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Tópico: Behogár Bradana

  1. #61
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão Carta aberta + An Fhómhair, Capítulo Quatro — Admirável Caçada Nova

    Saudações!

    Nossa, quantos anos que não escrevo, de fato, por aqui! Na época em que parei com a história, eu estava passando por um período complicado da minha vida leia-se, eu tinha terminado com o namorado que tive por quase cinco anos e tava UMA MERDA fazer QUALQUER COISA e eu me afundei no jogo, junto a um bloqueio artístico que demorei a quebrar. Acabou juntando outros problemas, pandemia, as pessoas deixando de estar aqui... Enfim.

    Assim como o @Gabriellk~, que já me acompanha a alguns anos, e a @Marjyh, que foi uma grata surpresa (e ainda me pergunto como não nos conhecemos nos idos de 2011 aqui no Fórum), decidi completar Behogár Bradana... Pelo prazer de completar. Em meu site, eu farei a versão em quadrinhos dessa história, sim, com algumas modificações para deixar ainda mais pertencente a mim e sem o risco da Cipsoft me processar, e espero que gostem.

    Eu alterei o post inicial com informações relevantes, como os títulos desse capítulo e o próximo (que já estavam planejados desde 2018, faltava só postar mesmo) e os títulos dos dois últimos arcos. O meu planejamento original para a história segue firme e forte e eu espero que gostem!

    Spoiler: Respostas


    ------

    Spoiler: Bônus Musical


    Capítulo Quatro — Admirável Caçada Nova
    A caçada pode ser algo mais subjetivo e introspectivo do que aparenta.



    Um estrondoso rugido irrompeu no ar uma última vez antes de ser silenciado por completo; escamas jaziam no chão em meio ao sangue e os estilhaços de madeira. Só havia o barulho da respiração pesada, o chiar da carne que deixava de queimar e dos pingos de suor contra o couro e a areia no chão.

    Da pilha de carne queimada, cujo peso equivaleria a pelo menos três a cinco toneladas, ergue-se uma figura bípede, de pernas fortes, ruiva e com sua besta erguida acima de sua cabeça. Seus olhos claros ainda percorriam a caverna, buscando sobreviventes.

    Não havia mais nada ali senão os cadáveres dos dragões que a desafiaram. Não havia mais nada além da areia, do sangue, das pedras que compunham as paredes, do silêncio e Bradana.

    Ela vivia. Ela respirava. Ela bradava de alegria, orgulhosa de si, ao ver que o desafio havia sido vencido.


    *****


    (Narrado por Bradana)

    Eu mal conseguia acreditar em meus olhos; meu corpo, minhas pálpebras, minha respiração… Tudo pesava. Eu estava exausta e ferida; aqueles dragões vieram com fogo e fúria para cima de mim, quebrando o chão com suas passadas fortes e suas garras afiadas.

    O chão estava esfacelado, com o sangue misturado às escamas e pedregulhos que foram levantados pela batalha. Dos animais mortos, cada um medindo cerca de cinco vezes o meu tamanho em altura e sete vezes em comprimento, consegui obter parte de suas escamas fortes como recompensa.

    Minhas mãos tremiam; tentei alcançar a faca de obsidiana que eu tinha em meio aos meus pertences, mas senti tudo girar. Minha cabeça estava leve e minha visão foi ficando mais e mais turva; comecei a ouvir passos, leves e delicados, ecoando em meio àquele recinto. Ergui meus olhos em direção àquele som, agarrando minha besta com o que restava de minhas forças, mas tudo que pude ver foi uma silhueta antes de perder a consciência.


    *****


    Acorda! Por favor…

    Meu corpo parecia leve, como se eu flutuasse, simplesmente, no vazio. Eu simplesmente não conseguia abrir meus olhos, e sentia meu coração falhar. Algo pressionava meu peito, rápido, uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete vezes… Mas eu não parecia capaz de sair daquele vazio. E aquela voz, que poderia mudar meu destino, parecia longe, tão longe…

    Bradana, não… Respira..!

    Respirar? Como? Se meu nariz parecia… Horrível. Eu não conseguia fazer algo tão simples, o que um bebê costumava fazer. Respirar. Estava doendo. Meu corpo parecia… Ir embora. Seria esse o fim da minha história? Derrotada por… Fumaça? Depois de matar cinco dragões sozinha? E aquela voz, para onde estava indo? O dono dela ainda estaria por ali, pronto para me ajudar… Ou terminar aquilo que os dragões começaram e não puderam finalizar?

    Fica comigo, por favor…

    E foi aí que eu senti um toque macio, um sopro delicado e forte, me trazendo de volta à vida. Antes, minha mente, que parecia tão leve e flutuar rumo ao desconhecido, foi jogada de volta ao meu corpo com a velocidade de uma âncora em direção ao fundo do oceano. Meus pulmões, que pareciam indiferentes às minhas tentativas fúteis de enchê-los com ar, pareciam receber o ar de um tufão, e meus olhos, tão machucados pelo ar tóxico, pareciam renovados ao ponto que foi fácil abri-los.

    E dar de cara com ela. Colada no meu rosto. Seus lábios colados nos meus, soprando ar de volta aos meus pulmões, me impedindo de conhecer os deuses antes da hora. A única pessoa possível.

    Audrey Raines.


    ****


    (Narrado por Audrey Raines)


    Naquele momento, eu não era mais a dona de meu corpo. Eu não era mais dona de mim mesma.

    —Hm…!

    Não tenho certeza ao certo o que me levou a Ankrahmun, semanas atrás, e me fez permanecer; não gosto de lidar com a necrocracia daquela cidade-estado, que ofende os ensinamentos da luz que carrego comigo. Os mortos devem permanecer mortos, sempre pensei assim. Fui ensinada a pensar assim. Independente de tudo isso, contra meu melhor senso, eu estava lá. Eu pude estar lá, na hora certa e no momento certo, e tudo porque ela estava próxima de uma tumba que eu queria investigar.

    — Audrey…?

    Ela. Tinha que ser ela, mesmo. Atrapalhada, estabanada, falando alto para todos ouvirem… Desafiando meu marido. Marido esse que, bem… Não é o que eu gostaria. Ao menos não para mim. É um bom homem, mas… Não é para mim. O que era uma expedição para investigar a tumba abandonada daquele que chamavam Horestis, tornou-se uma missão de resgate.

    — Bradana… — Balbuciei, olhando atentamente para o rosto ferido da garota que tinha pouco mais da metade de minha altura, mas cinco vezes a minha coragem.

    — O que…? Como…? — Ela começou a articular, desorientada, a voz trêmula em meio à dor e ao choque de ter quase morrido.

    — Sshh. Está tudo bem. —Falei, ajudando a anã a sentar-se com alguma postura, amparando seu corpo em um abraço que eu não queria soltar. — Foram eles, os dragões… E a fumaça de seus corpos.

    — Você… Você me salvou. — Ela falou, ofegante, com seu par de piscinas fitando-me em um misto de susto e admiração. Ah, como a luz dos sóis faz um lindo reflexo neles…

    — E eu faria de novo. Quantas vezes fossem necessárias, eu faria… — ‘Tudo por você. Eu faria tudo por você’, eu pensei, mas não consegui dizer. Não ousei dizer, apenas pensar.

    — Você… Me beijou? — A ruiva me perguntou, piscando devagar e com os lábios entreabertos. Era um convite? E se fosse, eu deveria aceitar?

    — Eu… Err… É uma manobra…! Isso, uma manobra! — Respondi, acuada, pela primeira vez em muito tempo. — Então, os xamãs de Nibelor me ensinaram, é algo bem interessante, e útil, pelo visto, dá para salvar a vida de muita gente enquanto um Druida não aparece e… — Comecei a tagarelar, com a voz tremendo. Céus, Audrey, por que?! Por que falar assim com ela? De todas as pessoas, justo com ela?!

    — Oh… Entendi. — Eu consegui sentir a decepção na voz dela, talvez de uma maneira que nem mesmo ela pudesse compreender. Será que ela entendeu o que acabou de acontecer, ou sentiu, apenas, que foi ‘nada demais para mim’, como se fosse corriqueiro eu salvar outros novatos como ela?

    — Olha… Melhor eu te levar de volta para a cidade. — Falei, tentando remediar uma situação possivelmente irrecuperável. — Você não está em condições de fazer mais nada por hoje.

    — Mas… — Ela tentou protestar, afastando-se dos meus braços. Do meu abraço — E-eu consigo… Argh!

    O grito de dor da brava combatente revelou um motivo ainda maior para preocupação: de fato, um dos dragões não faleceu sem oferecer resistência, e havia um corte enorme na perna direita de Bradana, e ela sangrava profusamente através do ferimento.

    — Rápido, tome essa decocção! — Oferecia a Bradana um frasco arredondado, com um líquido vermelho; em seguida, peguei meu cantil e joguei um pouco da água no ferimento a fim de limpá-lo e rasguei parte de minhas vestes para criar ataduras, as quais amarrei ao redor da perna da moça.

    — Não precisava… — Ela sussurrou timidamente, em um tom que nunca pensei que ouviria dela.

    — Lógico que precisa. — Repliquei, talvez um pouco mais fria do que gostaria. — Se eu tivesse demorado a chegar… — Engasguei. Eu não poderia sequer imaginar. Não, eu não queria imaginar o que teria acontecido se eu tivesse demorado um segundo a mais.

    Em silêncio, ajudei Bradana a subir em meu cavalo; juntas, galopamos de volta para Ankrahmun, e meu coração acelerou, de maneira indecorosa e inapropriada, quando senti a garota se aproximar mais, deixando o peso de seu corpo apoiado em minhas costas, seus braços descansados em minhas coxas e seu rosto repousando em meu ombro.

    Que droga. Estou gostando disso muito mais do que deveria; muito mais do que eu de fato posso.



    ***


    (Narrado por Szczeisny)

    — Alguém viu minha esposa?! AUDREY?!

    Que. Inferno.

    Somos explosivos, nós Norsir. Sim, somos! Vivemos pelos nossos impulsos, nossa inteligência impulsionada pelo fogo das nossas emoções! Razão e emoção caminham lado a lado, e somos a tempestade quando contrariados! Ainda assim, quando estou perto dela, eu costumo ser mais calmo. Até a hora que ela resolve fazer uma das “saidinhas” dela.

    E hoje, ela resolveu fazer isso. Justo no nosso aniversário.

    — Não, senhor, não a vi hoje. — Feizuhl, em sua calma habitual, replicou. — Paladinos não costumam gostar da cidade… E, cá entre nós, eu compreendo. — Ele completou, encolhendo seus ombros na medida em que eu me aproximava.

    — Beleza, mas que beleza! — Grunhi, irritado e mais sarcástico do que de costume. — E isso porque a mulher “sempre” lembra daquilo que é importante e…

    — AJUDA! EU PRECISO DE AJUDA!

    Em um impulso, empunhei meu machado e saí do edifício; dele, emanava veios de energia gélida, prontos para atender a quaisquer comandos meus. Entretanto, o pedido de socorro, vindo da minha esposa, não exigia o uso de lâmina ou magia. Ela vinha dos muros da cidade, já com os sóis escondidos além do horizonte, com o corpo coberto de fuligem, cheirando a fumaça e carcaça de dragão morto. Além disso, ela não estava desacompanhada.

    — Audrey?! — Indaguei, preocupado, guardando meu machado nos ferrolhos atrás de minhas costas. — O que aconteceu?!

    — A Bradana! — A voz da minha querida esposa tremia, de forma familiar e dolorosa. — Ela… Ela foi sozinha… Cinco dragões… O corte…! Ajuda, por favor!

    Claro, a mestiça. Tinha que ser a… Bendita mestiça. Suspirei em meio a um resmungo, ajudando Audrey a colocá-la no chão.

    — Não temos que levar ela…

    — Não precisa. — Repliquei entre meus dentes, segurando um sentimento que eu não sabia definir ainda, ao certo. — Amor, por favor, pegue ataduras limpas, uma garrafa de rum e duas tigelas. Eu cuido do restante.

    — Tá, tá… — Ela respondeu, nervosa, esquecendo até de amarrar o cavalo no poste do estábulo. — Ataduras, rum, tigelas… ataduras, rum, tigelas

    Ergui meus olhos em direção a Audrey, ignorando, por alguns instantes, a respiração pesada e difícil de Bradana, que sofria em meio aos danos e às feridas de sua caça, ao meu ver, mal sucedida; poucas foram as vezes que a vi nervosa assim, alterada de forma desproporcional em frente ao perigo. No entanto, esse nervosismo me parecia diferente; e eu não queria entreter a possibilidade de ser alguma outra coisa.

    Cof! Cof! Argh…!

    O arfar pesado e urgente da mestiça trouxe-me de volta à realidade; agora, a ruiva tinha a minha indivisa atenção. Peguei meu cantil, o qual estava atado à minha cintura, e abri, despejando um pouco da água na palma de minha mão esquerda e o restante sobre as feridas de Bradana.

    — Ao Pai Chyll, retorno a água da vida e ofereço essa prece — Entoei, vertendo a água de minha mão em direção à carne viva da anã — Para Freydís em sua barcaça eterna, peço que carrega o mal, a dor, a chaga e a pestilência para longe, que abrace essa guerreira… — A água começou a brilhar em um tom azul e gélido que muito me era familiar, e os ferimentos foram, aos poucos, ficando mais limpos e o sangramento, controlado. — …E permita que ela lute um dia mais. Exura Gran Sio.

    A água rapidamente converteu-se em flocos de neve e gelo, e da minha vontade fez-se o vento, soprando para longe as dores e feridas de Bradana; o frio estancou o sangramento, e o ferimento foi se fechando aos poucos. A ruiva arfou, respirando de uma só vez, renovada, os ventos de cura; seu olhar voltou-se para mim, espantada, enquanto eu decidi encará-la, medindo sua estatura uma vez mais.

    —V-você… — Ela começou, surpresa. — Você é…

    Seithmadur*? Sim. — Repliquei, franzindo o cenho para ela. — Isso seria… Um xamã para vocês, eu acho.

    Geomantes podem nos curar, em Kazordoon. — Falou Bradana, olhando para mim com outros olhos, eu acho. — Mas, não com água. Isso é coisa de druida, né?

    — Sim, sim. Sou um Druida. — Repliquei em meio a um resmungo, cruzando os braços e desviando o olhar. — Mas, não gosto do termo. É o termo deles, não o da minha gente.

    Os passos apressados de Audrey logo interromperam a conversa; ela voltou com tudo o que pedi, ajoelhando-se ao meu lado e com o semblante aliviado.

    Pela Luz de Uman, como é bom vê-la a salvo! — Exclamou a paladina, abraçando-me com força. — Obrigada, obrigada, marido meu! Desculpe ter saído sem te avisar, desculpe…!

    — Não precisa disso, está tudo bem. — Repliquei, em um tom que não parecia meu, com uma convicção que definitivamente não era minha. — Não precisa se desculpar… — Menti, enquanto meu olhar lentamente se voltava para o motivo da estranha ausência de Audrey, que me olhava como se soubesse a resposta para a pergunta que estava em minha mente. — Foi por uma boa causa.

    A anã engoliu em seco. Bingo. Alguma coisa aconteceu, eu tinha certeza absoluta disso; Audrey é uma pessoa altruísta, sim. Uma mulher incrível em muitos aspectos e generosa até quando isso coloca sua autopreservação em risco. Mas… Havia algo mais ali. Esperei Audrey se afastar do meu abraço, e voltei ao meu trabalho.

    — Venha cá… Bradana, certo? — Falei em um tom mais afável, mas ainda com o semblante fechado. — Vai arder, mas, vai melhorar.

    Sem dar espaço para perguntas, derramei parte do rum diretamente na ferida da moça e ao redor da pele maltratada, fazendo-a urrar de dor. Em seguida, coloquei um pouco da bebida em uma das tigelas e água na outra. De um pequeno saquinho, tirei algumas ervas, as quais amassei junto ao líquido dourado vindo de canaviais muito distantes dali, e mergulhei algumas das ataduras nele; para a tigela com água, separei outras ervas e repeti o procedimento.

    — Isso dói! — Gritou a moça, e tive que segurar meu riso. — Por que fez isso?!

    — Se reclamar vai doer mais. — Respondi, segurando a vontade de rir que queria se apossar de mim. Peguei uma das ataduras mergulhadas na mistura de rum e ervas e gentilmente enfaixei seu ferimento, cobrindo-o por completo — Isso que fiz serve para manter suas feridas limpas e fortalecer meu feitiço de cura. Sua carne e sua pele já estão se renovando, e sua noite de sono será desconfortável. Mas, pela manhã, você estará nova em folha.

    — E a outra mistura, é para que? — Perguntou a moça, desconfiada, em meio a teimosas lágrimas que ela insistia em segurar.

    — É para eu limpar a sua pele. — Respondi, tirando as ataduras da mistura de ervas e água. — E vai te fazer dormir bem; essas ervas são boas para o sono. — Completei, segurando o braço dela de forma firme, porém com delicadeza — Você não sentirá dor enquanto dorme.

    Naquele momento, Audrey, que estava quieta em palavras, mas não em atitudes, aproximou-se de mim, e senti-a tirar meu machado e a bainha de minhas costas a fim de ter onde apoiar seu corpo, envolvendo-me em um abraço aliviado. Seu rosto estava aninhado em meu pescoço, e aquela pele macia roçava carinhosamente a região, fazendo com que eu quase esquecesse, por um instante, de que estávamos em um ambiente público e com uma companhia que era indesejada, de minha parte. Porém, havia algo em meu âmago querendo tomar posse de mim; um sentimento que eu era incapaz de dar a ele nome e sentido. E isso estava me incomodando profundamente.

    — Preciso te pagar algo…? — Ela indagou, timidamente.

    — Não. — Respondi, olhando-a no fundo dos olhos. — Apenas fique bem, sim? Você deu um belo susto em minha mulher. E eu não lido muito bem com isso.

    O recado foi dado. E eu não acho que essa mestiça seja burra a ponto de não entender minha mensagem.


    Continua…


    ----

    (*) Seithmadur: Do Nórdico antigo, Seiðmaðr, que significa “homem que pratica magia”. É o equivalente, em uma lógica Norsir/Viking, ao xamã/druida no universo tibiano. A contraparte feminina de um Seiðmaðr é uma "Seiðkona".


    -----

    Depois de uns... 6 anos(?) eu finalmente retorno! O objetivo é terminar Behogár Bradana ainda esse ano kkkkk

    Será que eu consigo?

    Aguardo os feedbacks, independente de qualquer coisa!



    Forte abraço,
    Iridium.

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    Última edição por Iridium; 05-09-2024 às 15:56.

  2. #62
    Avatar de Gabriellk~
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    Capítulos três e quatro:

    Os melhores capítulos até agora, em minha opinião!

    Estou ficando convencido que cerveja é um nutriente básico do qual os anões precisam para sobreviverem, assim como água para nós.

    Enfim, os dois caps foram cheios de pontos altos: começar pela conversa íntima no início do capítulo três, que culminou com Bradana se sentindo infeliz antes a possibilidade da morte futura do pai. A mortalidade e como os personagens lidam com ela é um tema que sempre achei legal de explorar, e também serviu para expor um pouco mais da psique da personagem e me tornar mais íntimo dela. Também gostei do subsequente encontro dela com Rauta; achei bastante natural e agradável a forma como eles se conheceram e a conversa seguinte. Sem contar o cliffhanger com o qual esse cap terminou!

    Eu achava que o basilisco, nesse momento, seria somente um alarme falso, e que não seria de fato a criatura. Mas não, o maldito realmente apareceu e petrificou uns caras! Não preciso dizer, o basilisco é uma das minhas criaturas preferidas, tanto na lore do Tibia quanto no geral, então foi bom vê-lo em evidência. Eu fiquei um pouco preocupado que ele seria usado apenas como um motivo meio barato de tensão e logo seria despachado. Sem contar que a reta final do cap me deixou preocupado, pois eu achei que a Bradana se acharia a tal e já iria querer ir atrás dele, mas no final das contas, ela entendeu que vai precisar de muito mais se quiser dar conta da criatura. Esse final serviu pra aumentar o meu respeito pela personagem, e também como um puta motivo pra ficar investido na história: ver a Bradana crescer para atingir esse objetivo. Não importa muito se no final das contas ela de fato venha a matar o basilisco, mas foi um fator motivacional forte pra ela - e também pra eu continuar a ler a história.

    Estou dentro, e logo volto com mais um comentário.

    Gabriel
    Última edição por Gabriellk~; 29-08-2024 às 14:02.
    “The big questions are really the only ones worth considering, and colossal nerve has always been a prerequisite for such consideration”.
    - Alfred W. Crosby

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  3. #63
    Avatar de WalmmoreMallkin
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    Muito bom!

  4. #64
    Avatar de Gabriellk~
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    Capítulo cinco (Fim da estação):

    Último cap dessa primeira etapa da história, e pra mim, até agora, o melhor, apesar de basicamente ter consistido de uma conversa entre pai e filha. Gostei da forma como a conversa foi conduzida, a maneira pela qual Mikhail explicou as irmandades dos anões. Interessante também a educação positiva direcionada à própria filha (a qual das irmandades você quer pertencer?). A possibilidade de ela não querer pertencer a nenhuma irmandade não foi sequer cogitada .

    Enfim, sempre irei curtir qualquer capítulo ou trecho que aprofunde a lore dos anões. Não tenho nenhuma crítica a fazer, o capítulo foi muito bem escrito - exceto por dois pequenos trechos onde do nada foi usado o presente, apesar de todo o resto da história até então ser contada no passado:
    O Anão tira de dentro de suas vestes; Bradana toca o amuleto de seu pai.

    Um ótimo início de história, e estou empolgado para continuar!
    Dependendo do andar das coisas, pode ser que daqui pra frente eu comente apenas a estação inteira, mas vamos ver. Talvez faça uns dois comentários por fase também.

    Até!

    Gabriel
    “The big questions are really the only ones worth considering, and colossal nerve has always been a prerequisite for such consideration”.
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  5. #65
    desespero full Avatar de Iridium
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    Padrão An Fhómhair, Capítulo Cinco — Nó na Garganta, Peso no Coração (Fim da Estação)

    Saudações!

    Demorei um pouco mais do que eu gostaria com esse capítulo, mas, cheguei! Estou feliz de retomar essa história e estou determinada a completá-la. Pretendo postar o prólogo da próxima estação daqui uns dias, e aí responderei os comentários q eu deixei para trás junto com o prólogo da próxima estação, só para manter o ritmo!

    Vamos às respostas!

    Spoiler: Respostas aos Comentários


    Sem maiores delongas, vamos ao capítulo de hoje, que é o final da Estação do Outono!

    -----


    Capítulo Cinco — Nó na Garganta, Peso no Coração
    Uma estação acaba, outra começa… E um sentimento nasce.


    (Narrado por Bradana)


    O restante da minha estada em Ankrahmun foi, no mínimo, estranha; uma tempestade de areia arrebatou a cidade, forçando o encerramento das atividades do porto por um tempo. Dessa forma, eu não podia entrar ou sair da cidade, e isso me forçou a… Pensar. Refletir.

    A Cidade Eterna não era lá conhecida por sua hospitalidade, com pouquíssimos quartos comunitários entre as pirâmides, as quais eram dedicadas a governantes anteriores, pelo que Tesha e outros habitantes da cidade me contaram. Fiquei em um alojamento próximo à Torre Serpentina, abrigada da areia e do calor e cercada por nada além do tédio e dos meus pensamentos. Justo quando eu recebi não apenas uma, mas duas cartas vindas de Kazordoon.

    A primeira foi de meu pai. A segunda, para minha surpresa, fez meu coração disparar. Rauta. Abri, com as mãos um pouco trêmulas, o envelope da carta de meu pai. O papel da carta cheirava carinhosamente a trigo, e havia três moedas dentro do pacote: uma de latão, outra de cobre e uma de bronze.

    “Querida e Amada Bradana Vigiawyrm,

    Vigiawyrm. Que lindo sobrenome você escolheu. Combina tanto com você e eu ainda estou sem acreditar; você cresceu demais. Já é uma moça tão grande e eu… Estou ficando velho, e os anos estão sendo pouco gentis comigo.

    Filha, eu não tenho recebido notícias suas em uns meses, desde que você partiu para Porto Esperança; apesar de tenso, confio na caçadora que criei, e espero que não tenha dificuldades com seus caminhos e com seus alvos. No entanto, eu não venho falar com você apenas como pai, mas, também como companheiro de irmandade.”


    Nesse momento, ergui minha sobrancelha, estranhando a súbita mudança de tom de meu pai. Parecia algo sério. E grave. Infelizmente, eu estava certa em ambos os casos.

    “Ele apareceu de novo. O Basilisco. Agora, é grave; como você sabe, o Imperador Kruzak teve muita dificuldade em ter filhos, desde que assumiu o trono de seu pai. Os mais velhos, Boris e Medvedev, eu os conheci, mas morreram em combate anos atrás. As filhas foram prometidas a outros nobres anos antes e não podem suceder. O filho mais novo de Kruzak, Ardabag, desapareceu após o Basilisco ter vagado pelas partes mais profundas da cidade, e há quem diga que o viu subir até o Quarteirão dos Nobres.

    Isso é sério, Bradana. Os Comedores de Dragões não foram criados apenas para financiar as expedições mais ousadas de nossa gente: nossa Irmandade foi criada junto com a primeira aparição do Basilisco, quando quase fomos extintos por ele. Jamais fomos capazes de derrotá-lo ou de entender seus motivos, mas, somos responsáveis por mantê-lo longe de nossas ruas e linhas de vagão. E o nosso Grão-Mestre, a mando do Imperador, convocou um Concílio Dracônico. Isso significa que todos os membros vivos da Irmandade precisam comparecer, e isso inclui você. Eu te ensinarei agora, Comedora Vigiawyrm, o básico de um Concílio Dracônico. Decore as instruções dessa carta e queime-a antes de chegar em Kazordoon - os nossos ensinamentos não podem ser de conhecimento estrangeiro, especialmente se o estranho for um Elfo.

    O Concílio é aberto pelo Grão-Mestre, que abre e media as discussões e decisões do Concílio, e ele tem que ceder a palavra para quem quiser se manifestar. Cada membro da Irmandade tem direito a opinar, vetar ou votar nos assuntos discutidos em cada Concílio. Opinar aqui, Vigiawyrm, é propor uma solução para as discussões levantadas pelo Grão-Mestre, e você precisa erguer a moeda de latão para ser notada e ter sua opinião reconhecida pelo Grão-Mestre. Como é seu primeiro concílio, eu te aconselho a não opinar; você não conhece seus irmãos ainda, e é bom prestar atenção no ambiente antes de falar.

    Votar é concordar, cara Irmã em Escamas, e isso não deve ser feito de forma leviana. Para votar na opinião de um irmão ou irmã, é necessário erguer a moeda de bronze e falar seu nome completo, enquanto Comedora de Dragões. Uma vez que você faça isso, não haverá volta. Você não pode voltar atrás no seu voto, na sua palavra. A mesma coisa é o veto.

    Vetar, jovem Irmã em Escamas, é discordar. Ponto. A moeda de cobre está aí para isso. Assim como o voto, prepare-se para lidar com a consequência de uma recusa; alguns irmãos podem ser rancorosos e estender essa desfeita a um próximo Concílio. E não existe isenção: ou é um claro e orgulhoso ‘sim’ para uma opinião, ou é um alto e sonoro ‘não’. Ou você Vota, ou você Veta. E ponto final.

    A opinião com a maior quantidade de Votos será o nosso caminho de ação, aprovado pelo Grão-Mestre Josiah, para lidar com o Basilisco, e todos terão que fazer sua parte, inclusive os que Vetarem. Preste atenção, escute e só dê sua palavra se for capaz de cumpri-la. Boa sorte, Irmã em Escamas, e esperamos você em Kazordoon no prazo de uma semana.

    Atenciosamente,
    Mikhail Barbarruna, Filho do Fogo*, humilde membro da Irmandade dos Comedores de Dragões.”


    — Uma semana?! Uma semana?! — Gritei, em pânico. — Como vou chegar em Kazordoon em uma semana?! Quanto tempo fiquei sem receber essas cartas?! Essa tempestade de areia não acaba nunca, como eu vou sair daqui?! Grr…!

    — Faça silêncio! — Uma voz abafada gritou para mim, vinda de um dos outros quartos. — Os mortos…

    — Estão tentando dormir, eu sei! — Respondi, ríspida, abaixando o tom de voz. — Desculpe, desculpe…

    Guardei as três moedas em minha mochila, em um bolso à parte, para não perdê-las em meio aos meus suprimentos ou o dinheiro corrente. Em seguida, respirei fundo e abri a carta de Rauta; essa estava um pouco mais pesada e, quando rompi o lacre de cera, vi cair em minhas mãos uma pequena chave de ouro com veios de cores lilás e azul-claro. Meu coração disparou de novo, e comecei a ler.

    “Cara Bradana,

    Senti falta de suas cartas! Espero que tenha chegado sã e salva em Ankrahmun. Escrevi certo? Ah, sei lá, nome difícil, lugar estranho… De lá, só ouvi histórias; gente enfaixada, areia para tudo que é lugar, pirâmides ao sol… E o mar. Olha, sou um cara simples, mas, eu adoraria ver o mar de verdade, sabe? Assumi esse negócio muito jovem, depois que minha velha se foi, e não pude ver muito do mundo.

    Acho que é isso o que mais gosto em você, a sua paixão pelo diferente, pelo horizonte. Você é uma mulher sensacional, é uma ótima companhia e eu tenho certeza que será a exploradora mais celebrada de nosso povo ainda em vida, e que escreverão muitas canções sobre você.

    Sobre isso… Espero não estar me precipitando, mas eu vou direto ao ponto. Eu sou um ótimo ferreiro, modéstia à parte, um bom cervejeiro e, ouso dizer, uma excelente companhia para todos os momentos. Eu me encantei com você desde que te vi, e eu adoraria estar ao seu lado em todas as aventuras que você viver. Seria o maior orgulho da minha vida… Não, meu maior privilégio e minha maior honra ser seu marido. Estou enviando a Chave da Promessa como ditam nossos costumes, com as cores do Raio que você é e com o brilho dos seus lindos olhos também.

    Esperarei sua resposta pessoalmente, seja qual for. Mas, já adianto o pedido aqui: Bradana Vigiawyrm, quer se casar comigo?”



    ****


    (Narrado por Audrey Raines)

    Vasos quebrados. Cama revirada. Lençois amarrotados no chão. Armas? Perto do batente da porta, longe de nós dois. Ainda bem que as paredes das edificações em Ankrahmun são feitas de pedra, pois somente assim para nossa discussão ficar privada.

    — Até quando, Audrey, até quando?! — Bradava meu marido, furioso. — Até quando você vai me provocar?!

    — Não foi uma provocação! — Repliquei, igualmente nervosa e ofendida. — A garota ia morrer, era isso que você queria?!

    — Não foi o que pareceu! — Bradou Szczeisny, mais e mais furioso. — E eu acreditaria nessa sua conversa mole se não fosse a primeira com que você se envolveu! Já se esqueceu da Berenice?! Ou da Gail?! Céus, até com a Aruda de Thais você se engraçou! — Completou, descontando sua fúria em mais uma inocente almofada, arremessando-a em direção à parede.

    — Engraçado você citar isso! — O sarcasmo em meu tom, aliado ao insulto, era palpável — Eu não me lembro de você ficar bravo assim quando estava com a Isolda em cima de você!

    — Você também estava lá! — Ele esbravejou, aproximando-se de mim. — Em um tempo que você também me incluía nesse seu lado! E não me lembro de você achar ruim, muito pelo contrário!

    Eu travei, hesitante em continuar. O Norsir estava à minha frente, olhando-me do alto, apenas à mera distância de um abraço.

    — Eu sempre soube das suas… Preferências. — Meu marido adotou um tom mais contido, ainda que magoado. — Eu lembro perfeitamente de quando eu tive certeza.

    — Não foi minha intenção te machucar. — Falei, vidrada nos olhos dele, triste. — Mas, eu nunca quis esconder quem eu sou.

    — Tínhamos um acordo. — Disse Szczeisny, mais próximo. — Eu aceitaria suas conquistas contanto que eu também fosse parte delas. Por mais que eu não goste.

    — Que homem não gosta da ideia de ter duas mulheres toda noite? — Indaguei, com um sorriso de canto, talvez um pouco mais venenosa do que gostaria.

    — Um cuja esposa está dividida. — Ele proclamou, quase ao toque da minha pele. — Diversão é uma coisa, ameaça é outra.

    — Ciúme não combina com você. — Falei, estranhamente hesitante. Ele tinha esse efeito sobre mim; ele sempre teve esse efeito sobre mim.

    — Se você pudesse… Casar com outra mulher… — A voz dele traía todas as feridas abertas em seu coração. E eu conhecia aquele coração como ninguém. — Você faria?

    — Szczeisny… — Desviei o olhar, magoada pela pergunta, ainda que ele tivesse todas as razões do mundo para fazê-la.

    — Sim ou não, Audrey. — Ele replicou, ainda muito bravo. — É fácil responder.

    — Não. — Repliquei, abraçando ele. — Eu casaria com você de novo, mesmo se eu fosse livre para amar mulheres.

    — Então, por que? — Ele indagou, retribuindo meu abraço. — Por que você continua indo atrás dela? O que a Bradana tem que eu não tenho, além do óbvio?

    — Eu não sei. — Respondi, apertando mais o abraço. — Eu não sei, mas, eu sei que é mais forte do que eu. Mais forte do que eu pensava.

    — Eu não gosto dela. — Replicou o Norsir, levando uma de suas mãos ao meu queixo para elevar meu rosto, fazendo-me olhar para ele. — Eu não gosto dessa distância, Audrey. O que eu fiz de errado, meu amor? Não é de hoje, e muito menos por causa dela.

    — Eu estou inquieta. — Repliquei, vulnerável, perdendo-me naquele abraço. — Eu estou com medo. Eu não queria viver nas sombras desse jeito; eu queria…

    — Por que você não se entrega por inteiro para mim? — Ele sussurrou ao pé do meu ouvido; ele sabia como fazer com que eu pedisse rendição em um contra argumento. — Você é inquieta, isso é seu. Você quer outras mulheres? Tudo bem, contanto que eu seja parte. Mas, fique longe da Anã, Audrey. É só o que eu peço.

    O abraço? Virou um beijo, que levou a mais coisas. Ainda que eu prefira a companhia de mulheres, Szczeisny é um homem para o qual eu nunca fui capaz de dizer ‘não’, e jamais pensei em negá-lo de qualquer forma.

    A mobília? Danificada. Nossos corpos? Por toda a parte, conforme a nossa vontade e necessidade. Roupas? Não sei para onde foram.

    Já você, leitor? Fecharei a porta agora. Eu e meu marido queremos privacidade.


    Fim da Estação.

    ---

    (*): Filho do Fogo - Comedores de Dragões que escolheram o ovo preto/vermelho, recebendo a marcação dos Lordes de Dragões/ Dragon Lords.

    -----

    E fecho, finalmente, essa Estação! Esse Outono durou quase sete anos hein KKKKKKKK

    Aguardo os feedbacks, e pretendo postar o Prólogo do Inverno em alguns dias!



    Forte abraço,
    Iridium.




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  6. #66
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    Padrão Gheimhridh Deora, Prólogo

    Saudações!

    Já se passaram alguns dias, e eu vou abrir a penúltima Estação de Behogár Bradana; uma das maiores vantagens, quando eu imaginei a história em primeira mão. Como eu farei uma outra versão dessa história em quadrinhos, para postar em meu site e outras mídias para monetização, eu modificarei e incluirei mais material autoral em relação a essa versão, para ser algo mais "meu" do que tibiano em si hahahaha

    Vamos aos Comentários:

    Spoiler: Respostas aos Comentários



    -----

    Prólogo

    Por fim, a tempestade de areia de Ankrahmun cedeu; com a ajuda de Ishebad, o Grão-Vizir de Ankrahmun, consegui a abertura de um portal para me transportar até Kazordoon, bem a tempo do Concílio Dracônico. Estava com tanta pressa que sequer tive a oportunidade de reencontrar Audrey e conversar sobre tudo que aconteceu. Enviei uma carta para ela assim que cheguei em Kazordoon e não obtive nenhuma resposta até agora.

    E talvez até seja melhor assim; Audrey é casada, e não acho que ela goste de mim da mesma forma que eu gosto dela. E eu não quero problemas com o Szczeisny, independente do que eu penso sobre ele; se eu estivesse em seu lugar, não gostaria que alguém tentasse romper meu casamento.

    Por falar em casamentos, acabei aceitando a proposta do Rauta; dois Comedores de Dragões juntos é um bom sinal para o futuro, segundo meu pai, cuja saúde parece ter melhorado bastante desde o outono. Ainda assim, decidimos nos casar depois do Concílio e de lidar com a situação do Basilisco, pois a cidade estaria mais calma.

    No entanto, mal sabia eu que aquele inverno que se aproximava seria bem mais intenso e perigoso do que o normal. A terra tremia… O que acontecerá conosco?

    ------

    O Inverno chegou em Behogár Bradana; corram para suas casas, peguem seus casacos de pele e sentem-se ao redor da fogueira para comer o ensopado mais quente que encontrarem. Esse será rigoroso. Muito, muito rigoroso.



    Forte abraço,
    Iridium.
    Última edição por Iridium; 10-09-2024 às 19:13.

  7. #67
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    Iridiummmm

    v
    v
    v
    Vem ca
    v
    v
    v
    Serio que a Behogar quer colar velcro com a muie do Norsir????
    Eh serio isso???


  8. #68
    Avatar de Gabriellk~
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    Outono - Prólogo, Capítulos um e dois

    Spoiler: Comentários
    Última edição por Gabriellk~; 12-09-2024 às 11:15.
    “The big questions are really the only ones worth considering, and colossal nerve has always been a prerequisite for such consideration”.
    - Alfred W. Crosby

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  9. #69
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    Outono - Capítulos três e quatro

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  10. #70
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    Padrão Gheimhridh Deora, Capítulo 1

    Saudações!

    Peço desculpas pela demora - esses Capítulos estão mais complexos do que imaginei, por causa do tom que essa Estação precisa ter. Além disso, tive uns problemas com o PC que atrasaram as coisas, MAAASSS estamos aqui! Dividirei os comentários do @Gabriellk~ novamente, para eu ter um respiro para o Capítulo 2 (que farei o melhor para postar logo hahaha)

    Agora, aos Comentários:

    Spoiler: Respostas aos Comentários


    Sem maiores delongas, vamos ao Capítulo de hoje!

    ----

    Spoiler: Bônus Musical


    Capítulo Um — Nevasca
    A Montanha sempre será o melhor abrigo contra o frio.


    Os passos pareciam pesados contra o solo castigado pela neve e geada; o caminho até o cume do Grande Ancião era íngreme, especialmente quando acessado de fora da Fortaleza-Império de Kazordoon. Caminhar pelos caminhos abandonados pelos Anões significava apenas uma coisa: o viajante ou não queria chamar a atenção para uma morte possivelmente dolorosa ou já não era mais bem-vindo nos limites governados pelo Imperador Kruzak.

    As mãos guiavam, com dificuldade, o caminho pela lateral da montanha; as poucas partes do relevo em que se podia apoiar eram as falhas e os buracos em meio à rocha sólida, os quais tremiam à mínima provocação de picaretas de apoio ou até mesmo sob a pressão e o peso de um corpo humano que, de tão leve, poderia ser soprado facilmente contra a inexorável muralha de pedra — e retalhado no mesmo processo.

    No entanto, fosse pela determinação irrefreável do viajante ou a clemência dos deuses diante daquela situação em específico, aquele corpo solitário e estranhamente motivado conseguiu, após semanas de esforço, chegar ao cume do Grande Ancião. Coberto por uma grande túnica de tecido grosso e áspero, forrado com peles de esquilos e lobos costurados de forma improvisada e tosca, era impiedosamente surrado pelas lufadas de ar gélido, que cantava um lindo lamento ao encontrar as bocas das cavernas, ecoando, talvez, o sentimento carregado pelo estranho que havia chegado ali.

    — Eu tenho que estar errada. Eu estou errada.

    A voz era feminina, engasgada e rouca com o choro de dias; seu rosto pálido já estava completamente manchado pelo caminho de lágrimas vertidas, cuja umidade acabou por queimar seu rosto ao estar exposta a baixíssimas temperaturas dias a fio. Sua respiração estava ofegante, e cada passo parecia ser o último, tal era a dificuldade de seguir adiante.

    — Eu estou errada. Eu tenho que estar. É mentira, só pode ser mentira.

    A estranha entoava o mantra da negação; de alguma forma, aquilo parecia mantê-la motivada a chegar onde precisava chegar. O cume do Velho Ancião era recôncavo, cujas paredes de pedra formavam uma tigela, cujo fundo abrigava as grandes plantações de trigo e sorgo, as poucas plantas capazes de aguentar os rigores daquele inverno atípico. Acima da plantação, um aqueduto trazia água vinda do grande lago que havia ali, o qual era reposto pelas chuvas e pela magia dos Geomantes daquelas terras. As paredes abrigavam casas esculpidas nas rochas, bem como sistemas cavernosos cujos caminhos eram desconhecidos para a maioria dos forasteiros. As mãos feridas pelos ventos de inverno seguravam sua túnica improvisada com a pouca força que ainda restava naquele corpo castigado, o qual se arrastava, a passos lentos, a nordeste, em direção a uma caverna onde o vento era incapaz de cantar.

    —É mentira… — Arfava a estranha no limite de sua força e razão. — É mentira…. Eu… Estou… Errada…

    Era uma caverna fria, mesmo iluminada pelos cristais de cor âmbar e escarlate; a pouca luz e o pouco calor emitidos por eles eram indiferentes para aquela estranha, que arrastava os pés como se seu corpo pesasse o mesmo que três elefantes. O caminho era sinuoso, levando a uma parte da montanha reservada apenas para convidados - e os residentes daquela parte. Aos poucos, o ar tornou-se mais agradável, ainda que frio, e os pés cansados daquela viajante a levaram até seu destino.

    — Por favor… Que eu esteja errada.

    À sua frente, lápides respeitosamente enfileiradas, iluminadas levemente pelos mágicos cristais — as únicas companhias constantes dos caídos. Reunindo o que restava de suas forças, a viajante conseguiu caminhar mais rápido, seus olhos furiosamente atravessando nomes, datas e memórias daqueles que já não caminhavam mais entre os vivos.

    Não… não… não…

    Seus olhos, esbranquiçados e que reluziam pequenos pontos de várias cores, arregalaram-se ao encontrar o que não queria. A viajante tirou o capuz que cobria seus ruivos cabelos, desalinhados, sujos e queimados pela exposição às geadas. Lágrimas inconformadas, aliadas à respiração ansiosa, formavam-se nos olhos derrotados de uma mulher sem esperanças.

    — Não, não, não, não! — O murmúrio ganhava mais corpo, a voz rouca cada vez mais alta e desesperada a cada vez que o advérbio de negação era entoado. — Não! Não! NÃO! POR FAVOR! NÃO!

    O último “não” saiu como o rugido de um animal ferido, clamando por misericórdia diante da possibilidade da morte; seu corpo curvou-se à terra e à lápide à sua frente. Seu choro desesperado ecoava pelas paredes do cemitério, sua voz assumindo outros tons e ritmos, como se outros acompanhassem seu pesar. Entretanto, por infelicidade ou misericórdia, talvez, ela estava sozinha ali, ensimesmada em seu pranto e seu luto.

    — NÃO! — Urrava a moça, desesperada, fincando as unhas em meio à terra dura, arrastando-os até puxar algo. — POR FAVOR, NÃO! É MENTIRA, SÓ PODE SER MENTIRA! — Ela fechou seus punhos e bateu as mãos cerradas contra o chão, louca de tristeza — NÃO! NÃO! NÃO! POR FAVOR…! VOLTA, POR FAVOR! VOLTA PRA MIM!

    A lápide à sua frente declarava a sentença, destino esse que ela não queria. Para seu desespero e dor, o que havia entalhado naquela pedra estava longe de ser mentira. Pelo contrário: era a mais pura, dolorosa e irreversível verdade.

    Behogár Bradana Vigiawyrm. Comedora de Dragões, Filha do Raio.

    Sangue de Anã de seu pai, Mikhail Barbarruna, Comedor de Dragões, Filho do Fogo.

    Sangue de Humana de sua mãe, Eleonor de Porto Norte.

    Esposa de Rauta Cobresangue, Comedor de Dragões, Filho da Terra*,

    Honorável Escudeira e Amiga de Audrey Raines, Patrulheira-Tenente** das Irmãs da Jarreteira da Rainha Eloise I de Carlin***,

    Trilhou seu caminho, Combateu o Bom Combate, Morreu em Batalha. Viveu por 25 Passagens Solares****.
    Seu Sacrifício será Sempre Lembrado.


    Naquele momento, a existência daquela viajante, ninguém menos que a Patrulheira-Tenente Audrey Raines, era apenas dor e sofrimento. Meses de silêncio e cartas sem resposta estavam ali, diante dela, de forma definitiva e irreversível.

    Bradana estava morta. E não havia como remediar isso.


    ***


    Meses antes, no interior da Fortaleza-Império de Kazordoon, começara o Concílio Dracônico, o quinquagésimo sétimo de sua edição. E foi esse Concílio o primeiro que Bradana Vigiawyrm participou enquanto Comedora de Dragões e, efetivamente, mulher em plena idade. O Grão Vizir Ishebad despediu-se da anã com carinho, suas ataduras roçando as mãos da viajante como uma última lembrança do calor escaldante da cidade eterna em meio ao deserto. O calor seco de Ankrahmun, no entanto, foi rapidamente substituído pelo calor da lava e da forja, com a umidade das cavernas demonstrando para Bradana que, enfim, ela estava em casa novamente.


    (Narrado por Bradana)

    Pela primeira vez na minha vida, me senti estranha em minha própria terra. Devo admitir, sempre soube que não era igual às outras de minha espécie. Fiquei um pouco mais alta que a maioria de minhas amigas; não ganhei tanto corpo, em termos de músculo e gordura, quanto elas, as quais já estariam hoje comprometidas de diversas formas, fossem com suas famílias ou com suas ocupações, mas, provei ser tão forte e tão bonita quanto elas, especialmente aos olhos dos Anões. Ainda assim, aquilo que fazia de mim Humana, como minha pouca tolerância ao calor dos rios de lava de Kazordoon, meus pés de solado delicado e pele mais resistente aos Sois, entregavam minha herança. Mesmo assim, meu pai me fazia sentir amada; como se eu fosse realmente parte, pertencente. Como se eu fosse válida.

    Quando meus pés tocaram novamente o mármore que pavimentou a via principal de Kazordoon, senti-me dividida; até aquele dia, quando eu ainda era considerada uma menina, eu me sentia parte, de forma inquestionável, dos Anões. Dessa orgulhosa raça. Raça, não. Nação. Porém, naquele momento, quando vi Rauta vir em minha direção, com sua barba trançada e adornada com aneis, que imitavam pequenos dragões, seus cabelos raspados nas laterais e o feixe de cabelo do mais belo tom de ruivo e ferrugem trançado no topo e solto abaixo da trança principal, trajando uma armadura de escamas de mithril e couro trançado, senti meu coração palpitar de emoção e insegurança de uma só vez.

    — E então? — Indagou o ferreiro, com um sorriso de ponta a ponta e um brilho em seu olhar, estendendo a mão direita para mim. — É séria a sua resposta? Você me aceita como marido?

    — S-sim! Sim, eu aceito! — Gaguejei em um primeiro momento, tomada por um misto de sentimentos bons e ruins, tomando sua mão junto à minha e percebendo, pela primeira vez, o quão grandes as minhas mãos eram em comparação às de Audrey, por exemplo. — Claro que aceito!

    Era genuíno, sim. Sim, eu de fato queria estar com ele; Rauta era um homem sensacional, e gostei dele desde a primeira vez que nos encontramos. E eu queria ter uma família, Anões como ele e como meu pai. Amar minha mãe não foi fácil para paizinho, muito menos lidar com a morte dela. Se for para ter uma família, prefiro que meus filhos sejam Anões e que isso não seja questionado. Antes terem uma avó Humana do que um pai Humano. Ao menos, minha união com Rauta pode me dar uma família. Já Audrey… Não.

    — Bradana? — Indagou Rauta, percebendo minha incerteza. — Você realmente quer isso, né? Você quer…

    — Quero sim, quero sim! — Repliquei, com a voz um pouco trêmula. — Eu só… Estou com medo. Do Concílio. — Consegui admitir, por fim, um dos motivos da minha inquietude. — Não sei o que esperar.

    — Nem eu, se te serve de consolo. — Falou Rauta, sua voz grave sussurrada em um tom mais suave, segurando minha mão com mais delicadeza para me passar mais segurança. — Mas, eu sei de uma coisa. Juntos, a gente dá conta do que der e vier. Confia em mim?

    — Confio. Eu confio. — Falei, olhando nos olhos dele e vendo o sorriso aparecer em seu rosto. — Vamos em frente, então.


    ****


    (Narrado por Rauta)

    A história da Bradana é de conhecimento da maioria em Kazordoon; ainda tem quem trate a origem dela como rumor, enquanto outros sempre foram agressivos desde que ela nasceu, e o auge disso foi quando a mãe dela ainda vivia. Talvez por isso meu pedido tenha sido tão surpreendente; talvez ela não achasse que um Anão a teria como esposa. Na realidade, não consigo imaginar uma vida em que Bradana não fosse a minha esposa. Bonita, corajosa, habilidosa com arco e besta e ótima companheira de copo e conversa. O que posso dizer? É minha companheira ideal, sem mais!

    A cada passo que dava ao seu lado, minha mão entrelaçada à dela, cujo toque delicado, porém forte, eu podia sentir, aumentava minha certeza. Pegamos o vagão rumo ao salão do Concílio, e vimos, pela primeira vez em algum tempo, os trilhos todos lotados. Tentamos, de todas as formas, rotas alternativas pelos caminhos de ferro que atravessam rapidamente a escuridão, mas, sem grande sucesso.

    — Vão ter que esperar, me desculpem. — O responsável pela alavanca central do vagão nos avisou, desapontado. — Todas as vias estão cheias, até os vagões suspensos… EI! — Um vagão suspenso passou por nós, pouco acima da cabeça do nosso condutor. — CUIDADO POR ONDE PASSA! BARBEIRO!

    O vagão atravessou a escuridão em um assobio, e tive a certeza de ouvir algum resmungo do condutor acima, mas, não pude distinguir o que foi falado. Entretanto, aquele momento serviu para aliviar a tensão que havia tanto em mim quanto em Bradana, e acabamos rindo da situação toda do início ao fim da nossa jornada, para a tristeza de nosso condutor, inconformado com tudo aquilo.

    Nosso vagão seguiu o caminho mais extenso, passando por trilhas iluminadas por cristais de muitas cores; no caminho, percebi minha futura esposa mais e mais à vontade com a minha presença, recostando sua cabeça em meu peito, visivelmente relaxada e cansada.

    — Em que está pensando? — Perguntei no tom de voz mais suave que pude.

    — Nos últimos meses; em meu tempo com os Humanos. — Ela confessou, em um tom triste, eu diria. — Eu… Eu gostei de conhecer o mundo além da montanha, de viajar de barco, ver o céu e os Sois além dos nossos observatórios e de nossas portas solares, mas…

    — Mas? — Indaguei, preocupado.

    — Acho que eu me enganei. Sobre eles, sobre o mundo. — Sua voz soava à beira das lágrimas. — Eu me senti tratada como… — Ela grunhiu, frustrada, sem saber como explicar o sentimento com o qual ela viveu uma vida inteira. — Foi horrível. Eu vivi coisas bonitas, conheci uma pequena parte de um mundo imenso, mas… Essa parte… Eu não queria passar por isso.

    — Eu sinto muito por isso. — Respondi, sentindo a raiva subir um pouco meu tom. — Você não merece passar por isso; ninguém merece passar por isso. Você tá segura aqui, seu lar será sempre essa montanha, ou onde você quiser que a gente more. Nosso refúgio será onde estiverem nossos corações e nossa vontade de vencer. Sempre.

    — Rauta, me prometa uma coisa. — A ruiva me abraçou, olhando-me no fundo dos meus olhos, como se quisesse enxergar minha alma através deles. — Nossos filhos nunca passarão pelo que eu passei, e pelo que ainda passarei em vida. Eu amo minha mãe, mas sou uma Anã. No fim do dia, nasci sob essa montanha, fui criada por meu pai em fogo e terra, e fui abraçada pela Irmandade que escolhi. Prometa que nunca deixará que nossos filhos sejam tratados de forma diferente.

    — Eu prometo, Bradana Vigiawyrm. — Falei, acolhendo-a em meus braços. — E te digo mais: nossas crianças correrão milhas, igual você, crescerão em meios às lendas e canções de nossa gente e serão abraçados pelas Irmandades que escolherem. Você é uma Anã, Bradana. Eu sou um Anão. E nossos filhos também serão.

    Nosso abraço selou nossa promessa, e logo escutamos o som dos freios de ferro de nosso vagão, indicando que havíamos finalmente chegado ao nosso destino. Saí do vagão primeiro e estendi a mão para Bradana, ajudando-a a sair do veículo. Estávamos diante de um grande portão azul cobalto, com cristais luminosos incrustados. Dois Anões bem corpulentos e protegidos dos pés à cabeça impediam nossa passagem, machados cruzados à frente da porta.

    — Boa noite. — Um deles falou, olhando fixamente para mim. — Irmãos em Escamas?

    — Sim. — Falei, removendo minha barba do caminho de minha tatuagem, que estava no lado direito do meu pescoço. — Rauta Cobresangue e minha noiva Bradana Vigiawyrm. — Bradana exibiu orgulhosamente a tatuagem em seu ombro, para a satisfação dos dois vigias.

    — Excelente. — O segundo falou, com a voz mais esganiçada, descruzando o machado. — Bem vindos ao Concílio. Que o Grande Ancião esteja com vocês, irmãos em escamas.

    Os vigias abriram os portões, e nos despedimos deles com uma reverência. Quando entramos, vimos cerca de trezentos Anões e Anãs de tamanhos e idades diversas, divididos em três andares de arquibancadas; éramos os últimos a chegar, e nos apressamos para encontrar um local para sentarmos. No centro do salão, estava o Imperador Kruzak. Seus olhos verdes eram imponentes na mesma medida em que exibiam o cansaço da incerteza; seus cabelos já eram prateados, prova das décadas que já vivera e que ainda teria por viver. Entretanto, seu corpo ainda era forte, cujo porte era admirado até por homens mais jovens, como eu. Havia força em Kruzak, e contávamos com ela para seguirmos firmes sob a montanha; mas, naquela hora de necessidade, nosso Imperador contava conosco para lidar com seu pior pesadelo: o sumiço do príncipe herdeiro Ardabag.

    — Estou cansado desses rodeios! — Esbravejou o Imperador, claramente descontente. — O que vocês são, afinal? Elfos baixinhos?! Só se for!

    — Mas, Alteza… — Um de seus atendentes começou, receoso.

    — Silêncio! — Bradou Kruzak, impaciente. — As Opiniões! Eu quero ouvir! E dessa vez, quero algo coerente, e não fantasias de Pixies sussurradas em seus ouvidos! Cinco Opiniões já foram recusadas, tamanho o absurdo que propuseram! Preciso de ações! PARA ONTEM!

    — Sendo assim… — A voz do Grão-Mestre, um homem de cabelos negros, pele retinta e olhos dourados, fez-se ouvir e ecoar pelo salão, seu olhar buscando pelo inconfundível brilho de moedas de latão, até encontrar uma em específico. — Mikhail Barbarruna, você tem a palavra!

    Vi meu futuro sogro levantar-se de seu assento com orgulho; ele estava com uma armadura de escamas em tons vermelho e preto, como se estivesse pronto para entrar em combate ali mesmo. Seu olhar encontrou tanto o meu quanto o de Bradana, e ele nos cumprimentou com um discreto aceno de cabeça antes de fazer sua proposta.

    — Minha Opinião é simples, senhores: precisamos conter as áreas de acesso do Basilisco! — Bradou Barbarruna, em um tom firme. — Podemos levar cinquenta, cem, duzentos dos nossos melhores homens até ele, mas, se não descobrirmos quantos túneis a fera abriu e quantos deles podemos fechar, nenhum homem retornará para contar a história! Para termos êxito no resgate ao Príncipe Ardabag, precisamos fazer essa missão em etapas! — Mikhail limpou sua garganta, tomando um gole de água antes de continuar. — Primeiro, precisamos de dez batedores, dentre eles dois Geomantes, para estudar os últimos locais por onde o Basilisco foi visto; esses mesmos batedores estudarão quais os túneis mais frágeis: esses serão derrubados e selados por meios mágicos, com nossos Geomantes! Em seguida, levaremos uma comissão dos cinquenta Comedores de Dragões mais habilidosos, todos carregando escudos de bronze escovado, e isso é importante.

    Mikhail Barbarruna interrompeu brevemente seu discurso ao ver outra moeda de latão levantada; o honrado pai de Bradana voltou seu olhar para o Grão-Mestre, que autorizou a fala da mulher que levantou sua moeda.

    Isolda Quebraossos, fale. — Pediu o Grão-Mestre.

    — Primeiramente, excelente plano. — Falou a mulher trajando armadura de escamas em tons roxo e azul, com o cabelo e barba loiras em tom de palha queimada já sendo atravessado por mechas prateadas, denunciando sua chegada à meia idade. — Pergunto-me para a necessidade de bronze escovado, já que isso enfraquece os escudos. Qual o motivo?

    — A ideia é usar a maior arma do Basilisco contra ele mesmo. — Replicou Mikhail sabiamente. — Antes de nos devorar ou envenenar com o mínimo rasgo de suas presas, o Basilisco transforma em pedra todo aquele que olha diretamente em seus olhos. O bronze escovado nada mais é que um espelho; se forçarmos o Basilisco a ver sua própria imagem, temos a chance de pará-lo em definitivo.

    — Chance, você diz. Não é uma certeza. — Comentou Isolda em um tom severo.

    — Eu não posso dar certeza de algo que não foi feito ainda. — Respondeu Mikhail com cautela. — É um plano arriscado; eu posso estar errado, por exemplo, e selar os túneis inapropriados, tornando a nossa movimentação impossível. Talvez os espelhos não funcionem: ninguém que se aventurou perto do Basilisco voltou para contar a história. — Ele pigarreou, tomando novamente outro gole de água para recuperar o fôlego. — No entanto, estou confiante que é nossa melhor alternativa. Por muito tempo, nossos ancestrais ignoraram o Basilisco, buscando construir nossas ruas e nossos trilhos o mais distante de seus caminhos. Eu estou propondo algo ainda mais impensado: eliminar o que nossos ancestrais tiveram de mais próximo de um deus. Entende o peso disso, irmã em escamas? — Ele voltou seu olhar para todos na sala, elevando seu tom de voz. — Todos vocês entendem o peso disso? Estamos discutindo matar um deus nesse salão!

    — Um deus que segura a próxima geração em suas presas. — A voz trovejante do Imperador fez-se ouvir. Para minha surpresa, sua voz soava mais jovem que seu corpo, mais grave que a minha própria, porém com a maturidade de um homem que já vivera cento e cinquenta anos. — Alguns diriam que é um mau presságio.

    — E é por isso, Imperador, que devemos tratar com o máximo de cuidado. — Replicou Mikhail, confiante. — Se minha Opinião for Votada, teremos um plano seguro e preciso; os acessos imediatos à cidade serão fechados, e o Basilisco será confinado à sua caverna principal, onde poderemos abatê-lo e resgatar o príncipe ainda com vida! Cada segundo conta!

    — Algo a acrescentar, irmão em escamas? — O Grão-Mestre indagou, percebendo a pausa nas palavras do Anão.

    — Não. — Replicou Mikhail, com a cabeça erguida. — Estou confiante em minha Opinião. Cabe aos meus irmãos e minhas irmãs em escamas expressar suas vozes, e espero tê-los convencido.

    Cinco opiniões… — Murmurou Bradana, preocupada, ao pé do meu ouvido. — Chegamos muito atrasados!

    — Talvez tenha sido melhor assim, querida. — Murmurei de volta, segurando sua mão. — Não conhecemos todos, e darmos nossa palavra sem saber, bom… Poderia ser ruim.

    — Irmãos em Escamas! — A voz do Grão-Mestre ecoou novamente, suas mãos erguidas acima de sua cabeça em um pedido de atenção. — Pela autoridade que tenho, eu, Grão-Mestre Turov Espinhoscama, autorizo suas vozes! Quero ouvir os Vetos!

    — Os Vetos? — Indagou Bradana, em voz baixa, assustada. — Ele quer as negativas primeiro?!

    — É o costume. — Repliquei em voz baixa, indicando algumas pessoas na multidão. — O “não” é, infelizmente, mais fácil e verdadeiro que o “sim”. Dependendo da quantidade, talvez nem seja necessário ouvir os Votos.

    — Ah não… — Murmurou a ruiva, preocupada.

    As moedas de cobre logo surgiram na penumbra, totalizando vinte das trezentas possíveis; Mikhail sorriu ao ver que Isolda não estava entre tais vozes, mas sim entre aqueles que urraram de alegria diante da possibilidade de obter glória, renome e reconhecimento aos olhos de seu Imperador.

    — Com essa quantidade, não será necessário ouvir os Votos: a Opinião de Mikhail Barbarruna é o Voto dos Comedores de Dragões, e será a nossa voz! Daremos um breve recesso para escolher os valentes homens e mulheres de Durin***** que levarão essa missão até o fim!


    Continua…

    ---

    (*)Filho da Terra: Comedores de Dragão que escolheram o ovo verde, que representa Dragões Comuns e Hidras.

    (**)Patrulheira-Tenente: Terceira maior patente da Ordem das Irmãs da Jarreteira da Rainha; posto concedido apenas pelas Rainhas Reinantes de Carlin.

    (***)Irmãs da Jarreteira da Rainha: alusão à Ordem da Jarreteira da Inglaterra da vida real, trata-se de uma ordem bélica e religiosa de cavalaria. No caso, os títulos e as obrigações de guerra são dadas às mulheres de Carlin, enquanto os títulos humanitários e diplomáticos são dados aos homens.

    (****)Passagem Solar: a forma dos Anões de contabilizar aniversários. Dessa forma, fica estabelecido que Bradana morreu com 25 anos.

    (*****) Homens e Mulheres de Durin: Os Anões em Tibia são uma homenagem direta ao Povo de Durin do Legendarium de Tolkien; portanto, nesse universo, Durin também existiu como o primeiro Anão e responsável pela criação e nascimento dos demais Anões, e é reverenciado como uma figura mítica.

    ----

    O Inverno chegou, e eu prometi machucar KKKKKKKKK daqui pra frente é só pra baixo, família!

    E aí... O que acham que aconteceu? Quem foi responsável por isso?

    Aguardo o feedback!



    Forte abraço,
    Iridium.

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