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Tópico: O Guardião do Martelo

  1. #31
    Avatar de Zath Elfir
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    CAPÍTULO VII - ANCORANDO

    — Mirzig! Não! Parem! Morte! — Gritava o anão, remexendo-se na rede onde dormia.

    — Ei, anão, bem que você poderia parar de delirar e me ajudar aqui, estamos chegando à costa.

    — Huh? Que diabos você está falando Jonas, eu não pronunciei palavra alguma! Costa, que costa?

    — Anão besta, qual costa seria? A da Baía da Liberdade, seu tolo, estamos chegando.


    O anão levantou-se de imediato da rede onde repousava, calçou suas botas de couro sujas de poeira e ensopada de rum, a noite anterior havia sido um tipo de despedida, a viagem de duas semanas a bordo daquele navio imundo finalmente iria acabar, e nada melhor que algumas garrafas de rum para celebrar.

    Jonas e Nevrok subiram ao convés, onde encontraram Scot Mão-de-cegonha, o capitão do navio, apoiado ao mastro, ditando ordens aos seus únicos dois marujos, Nevrok teve a impressão de que um dia eles viriam a fazem um motim e tomar as rédeas da embarcação, mas isso não vinha ao caso, o anão dirigiu-se à proa do navio e vislumbrou a cidade ao longe, um grande complexo de ruas, pontes e outras construções de bambu.

    Ao sul avistou um aglomerado de pequenas figuras se movendo, mas não conseguiu identificar o que era.

    O navio ancorou no porto da cidade, um homem alto e misterioso estava à espera deles, trajado com uma capa branca, roupas de seda e um par de sandálias, era magro e alto, preservava um cavanhaque peculiar, três triângulos bem delineadas voltadas para cada um dos lados (Jonas imediatamente pensou que manter aquele desenho era agora o maior mistério da humanidade), além disso, usava uma cartola branca com uma sigla que ninguém conseguiu associar a nada, “SE”.

    — Ora ora, se não é aquele pirata que me prometeu trazer um dos tijolos da pirâmide do Faraó de Ankrahmun mas nunca retornou, sem contar o pequeno detalhe que recebeu o pagamento adiantado. Veio quitar sua dívida, velho Scot?

    — Vejo que não envelheceu nada Seleph, lamento, mas seu presente fica para a próxima.

    — Hah, então se eu não recebo meu presente, você não recebe as boas vindas.

    Nesse momento o bardo soltou um riso desproposital, o homem da cartola virou-se pra ele, olhando-o com um olhar curioso, apresentando interesse no visitante.

    — Quem são esses que traz com você? Andou enganando outros jovens inocentes, oferecendo aventuras dignas de um herói, ou seja, limpar seu navio?

    — Bem, é quase isso, esses são Jonas, um bardo, andarilho, ou seja lá o que esses tipos com alaúdes são, e o nanico ali é Nevrok, um anãozinho que perdeu a cidade que morava e quer vingança, esse típico bla bla bla.

    Jonas e Nevrok reviraram os olhos, não acreditando na besteira que o capitão acabara de dizer.

    — Lamento meu velho Scot, mas vou ter que lhe manter prisioneiro aqui.

    O homem da cartola estalou os dedos e uma corda começou a se formar em volta das mãos do capitão, o resto da tripulação ficou espantada, parece que perceberam que se alguém deveria ser aliado, era aquele homem.

    — De novo com esses seus truques, seu alquimista fajuto, só por que assassinou o macaco-xamã-ancião pensa que pode sair por aí fazendo seus truques, me solte antes que eu desista de lhe trazer aquele tijolo inútil.

    — Por enquanto você fica calado Scot. — Com outro estalar de dedos uma mordaça surgiu abafando a voz do capitão Scot, que deu um suspiro profundo e abaixou a cabeça desistindo de tentar negociar.

    — Quanto a vocês, se quiserem esse bastardo livre, terão que fazer um pequeno serviço pra mim, coisa simples, matar uns cinco demônios, limpar a sujeira das hidras, cortar as unhas do behemoth, essas coisas básicas, venham comigo até minha biblioteca, lá eu designarei suas tarefas.

    Nevrok e Jonas assentiram, olharam com pena para o Mão-de-cegonha, mas ele merecia aquilo, ninguém mandou ele ser caloteiro, mas mesmo sendo arrogante, estúpido, egoísta, inconfiável, ainda era um bom homem e havia os ajudado a chegar até ali, libertá-lo era o mínimo que poderiam fazer.


    Depois de uma curta caminhada silenciosa sobre as ruas de Porto Esperança os três chegam à porta de um casebre, pequeno e surrado, Jonas e Nevrok tiveram a impressão de que aquele era o lugar errado, mas quando o homem misterioso abriu a porta ambos suspiraram de espanto, a casa que mal poderia acomodar duas pessoas virou um grande palácio, grandes pilares de mármore branco sustentavam um lindo teto com desenhos e palavras que não conseguiam decifrar, algum tipo de mágica tomava conta daquele lugar.

    O homem seguiu em direção a uma grande mesa onde haviam alguns objetos estranhos, um orbe vermelho banhado em sangue estava suspenso no ar sobre uma pilha de folhas, ao lado dele uma cenoura que expelia uma aura amarelada, tudo ali parecia encantado.

    — Sentem-se, vamos tratar de negócios. — Disse o homem apontando sorrindo para duas cadeiras que surgiram após uma explosão de fumaça.

    ____________________________________
    É isso, por enquanto, lamento por ser um capítulo pequeno, mas estou um tanto enferrujado com a minha escrita, espero terminar este conto algum dia, e que os próximos capítulos sejam maiores.

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    Última edição por Zath Elfir; 28-10-2012 às 21:28.
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  2. #32
    desespero full Avatar de Iridium
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    Voltou das trevas, não?

    Bem, passei para dizer que gostei do capítulo. Em se tratando de gramática, nada tenho para criticar: não vi nenhum erro que saltasse os olhos, nada que deva ser corrigido...

    Quanto à narrativa, devo dizer que gostei do fato de ter adicionado um mistério a mais à história... Estou muito intrigada com esses "negócios". Vejamos o que acontecerá a seguir. Só gostaria que os capítulos fossem um pouco mais longos e mais detalhados... Sinto falta de mais descrições =/

    Enfim, espero a continuação ^^ Essa história ainda tem muita coisa para revelar =D

    Abraços!

  3. #33
    Avatar de Zath Elfir
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    CAPÍTULO VIII - UMA TAREFA ESPECIAL
    Três taças de vinho surgiram à mesa.
    — Aproveitem. Só os deuses sabem quando poderão beber dum bom vinho novamente. — Começou Seleph, propondo um brinde. — Vamos aos negócios. Eu não tenho a menor vontade de libertar aquele maldito pirata, se dependesse de mim ele ficaria preso até o fim de seus dias, mas já que vocês têm um débito com ele, e ele tem um comigo, proponho que vocês façam um pequeno serviço para mim.
    Nevrok e Jonas não tocaram na bebida, acreditavam que estava envenenada ou era modificada por truques mágicos, poderia ter o sabor de qualquer coisa.
    — Que tipo de serviço é esse? — Resmungou Nevrok.
    — Ao sul daqui há uma pequena tribo de duendes, nós os chamamos de Dworcs, você devem tê-los visto quando se aproximavam da cidade, eles estão aqui há milênios, mas sempre viveram no subsolo, pacificamente, com medo dos humanos, mas de uns meses pra cá eles costumam vir à cidade e saquear as residências, quero que vocês exterminem-nos.
    — Mas você é um mestre da magia, olha para essa casa, e você prendeu o Mão-de-Cegonha só com um estalar de dedos, por que você mesmo não dá conta disso? — Indagou Jonas, começando a ficar tentado a experimentar do vinho.
    — As coisas não são assim, jovem bardo, eu bem que poderia acabar com cada um deles facilmente, mas por que eu iria me esforçar se tem quem possa fazer isso para mim, sem eu correr risco algum? Essa é a vantagem de ter poder, eu não preciso fazer nada, os outros que fazem por mim.
    —Bastardo... — Sussurou Nevrok, escondendo o rosto na borda de sua armadura.
    — Disse alguma coisa, anão? — Perguntou Seleph, olhando atenciosamente para Nevrok, um olhar que dava a impressão de que iria desintegrar o anão a qualquer momento.
    — Huh? Destilado, vinho, destilado... — Respondeu Nevrok aos soluços, agarrando a taça de vinho de repente e levando-a a boca, num gole que consumiu metade do liquido contido no recipiente.
    Nevrok era um grande conhecedor de bebidas, e o fato de saber só pelo cheiro e pela textura da bebida qual a sua consistência salvou-o de ser transformado em um rato ou virar decoração de parede.
    — Então, irão ajudar seu amigo?
    — Nos dê um mapa e suprimentos, então partiremos ao amanhecer. — Propôs Nevrok.
    — Lhes dou um mapa e suprimentos e partem agora, ou preferem esperar até o amanhecer e perder um membro cada um? — Intimidou Seleph.

    ----

    — Eu realmente odeio aquele cara! — Resmungou Nevrok balançando seu machado para espantar os insetos que insistiam em tentar sugar seu sangue. — Olha só pra essa floresta, é imensa, sabe-se lá qual mostro vai sair do próximo arbusto.
    Jonas seguia a frente abrindo trilhas por entre a mata, conforme iam avançando desenhos nos troncos das árvores se tornavam cada vez mais freqüentes, os dworcs deveriam estar próximos.
    — Você alguma vez já viu algum desses duendes, Nevrok?
    — Eu sempre vivi em Kazordoon, nunca abandonei aquela montanha, a criatura mais estranha que eu conhecia eram os humanos, que vinham frequentemente à cidade em busca de metais e armamentos.
    — Seu eremita! Você não faz idéia de quão belo e surpreendente é o mundo. — Falava Jonas com entusiasmo.
    — Surpreendente e perigoso... Não se mova! — Gritou o anão, mas era tarde de mais.
    O chão desabou aos pés do bardo, uma clássica armadilha, um chão falso de madeira seca e frágil coberta por folhas.
    Lá embaixo um pequeno grupo de criaturinhas verdes e sujas de lama estava à espera deles, empunhando lanças e porretes cercaram a dupla.
    As criaturas não eram fortes, mas eram selvagens, e tinham uma boa estratégia, além de estarem eu seu próprio território, quando Jonas e Nevrok se prepararam para atacar uma nova armadilha surgiu, no primeiro passo que deram uma parede de bambu os prendeu, Nevrok empunhou seu martelo e começou a golpear a madeira, mas antes que obtivesse sucesso um dardo atingiu seu pescoço, fazendo-o desmaiar ali mesmo.
    __________________________________________________ _____
    Um capítulo pequeno pra dar continuidade a história, desculpem pela demora e o conteúdo fraco, o próximo capítulo, creio eu, será melhor.
    Até a próxima
    Última edição por Zath Elfir; 16-11-2012 às 19:10.
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  4. #34
    Cavaleiro do Word Avatar de CarlosLendario
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    Olá Zath!



    Acho que eu disse que iria acompanhar sua história... E aqui estou.(Atrasado pra ca**lho ) Gostei do jeito que a história está seguindo, só o que tenho a falar é que ela está fraca no quesito de descrições. Sei lá... Neste último capitulo, onde você mostrou que a dupla caiu numa armadilha dos Dworcs, faltou descrições, por exemplo:


    Você contou que Nevrok estava tentando destruir a armadilha de madeira, mas você não disse o que aconteceu com o outro. Ele continuou no buraco ou continuou com o Nevrok?




    Bom, entendo que está com falta de tempo, percebi pelos poucos capitulos e pela demora dos mesmos, mas não se preocupe; quando tiver uma hora boa a se dedicar ao capitulo, faça-o com calma, pensando no que irá fazer, sem dar muitas burradas e ter o maximo de descrições possiveis para prender o leitor à leitura.



    É só o que lhe recomendo, aguardo os proximos capitulos. Entenda que as criticas irão lhe ajudar muito no futuro, e não exijo capitulos melhores, apenas quero que sua qualidade aumente.



    ◉ ~~ ◉ ~ Extensão ~ ◉ ~ Life Thread ~ ◉ ~ YouTube ~ ◉ ~ Bloodtrip ~ ◉ ~ Bloodoath ~ ◉ ~~ ◉

  5. #35
    desespero full Avatar de Iridium
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    Olá!

    Primeiramente, desculpe a enorme demora na resposta. Desejo também um feliz 2013 (rsrsrs)

    Gostei bastante do capítulo. Já vejo cenas de ação prontas para se desenrolar. Dworcs geralmente vêm aos montes, então acho que será um pequeno massacre (trocadilhos à parte).

    Sua história é bacana e gosto do modo como você a escreve, sem rodeios, objetiva, mas com seus mistérios e surpresas também. Espero que você continue. Saiba que estou acompanhando, viu?

    Abraço!




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  6. #36
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    Eaer.

    Seguinte, falei um pouco com o @CarlosLendario
    O que me deu a ideia de reescrever essa porra toda
    Já reescrevi todo o primeiro capítulo, dobrei o tamanho dele, acredito que ficou bem melhor q essa bosta q ta ai ahahahaha
    Acabei modificando algumas coisas também e vou fazer o mesmo com os outros.
    Queria a opinião de vocês, se eu posso aqui mesmo, crio um Guardiao do Martelo 2.0, guardo no cu, sei la, vcs q escolhem.

    @CarlosLendario
    @Iridium
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  7. #37
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    Olá.

    Sobre a sua pergunta, poste ou edite aqui mesmo no tópico. Há alguns exemplos de histórias, como "A Character's history", que resolveram editar o seu corpo e ir postanto cap. após cap. post por post, ou você pode pegar o exemplo de O Mundo Perdido, do Carlão, e ir editando post por post com os supostos cap's.

    Eu estou em uma situação parecida com a sua. Quero 'recomeçar' uma história recente, com mesmo o corpo por assim dizer( mesmo ambiente, personagens), mas fico em dúvida se vou editando os posts, ou abro um novo tópico.

    Responde coroi
    Se for uma mudança 'radical', e você mude bastante o formato dos capítulos( como o primeiro ter o dobro do tamanho do original, como você mencionou), então talvez compense sim criar um novo tópico... E você deixar este de lembrança. No final das contas, todas as histórias desta seção tem um propósito em comum: deixar uma marca de si, uma memória, para um dia relembrarmos o que fomos, e o que nos tornamos xD.


    Não espere algo bem elaborado e feito. De resto...

  8. #38
    desespero full Avatar de Iridium
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    @Zath Elfir vai pela idéia do Botas q é sucesso! Aguardo os capítulos xD

  9. #39
    Avatar de Zath Elfir
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    Padrão CAPÍTULO I - VERSÃO II

    Andei refletindo sobre e cheguei a seguinte conclusão:
    Irei manter esse mesmo tópico, manterei os capítulos originais para questão de comparação, e darei um novo início aqui mesmo. Não vejo necessidade de iniciar todo um novo tópico sendo que a história será a mesma, porém melhor trabalhada e com algumas pequenas alterações.
    Portanto aqui segue a primeira parte
    Caso vocês desejam conferir a versão original para comparar com a nova, abaixo o link.
    Capítulo I - Versão I
    espero que aprovem e receba algum feedback (:

    Citação Postado originalmente por Capítulo I - Versão II

    I

    O delicado som do trovão ecoava nas ruas vazias de Carlin naquela noite, a chuva naquela época do ano era corriqueira e limitava os moradores da cidade à monotonia de suas residências. O refúgio das almas secas de diversão, promiscuidade e álcool acabava sendo a antiga taverna de Karl, estranhamente situada nas alamedas subterrâneas da cidade, nos túneis do esgoto os gritos e berros dos boêmios se misturava ao fedor e o movimento dos ratos.

    A taverna já passava dos duzentos anos de existência e ainda resistia às investidas do governo Carliniano, que na falta de outras preocupações gastava seu tempo e as sobras dos tributos em condenação aos hábitos dos frequentadores.

    Karl, o fundador havia falecido há mais de um século e meio, sua vida foi curta e nem um pouco próspera, mas o seu legado e seu negocio atravessaram gerações; naquela noite em especial o movimento era além do acostumado. Devido à ancoragem do navio que trazia grãos e cereais de Thais, muitos foragidos, párias da sociedade e aventureiros se esgueiravam em meio ao trigo e a aveia, seu refúgio: a taverna.

    Ao lado da pilastra central um jovem bardo, não deveria ter mais de vinte anos. Podia-se notar duas coisas a seu respeito: o jovem atrapalhava com as cordas do alaúde que dedilhava ao longo da noite, já sua voz bem afinada compensava a falta de destreza com o instrumento. Cantarolava cantigas sobre heróis, batalhas, amor e aventuras, declamava poesias e bebia como um bardo qualquer que tenta ser o centro das atenções mas acaba sendo apenas o plano de fundo das discussões e diálogos dos clientes.

    Logo após terminar de declamar uma poesia sobre um velho homem que se apaixona por uma jovem mulher o bardo pede a atenção da multidão, e anuncia uma nova peça musical; ele começa com uma introdução em sol maior, ecoando e passando para um fá seguido de um dó menor, uma harmonia estranha e desafinada que curiosamente atraiu a atenção de alguns ouvintes; em seguida ele inicia os versos:

    “Orcs! Escutem essa canção!
    Anões! Escutem essa canção!
    Elfos e ladrões!
    Creio que disso nunca se esquecerão!

    Em um dia de festa
    cerveja de sobra
    pouca conversa
    um pega a harpa e começa a trova.

    Em meio à festa
    não existe pressa.
    Um grito se escuta,
    o povo se assusta.”


    A cantiga cessa por um momento, o som abafado de mais um trovão ecoa nas galerias úmidas, e os cochichos e risadas se tornam audíveis mais uma vez; a canção retorna, desta vez sem acorde nenhum, em vez disso o bardo adotou de batidas percussivas no corpo de madeira do alaúde, uma tentativa inteligente de simular tambores de batalha, sua voz retorna, dessa vez gutural, dando um tom obscuro e quase amedrontador à canção.

    “Ciclopes atacando!
    Não há escapatória!
    A derrota é evidente,
    sem chance para a vitória!

    A guarda bêbada
    não presta para nada,
    e facilmente
    Kazordoon será tomada!”


    Eis que acontece a interrupção.

    O bardo não notou, mas enquanto iniciava aquela cantiga, um anão encontrava-se sentado ao lado de um velho de vestes sujas, outrora brancas, de chapéu pontudo.

    — Mas que diabos, Mirzig. — Esbravejou o anão. — Não suporto mais, não posso beber em paz, que um desgraçado, mal parido, resolve importunar a minha paz com essa farsa.

    O anão voltou sua face pra encarar o bardo, que encontrava-se de costas para a mesa onde ele estava. Uma veia começou a pulsar na sua testa. A feição do anão era, no mínimo, cômica para quem o via de longe; sentado à mesa parecia uma criança super desenvolvida, já que seus pés não alcançavam o chão e ao mesmo tempo seu semblante indicava uma pessoa de certa idade, com historias e cicatrizes do passado. Mais o curioso era o seu cabelo, muito liso e comprido, porém inexistente no topo de sua cabeça, não se podia afirmar se era devido à queda ou por opção. De uma das largas narinas ele deu uma fungada, trazendo de volta a si um pouco do ranho que começava a escorrer por entre o espesso bigode.

    O velho que se fazia presente junto ao anão se reservou a tomar um gole de seu caneco e sugerir ao anão não fazer nenhuma besteira.

    Mas o conselho foi em vão.

    “A guarda bêbada
    não presta para nada,
    e facilmente
    Kazordoon será tomada!”


    Foi ao fim deste verso que o anão desceu de sua cadeira com um pulo, e em fúria correu ao bardo e o derrubou, jogando-se às suas costas.

    Sem saber do que se tratava, o bardo apenas tratou de proteger seu alaúde e clamar por ajuda enquanto era golpeado pelo anão que resmungava coisas como “mentira”, “ciclopes” e “Kazordoon”.

    A cena atraiu o olhar de algumas pessoas, mas nenhuma intervenção, era mais alguma razão para beberem e rirem; se não fosse o velho interferir, o incidente continuaria por um bom tempo.

    Como todo velho, aquele também tinha um cajado de apoio, uma velha madeira cinzenta e retorcida, tinha o aspecto mais frágil que a pobre alma que a empunhava. Foi esse cajado que separou os dois brigões no chão, com golpes constantes e bem aplicados à barriga do anão, que por sua vez rolou para o lado e cuspiu o início de um vômito ali mesmo.

    — Por Durin! Isso não é necessário Mirzig. — Disse o anão de joelhos, entre um cuspe e outro.

    — Os dois, me acompanhem, antes que isso vire um escândalo maior ainda.

    O velho se dirigiu à saída da taverna, fazendo o máximo ao seu alcance para não derrubar a bebida de ninguém.



    Lá fora era escuro, úmido e fedido, era o de se esperar de um esgoto. Outrora lampiões eram pendurados a cada três metros ao longo das paredes, mas com o aumento do preço do óleo devido a escassez do mesmo os donos da taverna retiraram os lampiões, sobrando apenas os suportes dos mesmos, que agora se encontravam misturados às teias de aranhas e musgos nas paredes.

    Para garantir o mínimo de luminosidade, Mirzig, o tal velho, deu um batida rápida e seca com seu cajado no chão, que começou a reluzir em um leve tom de azul, iluminando ao redor dos pés dos três ali presentes.

    — Primeiramente, Nevrok, seu anão desgraçado, se ainda tiver alguma coisa dentro dessa sua cabeça, já está passando da hora de usá-la. Em segundo lugar, o que diz o resto dessa canção?

    — Nevrok? Você é o mesmo Nevrok da.. — Em meio a sentença, Mirzig interrompeu o rapaz.

    — Primeiro as minhas perguntas, depois as suas, e nem se dê ao trabalho de começar a falar, anão. — Disse o velho, notando que Nevrok preparava-se para pronunciar alguma coisa.

    O bardo iniciou:

    — Está bem, suas perguntas primeiro. A canção conta da tomada de Kazordoon pelos ciclopes, que invadiram a cidade e mataram todos enquanto acontecia uma festa ou algo do tipo, já que estavam todos bêbados, mas apenas um do povo de Durin sobreviveu, com o nome de Nevrok, e com ele levou o Martelo do Trovão.

    Ao pronunciar o nome do sobrevivente, o bardo dirigiu seu olhar para o anão ao seu lado, e por fim para o velho. Neste momento um rapaz encapuzado deixava a taverna e passou por entre os três, pedindo educadamente por licença.

    — Certo, existem algumas falhas nessa sua história, algumas inverdades. Faça o favor de narrar a ele Nevrok.

    — Com todo respeito Mirzig, mas eu não acho que eu devo contar esses segredos para esse bardo imundo, olhe só para ele, com esse cabelo dourado e esse queixo fino, ele parece um maldito Elfo.

    — Ora, não era você que há pouco minutos se jogou de peito aberto contra esse coitado, proferindo palavras de mentira e falsidade, me parecia que você estava louco para esclarecer algumas coisas, por que não o faz agora que tem a chance?

    O bardo apenas escutava e olhava para os dois em meio a discussão.

    — Veja bem, Mirzig, eu sou um anão, e você sabe como nós anões somos, cometemos loucuras impensáveis quando estamos bêbados. Olhe só, já estou sóbrio de novo, eu juro, e conheço a besteira que fiz. Pare de me olhar desse jeito! Está bem, está bem, eu conto ao bardo a historia, pelos Deuses!

    — Ouça bem, pois esta é a verdade, bardo, espero que ao conhecê-la pare de contar mentiras por aí. Sim, eu sou Nevrok, o anão que sobreviveu à invasão dos ciclopes e fugi levando comigo o Martelo do Trovão, a maior relíquia dos anões. Mas aquele massacre não aconteceu da forma que você narra. Nós não estávamos em festa, e muito menos bêbados. Só por que somos anãos vocês humanos acreditam que vivemos embriagados, mas não é assim que as coisas funcionam. Os ciclopes tiveram sucesso por que estavam juntos do Basilisco, sim, não se espante, eu vi os meus amigos petrificados, imóveis, para sempre na mesma posição, com o desespero para sempre estampado em suas faces, Durin! eu nunca vou esquecer do ferreiro que morreu abraçado a sua filha. Eu tive sorte de conseguir escapar, mas há um prêmio pela minha cabeça e o perigo é constante. Por isso pare de mentiras!

    Nevrok, apesar de empenhar grande emoção em seu discurso não esboçou nenhuma alteração em seu semblante, parecia mais envergonhado devido à cena que acabou de causar do que comovido pela própria história.

    — Tendo as coisas se esclarecido, eu tenho um pedido a você jovem bardo, mas antes disso me diga seu nome. Você conhece a nossa identidade mas não conhecemos a sua, por isso me digas, quem és tu? – Questionou Mirzig.

    Fazendo uma saudação aos dois o bardo pronunciou seu nome — Karmin, Jonas Karmin eu sou, mas antes que me faça algum pedido, eu farei um eu mesmo. Por favor, me permida participar de sua comitiva, a história do anão me comoveu, e é uma ótima oportunidade para um bardo. Imagine os poemas e as canções que poderiam surgir, seria a minha consagração como trovador!

    — Mas que inferno de pedido é esse? É claro que a resposta para o seu pedido é uma negação, não é possível que..

    — Cale-se Nevrok, não estamos em posição de recusar ajuda, além do mais, ele já está envolvido nisso, se nós não o temos ao nosso lado o inimigo o terá. E esse era o mesmo pedido que eu iria fazer a ele; portanto Nevrok, guarde se orgulho por ora, e considere-se um amigo Jonas, pois você irá nos ajudar a retomar Kazordoon.
    "Eu não deixo, não aceito, não abro,
    não permito, não tolero
    botar a perder essa bendita ereção"

  10. #40
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    E aí!

    Bom, li as duas versões do capítulo, e gostei de ambas. Eu gosto muito quando tenho a oportunidade de ver alguém refazendo suas obras depois de algum tempo (seja com desenhos, textos...); acho que é a melhor forma de notar tanto a evolução das habilidades quanto do pensamento das pessoas.

    Sobre o capítulo, ficou muito bem escrito. Só notei alguns pequenos deslizes de acentuação e a falta de algumas vírgulas. Nada que prejudicasse a qualidade da escrita, entretanto. As descrições ficaram concisas, mas muito bem colocadas, e os versos do bardo, apesar de simples, também foram bem feitos. Falando sobre a história em si, foi uma introdução interessante e que abre espaço para muitas interpretações e possíveis caminhos a se trilhar na sequência. Como eu não li o restante da história em sua primeira versão, vou aguardar você trazer os capítulos reescritos pra ir acompanhando. A curiosidade quase me fez conferir a sequência, mas vendo que você decidiu alterar alguns fatos (os mais notórios, pra mim, foram a personalidade do mago e a não revelação do segredo do martelo para o povão da taverna), é melhor esperar pelos novos mesmo.

    Enfim, reitero que gostei bastante do que li. Conte com minha leitura na sequência!

    Abraço!

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