Capítulo 4 - Os duendes apontam para o leste
Spoiler: Capítulo 4
Capítulo 4 - Os duendes apontam para o leste
Wiler Benson - Colinas Fêmur
Wil hesitou na entrada da caverna. Em uma de suas mãos trêmulas, segurava uma tocha. Na outra, o cabo de sua espada estava escorregadio devido ao suor. Era uma lâmina bastarda, assim chamada por não ser nem grande ou pesada o bastante para ser considerada uma espada de duas mãos, nem curta ou leve o suficiente para se encaixar na categoria de uma mão. Seu nome ecoava a maneira como o próprio Wil se sentia naquele momento: deslocado e fora de seu elemento.
Normalmente, aquela espada era usada conjuntamente com um escudo. Mas como ele agora precisava também de uma tocha para iluminar a entrada da caverna - e, mais importante, seus companheiros não julgavam que aquela fosse uma ameaça que necessitava de proteção extra - o escudo havia ficado junto aos outros pertences de Wil. Sua espada e a tocha eram tudo que se colocava entre ele e o que havia na caverna, quando finalmente deu o passo para o interior escuro, úmido e fétido.
E o que havia naquela caverna, Wil sabia, eram duendes. Na verdade, os duendes infestavam a totalidade das Colinas Fêmur. Eram criaturas não muito grandes, não muito inteligentes, e não muito agradáveis. Onde quer que se instalassem, a sordidez logo chegava, sem contar os ratos, cobras e morcegos que coabitavam com eles. As Colinas eram tecnicamente território do reino nortenho de Carlin, mas nenhuma pessoa decente vivia naqueles arredores. Expulsar os duendes e tornar as colinas habitáveis tomaria tempo e recursos demais, sem contar que não havia muito ali que fosse de valor. Portanto, aquelas criaturinhas haviam reclamado aquele sórdido pedaço de Tibia para si, e o transformado em seu santuário.
Wil gesticulou com a mão da tocha ao entrar na caverna, a fim de lançar luz sobre os duendes, mas eles se afastaram. O cavaleiro podia ouvir os pequenos e pegajosos pézinhos descalços deles levando-os para mais dentro da caverna, escapando da luz. Os duendes sempre se mantinham na escuridão, seus olhinhos vermelhos espreitando nas sombras, luzidios como os de um gato. Wil pensou ouvir vozes elevadas vindas do lado de fora, de onde seus companheiros estavam. Mas que quer que estivessem dizendo, ele não pôde discernir. Pareciam estar a quilômetros de distância.
– Chamo-me Wiler Benson – anunciou de repente o cavaleiro, sua voz fazendo eco na caverna, que agora ele percebia que era muito mais ampla do que julgava. – Não desejo fazer-lhes nenhum mal.
Wil já lera e estudara a respeito de duendes, e sabia que eles eram capazes de entender e se comunicar utilizando a linguagem, assim como outras raças. Seu grau médio de inteligência parecia ser alguma coisa entre o de humanos, anões e elfos, e animais comuns, embora esse tipo de coisa fosse difícil de precisar. Wil só esperava que estivessem mais próximos dos primeiros, pois aí seria possível negociar com eles.
– Beson, beson – repetiram várias vozes agudas da trevas.
Wil reiterou:
– Eu – enunciou ele, apontando com a mão da espada para si. – Benson.
– Beson beson beson – repetiram os duendes, entusiasmados.
Em um gesto lento e deliberado, Wil recolocou a espada na bainha, e levantou as mãos em um sinal de rendição.
– Vêem? Não mal.
Imediatamente, uma pedra voou da escuridão e atingiu o tronco de Wil. O rapaz julgou estar ouvindo uma comoção, como se os duendes de repente estivessem ficando mais ousados, e se aproximando. Imediatamente, retirou novamente a espada da bainha, e a caverna ficou silenciosa.
– Se vocês atacam, eu ataco – disse ele enfaticamente, gesticulando o melhor que pôde para deixar suas palavras claras, ao mesmo tempo imaginando se os duendes eram capazes de entender frases condicionais.
Lentamente, foi recolocando a espada na bainha. Novamente, uma comoção.
– Beson mal! – Gritou um duende em meio às trevas.
– Beson delicioso – exclamou um outro.
Novamente, a espada foi puxada, e o barulho cessou. Wil suspirou. Talvez aquilo não fosse funcionar. Mas outra coisa poderia.
– Comida – disse ele em alto e bom som, novamente colocando a espada na bainha. – Tenho comida – disse ele, apontando para a entrada da caverna.
– Sim, Beson comida – sibilou um duende, que havia se tornado ousado o bastante para aparecer no limite da luz criada pela tocha de Wil. Pela primeira vez, Wil observava uma daquelas criaturinhas em pessoa. Era uma cabeça mais baixo que os anões com os quais tinham negociado passagem pela Grande Montanha, há algum tempo, e muito mais franzino. Seu corpo era como o de uma criança humana esquelética, se a tal criança tivesse um tom de pele verde pútrido e se vestisse apenas com trapos imundos. Sua cabeça redonda, no entanto, era desproporcionalmente grande. Devia ser maior do que a de Wil. O duende sorria maliciosamente, revelando dentes afiados, amarelos ou negros de podridão.
– Não, eu não – Wil negou energicamente, novamente puxando a espada para enfatizar, ao que o duende recuou. Então, recolocou novamente a arma na bainha, e completou: – Comida. Fora. Muita comida.
Os pezinhos descalços do duende novamente o levaram para próximo da luz. Dessa vez, outros dois o acompanharam.
– Beson – disse um deles, dessa vez de forma menos maliciosa.
Wil assentiu.
– Eu, Benson. Você?
– Katakukre – respondeu o duende.
– Comida? – Indagou outro dos duendes que haviam se exposto à luz. Todos eles eram muito parecidos, na visão de Wil.
– Sim, comida – Wil assentiu, começando a caminhar para trás, na direção da entrada da caverna. – Lá fora. Muita comida para duendes.
Os duendes começaram a se entusiasmar. Mais e mais deles se aproximavam, revelando-se à luz da tocha. Seus olhares pareciam ávidos, mas não ameaçadores. Wil, no entanto, manteve a mão sobre o cabo da espada. Sabia que não eram seus amigos.
– Beson dá comida! Beson dá comida! – Vários duendes começaram de repente a repetir aquilo, fazendo uma algazarra. Parecia haver pelo menos uma dezena deles.
Wil já estava agora quase na entrada da caverna, e deu graças aos deuses pelo ar puro que novamente entrava por suas narinas. Quando pisou fora da caverna, percebeu que os duendes estacaram, como já imaginava.
– Vou pegar comida – disse ele, começando a se virar para ir na direção dos companheiros.
– Comida! Comida! – Gritaram alguns duendes, apontando para os companheiros de Wil.
Não querendo deixar as coisas mal-entendidas, Wil acrescentou:
– Aqueles amigos. Não comida. Eu ter comida.
Os duendes assentiram, ainda gritando por comida, comida, e Wil julgou que seria o melhor que conseguiria. Deu meia volta e começou a andar na direção dos companheiros que, agora ele percebia, estavam todos olhando para ele, com expressões questionadoras.
– O que você está fazendo, Benson? – Perguntou o cavaleiro e comandante Artos, quando Wil se aproximou.
– Ele estava falando com os duendes – Respondeu Mart, o druida, antes que Wil pudesse se manifestar. – Eu vi quando fui até a entrada da caverna para espiar.
– Rá! Falando com os duendes, essa é boa! – Exclamou Trent, com uma risada que rapidamente foi substituída por uma expressão de curiosidade encabeçada por olhos arregalados, quando ele acrescentou: – E o que foi que eles disseram?
– Benson fez novos amigos – falou Norton, o feiticeiro, com um esgar.
– Eles querem comida – Wil disse simplesmente.
– Até aí, eu também quero – falou Trent, servindo-se de mais um naco da deliciosa carne de veado, cujo cheiro com certeza devia agora estar chegando às narinas esverdeadas dos duendes na entrada da caverna.
– Você quer chegar a algum lugar com isso, Benson? – O comandante inquiriu secamente.
Wil respirou fundo antes de responder. Aquilo poderia ser difícil.
– Acho que é possível negociar com eles. Já os fiz entenderem que não somos comida, e acredito que eles possam nos dar alguma pista do paradeiro de Jawad Tannous.
Wil percebeu, com aflição, que mais de um de seus companheiros levantou as sobrancelhas, surpresos. Outros não conseguiam disfarçar suas expressões céticas. Mas isso tudo o jovem cavaleiro já esperava. O que não esperava, no entanto, foi a indagação do comandante Artos, produzida em voz neutra e ponderada:
– Realmente acha que isso é possível?
Wil assentiu, um pouco aliviado.
– Eles são os únicos que residem por essas terras, e a estrada rumo ao norte passa por aqui. Tannous estava cruzando o continente rumo ao norte quando desapareceu. Não existem outras estradas, e os duendes mantêm um olhar atento a tudo que acontece por estes ermos.
– É possível mesmo confiar no que dizem estes bichos? – Perguntou Norton, a descrença escancarada no rosto.
– Se é que realmente sabem dizer alguma coisa – Trent comentou, rindo.
– Eu acho que devemos dar ouvidos a Wil – interveio de repente Hal, o Paladino Real loiro. – Os duendes não são tão estúpidos como comumente se pensa no reino.
O comandante Artos ponderou por alguns instantes, e então perguntou:
– O que vocês dois acham? – Disse ele, olhando para e se referindo a Lucius, o caçador, e Maxwel, o Cavaleiro de Elite, que eram os integrantes do grupo que mais tinham experiência de campo.
– Já cacei muitos deles nos meus primeiros anos como cavaleiro – bradou Maxwel. – E tenho de dizer, eles podem ser ardilosos como o diabo. Suas aparências enganam.
Lucius assentiu, um ligeiro sorriso iluminando seu rosto velho e enrugado como um carvalho.
– Eles tem… potencial. Nos bosques da Costa Verde, onde cresci e cacei por muitos anos, havia uma tribo de duendes que sabiam até mesmo negociar com humanos, utilizando ouro e conchas, e falavam razoavelmente bem. No entanto, também já encontrei outros que se comportavam de maneira pouco superior a animais comuns. Tudo parece depender de onde se encontram.
– Então está decidido – falou o comandante. – Benson, você é quem teve essa ideia e aparentemente conseguiu se comunicar com os duendes, então trate de ver o que consegue extrair deles. O primeiro turno de vigia é seu, e também a responsabilidade por garantir que não seremos importunados de noite.
Wil suspirou.
– Certo. Vou precisar de um tanto de carne.
– Da nossa carne? – Disse Trent, arregalando os olhos.
– Eu acho que você já comeu o bastante, Trent – censurou-o o comandante Artos.
– Mas é verdade que estava pensando em preservar o resto desta caça com o sal que compramos dos anões. Não se sabe quando encontraremos carne tão boa novamente por essas bandas – comentou Lucius, esfregando o queixo.
– Certo, retirem a parte que irei usar da minha própria porção – falou Wil, dando de ombros. – Eu não me importo.
Então, conforme os companheiros iam armando suas tendas e se aninhando em algum canto para adormecerem, Wil iniciou a laboriosa tarefa de tentar convencer os duendes a ajudá-los em troca de carne. Ele não se importava, no entanto. Era o tipo de tarefa que exigia que pensasse. Além disso, gostava da quietude e da solidão da noite. Na Baía da Liberdade, seu lar, sempre sentia que as estrelas no céu eram suas companheiras e o guardavam, benevolentes, enquanto lia algum livro até altas horas.
Porém, não foi fácil. Wil suspeitava que os duendes apenas gostavam de se fazer de bobos, e que estavam escondendo o que sabiam.
– Jawad Tannous – repetiu Wil inúmeras vezes. – Humano. Pele escura. Barba longa. Caravana e cavalos – dizia, conforme a descrição de Tannous que conheciam.
– Tannous! Tannous! – Exclamavam os duendes.
– Carne. Mais carne – eles sempre diziam, encarando Wil com sorrisos maldosos.
– Eu não posso te dar toda a carne – argumentou Wil, franzindo o cenho. Naquela altura, já julgava que conseguia conversar com os duendes quase como com qualquer outra pessoa. – Meus companheiros vão me matar.
– Problema de Beson – falou um duende. – Toda a carne, ou nada de Tannous. – Os duendes se entreolharam e riram.
Wil suspirou.
– Certo. Depois eu me entendo com eles. Mas primeiro, Tannous.
Os sorrisos e os olhares que os duendes lançaram na direção dele, naquele momento, foram os mais maldosos até então.
– Os grandes irmãos levaram ele. – Falou um duende. – Eu vi. Katakukre viu. Nuka falou com eles. – Completou, olhando para outro duende no grupo que, Wil julgava, parecia ser mulher.
A duende, Nuka, confirmou com um aceno de cabeça.
– Disseram que estavam indo para lá – ela apontou para a direção do leste.
Wil arregalou os olhos.
– Os grandes irmãos? Quem? – Perguntou automaticamente. Então pensou um pouco mais. – Orcs?
Os duendes assentiram, entusiasmados.
– Orcs! Orcs! Grandes irmãos de duendes!
– Eles o levaram? – Repetiu Wil, com os olhos maiores ainda. – Como assim?
– Levaram! Levaram!
– Para onde?
Novamente, apontaram para o leste.
– Para Ulderek? – Wil questionou, sua expressão de surpresa dando lugar ao ceticismo.
Os goblins abriram um novo sorriso maldoso.
– Sem mais carne. Sem mais perguntas.
Wil refletiu, com um bolo no estômago. Havia feito uma barganha estranha. Não imaginou que os companheiros reagiriam bem quando soubessem que estavam com um veado a menos e um destino a mais. Ainda mais quando soubessem que destino, aparentemente, era aquele.
Um misto de emoções e pensamentos tomou conta do jovem cavaleiro. Uma porção de coisas não fazia sentido à primeira vista no que os duendes relataram. Não sabia o que era verdade ou o que não era, ou até que ponto aquelas criaturinhas ardilosas eram confiáveis.
Mas o fato era que alguma coisa estranha havia acontecido com Jawad Tannous. Apesar do que os duendes disseram, Wil abriu um leve sorriso, e pela primeira vez naquele dia, sentiu uma fagulha de excitação se acender em seu âmago.
O quebra-cabeças se intensificava.
Cap 4 voltando ao PoV - e à parte do plot - de Wil. Abaixo, já irei postar também o primeiro interlúdio (que será bem mais curto que um cap e terá o PoV de outro personagem), bem como a resposta à Iridium.
Espero que gostem!
- - - Atualizado - - -
Interlúdio 1 - Jawad
Spoiler: Interlúdio 1
Interlúdio
Jawad - Sudeste de Ab'Dendriel
Se tinha uma coisa que Jawad havia concluído desde que empreendera aquela viagem ao norte, era que detestava elfos. Agradeceria aos deuses por não ter colocado nenhum deles em sua terra, Darashia, se acreditasse em deuses.
Já fazia algumas semanas que ele estava em terras élficas, depois de um pequeno percalço nas imediações das Colinas Fêmur. No continente de Tibia, os elfos em geral se situavam ao norte, fazendo fronteira com vários outros importantes reinos. Os humanos de Carlin ficavam à oeste, com suas casas floridas e sua peculiar sociedade matriarcal. Os anões de Kazordoon viviam ao sul, controlando todas as terras ao redor da Grande Montanha e monopolizando gananciosamente a travessia entre as metades norte e sul do continente através de sua imensa ponte no Grande Canal. Para leste, além do grande Monte dos Wyverns, ficavam os temíveis orcs de Ulderek em sua sociedade reclusa.
Jawad estava naquela viagem havia vários meses. Aportara em Venore poucos dias depois do que havia acontecido em sua terra natal, e desde então, havia caminhado por pântanos, navegado por rios caudalosos em barcos clandestinos, enganado, traído e subornado enquanto fazia seu caminho em direção ao norte, sempre cercado por seus cinco guarda-costas conterrâneos de Darashia.
Quando aportara no continente, as notícias ainda não haviam se espalhado, e ele transitou de forma pacífica pela cidade do pântano. Havia gostado de Venore; era seu tipo de ambiente. No entanto, fizera questão de anunciar nos lugares mais barulhentos de Venore qual era o seu nome, e para onde estava indo. Por onde quer que fosse, deixava migalhas de pão. Logo, os thaianos começaram a catá-las. Estava contando com isso.
Tudo ocorrera de maneira tranquila, rápida e eficiente. Não havia problema, burocracia ou obstáculo que seu ouro não pudesse quebrar. Se dera particularmente bem com os anões do centro de Tibia, cuja ganância e senso de oportunidade casaram bem com os dele próprio.
Tudo havia sido tranquilo, isto é, até os malditos elfos. Aquelas irritantes criaturas de contos de fada, com seus rostos angelicais, orelhas e narizes afinados, pareciam ter uma resistência sobrenatural a serem subornadas. Era como se não ligassem para dinheiro. Jawad não conseguia entender um ser que não ligasse para dinheiro.
Para piorar, o faro de Jawad para encontrar os indivíduos mais sórdidos, mesquinhos e mercenários de qualquer sociedade não parecia funcionar bem por ali. Pelo jeito, aquele tipo de indivíduo estava em falta entre os elfos. Todos pareciam ter as personalidades mais incômodas: pomposos, moralistas e pouco egoístas.
– Ei, companheiro! – Falou de repente uma voz jovial, interrompendo os pensamentos soturnos de Jawad. – Que cara de fossa é essa? Quer alguma ajuda?
Era, é claro, um elfo. Parecia um ser humano, mas de alguma forma, também era diferente. Era difícil precisar exatamente o que é que dava aquela aparência etérea para aquelas criaturas. Fora as orelhas pontudas, e o fato de não terem pelos faciais, não havia nada de muito diferente entre eles e Jawad. Mas era como se todas as feições de um ser humano tivessem sido levemente alteradas para deixá-los mais delicados, femininos e, bem, mágicos. Não era uma coisa só que os diferenciava, mas o conjunto de uma obra composta de inúmeros pequenos detalhes. Aquele espécime tinha cabelos vermelhos como os raios do sol Fafnar, e sorria um sorriso de radiantes dentes brancos. Um baita contraste com a pele escura e a espessa barba marrom de Jawad e de seus companheiros darashianos.
– Eu estou bem – Jawad respondeu, secamente.
Estavam viajando com aquele grupo de elfos mercantes em direção ao leste há dois dias. Na noite anterior, a caravana deles havia acampado numa região a sudeste da grande capital élfica, Ab’Dendriel, que coroava o continente tibiano. Jawad jurava que, quando haviam parado para dormir, há algumas horas, o lugar onde se encontravam não passava de um pequeno bosque circundado por grama alta, mas ordinária. Naquela manhã, dezenas de flores multicoloridas se espalhavam por todo o lugar. Coisa de elfos, sem dúvida.
– Está bem, mas estamos preparando o café – respondeu o elfo, ainda sorrindo radiantemente. Jawad não se dera ao trabalho de aprender seu nome. – Isso com certeza vai tirar essa sombra de seu rosto.
– Irei em alguns momentos. Antes disso, há uma coisa que preciso fazer. Ainda estamos indo para leste, certo?
– Estamos sim, senhor – respondeu o elfo. – Você nos convenceu de que há grandes oportunidades mercantis nos povoados ali – ele terminou, e depois se afastou, felizmente.
Certificando-se de que se encontrava sozinho, Jawad tirou de uma bolsa de couro um objeto que parecia um quadrado de argila, com mais ou menos trinta centímetros de comprimento e largura. O darashiano sorriu ao vê-lo.
Havia sido custoso obter aquele objeto com os anões. Tivera de usar toda sua habilidade de negociação com os ordinários, mas no final, ainda pagara os olhos da cara. Afinal, aquela era uma magia que os geomantes de Kazordoon guardavam para si com muita preciosidade, e somente mediante um alto custo uma daquelas pedras ia parar em mãos forasteiras e saía da Grande Montanha. Os anões tinham medo de que, analisando-as, os humanos pudessem descobrir como fabricá-las. Jawad, no entanto, não tinha interesse nos princípios mágicos que existiam naquela pedra. Só ligava para a sua utilidade.
Jawad retirou da bolsa outro objeto: um instrumento pontiagudo e prateado. Começou a utilizá-lo para marcar a pedra, e ela cedeu facilmente sob a pressão. O darashiano desenhou sobre a pedra um símbolo rúnico. Logo depois, escreveu algo abaixo:
Muralha.
Poucos instantes depois, uma outra marcação apareceu na pedra, aparentemente surgida de lugar nenhum:
Cinco dedos fechados em punho a quebram.
Jawad sorriu, reconhecendo o sinal de que era seguro prosseguir. Então, talhou na sua pedra:
Sudeste de Ab’Dendriel. Elfos. Indo a leste. Onde estão? PS: elfos são horríveis.
Alguns segundos depois, uma nova mensagem vinda de lugar nenhum apareceu em sua tábua:
Não gaste palavras. Leste das Colinas Fêmur. Seguindo rastro. Outros não suspeitam.
Jawad desenhou outro símbolo rúnico em sua pedra, e todas as mensagens desapareceram, deixando a pedra lisa novamente, como se nunca tivesse sido usada. Ele novamente sorriu, com um brilho nos olhos negros como ônix. Realmente engenhosos, aqueles anões.
Spoiler: Resposta
@Iridium
Como sempre, fico muito feliz que tenha lido, comentado e apreciado! Sara é a minha preferida dos três personagens principais (não à toa que a história original levava o nome dela), e eu tenho desenvolvido mentalmente a personagem e a sua história há anos. Quem sabe dessa vez eu consiga de fato terminá-la aqui.
Até!
Publicidade:
Jogue Tibia sem mensalidades!
Taleon Online - Otserv apoiado pelo TibiaBR.
https://taleon.online







Curtir: 



Responder com Citação




