Segundo dados mais recentes disponíveis, o Brasil possui 1.372.866 advogados, 931.838 engenheiros, 545.000 médicos e 11 milhões de funcionários públicos, o que representa pouco mais de 6% da população do país ou cerca de 14% dos trabalhadores.
Em termos de OCDE, o Brasil possui uma densidade de 2,56 médicos por 1000 habitantes. Para efeito de comparação, países desenvolvidos tem densidade maior: Nova Zelândia (3,4), Irlanda (3,3), Israel (3,3), Finlândia (3,2), França (3,2), Bélgica (3,2) e Reino Unido (3). Em termos de Engenharia e correlatos, o Brasil está entre os países com menor porcentual de graduados nas áreas de STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática). O fato de muitos estarem desempregados deve-se a um longo processo de décadas de desindustrialização e atraso científico do país, não pela quantidade ser alta em termos gerais.
O número de advogados é indiscutivelmente alto, muito culpa de uma questão cultural e histórica de status, pela permissividade do MEC com cursos do tipo e da própria OAB. Sobre funcionários públicos, a análise depende da métrica. Se for por custo, o número de funcionários públicos é alto. Se for apenas por cargos, o número está abaixo da média da OCDE.
Ou seja, dizer que o problema do Brasil é a quantidade de engenheiros, advogados, médicos e funcionários públicos não é um diagnóstico consistente. Inclusive, extremamente simplista e superficial, digno dos nosso melhores políticos.
No mais, não acho que o argumento do Jesuíno foi esse. O argumento dele gira em torno de uma ideia de "entorpecimento das massas pela alienação", seja ela advinda do entretenimento, da religião ou até mesmo da política. É um argumento antigo mas que, na minha visão, falha a partir do momento em que ignora alguns fatores, como questões históricas e estruturais. Sem falar da exagerada simplificação, que não leva em conta coisas que hoje sabemos serem básicas. Um exemplo disso é o fato de termos evidências claras do impacto negativo da má-nutrição ou da insegurança alimentar no desenvolvimento da cognição de seres humanos. As pessoas serem "mais burras" no Brasil não se deve apenas ao fato de consumirem conteúdo ruim e alienante. Inclusive, esse consumo pode, também, ser uma consequência de um déficit cognitivo. Uma pessoa que não se alimenta bem na infância se desenvolve pouco do ponto de vista cognitivo, o que diminui nela a capacidade de planejamento, análise de riscos e tomada de decisões. Existem até estudos que mostram que diversos conflitos históricos foram precedidos por grandes eventos de fome e/ou insegurança alimentar.
Além disso, acredito que o entorpecimento pela alienação no Brasil é MUITO mais problemático entre as nossas elites econômicas e intelectuais. Elu/delu, negacionismo, identitarismo e conservadorismo cultural são comportamento/ideologias de elite e hoje constituem parte da alienação ideológica e cultural da classe média brasileira. A elite brasileira lê pouco, interpreta mal, tem pouca bagagem cultural e consome produtos de cultura ou extremamente superficiais e enlatados importados dos EUA ou extremamente parciais e ideológicos. Em geral, um país se define muito mais pelo comportamento e instrução de sua elite econômica e intelectual do que pela sua população pobre e miserável. Não atoa, a maior parte entretenimento entendido como "lixo cultural" que consumimos vem dos EUA ou da Europa. Bem como a maior parte do conteúdo de alta cultura, tecnológico ou de alto nível de exigência intelectual. O país que criou o formato Big Brother (Holanda) e os países em que o formato é mais popular (Itália e Portugal) são potências em Educação e Cultura.
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