilarejo, que era muito acolhedor. Ao sul, havia uma pequena igreja onde Cipfried celebrava os cultos a Crunor. A leste, dentro do perímetro da cidade, Obi, tio, e Dixi, sobrinha, mantinham uma loja de equipamentos para iniciantes. Tom, o caçador, a oeste do centro, negociava os corpos frescos e era um excelente açougueiro. No extremo sul, Lilly mantinha uma loja mágica básica, assim como aquele ermitão esquisito que vivia nas montanhas fora da cidade, chamado Hyacinth. A pequena fazenda, a oeste, era tocada pelos irmãos Willy e Billy. E Al Dee e Norma, a noroeste, e nordeste, vendiam equipamentos de caça.

    A ilha, em si, era muito organizada. Mas as crianças e os novatos divertiam-se jogando calças e escudos para lá e para cá e gritando “LOL”, “LOL”, o que Jason jamais seria capaz de entender. Devia ser alguma tendência neomoderna da adolescência. Fato é que atirar itens para todos os lados danificava seriamente a estrutura do piso da cidade, que precisava toda hora ser refeito por Dalheim. Talvez por isso ele fosse mal-humorado.

    Naquele dia, ele abordara o garoto ainda no centro da cidade.

    — LOL – gritou uma criança, jogando um escudo para cima.

    Dalheim sacou sua magnífica espada e partiu o escudo ao meio com um único movimento. O que caiu no chão, ele pisoteou. O que o menino pode salvar, nunca mais foi visto, de tanto que ele correu na direção oposta.

    — Largue essas merdas aí mesmo – ordenou a Jason, irritado. – Ou as entregue para Tom. E vamos conversar, porque tenho assuntos a resolver mais tarde.

    Acostumado com as grosserias do outro, Jason entregou os coelhos a Tom, que prometeu um ensopado de primeira para quando ele voltasse. Logo na sequência, o garoto acompanhou Dalheim, que ia se dirigindo para a direção oeste da ilha.

    — Existe um ponto, além dos muros da pequena gleba dos irmãos sem cérebro, que abriga algo extremamente interessante para nós.
    — Não conheço o outro lado.
    — E, hoje, você verá o porquê.

    Jason e Dalheim passaram pela ponte que dividia o vilarejo de Rookgaard em classes. Quem vivesse no lado oeste, além da ponte, poderia ser considerado alguém de alto poder aquisitivo. Quem vivesse a leste, era o que sobrasse, basicamente.

    Quando tocou o centro da ponte, Jason foi teleportado de volta. Ele abriu os braços para Dalheim, que já estava do outro lado. Já sabia que aquilo acontecia.

    Um monge saiu aparentemente de dentro da terra e recepcionou o Homem da Espada, que trocou algumas palavras com ele e acenou na direção de Jason. O monge fez um movimento breve com as mãos e retornou terra adentro. Jason franziu o cenho e Dalheim fez sinal para que ele tentasse novamente.

    Desta vez, Jason conseguiu vencer a ponte e chegar até o outro lado. E, aí, pode identificar a escadaria de grama que descia para dentro da terra, por onde, provavelmente, o monge viera, e para onde provavelmente fora.

    — Loui é irmão de Cipfried – disse Dalheim, quando retornaram a caminhar entre as casas coloniais da região, cada qual com seu campo de plantio. – Ele protege a área nobre, e o irmão, a área pobre. Basicamente é assim.

    Finalmente, chegaram à muralha que dividia a civilização do mundo selvagem. Dalheim subiu primeiro e puxou seu aprendiz na sequência. Estavam diante da maior família de lobos selvagens de que se tinha notícia na pequena ilha.

    Em baixinhas montanhas, grandes cavernas ou pequenos lares, lobos e ursos – aqueles em muito maior quantidade – cresciam livremente, dispondo de todo o ambiente para fazer valer a lei do mais forte e, inclusive, para defendê-lo, quando fosse necessário. As duas raças distintas de animais selvagens, contudo, pareciam coexistir, embora remanescessem sentimentos díspares quanto à cadeia de comando. Ainda assim, os lobos mantinham a dianteira.

    — Fascinante – disse Jason, com sinceridade.
    — Aqui, nós não os enfrentaremos. Essa área de caça é reservada somente àqueles que, devidamente condecorados, reúnem condições materiais e de forma para enfrentar este pedaço de Rookgaard. Trouxe-o aqui para exercitar contigo um trabalho de observação.

    Jason esperou, de olho na espada magnífica que Dalheim carregava consigo – a lendária Espada da Fúria.

    — Observe atentamente – instruiu Dalheim. – Veja. O urso maior, o cinzento, ele se destaca e tenta ingressar nos espaços que os lobos tomaram para si, mas, por uma questão de conveniência, não o faz. Simplesmente toma o caminho mais longo para se juntar aos seus semelhantes.
    “Quem foi que o convenceu disso? Quem foi que pegou o urso selvagem pelas patas e disse ‘caro urso, entenda que não é conveniente que você invada o espaço alheio’? A naturalidade incumbe os seres naturais de agirem naturalmente. Em condições normais, o clã deste urso, que possui outros quatro de iguais tamanho e forma, entraria no covil dos lobos e faria a festa. Tomaria para si. Talvez perdessem um integrante; talvez metade de dois, mas é inegável que conseguiriam conquistar a relva pertencente aos lobos em vez de ficarem espremidos naquele canto sem acesso à caça. E por que não fazem?
    “Embora o instinto do urso seja o de ataque, seu instinto mais aguçado, aquele que permite que ele esteja apto a discernir o bem do mal, dispara sequenciais sinais de alerta, dizendo para que ele tome uma decisão que não aquela, senão a coisa pode ficar preta. Membros importantes do grupo podem ser perdidos, e o senso de preservação é maior. Entende a mensagem?”

    Jason piscou duas vezes, embasbacado com o fato de que Dalheim havia conseguido absorver tanta informação de uma simples planície acidentada cheia de lobos.

    — A mensagem é: você possui instintos, Jason. Então os use. A primeira estocada que der por instinto, acertará seu adversário no coração e o fará se arrepender de tê-lo desafiado. Esta é a verdade.

    *

    — Encontrei – gritou a voz de John.

    Leonard, que já havia destruído boa parte da cabana e que, aqui e ali, chegara a tirar um pedaço de pau e bater nas coisas sem objetivo algum, só para dizer que bateu, deixou tudo que fazia e saiu pelo buraco que havia aberto na parede do lado oposto do chalé.

    Alguns andares abaixo, John, finalmente, encontrara algo. Um poço… cujas pedras encantadas que o revestiam poderiam ser destruídas com um contra encantamento poderoso que o incandescente sabia que podia castar.

    — Gelo é a arte de Sirius – disse, calibrando seu cajado. – Vou combatê-la com fogo, mas com fogo de Crunor, porque é certo que Zathroth auxilia no fornecimento de suprimentos.
    — Falou – Leonard ergueu o polegar direito, sentindo-se meio patético.

    John fechou os olhos e empunhou seu cajado, concentrado. Instantes depois, algo semelhante à magia de Melany para congelar os olhos das serpentes começou a acontecer: pequenas piras de fogo, muito pequenas mesmo, começaram a brotar do nada nos arredores do incandescente, envolvendo-o e derretendo a neve aos seus pés. Ele respirou fundo e abriu os olhos, as pupilas azuis muito dilatadas, o rosto muito sério.

    Aos poucos, as pequenas piras foram se juntando e se transformando primeiro em uma pequena chama; depois, em uma média acha; e, logo depois, um calor dos infernos começou a ser sentido quando a labareda imensa de fogo subiu aos céus, saindo do cajado de John. Leonard deu meio passo para trás, para se proteger.

    Ato contínuo, John baixou o cajado. A chama, que estivera sob seu total controle e aparentemente pacífica, disparou na direção dos cristais de gelo encantados de Sirius, explodindo o chão e levantando neve e poeira para todos os lados.

    Leonard foi atirado para trás quando parte da varanda traseira do chalé cedeu, caindo. John controlou os destroços com um aceno breve de cajado, atirando pedaços de madeira, ferro, concreto e tijolo para todos os lados. O arqueiro se levantou e saiu pelo rombo na parede, mirando reverenciado o buraco imenso aberto no chão.

    O feitiço de Sirius havia sido completamente rompido.

    — Precisamos descer – John disse, com dificuldade, respirando fundo.
    — Seus esforços já te valeram a eternidade nos Campos Elísios, cara – Leonard disse, sensatamente. – Eu assumo a partir daqui.

    O incandescente não discutiu. Leonard embainhou seu arco na posição transversal no corpo e desceu devagar pelos escombros, segurando aqui e ali.

    Na entrada do buraco, respirando fundo, ele se jogou para dentro.

    *

    De olhos fechados, Jason empunhou sua espada com mais firmeza. Ele deu vazão aos outros sentidos: a audição, o olfato. De repente, tinha clareza sobre cada centímetro quadrado da arena onde se encontrava. Mesmo de olhos fechados, poderia movimentar-se com exatidão e muita velocidade, embora apreendesse tudo em câmera muito lenta.

    Ele sentiu algo se materializar à sua direita. Com um movimento ágil de espada, imperceptível para Sirius, Jason atacou, arrancando o rabo de uma imensa serpente que havia surgido. A serpente gritou e seus dois pedaços desapareceram. Jason sorriu, satisfeito, mantendo-se de olhos fechados.

    Estava na hora da virada.

    *

    Leonard encontrava-se em um aposento pequeno, diante de um imenso ogro de gelo adormecido. Ele espirava muito profundamente, e tinha um símbolo profano de Zathroth gravado em sua testa.

    A fonte do poder de Sirius. O canal de suas magias no submundo.

    O ogro parecia inteiro feito de uma carapaça intransponível. Leonard puxou uma flecha e a encaixou em seu arco, conjecturando. Precisaria de um pouco mais do que a força física de uma seta com alto poder de penetração. Precisaria de inteligência.

    O ogro grunhiu e se mexeu, sem, contudo, acordar. Leonard pensou por um instante e, logo na sequência, decidiu disparar a flecha contra o símbolo gravado na cabeça da criatura.

    O grito agonizante do ogro jamais seria esquecido.

    *

    Quando Sirius se materializou em pessoa, Jason deu atenção novamente aos seus instintos e arriscou um movimento vertical com sua espada. Sabia que tinha acertado o alvo quando percebeu o atrito. Quando abriu os olhos, o braço esquerdo de Sirius estava caído de lado, e o demônio sorria, aparentemente alheio ao sangue que vertia sem parar de seu ombro decepado.

    Repentinamente, contudo, ele parece ter tomado consciência de algo. Ele girou a cabeça de lado, confuso por um instante, e, depois, soltou um grito agonizante.

    Sirius caiu de joelhos, segurando o toco sangrando. Por um instante, pareceu totalmente fora de órbita, tomando uma vaga ciência do que estava acontecendo consigo. Bellatrix fora exorcizada, mas ele, não. Morreria. O incandescente havia descoberto seu segredo.

    O demônio tombou no chão, de olhos semiabertos, e a última imagem que conseguiu vislumbrar foi de Jason conduzindo a perna para trás e, com toda a força que pode reunir, atingindo-o no centro do rosto com um chute bem colocado.

    Morto, Sirius caminhou rumo à escuridão, preparando-se para sua punição eterna.
    ------------------------------------------------------------------
    Editado - Uma pequena ressalva - porque vocês, meus fiéis leitores, a merecem.

    Sabem que abortei o projeto do Life Thread do Ryan Gray (pode ser que ele retorne em algum momento... estou refletindo a esse respeito), e devem ter percebido que houve um preocupante hiato entre os capítulos 9 (05/10) e 10 (13/10). Como alguns dos meus colegas de fórum sabem, formei-me em Direito em agosto e, no mês que se passou, criei minha firma própria de advocacia, com um sócio, dos melhores amigos que já fiz, vindo da faculdade. Neste mês de outubro, miraculosamente, ou pela graça de Deus e pela nossa competência, nossa quantidade de trabalhos - obrigado, Senhor - cresceu exponencialmente, e acabamos nos firmando nas nossas necessidades em primeiro lugar. Já tenho todos os capítulos prontos até o 13, mas preciso ajustá-los e ajustar a formatação do fórum antes da postagem, e, com a falta de tempo, essa acaba sendo a razão pela demora.

    Certos da vossa compreensão, peço que não abandonem a história. Pretendo finalizá-la, e mais: se o público entender que pode ser conveniente, talvez escrever um Jason Walker 2, ou algo do gênero.

    Forte abraço.
    Última edição por Neal Caffrey; 13-10-2016 às 01:12.
    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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  5. #35
    desespero full Avatar de Iridium
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    Saudações!

    Primeiramente, meus parabéns por todas as suas conquistas na Real Life... Você merece esse sucesso todo e muito mais! Só tome cuidado com sua saúde.. Muito trabalho costuma ter um preço mais caro para a mente e o corpo. Moderação sempre que possível

    Em segundo lugar, eu ri MUITO com a definição de LOL que você colocou (neomodernismo adolescente). Genial e hilário xD

    Em terceiro lugar, adorei o capítulo. Eu tenho uma forte tendência a esquecer que o cenário é Rookgaard por conta do quão épico é o seu nível de descrição. Sua narrativa é tão detalhada e cativante que os personagens nem parecem ter recursos limitados à mão. Aguardo ansiosamente o próximo Capítulo e poste quando der: sem pressa e a seu tempo.


    Abraço,
    Iridium.




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  6. #36
    Avatar de Neal Caffrey
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    CAPÍTULO 11 – CONTRATEMPOS


    Jason acordou do que lhe pareceu um longo sono. Leonard e John estavam sobre ele, curiosamente sujos de cal, mas parecendo inteiros. O rosto do arqueiro se iluminou com um sorriso tão logo o cavaleiro se colocou sentado, meio confuso, meio nervoso. Por algum motivo, a Santa’s Home, em Vega, estava parcialmente destruída, móveis revirados por todos os lados, árvores tombadas no chão… uma bagunça inexplicável.

    No caminho até o barco, enquanto um Jason trêmulo era conduzido por John como se fosse uma boneca de pano, Leonard tagarelou incessantemente sobre uma espécie de ogro de gelo que continha a energia canalizada de Sirius, e como ele descobriu que havia somente um ponto de fraqueza naquela fera enorme. Nos intervalos, Jason balbuciou uma coisa ou outra sobre as transformações de Sirius e as dificuldades enfrentadas no mundo espiritual.

    O incandescente parecia bastante surpreso e um pouco admirado. Sirius era sanguinário, e costumava fazer com que suas vítimas ou enlouquecessem, ou entrassem em pânico completo, antes de as matar. Embora ele não gostasse de se divertir com a caça, e certamente não fosse o Senhor da Agonia, como Bellatrix, era um demônio de primeira classe na ordem de Zathroth. Torturar e matar eram suas especialidades.

    O jovem Jason, por outro lado, parecia ter se virado bastante bem sem o auxílio dos amigos. Embora talvez ele não conseguisse derrotar Sirius na outra dimensão se Leonard não tivesse destruído a fonte de seu poder, em condições favoráveis, um ritual de exorcismo poderia ter funcionado.

    Por alguma razão, Jason estava mais quieto do que de costume e mal reagiu quando subiu a bordo e foi beijado na boca por Melany, que parecia muito aflita com a demora. Na altura em que o navio foi recolocado em sua rota para o destino final, o garoto adormeceu em sua cabine, fartamente envolto em vários cobertores.

    Melany aproximou-se de Leonard, que comandava o timão naquele momento. Ela sorriu para ele, meio pálida, e se sentou ao seu lado, envolta em um sobretudo grande demais para ser dela.

    — Você tem alguma habilidade especial? – perguntou, puxando conversa.
    — Não – Leonard respondeu prontamente, muito sério, os olhos no mar e uma cigarrilha presa aos lábios. – Mas, uma vez, conheci um cara que conseguia tirar a língua pelo nariz. Qualquer que seja a sua habilidade, nunca será como a dele.

    Ela riu, surpreendentemente não o chamando de cabeça-oca. Leonard olhou para ela como se a tivesse visto pela primeira vez na vida.

    — Não acha isso idiota?
    — Para falar a verdade, acho muito engraçado.
    — Isso porque você não viu a língua do cara saindo pelo nariz.

    Ela riu de novo, e Leonard se sentiu momentaneamente feliz porque uma garota legal parecia apaixonada por Jason. Ele arrastava multidões, é claro, embora sempre negasse veementemente o fato, e parecia ter o coração absolutamente selado. Talvez a arqueira – ou druida, como preferir – pudesse romper as barreiras do cavaleiro e fazê-lo feliz. Em silêncio, Leonard torcia muito para que aquilo acontecesse. Amava o amigo como se amasse um irmão.

    John se aproximou um pouco depois e também se juntou a eles. Embora fosse aparentemente muito experiente, estava tão impressionado quanto eles com o desenlace dos fatos envolvendo aquela missão.

    — És um homem de fibra, Saint – disse ele, de repente.

    Leonard, sem jeito, manejou o timão, olhando sem ver.

    — Conheço um cara que tira a língua pelo nariz.
    — És muito engraçado também – o incandescente sorriu. Leonard se sentiu novamente feliz.

    De repente, Joshua gritou, de cima do cesto do mastro.

    — Navio! A todo pano! No nosso rastro!

    John desceu correndo as escadas da proa e se dirigiu à popa rapidamente, seguido de perto por Melany. Sacando a própria luneta, ele olhou para o rastro do navio deles, e identificou uma embarcação não muito distante dali. Parecia estranhamente acelerada para alguém que fizesse uma travessia comum e, a julgar pelo modo como cortava as águas, os estava perseguindo.

    — Mercenários. Leonard, eles são mais rápidos que nós. O navio é profissional. Precisamos de Jason e também do restante da tripulação. Vamos deixá-los emparelhar e, aí, podemos combatê-los.

    O arqueiro assentiu, deixando o timão sob o comando de Cotton e correndo quarto adentro. Melany tratou de trazer os outros marujos e Catarina também subiu, de cajado em punho. A garota empunhou seu arco e Leonard voltou na sequência, branco feito um fantasma.

    — Jason não acorda – disse, tenso, sacando o próprio arco. – Teremos que combater sem ele.

    O outro navio ia os alcançando em uma velocidade extraordinária. Os homens foram tomando suas posições e observando a embarcação chegar.
    Logo, Leonard conseguiu distinguir uma criatura conhecida no comando do timão. Mirrado, pequeno, cabelos ruivos, vestes de forasteiro. Alistair. O mercenário que o atacara para saber do paradeiro de John, o incandescente. As outras figuras ao seu lado pareciam as mesmas daquele dia: um gordo enorme chamado Howard e um magrelo comprido chamado Louis.

    Leonard quase desmaiou de alívio.

    — Boas novas, John. Conheço os panacas. Está no papo.

    John olhou para ele, tenso.

    — Se chegaram até aqui, Leonard, duvido muito que sejam panacas completos. Seja quem for que você conheceu no passado, prepare-se para enfrentar uma batalha dura e não os subestime.

    Algo muito grande passou voando pelo navio, errando-o por muito pouco. John relanceou um olhar para o ponto do oceano onde a coisa caíra.

    — Balas de canhão. Eles não estão para brincadeira. Querem nos afundar.

    Logo o navio dos mercenários estava muito próximo, quase o suficiente para que sua proa tocasse a popa. Alistair, sorrindo medonhamente, gritou:

    — Eu prometi a Lancaster que, se vocês passassem por Sirius, eu os pegaria! E vou cumprir minha promessa.

    Leonard olhou para John.

    — Quem é Lancaster?

    John fez uma careta, irritado.

    — É o líder da guilda dos Gatunos da Meia-Noite. Caçadores de recompensa, sem escrúpulos e sem princípios.
    — Então o paspalho faz parte dos Gatunos no final de contas – Leonard pareceu admirado.

    Outra bala de canhão foi disparada e errou por centímetros a vela mais alta do navio. Algo precisava ser feito depressa, ou virariam comida de quaras no fundo do oceano.

    — Acho que tive uma ideia, John – disse Leonard, mensurando a distância. – Comande a tripulação por aqui, tudo bem? Quero revides instantâneos, nenhum golpe que sofrermos poderá ficar sem resposta.
    — Está bem, mas o quê…

    Leonard não esperou. Ele sacou uma flecha da aljava e tateou em volta no mastro do timão, buscando uma corda entrelaçada ali. Prendendo-a firmemente ao rabo do projétil, ele o equipou no arco e mirou com cuidado, disparando na sequência.

    A flecha voou pelos ares e se alojou no mastro da proa do outro navio. O arqueiro gostaria de ter comemorado, mas achava que a situação exigiria um pouco mais de seriedade. Rapidamente, ele embainhou o arco nos entornos do corpo e puxou um mancal de ferro vazado caído por ali, que fazia parte da manutenção do navio, e o prendeu firmemente à corda, segurando em suas ambas extremidades.

    Nem o mais fantasioso dos marujos esperava pelo que veio na sequência.

    Aproveitando-se da inclinação ligeira da corda disparada, Leonard tirou os pés do chão e deu um impulso no ar. Logo o mancal começou a deslizar pela corda na direção do navio dos mercenários, e, em questão de segundos, Leonard estava em território inimigo.

    Ali, ele teria que pensar depressa.

    Ele sacou dois punhais emergenciais que carregava consigo e combateu o primeiro dos marujos oponentes, desarmando-o com uma facilidade impressionante. Com um chute bem dado, ele o atirou no oceano.

    Leonard desceu correndo pela escadaria da proa do navio, ingressando no convés. Vários mercenários o atacaram, mas seus instintos estavam aguçados: ele gingou para o lado e desviou um golpe de espada, cravando um punhal no estômago de um deles e puxando-o de volta. Com outro movimento ágil, ele acertou um bom soco no rosto de outro, que caiu desacordado.

    Seu quarto adversário foi o gordo imenso chamado Howard. Leonard não teve problemas para não cometer o mesmo erro de Jason e deixá-lo vivo: seu punhal atravessou a mandíbula do mercenário e saiu pelo seu olho direito.

    Um projétil foi disparado no ar e se alojou nas costas de um homem que estava prestes a atacar o arqueiro, derrubando-o. Leonard levantou a cabeça a tempo de ver o polegar de Melany ser erguido no navio deles, em sinal positivo.

    Aqui e ali, o arqueiro ia dançando e se aproveitando de seu pouco peso e de sua grande agilidade para atirar mercenários no mar. Porém, quanto mais baixas ele causava, mais deles pareciam surgir de todos os lados: da cabine do convés, do subsolo do navio, dos cestos dos mastros…

    Por falar em mastro, logo um deles rangeu e se partiu ao meio, fruto de uma magia disparada por Catarina. O movimento parabólico desenvolvido pelo mastro partido arrastou consigo inúmeros homens, atirando-os ao mar. Leonard aproveitou a deixa e sacou seu arco, disparando flechas numa velocidade que tornava a defesa de seus adversários praticamente impossível.

    Inacreditavelmente, Gibbs, o marujo, se juntara ao combate. Ele parecia ter se aproveitado da corda atirada por Leonard e ingressou no navio adversário, de lança em punho. Apesar do tamanho e da pouca inteligência aparente, lutava com eficácia; sua lança fora a responsável por tombar outros quatro ou cinco homens.

    Não demorou para que Joshua também aparecesse, gritando algo como “ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte” e acertando sua bíblia na cara dos oponentes. Logo na sequência, Cotton também apareceu, gritando “malditos” e distribuindo socos por todos os lados.

    De um modo geral, Leonard estava satisfeito com seu trabalho e com o trabalho da tripulação de Jason.

    Contudo, algo parecia estranhamente fora do lugar.

    Onde está Alistair?

    *

    Alistair aterrissou suavemente na popa do navio de Jason Walker, aproveitando-se da balbúrdia. Importava cumprir as ordens de Lancaster, ainda que, para isso, precisasse perder toda a tripulação que lhe fora designada. A frieza do mercenário surpreendera até a ele mesmo, que não sentira sequer um quê de remorso quando vira aquele punhal atravessar a cabeça do amigo Howard.

    O incandescente seria procurado depois. Outro homem a bordo tinha ainda mais relevância do que ele. O homem para quem fora designada sua missão.

    Jason Walker.

    Alistair passou pela arqueira de cabelos vermelhos, que ria abertamente disparando suas flechas aqui e ali e, incompreensivelmente, vez ou outra alguma magia. Ele desceu as escadas da popa rapidamente e não encontrou ninguém no convés. Supunha que Walker tinha ficado com o quarto da proa. Seria o primeiro lugar que visitaria.

    Ele empurrou as portas duplas de madeira de qualquer jeito, ingressando no aposento. Uma mesa com alguns mapas e alguns planos estava empurrada a um canto, e, presas aos mastros, duas redes jaziam vazias. Jason Walker não estava ali.

    Alistair respirou fundo e se preparou para descer as escadas de volta para o convés, ligeiramente frustrado. Contudo, quando ele se virou, algo o atingiu na altura da coluna, perfurando seus pulmões e saindo pelo seu estômago. Ele olhou para baixo e se deparou com uma lâmina brilhosa, com as letras “J”, “S” e “W” gravadas.

    A lâmina foi sacada e Alistair caiu no chão, prestes a mergulhar na inconsciência eterna.

    — Sabia que havia cometido um erro – disse a voz de Jason, carregada de intolerância, cansaço e um certo arrependimento. – Devia tê-lo matado antes. Apodreça nas colinas de Zathroth, maldito.

    O mercenário respirou profundamente pela última vez e não se moveu mais.
    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
    Sexta história da série de Jason Walker e contando. Quem sabe não serão dez?

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  7. #37
    Avatar de Glauco
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    Vei eu gosto muito desse clima de Piratas do Caribe dessa historia

    Mas esse ultimo grupo que eles encararam foi mais fraquinho em termos de poder do que os dois coisa ruim de antes

    Acho que na treta contra a ruiva eles ficaram muito experientes

    Depois se der bota esse pessoal do Jason encarando uns piratas mesmo ia dar umas tretas fodinhas

    Go ahead

  8. #38
    Avatar de Skunky
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    Boas boas brother!

    Peço perdão pela ausência nos ultimos 2 caps, mas não tinha parado para ler ainda!
    Acho muito bacana esse flashback que fez em Rook, sensacional mesmo. Desde as descrições, quanto a situação por um todo. Ficou perfeito para a história.

    E QUE LUTA DO LEONARD, O CARA É PICA HAHAHHAHAHAHA
    e da mesma forma que a Melany riu da lingua pelo nariz, eu também ri aqui HUAWEHEAHEWUHEAWU

    Parabéns pelos caps e aguardo os próximos! Tentarei acompanhar em dia de novo! Abraços!

  9. #39
    Avatar de Senhor das Botas
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    Olá olá.

    Sem mais delongas, irei logo ao ponto: você ganhou um novo leitor

    Sério, a sua escrita é MUITO fluída; as personagens, muito carismáticas(destaque pro arqueiro Leonard, óbvio, mas cada um tem seu destaque de serem únicos, mesmo que apareçam por um breve período na história).

    Enredo vem sendo desenvolvido de uma ótima forma. Venho acompanhando e aceitando(não no sentido perjorativo, mas no bom claro haha) tudo o quê vem escrevendo. Embora tenha um certo tempo que eu tenha lido o último capítulo( sendo este quando eles derrotam a B... que não vou spoilar tanto), foi um prazer voltar a ler estes novos capítulos.

    Sério, já falei isso lá atrás, mas que escrita gostosa haha. Não vou dizer que chega a ser rebuscada, mas não vou dizer que chega a ser totalmente coloquial(embora haja um certo esforço, principalmente para caracterizar algumas personagens, sendo o Leonard um exemplo).

    Enfim, no aguardo de mais


    Não espere algo bem elaborado e feito. De resto...

  10. #40
    Avatar de Neal Caffrey
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    CAPÍTULO 12 – O SEGREDO DO VELHO SAM


    — Se é isso que você acha, saiba que não fico satisfeito.

    A tripulação de Jason já estava reunida novamente no subsolo do convés, saboreando a comida de Catarina mais uma vez. O capitão parecia muito cansado, mas ao mesmo tempo muito bem. John havia acabado de questioná-lo a respeito da necessidade da morte do mercenário Alistair, que, descobriram, fazia de fato parte da guilda dos Gatunos da Meia-Noite.

    — Só o que acho, Jason, é que Lawton não ia querer…
    — O que Lawton ia querer ou não, está fora da nossa alçada, John. Afinal de contas, mortos não contam histórias. E, se eles têm vontade, então algo em nosso universo está cabalmente desequilibrado.

    A frieza do garoto impressionou o incandescente, que não conseguiu pensar em nada para responder.

    — Alistair e os dois retardados ameaçaram Leonard em Carlin há menos de uma semana, se querem saber – disse Jason, um pouco mais controlado. – Se eu os tivesse matado da primeira vez, quando tive a chance, talvez já estivéssemos em Senja neste momento.
    — Acho que entendo o que Jason quer dizer – Joshua comentou, parecendo desconfortável com o fato de que era o centro das atenções ao abrir a boca. – Quero dizer… se existe a chance de um de nós morrer, e se eles nos matariam impiedosamente, não vejo por que tenhamos que ser coniventes com o risco.
    — Precisamente – Jason colocou um ponto final no assunto, puxando sua caneca de chá mais para perto.

    Jason tomou um gole, sentindo-se mais fraco do que nunca. A batalha espiritual contra Sirius havia exigido tudo que ele podia oferecer, e, pela primeira vez, sentia-se feliz com o fato de que Senja ficava a mais um dia de distância.

    O frio era quase enlouquecedor, e eles só conseguiam se manter aquecidos pelas magias de John e Catarina, que precisavam ser renovadas constantemente. Jason ainda se preocupava com o fato de que peixes e mamíferos marinhos já não eram mais vistos naquela região, o que salientou a sensação de ausência de vida naquele canto do planeta.

    Ainda existiam outros problemas a se resolver. Aparentemente, John fora acometido de uma convicção recente de que eles não tinham necessidade de matar gente. Jason, Leonard e Melany responderam exatamente no sentido da argumentação de Joshua, e mais: o capitão tinha a experiência ao seu lado, afinal de contas, deixar Alistair vivo quando ele teria matado Leonard se precisasse revelou que poupar a vida de quem não tinha interesse na vida podia arriscar a de outrem.

    O capitão se levantou antes do fim da refeição e se despediu com um aceno breve, dirigindo-se para sua cabine. O navio não sofrera grandes avarias na batalha contra os Gatunos, porque eles pareciam ser estúpidos demais para manusear um canhão. Tudo parecia em ordem por um momento.

    Dentro do quarto, Jason se sentou à escrivaninha e deu uma longa analisada nos mapas que foram desenhados por John. A cobertura da distância estava correta; naquela velocidade e sem outros contratempos, chegariam em Senja em pouco mais de vinte horas.

    Jason se recostou e fechou os olhos por um instante, respirando fundo.

    No momento seguinte, os abriu. Estava diante de toda a sua tripulação e, inexplicavelmente, caído no chão. Suas roupas estavam ensopadas de suor.

    — Que merda é essa? – perguntou, trêmulo, levantando-se devagar e sendo empurrado de volta por Leonard.
    — Eu sei lá, cara – o arqueiro parecia genuinamente assustado. – Encontramos você aqui se debatendo.
    — Você está sob o ataque de Samuel – disse John, aparentando chegar a uma conclusão lógica e racional. – Precisamos selar seu corpo. Ele quer se apossar dele.

    Leonard olhou para John como se não estivesse entendendo nada.

    — Jason, preste atenção em mim – disse o incandescente, calculando. – Vou selá-lo contra invasões externas, mas só vai funcionar se você se concentrar. E… isso vai doer.
    — O que você quer dizer com…

    John pressionou os dedos contra as costelas de Jason, que soltou um grito enregelante. O incandescente fez contato visual com seu designado e o sustentou.

    — Concentre-se, Jason – disse ele, tentando sobrepor sua voz aos gritos agonizantes do outro.

    Jason, contudo, já não estava mais ali. Sua mente e sua alma pareceram saltar para fora do corpo enquanto John trabalhava nele. Agora, o cavaleiro estava no alto de um castelo gelado, onde um vento de congelar os ossos nunca parecia cessar. Do topo da torre mais alta, ele vislumbrou um vilarejo lá embaixo. Somente as luzes dos lampiões externos estavam acesas. Um barquinho simples – algo mais semelhante a uma chalana do que qualquer outra coisa – subia e descia suave orientado pelas ondas, atracado no cais.

    Ele tentou sacar sua espada, mas ela não estava ali. Em vez das roupas de linho brancas, ele usava um sobretudo de pele. E havia outra pessoa com ele.

    — Jason Walker – disse o homem, sorrindo, bondoso. – Que prazer finalmente conhecê-lo.
    — Samuel – Jason pareceu finalmente apreender o fato de que estava em Senja, no alto do castelo governado pelo demônio de Zathroth.

    O homem, que tinha mais ou menos o mesmo porte físico do garoto, porém muitos anos a mais, deu-lhe uma piscadela jovial. Seus cabelos eram muito lisos e brancos, como a barba, que lhe recobria quase todo o rosto. Porém, ao contrário de Bellatrix e Sirius, seus olhos não eram negros. Eram azuis, como os de John.

    Jason imediatamente sentiu que algo não estava certo.

    — Alguns me chamam de Samuel, mas prefiro utilizar meu nome de combate: Oblivion.
    — Não entendo – e Jason parecia genuinamente não entender.

    Oblivion fez um gesto largo, abarcando Senja.

    — Derrotei Azaroth muitos anos atrás – disse, por fim. – Ele era o soldado de Zathroth responsável por esta ilha. O primeiro na cadeia de comando do diabo, se quer saber. Consegui proteger a arma antes que Bellatrix e Sirius pudessem me matar. Admito, tive que usar um túnel subterrâneo entre Folda e Senja, mas, vá lá. Corajoso é você, que estava determinado a chegar até aqui de navio.
    “Zathroth não sabe que trabalho para Crunor; escondo minha ousadia, sem falsa modéstia, com notória habilidade. Bellatrix e Sirius, aliás, pareciam crer que eu o mataria assim que você chegasse até aqui. Sob os olhares de Zathroth, sempre muito atentos com suas colônias, consegui proporcionar à população de Senja uma vida minimamente decente. No subterrâneo, trouxe um pedaço do sol, e verduras e hortaliças crescem por lá, mesmo que a superfície esteja, digamos, dolorosamente comprometida.
    “É óbvio que o diabo não sabe de nada disso. Ele crê, ou quer crer, que Senja continua tão impossível de se pisar quanto as outras ilhas comandadas pelos outros demônios. E Bellatrix sempre creu que Azaroth tinha me subjugado e tomado meu corpo. Ledo engano. A cabeça dele se tornou comida de serpente há muitos anos.
    “Obviamente, John conhece o meu segredo, por isso aceitou de pronto seu projeto para destruir os monstros de Zathroth – e proporcionou este agradável encontro comigo, sob os olhares dos seus amigos. Sem a influência de Sirius e Bellatrix, é possível que eu consiga recuperar Senja aos poucos”.
    — Isso é… ridículo – Jason aparentou não conseguir encontrar palavra que expressasse melhor sua indignação. – Você tem a arma. Por que me tirar de Carlin e me trazer até aqui se Senja está sob o seu comando?

    Samuel assentiu devagar, vendo certo sentido no questionamento de Jason.

    — Você acertou duas de três alegações – disse, por fim. – Senja está sob o meu comando, e, de fato, tirei você de Carlin e o trouxe até aqui. Mas não tenho a arma. Eu a protegi, mas não a tomei para mim.
    — E por que não?

    Ele deu de ombros, distraído.

    — Minha missão não é essa. Essa é a sua missão e a missão de John. Ainda preciso que venham até Senja. Existe um último desafio a ser cumprido antes que Senja possa voltar a ser um local habitável.
    — Onde está a arma?

    Oblivion sorriu, compreensivo.

    — Se precisar perguntar… então nunca poderá encontrá-la.

    Repentinamente, Jason estava de volta ao navio. Todos o olhavam ansiosamente, muito preocupados. Poucos minutos depois, ele se sentou, a cabeça doendo barbaramente.

    — Como se sente, filho? – John estava mais curioso do que preocupado.

    John sustentou novamente o olhar do garoto, como se quisesse lhe passar uma mensagem. Não conte sobre o que viu.

    — Bem – disse Jason, limitado. – E… deveras esclarecedor.
    — Você está protegido.

    O garoto assentiu, pensativo. Em seguida, colocou-se de pé, finalmente.

    — Há males que vêm para o bem – disse, com ar de quem sabe das coisas. Leonard torceu o nariz; aquele comentário desconexo parece o tipo de coisa que ele falaria, e não Jason, mas não comentou nada. – Aumente o pano das velas e as distribua igualmente de proa a popa. A todo pano rumo a Senja.

    Cotton, Gibbs, Joshua e Reynold, sem terem bem um motivo, prestaram continência ao capitão e desceram as escadas novamente, rumo ao convés. Leonard e Melany, ainda preocupados, deram uma última olhada em Jason antes de assumirem suas posições na vigia. Catarina rumou para a cozinha, enquanto John permaneceu com Jason por mais um tempo, avaliando-o.

    — Às vezes, pode valer a pena você conversar comigo antes – disse o cavaleiro, sacudindo a cabeça.

    John deu de ombros, sem saber o que responder.

    — Que desafio final preciso cumprir?
    — A obtenção da arma de Crunor depende do preenchimento de certos requisitos, capitão, creio que já saiba disso. Samuel controla Senja, mas ele nunca disse que é o único.

    Jason fechou os olhos, a cabeça latejando.

    — Azaroth ainda está lá?

    John fez sinal negativo.

    — Oblivion já o matou. Seu desafio é consideravelmente maior e exponencialmente mais perigoso, Jason. Entenda que o combate com Sirius no mundo espiritual não lhe parecerá nada de surpreendente quando você ingressar no Castelo das Ilusões.

    O cavaleiro arqueou as sobrancelhas, sarcástico.

    — Castelo das Ilusões. Nome interessante para a morada de Oblivion.

    John riu, compreendendo a inocência do garoto.

    — Não, Jason. Oblivion mora no Castelo de Senja. O Castelo das Ilusões é a porção subterrânea, onde um incandescente não pode pisar.
    — Quer dizer que…
    — Se você estiver preparado – John deu de ombros novamente.

    *

    A figura franzina se curvou novamente diante do homem sentado no trono de ouro, na caverna escura. Aquilo parecia exigir o máximo de sua força de vontade. Ele dava sinais de estar prestes a desmaiar.

    — Estamos prontos, Azaroth?
    — Sim, milorde – respondeu a voz de Samuel, curvado, respirando fundo. — Como esperado, os Gatunos não conseguiram subjugar o navio. Jason Walker, o incandescente e os outros chegarão aqui em breve.

    O homem de meia idade assentiu uma vez, enrolando a barba em um cachinho com os dedos nodosos.

    — Você tem sido um servo leal, Azaroth. Sua atuação é muito convincente. Fico feliz por estar ao meu lado. Os lugares mais quentes do inferno são reservados àqueles que se mantiveram neutros em tempos de crise¹.
    — Agradeço pelo reconhecimento… milorde.
    — Assim que entrarem, libere a primeira horda. Quanto ao restante, dispensado.

    Samuel fez uma nova reverência e saiu da sala aos tropeços, fechando a porta atrás de si. Com pressa, disparou escadaria acima, os olhos lacrimejando.

    Ao sair para o vento invernal, sentiu-se rejuvenescido novamente. Não bastasse o Castelo das Ilusões, Zathroth decidira comandá-lo em pessoa.
    Os problemas de Jason Walker estavam só começando.
    ---------------------
    ¹A citação é uma referência expressa a Dante Alighieri e sua obra, Divina Comédia.

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    Jason Walker e o Retorno do Príncipe
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