Dois dias após o ataque a hospedaria um pequeno ser curvado e encapuzado entrou pelos portões de Bragor’ Hed (ou Covil de Brog no dialeto local), a montanha onde outrora foi Kazordoon.
Ele se dirigiu a um dos guardas ciclopeanos falando num idioma rude e estranho, após os guardas trocarem olhares assustados, a passagem do visitante foi permitida.
O visitante seguiu pelos corredores mal iluminados até onde era, antigamente, a sala do Imperador da Grande Velha, agora decorada com esqueletos humanos e armamentos pendurados à parede, sem contar a imensa quantidade de ossadas de peixes jogadas ao chão.
— Salve grande Golark. — Disse o pequeno ser, tirando o capuz e revelando um rosto enrugado e deformado, muito parecido com um orc, porém não era verde, parecia mais com um humano que sofreu algum acidente de magias, levando em conta que apresentava alguns poucos cabelos grisalhos. — Trago-lhe novidades sobre o martelo. — Prosseguiu o visitante.
— Aproxime-se, meu velho Dorghel. — Disse o ciclope que estava sentado ao trono. — E diga logo o que tem a dizer.
— São péssimas notícias meu senhor, seus dois mercenários foram facilmente derrotados dois dias atrás, e o anão está acompanhado do mago Mirzig, o que piora ainda mais as coisas para o nosso lado. — Disse Dorghel ajoelhando-se perante o Imperador Ciclope que se levantou e soltou um grito de raiva, quebrando com uma das suas quatro mãos um crânio que segurava.
— Não pode ser! O mago não pode estar vivo!
Golark dirigiu-se a um de seus guardas ordenando: — Dorbok, chegou a hora, vá àquele prisioneiro resmungão da cela quinze e obrigue-o a iniciar a construção da máquina do tempo. Isso já se alongou mais do que deveria.
Sem hesitar, o guarda retirou-se da sala apressado.
— Quanto a você, Dorghel, quero que execute uma nova missão.
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— Já estamos caminhando há quinze horas sem parar nem para comer, como esperam que eu entre em batalha e vos ajude, se nem posso deixar meu estômago tranquilo. — Resmungou Jonas aos seus companheiros que seguiam caminhando a sua frente.
De repente o mago parou de caminhar, olhou para os lados e disse: — Creio que aqui será bom para descansarmos por algumas horas. — Dirigiu-se a Nevrok dizendo: — Vá com Jonas rumo ao norte, a poucos passos daqui, lá, se não me falha a memória, há uma pequeno riacho, pesque alguns peixes e volte pra cá até o meio-dia, irei explorar um pouco as redondezas e acender uma pequena fogueira, até logo.
O bardo e o anão pegaram suas mochilas e adentraram na mata densa e seguiram na direção indicada pelo mago. Ali realmente havia uma conexão com um riacho. Jonas agachou-se diante da água azulada e levou com as mãos um pouco a sua face.
Nevrok tirou duas varas de pesca de sua mochila e entregou uma ao bardo. Os dois se sentaram à margem do rio e iniciaram a pesca.
Minutos depois sem nenhum sinal de peixe, Jonas quebrou o silêncio tentando iniciar um diálogo com o anão.
— Acho que não tivemos tempo o suficiente para conversarmos. Mas tem algo que eu ainda não pude assimilar muito bem, o que há de tão especial nesse martelo para o ciclopes quererem-no tanto?
— É uma longa história, mas acho que teremos tempo o suficiente para contá-la até duas vezes. Tudo começou eras atrás, mais precisamente em 744, o império de Kazordoon esta dando os primeiros passos. Estavam começando a ganhar prestígio no mundo com a forja e a cerveja. Mas algo terrível aconteceu. — Nevrok abaixou a cabeça e coçou os olhos, disfarçando a emoção de relatar a história do seu povo, agora extinto. — Os ciclopes atacaram as minas e aprisionaram uma grande quantia de anões que lá estavam, em sua grande maioria eram brilhantes ferreiros e metalúrgicos, ótimos trabalhadores que levaram consigo para o túmulo o segredo de grandes construções e armamentos, e levaram-nos para a sua própria montanha, o Monte Esterno. Eles ficaram aprisionados lá por anos sem que o Imperador tentasse regatá-los. Mas um anão em especial, chamado Kazrad, conhecido por ser um herói da época foi até onde eles estavam aprisionados. — Disse Nevrok com um certo brilho nos olhos.
— Brandindo seu martelo, Kazrad dilacerou todos os ciclopes que apareciam no seu caminho, e levou os prisioneiros para uma grande fuga para a liberdade. Porém algo saiu errado. Na tentativa de fuga os anões acabaram emboscados em um beco sem saída, de um lado o exército ciclope em peso, de outro uma grande parede que impedia a passagem, lutar seria suicídio, pois só contavam com o martelo de Kazrad como armamento. Tudo que restou para os prisioneiros foi rezar, e foi aí que a esperança ressurgiu, Durin, o meu deus e de todos os anões abençoou o martelo de Kazrad, que emitiu uma brilhante aura avermelhada. O herói brandiu o martelo e quebrou a parede que impedia a passagem, libertando assim todos os prisioneiros. — Disse Nevrok, que levantou o martelo e completou: — E esse, meu amigo, é o martelo que esta história conta, ele está na minha família a gerações, este é o Martelo do Trovão.
— Então isso explica tudo! Ei! Veja só, é o nosso primeiro peixe. — Disse Jonas retirando o peixe do anzol.
E os dois continuaram pescando por horas e horas, até que chegou o momento de se reencontrarem com Mirzig, onde comeram a primeira refeição desde o incidente na taverna.
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Os mercenários, citados no texto, não existem realmente no jogo, mas na história eles são o equivalente aos Ciclops Smith do jogo, mas mais equipados, como se fizessem parte da guarda ciclopeana.
Levando em consideração que a trama se passa no futuro, e que os Dwarfs da classe Technomancer estão sempre buscando inovações tecnológicas (vide o NPC Talphion), pode-se estipular que eles tenham adquirido conhecimento para uma máquina do tempo ser desenvolvida.







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