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Tópico: Ferumbras

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  1. #1
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    Aí está. Espero que gostem do capítulo. Houve uma mudança no tempo, e um ano se passou. Espero que entendam que essa mudança é estritamente necessária para a história. Olhem a forma que separei alguns parágrafos: os que se ligavam diretamente deixei sem espaço, os que apresentam pausas consideráveis eu apertei o botãozinho ENTER. Capítulo narrado por Pepelu.
    As chamas cobriam tudo. Não havia pedra sobre pedra na devastada cidade de Thais. Arieswar estava coberto de sangue e, com alguns dos seus membros decepados, não conseguia pôr-se em pé, e agonizava. No topo de uma imensa pilha de ossos carbonizados, homens deformados postavam um trono no qual se sentava o mais aterrorizante dos humanos. O Reino de Ferumbras havia começado.

    Capítulo 12 - Soberania de Banor.

    - Foi só um sonho ruim. – dizia Kala, me acalmando.
    Eu coloquei-me numa posição mais ereta na cama, enquanto ela passava um pano molhado em meu rosto.
    - Fique calmo. Não quer acordar Eurídice, quer?
    - Não, não quero... – eu começava a voltar para a consciência, apesar de algumas imagens ainda atormentarem minha mente – Me ajude a levantar, por favor.

    Kala levou-me até a banheira, e devido a minha iminente fraqueza, ajudou a banhar-me. Sentia-me revigorado por dentro a cada vez que a água escorria em meu rosto.
    Não sabia ao certo o porquê de ter sonhado com Arieswar. Há um ano ele abandonou a cidade e poucas vezes retornou, mas sempre de passagem. Com a certeza de que ele não me denunciaria, Thais foi me atraindo com o que tinha para oferecer.
    Conheci Kala, a mais linda e carinhosa pessoa que Banor criou. Em pouco tempo havia me entregado totalmente aos seus dotes, e uni-me a ela para criarmos nossa família. Há pouco ela tinha dado luz àquela que seria a mais amada filha que alguém já teve; minha doce Eurídice.
    Eu não tinha como reclamar da vida naqueles tempos, e posso afirmar que aquele ano sem Arieswar, Ferumbras ou prisões foi um dos mais felizes da minha vida. Tinha tempo de sobra para curtir minha filha; não precisava me preocupar com dinheiro, pois minha querida Kala e eu havíamos investido num seguro negócio que o pai dela deixara, e o Rei me dispensara de missões de grande risco por uns tempos. De fato, a única coisa que me deixava com um pé atrás eram os recentes pesadelos que envolviam Arieswar.
    A nova guilda do cavaleiro, a Valheru, também não era motivo de sorrisos, porém não me deixava realmente preocupado, uma vez que eles não deveriam saber de nada.

    Eu sempre soube que aquela vida mansa não duraria para sempre, mas não desconfiava que as coisas aconteceriam de forma tão avassaladora.
    Primeiro tivemos a grande convocação do Rei, que chamava todos os habitantes para fazer uma importantíssima declaração. O que anunciaria, porém, ele não disse. Não diferente do previsto, a convocação virou o principal assunto por todos os cantos da cidade:

    - Não creio que ele tenha encontrado Ferumbras. – falou Bulok, meu velho amigo, numa conversa no Bar do Frodo – E nem creio que Arieswar o achou.
    - Faz tempo que ele não passa por aqui – disse Bürgy, descansando o copo de rum -, não acham que ele poderia ter morrido, não é?

    - Não. – falei com uma firmeza na qual eu mesmo me surpreendi – Aquele ali não morre assim tão fácil.

    - Seria uma grande alegria, porém, se o Rei anunciasse a morte daquele prepotente – falou Sara Lionheart, servindo-se de uma grande taça de vinho.

    - Eu não vejo motivo para odiá-lo. – interviu Kala, minha esposa – Não que ele não tenha destratado o Pepelu há um tempo atrás, mas soube parar na hora certa, segundo me contam.

    Eu dei-lhe um beijo e olhei fundo em seus olhos:

    - Não o odeio. Eu o evito.

    - Até por que – falou Bulok, animado –, ele levaria uma surra feia do seu querido paladino, Kala...

    Eu apenas acompanhei algumas risadas. Se algum dia eu tivesse brigado para valer com Arieswar, talvez eu não estivesse mais aqui hoje.

    Algumas luas depois, o dia da convocação chegara, e finalmente veríamos o que o Rei tinha de tão importante a dizer. Deixei Eurídice na casa de Bulok, onde ficaria sob os cuidados da irmã mais nova do meu amigo.
    Ao chegar à mesma praça na qual, um ano antes, Ferumbras apareceu e deixou seu grande rastro de destruição, eu não pude deixar de sentir certa ansiedade. Da mesmíssima janela na qual ele saudou seu povo momentos antes da aparição do monstro, saiu a imponente figura do Rei Tibianus.

    - Povo da nobre cidade de Thais – começou ele -, venho até vocês para comunicar-lhes o mais novo projeto da Corte. E não falo de nada que não seja, no mínimo, grandioso.
    “Nas últimas missões de exploração, nossos homens fizeram uma fantástica descoberta! As terras após os limites das planícies de Havoc, que se esperavam ser formadas por depressões e agudos declives, na realidade estão cobertas por um grande pântano.”

    - Ele chamou nos chamou para falar isso? – perguntou Bürgy sussurrando – Pra dizer que há um pântano ali?!

    - Tenho certeza de que não se trata só disso. – falou Bulok firme.

    - A região – prossegui o Rei Tibianus – é de um valor político estupendo, uma vez que abrange vários rios e uma grande costa oceânica, o que significa uma saída direta para o lado Leste do nosso continente!

    Naquele momento, houve um breve silêncio, que fora quebrado por infinitos murmúrios. “O continente já tem uma rota Leste-Oeste totalmente explorada”, eu pensava, tentando imaginar a grandeza daquela notícia.

    - E como muitos já previam – anunciou Tibianus, entusiasmado -, grandes ilhas podem ser avistadas a olho nu. Fora que as terras prosseguem tanto para Norte quanto para Sul até serem perdidas de vista. Apesar de ser uma notícia de imensa magnitude, essa descoberta ainda não é o grandioso anúncio que gostaria de realizar. O projeto da Corte não é nada menos que revolucionário.

    Eu olhei firme nos olhos de Bulok. Eu já tinha um palpite do que seria; e, pelo visto, ele também.

    - Com o poder a mim concebido, eu anuncio o projeto Venore; a criação de uma metrópole da importância de Thais na região.

    Não houve silêncio daquela vez; todos falavam alto e ao mesmo tempo.

    Aquele era, sem dúvida, o maior desejo do povo na época; uma nova cidade.
    Thais, por mais grandiosa que fosse não dava conta de manter toda a população, que por vezes migrava para pequenos vilarejos, como o da Costa Verde, que iam crescendo rapidamente sem infra-estrutura ou ajuda do Governo. Uma nova metrópole era algo que há muito tempo se exigia do Rei, e esse finalmente parecia atender tão trabalhoso desejo.

    - Não pensem, porém, que essa será uma tarefa fácil. – alertou o Rei Tibianus – Centenas de homens serão empregadas, e os impostos, infelizmente, terão que ser aumentados. Todavia, num ponto que virá a ser de localização estratégica para o comércio, a construção de uma nova metrópole só trará benefícios a grande maioria da população. Milhares de novas portas se abrirão, e um leque de grandes oportunidades será oferecido a cada um.

    O povo inflava com cada palavra do seu sábio líder. O Rei Tibianus sabia como conquistar as massas populares para o seu lado.

    - Porém devo avisá-los que uma cidade não se constrói apenas de pedra sobre pedra. É preciso que ela seja construída com coração! Ela deve ter a alma de cada um de nós, para que Banor a abençoe! É preciso que ela seja de uma imponência extraordinária, para mostrar o poder de Uman, e afastar de nós todos os espíritos malignos! Venore, como se chamará, é uma cidade que representará, devido aos tempos difíceis em que vivemos, o poder e a soberania dos seguidores de Banor, tanto para nós mesmos quanto para as gerações que virão! E NÃO HAVERÁ CRIATURA DO INFERNO QUE NOS TIRE ESSE DIREITO!

    Faltam-me palavras para descrever aquele momento. O Rei foi simplesmente ovacionado pela multidão. Eu, junto com meus amigos, aplaudia-o freneticamente; e não conseguia ver ninguém que não fizesse o mesmo. A reação foi uniforme, e a massa de pessoas ali presente unia-se em uma só forma de vida.

    Mal sabia eu que havia cometido dois grandes erros em um curtíssimo período de tempo: achar que sonhos são apenas sonhos, e que políticos são inteiramente confiáveis.

    ··Hail the prince of Saiyans··

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  2. #2
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    cara, ótimo

    Ferumbras, quem não se interessa por esta historia? Todos, pois como dis Kaoh, ela já é um trunfo. Mas vc, vc tem o papel de prender o leitor a historia, de deixa-la mais emocionante a cada letra que se passa, e digo-lhe que, esta fazendo o seu papel! e está fazendo mais que isso! sua historia ta ótima, não tenho nem palavras para descreve-la, só acho que achei uma parte que fica meio chato de se ler

    ajudou-me a banhar-me. Sentia-me
    leia isso em vós alta, não fica chato? Pra que tanto "me"? Não ficaria melhor

    "ajudou a banhar-me. Me sentia"

    bom, é isso por enquanto

    Sem mais, Draco

  3. #3
    Avatar de Kamus re
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    Obrigado pelos elogios, Draco.
    Agora olha só:
    Citação Postado originalmente por Draconian
    leia isso em vós alta, não fica chato? Pra que tanto "me"? Não ficaria melhor
    "ajudou a banhar-me. Me sentia"
    O "Ajudou" eu fiquei mesmo na dúvida se seria necessário um "-me", e acabei por colocá-lo. Por via das dúvidas, já tirei.
    "Sentir", se não me engano, tem uma maldita regência na qual exige o uso da preposição depois. Vou ver qual é o correto e corrigo.

    Thank you.

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  4. #4
    Avatar de Draconian
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    "Sentir", se não me engano, tem uma maldita regência na qual exige o uso da preposição depois. Vou ver qual é o correto e corrigo.
    disto eu não sabia... vou também procurar saber o certo, e logo posto aqui

    Sem mais, Draco

  5. #5
    Avatar de Hizuke
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    O que posso dizer?
    Magnfico! Magnifico!




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  6. #6
    Avatar de Guilherme Bastos
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    Olah para todos, sou novo aqui, mas acompanho a historia jah faz um bom tempo.Quanto ao coment, o capitulo ficou bom,porem sem ação.Mas eh isso ai, com certeza aquele negocio sobre politicos no final vai ser importante pra historia ainda.


    Sem mais,
    Bastos

  7. #7
    Avatar de Amell
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    Correção: Não existem Planícies de Havoc, é Planícies do Caos

  8. #8
    Avatar de Kamus re
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    Citação Postado originalmente por Darkness Sorcerer
    Correção: Não existem Planícies de Havoc, é Planícies do Caos
    Fique tranquilo que foi tudo calculadamente calculado =D

    Paciência que o tempo o dirá.

    ··Hail the prince of Saiyans··

  9. #9
    Avatar de yamatsu
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    acabei de ler agora, vc esta de parabens 1º rp q conseguiu me fazer ler ele e ainda ficar ansiosso para o prox cap.

    Posta logo.

  10. #10
    Avatar de Kamus re
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    Capítulo 14 - O tropeço de Pepelu.

    Pouco tempo depois, Hesperides, Acanthurus e um imenso batahão de soldados partiu para a Costa Verde. Eu fiquei de partir no segundo pelotão, uma vez que precisava contatar Dragonslayer. Ele era, acima de tudo, um ótimo profissional, e com certeza se irritaria se não o convocássemos para ajudar numa missão que expunha ao perigo tantas vidas.

    A cidade, porém, estava caótica. O anúncio da aparição do monstro nas redondezas deu início a maior baderna que Thais já suportara. As pessoas corriam para suas casas ou para locais públicos de segurança, os mercadores fechavam seus estabelecimentos, tropas de guardas formavam postos próximos aos portões, e qualquer pessoa ou objeto que ficasse parado no meio do caminho era derrubado e pisoteado. O barulho, então, era insuportável; variava do choro de crianças perdidas ao ruído metálico de grades sendo fechadas.

    Com muito esforço, e às vezes lutando contra a correnteza de pessoas que vinha em sentido oposto, eu consegui chegar à casa de Dragonslayer. Tive que insistir muito nas batidas à porta para que alguém resolvesse abrir. Lá estava sua velha mãe, bastante assustada:

    - Você não é o jovem Arieswar? O que fazes aqui?

    - Minha senhora, eu preciso falar com o seu primogênito, o meu amigo.

    - Só estão aqui os meus mais jovens. – disse ela me empurrando para dentro – Se quiser pode se abrigar aqui, de qualquer jeito.

    Antes que eu negasse o convite, Kariuz entrou na espaçosa sala onde eu me encontrava.

    - Kariuz! – chamei com urgência – Urgente! Preciso saber onde está seu irmão, Dragonslayer.

    - Ora, ele não se encontra. Saiu para a Costa Verde para providenciar o enterro de nosso pai. – falou com a voz ainda trêmula – Só espero que ele não encontre aquele monstro que está por aí.

    Foi aí que eu gelei completamente.

    - Quer dizer que você não sabe exatamente onde é o “por aí”?




    Não demorou muito para que partíssemos para o local do ataque. Kariuz me acompanhava e tremia de medo só de pensar no que poderia ter acontecido. Sob o meu comando, nos seguindo, estava o segundo batalhão de soldados.
    Próximos ao vilarejo já podíamos ver o rastro de destruição: escombros e corpos se misturavam e, ainda em chamas, queimavam a suave relva que dava nome ao lugar.

    Ao adentrarmos em meio às casas pudemos ver o inferno no qual Ferumbras havia transformado um lugar outrora tão bonito. Cadáveres mutilados e construções desabadas eram consumidos pelo fogo, e os gritos e gemidos dos feridos formavam a orquestra demoníaca que fazia o tema musical do caos.

    Aparentemente, o monstro já havia sumido, então alguns poucos homens tentavam prestar assistência a muitos; entre eles estava Hesperides.

    - Arieswar! – berrou ele – Precisamos de muita ajuda aqui! Mande seus homens aqui!

    Eu então virei para o pelotão e comuniquei:

    - Vocês o ouviram! Vão!

    Depois disso agarrei o druida pela manga e puxei-o para perto de mim.

    - Onde está Dragonslayer?

    - Como assim? – ele perguntou confuso – Você não ficou de chamá-lo?

    Com tamanho terror que me invadira, eu larguei Hesperides e me virei para Kariuz.

    - Fique aqui e ajude-o. Eu vou procurar seu irmão.

    Eu já estava pronto para correr quando ele me segurou.

    - De jeito nenhum! Eu vou com você!

    - Não! Fique aqui! Precisa ajudar essas pessoas!

    - Mas ele é meu irmão!

    - SUA FAMÍLIA NÃO PODE CORRER O RISCO DE PERDER TRÊS PESSOAS NO
    MESMO DIA, KARIUZ!

    - Espere um pouco – interrompeu-nos o druida – Dragonslayer está por aqui?

    - Sim! – eu falei para o seu horror – Agora mande esse garoto ficar aqui para
    eu poder procurá-lo.

    - Eu vou atrás dele, você querendo ou não! – insistiu o jovem cavaleiro.

    - ELE ESTÁ ATRÁS DE MIM E DE SEU IRMÃO, SEU IMBECIL! – eu berrava sem acreditar na insistência daquele rapaz - ELE NÃO QUER NADA COM VOCÊ, ENTÃO NÃO ARRISQUE A SUA VIDA EM VÃO!

    - Arieswar – chamou-me Hesperides -, se ele quer ir você não pode impedi-lo. Além do mais, ele é irmão de Dragonslayer, e ainda é da Valheru.

    - O problema, Hesperides – disse Kariuz –, é que Arieswar está acostumado a mandar em muita gente, e acaba se confundido em relação a quem ele pode exercer poder.

    - Isso é mentira! – eu protestei.

    - Você se preocupa muito com os outros! – ele continuou – E às vezes esquece que você também é suscetível a erros!

    Antes que eu pudesse começar a argumentar, porém, uma voz feminina falou ao meu ouvido:

    - Linda hora para discutir a relação, não é?

    Lá estava Kitiara, e junto com ela Kromfield e Lightbringer.

    - Já estamos a par da situação. – apressou-se em falar Sebastian – Vamos procurar Dragonslayer ou não?

    Não adiantava mais eu relutar, Kariuz veio com a gente. Organizamos-nos em uma formação defensiva e partimos para localizar nosso amigo.

    O cheiro de carne queimada era insuportável, mas o sangue no chão, nas paredes e no mar, era ainda mais enjoativo. Ferumbras havia feito um grande estrago, e era pouco provável que não tivesse pego nosso mais respeitado paladino. No caminho víamos várias pessoas feridas, mas, infelizmente, não podíamos perder de foco o nosso objetivo, e tivemos que deixá-las desamparadas. Entretanto, a certa altura avistei um rosto conhecido.

    - Continuem em frente, eu preciso checar uma coisa.

    Coberto de lama e sangue estava o inconfundível Octavian, amigo do Pepelu. A beira de um colapso cardíaco ele delirava:

    - Eu…quero…mais…vinho…

    Mesmo sem gostar dele, eu não podia deixar o pobre homem perder sua sanidade mental. Entre deixá-lo agonizar até a morte e acabar com ele de uma vez, preferi a segunda opção. Saquei uma adaga, rocei-lhe o pescoço, e tomei impulso para enfiá-la. Logo ela estava melada de sangue.

    A verdade, contudo, era que eu ainda não havia furado a carne de Octavian, mas sim que uma flecha atingira as costas da minha mão direita, sendo dela que o sangue escorria. Fiquei zonzo com a dor, mas logo a arranquei dali e procurei quem havia feito aquilo.

    Não muito longe, ainda segurando seu arco, estava Pepelu.

    - Você ia matá-lo? – perguntou possuído pela raiva.

    - Só porque não havia te visto. Achei que ele iria agonizar até perecer. – falei enquanto tentava estocar o sangue – Você podia inventar um método mais civilizado de mostrar sua presença, não?

    - Civilizado? – falou ele rindo – Civilizado…- saboreou a palavra – Engraçado ouvir isso de alguém que estava prestes a matar um inocente.

    - Já falei que fora por piedade! Não queria prolongar seu sofrimento!

    - ENTÃO É ASSIM?! QUANDO VOCÊ NÃO QUER VER PESSOAS SOFRENDO VOCÊ AS MATA?

    - Entenda as circunstâncias, seu idiota! No meu lugar você faria o mesmo!

    - Eu estava aqui para salvá-lo e você quase o mata! Essas são as circunstâncias!

    - VOCÊ É SURDO? JÁ FALEI QUE NÃO TINHA LHE VISTO!

    - Não dá para acreditar em você! Se não fosse por mim Octavian teria o mesmo destino do Brytner! Você não é digno de confiança!

    O barril de pólvora dentro de mim explodiu.

    - VOCÊ QUE NÃO É DIGNO DE CONFIANÇA, SEU MENTIROSO, CRETINO, FILHO DE UMA VADIA! VOCÊ SÓ ANDA LIVRE NAS RUAS HOJE POR MINHA CAUSA! VOCÊ ME DEVE SUA LIBERDADE!

    - ACONTECE QUE EU NÃO SOU NENHUM ESTÚPIDO! Acha que eu não sei que se me denunciar depois de tanto tempo você também vai preso por conivência? Você não acabaria com sua vida só para ferrar a minha, Arieswar!

    - Mas eu tenho muito menos a perder, seu imbecil! Soube há algumas luas que você tem uma família! Sua filhinha se chama Eurídice, não é? – e ri da cara de pavor que ele fez – Será que ela gostaria de ter um pai condenado à prisão perpétua?

    - NÃO OUSE FALAR DA MINHA FAMÍLIA! – gritou ele enlouquecido; tinha atingido seu ponto fraco.

    - E olhe só! – continue com tom irônico – Eu não tenho família! Minha vida vai ser jogada no lixo, mas será só a minha! Não vai ter mulher nenhuma chorando pelos cantos; nem criança!

    Explodindo de raiva, Pepelu atirou mais uma flecha em mim. Com sorte eu evitei que ela atingisse meu peito, mas minha coxa esquerda foi perfurada por sua ponta.

    - Está tão disposto assim a me enfrentar? – falei arrancando a flecha e tentando não aparentar a horrível dor que sentia.

    - Estou disposto a te matar!

    Pepelu sacou seu arco e disparou mais flechas, fazendo com que eu precisasse me jogar no chão e rolar para escapar de ser transformado numa peneira. Para vencer um paladino que apelava tanto como aquele, eu precisaria evitar ao máximo uma possível distância entre nós, que facilitaria o seu disparo de flechas.

    Mesmo mancando, corria para cima dele de peito aberto, tendo que contar com meus bons reflexos para não ser acertado. Jogava-me no chão para esquivar dos seus ataques, levantava-me e corria novamente para seu encalce. Naquele jogo de sorte e azar mais três flechas me atingiram. No entanto, eu me aproximava dele cada vez mais.

    Quando se virou de costas para correr e abrir mais distância, eu me atirei em sua direção, e consegui agarrar seu calcanhar. Ele apontou o arco para baixo e me daria uma flechada à queima roupa, mas eu usei minha espada para cortar seu arco na metade, e me livrar do golpe fatal.

    Foi um golpe arrojado, que caso falhasse eu certamente não estaria aqui para contar a história, mas que, aliado a minha grande capacidade de raciocínio, funcionou perfeitamente. No desespero, Pepelu pegou uma lança que estava jogada no chão; desse jeito não estava sem defesa, e, com muita sorte, ainda poderia me atacar.

    Parti para o ataque, e desferi vários golpes contra o paladino, que se mostrou habilidoso o suficiente para esquivá-los ou mesmo defendê-los. Quando ele tentava atacar, porém, mostrava sua fragilidade, errando os ataques por uma distância considerável. Confiante na minha superioridade eu fui desmedidamente para cima dele, não parando nem por um instante, mantendo Pepelu sobre pressão constante. Tolamente eu insisti em golpes que estavam sendo defendidos, e quando cansei dei espaço para ele enfiar sua lança na minha perna esquerda. Eu caí de joelhos e ele começou a me socar, numa jogada de mestre eu consegui sacar o escudo para fazer com que ele socasse com toda a força o metal, e quebrasse alguns ossos da mão.

    Até ali o duelo estava equilibrado. Alguns problemas, entretanto, começaram a surgir. O fogo consumia tudo ao nosso redor, e nós, que já estávamos ofegantes, éramos obrigados a respirar aquela fumaça, que tapava nossas gargantas e dificultava a respiração. Suávamos muito, também, devido ao forte calor que as chamas propiciavam, e com a perda excessiva de líquido, nosso organismo era posto à prova, fazendo-me pensar que aquele que tivesse melhor preparo físico levaria uma pequena vantagem. No caso eu deveria estar mais bem preparado, mas só podia atacar com o braço canhoto, e minha perna esquerda estava bastante machucada, o que mantinha o equilíbrio.

    Agora mais precavido, esperei Pepelu vir ao ataque. Defendia-me dos seus golpes, esperando um vacilo na sua guarda para cravar-lhe minha espada, mas enquanto esse momento não chegava, fui recuando. Quando senti que tinha recuado demais, e estava bem próximo a um grande ponto do incêndio, tive uma idéia.

    Fingindo ter cansado do esquema defensivo, troquei o escudo pela espada e resolvi atacar. Errei alguns golpes de propósito e recuei ainda mais. Foi aí que eu, calculadamente, baixei a guarda e deixei um bom espaço para sofrer um golpe.

    Como planejei, Pepelu tentou me perfurar com sua lança, mas então eu mostrei que não havia vacilado um segundo sequer, e agarrei sua arma, evitando tocar a parte de metal. No susto ele nem sequer pensou em largar seu único artifício de ataque, e continuou segurando firme o seu cabo. Aproveitando-me disso, concentrei todas as minhas forças para girá-lo junto com a lança, e ele acabou sendo jogado para trás de mim; no fogo.

    Naquele momento Pepelu esqueceu a batalha. Tentando apenas se livrar das chamas e respirar o ar que elas pareciam consumir, ele se jogou de qualquer maneira para fora do fogo e rolava tentando acabar com a combustão do próprio corpo. Apenas quando livre da última brasa ele pareceu lembrar que estava numa luta; tarde demais. Dei-lhe uma pancada na nuca com toda a força.

    Exausto, caí no chão e respirei bem fundo; há algum tempo queria fazer aquilo, e hoje havia sido o dia. Já havia me esquecido de Octavian quando olhei para ele, estirado no chão, não muito longe de mim, com sorte, ainda respirando. Sem muita intenção, porém, vi algo que não havia reparado anteriormente; algo brilhante que estava ao lado de sua mão direita.
    Levantei-me e andei vagarosamente até o corpo daquele que havia sido um dos motivos para meu confronto com Pepelu, esperando encontrar nada mais que um pedaço de ouro ou outro bem de valor que ele possuísse, mas não se tratava de nada daquilo.

    Tomei um susto ao ver que aquele pequeno objeto de ferro era nada menos
    que uma insígnia da guilda Red Rose.

    Uma guerra se formaria devido aos acontecimentos daquele dia.

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