As chamas cobriam tudo. Não havia pedra sobre pedra na devastada cidade de Thais. Arieswar estava coberto de sangue e, com alguns dos seus membros decepados, não conseguia pôr-se em pé, e agonizava. No topo de uma imensa pilha de ossos carbonizados, homens deformados postavam um trono no qual se sentava o mais aterrorizante dos humanos. O Reino de Ferumbras havia começado.Aí está. Espero que gostem do capítulo. Houve uma mudança no tempo, e um ano se passou. Espero que entendam que essa mudança é estritamente necessária para a história. Olhem a forma que separei alguns parágrafos: os que se ligavam diretamente deixei sem espaço, os que apresentam pausas consideráveis eu apertei o botãozinho ENTER. Capítulo narrado por Pepelu.
Capítulo 12 - Soberania de Banor.
- Foi só um sonho ruim. – dizia Kala, me acalmando.
Eu coloquei-me numa posição mais ereta na cama, enquanto ela passava um pano molhado em meu rosto.
- Fique calmo. Não quer acordar Eurídice, quer?
- Não, não quero... – eu começava a voltar para a consciência, apesar de algumas imagens ainda atormentarem minha mente – Me ajude a levantar, por favor.
Kala levou-me até a banheira, e devido a minha iminente fraqueza, ajudou a banhar-me. Sentia-me revigorado por dentro a cada vez que a água escorria em meu rosto.
Não sabia ao certo o porquê de ter sonhado com Arieswar. Há um ano ele abandonou a cidade e poucas vezes retornou, mas sempre de passagem. Com a certeza de que ele não me denunciaria, Thais foi me atraindo com o que tinha para oferecer.
Conheci Kala, a mais linda e carinhosa pessoa que Banor criou. Em pouco tempo havia me entregado totalmente aos seus dotes, e uni-me a ela para criarmos nossa família. Há pouco ela tinha dado luz àquela que seria a mais amada filha que alguém já teve; minha doce Eurídice.
Eu não tinha como reclamar da vida naqueles tempos, e posso afirmar que aquele ano sem Arieswar, Ferumbras ou prisões foi um dos mais felizes da minha vida. Tinha tempo de sobra para curtir minha filha; não precisava me preocupar com dinheiro, pois minha querida Kala e eu havíamos investido num seguro negócio que o pai dela deixara, e o Rei me dispensara de missões de grande risco por uns tempos. De fato, a única coisa que me deixava com um pé atrás eram os recentes pesadelos que envolviam Arieswar.
A nova guilda do cavaleiro, a Valheru, também não era motivo de sorrisos, porém não me deixava realmente preocupado, uma vez que eles não deveriam saber de nada.
Eu sempre soube que aquela vida mansa não duraria para sempre, mas não desconfiava que as coisas aconteceriam de forma tão avassaladora.
Primeiro tivemos a grande convocação do Rei, que chamava todos os habitantes para fazer uma importantíssima declaração. O que anunciaria, porém, ele não disse. Não diferente do previsto, a convocação virou o principal assunto por todos os cantos da cidade:
- Não creio que ele tenha encontrado Ferumbras. – falou Bulok, meu velho amigo, numa conversa no Bar do Frodo – E nem creio que Arieswar o achou.
- Faz tempo que ele não passa por aqui – disse Bürgy, descansando o copo de rum -, não acham que ele poderia ter morrido, não é?
- Não. – falei com uma firmeza na qual eu mesmo me surpreendi – Aquele ali não morre assim tão fácil.
- Seria uma grande alegria, porém, se o Rei anunciasse a morte daquele prepotente – falou Sara Lionheart, servindo-se de uma grande taça de vinho.
- Eu não vejo motivo para odiá-lo. – interviu Kala, minha esposa – Não que ele não tenha destratado o Pepelu há um tempo atrás, mas soube parar na hora certa, segundo me contam.
Eu dei-lhe um beijo e olhei fundo em seus olhos:
- Não o odeio. Eu o evito.
- Até por que – falou Bulok, animado –, ele levaria uma surra feia do seu querido paladino, Kala...
Eu apenas acompanhei algumas risadas. Se algum dia eu tivesse brigado para valer com Arieswar, talvez eu não estivesse mais aqui hoje.
Algumas luas depois, o dia da convocação chegara, e finalmente veríamos o que o Rei tinha de tão importante a dizer. Deixei Eurídice na casa de Bulok, onde ficaria sob os cuidados da irmã mais nova do meu amigo.
Ao chegar à mesma praça na qual, um ano antes, Ferumbras apareceu e deixou seu grande rastro de destruição, eu não pude deixar de sentir certa ansiedade. Da mesmíssima janela na qual ele saudou seu povo momentos antes da aparição do monstro, saiu a imponente figura do Rei Tibianus.
- Povo da nobre cidade de Thais – começou ele -, venho até vocês para comunicar-lhes o mais novo projeto da Corte. E não falo de nada que não seja, no mínimo, grandioso.
“Nas últimas missões de exploração, nossos homens fizeram uma fantástica descoberta! As terras após os limites das planícies de Havoc, que se esperavam ser formadas por depressões e agudos declives, na realidade estão cobertas por um grande pântano.”
- Ele chamou nos chamou para falar isso? – perguntou Bürgy sussurrando – Pra dizer que há um pântano ali?!
- Tenho certeza de que não se trata só disso. – falou Bulok firme.
- A região – prossegui o Rei Tibianus – é de um valor político estupendo, uma vez que abrange vários rios e uma grande costa oceânica, o que significa uma saída direta para o lado Leste do nosso continente!
Naquele momento, houve um breve silêncio, que fora quebrado por infinitos murmúrios. “O continente já tem uma rota Leste-Oeste totalmente explorada”, eu pensava, tentando imaginar a grandeza daquela notícia.
- E como muitos já previam – anunciou Tibianus, entusiasmado -, grandes ilhas podem ser avistadas a olho nu. Fora que as terras prosseguem tanto para Norte quanto para Sul até serem perdidas de vista. Apesar de ser uma notícia de imensa magnitude, essa descoberta ainda não é o grandioso anúncio que gostaria de realizar. O projeto da Corte não é nada menos que revolucionário.
Eu olhei firme nos olhos de Bulok. Eu já tinha um palpite do que seria; e, pelo visto, ele também.
- Com o poder a mim concebido, eu anuncio o projeto Venore; a criação de uma metrópole da importância de Thais na região.
Não houve silêncio daquela vez; todos falavam alto e ao mesmo tempo.
Aquele era, sem dúvida, o maior desejo do povo na época; uma nova cidade.
Thais, por mais grandiosa que fosse não dava conta de manter toda a população, que por vezes migrava para pequenos vilarejos, como o da Costa Verde, que iam crescendo rapidamente sem infra-estrutura ou ajuda do Governo. Uma nova metrópole era algo que há muito tempo se exigia do Rei, e esse finalmente parecia atender tão trabalhoso desejo.
- Não pensem, porém, que essa será uma tarefa fácil. – alertou o Rei Tibianus – Centenas de homens serão empregadas, e os impostos, infelizmente, terão que ser aumentados. Todavia, num ponto que virá a ser de localização estratégica para o comércio, a construção de uma nova metrópole só trará benefícios a grande maioria da população. Milhares de novas portas se abrirão, e um leque de grandes oportunidades será oferecido a cada um.
O povo inflava com cada palavra do seu sábio líder. O Rei Tibianus sabia como conquistar as massas populares para o seu lado.
- Porém devo avisá-los que uma cidade não se constrói apenas de pedra sobre pedra. É preciso que ela seja construída com coração! Ela deve ter a alma de cada um de nós, para que Banor a abençoe! É preciso que ela seja de uma imponência extraordinária, para mostrar o poder de Uman, e afastar de nós todos os espíritos malignos! Venore, como se chamará, é uma cidade que representará, devido aos tempos difíceis em que vivemos, o poder e a soberania dos seguidores de Banor, tanto para nós mesmos quanto para as gerações que virão! E NÃO HAVERÁ CRIATURA DO INFERNO QUE NOS TIRE ESSE DIREITO!
Faltam-me palavras para descrever aquele momento. O Rei foi simplesmente ovacionado pela multidão. Eu, junto com meus amigos, aplaudia-o freneticamente; e não conseguia ver ninguém que não fizesse o mesmo. A reação foi uniforme, e a massa de pessoas ali presente unia-se em uma só forma de vida.
Mal sabia eu que havia cometido dois grandes erros em um curtíssimo período de tempo: achar que sonhos são apenas sonhos, e que políticos são inteiramente confiáveis.
··Hail the prince of Saiyans··
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