Depois de uma eternidade eu retorno aqui para lhs trazer o importantíssimo capítulo 22
Capítulo XXII
Informações
Onde Mi e Druid contam toda a verdade, Ders enfim tem seu descanso e Druid elabora idéias sobre Ele.
E eu o vi cair de joelhos, sem chão. Bateu sua testa com força na estrutura de metal, tanto que achei que ia desmaiar. Começou a soluçar e gemer de dor. Sam começou a murmurar alguma coisa inaudivel. Mas ele ficou em pé diante de nós e caminhou na direção de Ders.
Se abaixou um pouco e derramou suas lágrimas em seu vestido branco.
- Então boa noite, boa noite, boa noite... - Ele sussurrava furiosamente entre um soluço e outro - Algo vai ter que mudar...
***
O sol das vésperas se ergueu timidamente atrás do enorme e rochoso Monte Sternum. As sombras projetadas pelos prédios thaienses, pelas árvores imponentes e pelos lobos que saíam à caça combinava perfeitamente com o doloroso clima de vazio deixado em nossos peitos.
Ainda que fosse uma situação de extrema emoção, tentamos esconder as lágrimas e sorrir, mas era impossível superar a falta de alguém tão próximo. Alguém como Ders. Mas nenhum de nós estava em estado tão acabado quanto Sam. Sua aparência era deplorável. Suas vestes negras estavam completamente esfarrapadas, seus olhos estavam vermelhos e sua face completamente marcada pelas lágrimas.
Eu servia de apoio para ele, que mal conseguia se mover sozinho. Eu literalmente o arrastava pelos campos. Ele soluçava enlouquecidamente. Parecia que ia desabar a qualquer momento. Mas eu seguia completamente mudo.
***
Logo que chegamos ao Salão Sangrento, Sam correu até a escada que levava até o primeiro andar. Em câmera lenta, ele a subiu.
- Eu vou falar com ele – Murmurei de repente.
- Ele precisa pensar – Falou Druid, sua voz era quase imperceptível.
- Sozinho – Completou Mi. Sua expressão facial era deprimente.
Eu segui calado até a cozinha, onde me larguei sobre uma cadeira recostada a parede. Era a segunda vez em tão pouco tempo que eu ia até o maldito cemitério para sepultar um grande amigo. Mas da primeira vez, algo bom aconteceu depois do enterro. Mas dessa vez eu tinha certeza que nada de bom poderia acontecer.
Druid, Zynara, Zeffyx, Alia e Mi entraram na sala em silêncio. Nenhum outro som era ouvido na sala, fora os passos lentos do grupo. Ergui meus olhos para encará-los, mas vi que nem eles encaravam-me. Zynara chorava com a cabeça apoiada no ombro do irmão. Mi sentou-se ao meu lado, juntamente com Druid. Alia se escorou na mesa de carvalho limpando os olhos.
- Já sabe o que isso quer dizer – Disse Druid para Mi. Mas em alto e bom som.
- Sei – Mi falou, com a voz fraca – O subestimamos.
- Muito.
- Precisamos localizá-lo o mais rápido possível! Quer que eu faça isso?
Druid encarou Mi com uma expressão agradecida no rosto. Ele forçou um sorriso e disse:
- Seria bom. Obrigado.
- Do que estão falando? – Interrompeu Zeffyx – Será que não percebem que não é hora pra discutir sobre... Sei lá!
- É hora sim rapaz – Falou Druid sombriamente – Mas concordo que devam saber o que realmente está acontecendo. Se quiser começar, sinta-se a vontade Michael.
- Pode ser – Disse Mi. Pigarreou e ficou de pé. Moveu os olhos pela sala tentando encontrar as palavras certas. Depois de alguns segundos em silêncio, ele começou a falar – Desde a época da criação de Thais, a população teve problemas com a rede de esgoto. Para resolver a situação, o rei Cândido V ordenou a construção de uma cisterna para o tratamento de esgoto. Mas o projeto só foi finalizado no reinado de Tibianus I. Este não havia gostado da complexidade e profundidade da cisterna, e mandou que uma rede de esgoto fosse feita sobre a cisterna. Mas seu sucessor, Tibianus II, abandonou o projeto e finalizou a cisterna, que funciona até hoje. A outra rede de esgoto passou a ser habitada apenas por ratos.
- Como alguns de vocês devem se recordar perfeitamente, cinco anos atrás aconteceu uma praga de ratos na cidade. Mas desde a criação da cisterna a população já estava acostumada com aquilo. Porém, desta vez os ratos estavam diferentes. Foram infectados por alguma substância não conhecida até então, e passaram a espalhar um veneno mortal e incurável. O veneno de pedra, que recebeu esse nom por paralisar completamente o sistema nervoso das vítimas.
- Mas a invasão acabou tão abruptamente quanto se principiou. E isso deixou uma verdadeira tonelada de perguntas no ar. O que realmente aconteceu? Que substância era aquela? Como ela passou pela cisterna? Desde então, eu, Druid e Ders nos dedicamos a responder essas questões, como é o trabalho da guilda Cavaleiros Sombrios desde sua criação.
- Utilizando de recursos espalhados pelos quatro cantos do nosso continente, fomos investigando a identidade de alguém que se identifica apenas por “Ele”. Esse tal ser macabro teria supostamente causado a invasão de ratos. Mas com uma ajuda consideravelmente exótica: Ele contou com o total apoio do bispo Zivrid. Por quê? A provável resposta seria poder, fama, dinheiro. Coisas pelas quais todos os homens estariam dispostos a fazer tudo. Não temos certeza, pois ainda estamos o investigando.
- Mas recentemente – Começou Druid. Mi agradeceu e se sentou – O bispo Zivrid foi flagrado tendo conversinhas suspeitas com Bruno Barroso, líder de uma das mais tradicionais guildas de Carlin: A Brazukas Candia. Não ficamos sabendo sobre o que exatamente havia acontecido, mas acreditamos que Ele estivesse interessado na guilda. E seguindo essa lógica, chegamos à outra guilda influente em Thais: Os Legionários da Noite. A guilda sempre foi uma de nossas aliadas, por isso eu procurei o líder dela, Virgo Aquarius.
- Falei com Aquarius sobre Ele e seus planos, e Virgo concordou em servir de espião para nossos objetivos. Mas semana passada Virgo sofreu um atentado e foi brutalmente assassinado. Mi tentou encontrar o assassino, mas ele conseguiu escapar. E assim, Ele conquistou duas grandes guildas. E nós ainda acreditamos que ele esteja caçando mais guildas, já que Carla El’Piri, mestra da guilda Guerreiros dos Sonhos foi assassinada por Bruno já faz um mês.
- Sem saída, Ders decidiu que precisava procurar mais informações e acabou descobrindo duas coisas incríveis: Zivrid foi visto andando próximo ao porto na noite da invasão de ratos, e também foi visto saindo dos esgotos com uma espécie de pergaminho. E ainda, ela descobriu que Ele estava escondido na Casa da Rosa Vermelha em Fíbula, mas quando chegamos lá ele já havia partido. Ders ficou muito preocupada. Ela achava que Ele queria matá-la. Sugeri que “saísse de circulação” por uns tempos, mas não sei por que ela decidiu fazer o Aniquilador. E deu no que deu.
- E nós acreditamos que Ele esteja por trás da morte de Ders – Mi completou.
Seguiu-se um longo silêncio em que tentávamos processar todas as informações. Fui o primeiro a falar.
- O que vocês estão planejando fazer?
- Eu vou viajar até Greenshore, onde Zivrid foi visto recentemente – Disse Mi – Druid vai ficar por aqui. Ders iria viajar até Fíbula procurar pistas na Casa da Rosa Vermelha.
- Mas não pode mais ir – Disse Druid – Por isso estamos tentando contatar o paladino Arcoro para o serviço. Ele é um grande amigo meu. Fora isso também estamos tentando tapar os buracos dessa história. Descobrir onde Ele está o que está planejando e por que.
- Eu vou até o depósito pegar minhas coisas e partir o mais rápido possível – Falou Mi, ficando em pé – Farei contato assim que chegar lá. Adeus.
***
Esperamos até as completas para discutir nossos próximos movimentos. Tentávamos não pensar em Ders, mas era quase impossível.
- Bom – Começou Druid – Não temos a menor idéia de quais são os objetivos e nem a localização desse homem. Mas baseado no que sabemos, dá pra imaginar que ele quer aliados para uma coisa grande! Uma invasão, por exemplo.
- Não sei – Falou Zeffyx – Pra que ele ia querer invadir a cidade.
- Para nos destruir – Eu falei – Afinal ele matou Ders e Jack.
- Talvez ele tenha os matado. Talvez. Mas até que é uma boa idéia – Disse Druid – Mas precisamos de um motivo concreto para ele nos atacar.
- Talvez nos tirar do caminho pra tomar Thais – Arriscou Alia, ainda meio abatida.
- Mas se ele quisesse Thais ele não iria a invadir nem matar toda a população – Falou Zynara.
- Mas o que ele ia querer com tanto apoio então? – Eu falei, me empolgando.
- Talvez ele precise para outra tarefa - Disse Druid – Mas é difícil cogitar essa possibilidade.
- E que tarefa seria essa? – Indagou Zeffyx, pensativo – Ele não pode estar recrutando um povinho para uma seita religiosa ou coisa assim?
- Não – Todos falaram juntos.
- Mas também precisamos lembrar que para reunir tanta gente ele precisaria de um esconderijo bem grande – Disse Alia.
- Bingo – Eu falei – Talvez a Mansão Espiritual.
- Compacta demais e fica muito perto de Fíbula – Falou Druid, desanimando.
- Mas e se talvez nós encontremos ele e seu exército, o que faremos? – Perguntou Zynara.
- Temos a opção “a”, que é correr e deixar Thais nas mãos deles – Falou Druid – E a opção “b”, que é enfrentar até a morte.
- Mas provavelmente em ambas as opções a gente perca – Eu falei.
- E talvez não – Falou Druid, por fim – Vou me retirar. E espero que alguma de nossas hipóteses faça sentido.
E Druid não sabia como.
Erros = Apontem
PS: Meu cachorro (que eu odeio pra cacete) ta tendo um ataque epilético neste exato momento. Já é o terceiro ¬¬ Será que fizeram mandinga contra meus cachorros ^.-?