
Postado originalmente por
Pearl
Cancelar um semestre não é a mesma coisa que suspender aula por 6 meses. Dependendo de como a faculdade se planeja, tem muita dor-de-cabeça além de "remarcar as férias".
Falando da minha experiência pessoal: na minha faculdade, diversos cursos têm o 1º período das turmas do turno da manhã começando no 1º semestre do ano, e o das turmas da noite começando no 2º semestre do ano. O planejamento no início do ano já é feito em cima disso. Não é fácil ter recurso (laboratório, professor, sala, etc.) pra receber o pessoal dos 2 turnos ao mesmo tempo. Principalmente se for disciplina de 1º ano, cujas turmas sempre são lotadas.
Recentemente pra consertar o calendário aqui tiveram que fazer 2 períodos em concomitância. Anteciparam o início de todos os calouros do semestre seguinte. E as turmas de 1º período foram um caos. Tinha disciplina obrigatória sem nenhuma turma aberta, disciplina com turma com mais de 100 alunos e por aí vai. E o reflexo disso ficou, 3 semestres depois ainda tava rolando concurso pra professor substituto pra cobrir turma de disciplinas obrigatórias.
É muito mais "simples" encaixar o que falta com um calendário novo nas coxas, com o mínimo de aula necessário pra terminar o que já começou, do que fazer um semestre do zero, tomando o tempo pra formar turmas novas, estágios internos, monitoria, colação de grau e todas essas coisas.
Isso, administrativamente é uma questão complicada. Se a escolha for rodar dois semestres ao mesmo tempo, aqui no meu instituto, por exemplo, não temos recursos suficientes (professores, laboratórios e salas) para cobrir as horas-aula necessárias. Se a escolha for adiar ou cancelar o próximo ingresso de alunos, o instituto perde as verbas federais que, por lei, são calculadas por aluno matriculado.
A tendência, até o momento, são as aulas presenciais retornarem em junho (mesmo sem a respostas das questões que coloquei) e o semestre ser estendido pelo o mínimo legal necessário, com cada instituição adicionando ou não as aulas que foram não-presenciais. Aí o calendário letivo é deslocado, terminando o ano mais ou menos em fevereiro 2021, aos trancos e barrancos.
A não ser que o MEC organize legalmente o processo, algo que, com esse ministro atual, infelizmente não vai acontecer.