Caros e dignos amigos, boa tarde.
Como alguns de vocês já notaram, Jason Walker e os Poços do Inferno findou, mais uma vez impulsionando o próximo conto da saga. Decidi trazê-lo já, porque tenho escrito freneticamente e temo que acabe por finalizar o conto antes mesmo de começar a postá-lo.
Assim, aos meus fiéis leitores, requeiro a companhia de vocês, uma vez mais. Àqueles que acompanham mas não postam, espero que possa satisfazê-los, mesmo que os novos capítulos ainda não tragam as vossas postagens. E àqueles que não acompanham, nem postam... deem uma chance.
EDITADO: Atenção! Todos os tomos de Jason Walker encontram-se registrados e, por consequência, protegidos por direitos autorais, na forma da Lei n. 9.610/1998, anexos e alterações. A reprodução, contudo, não é proibida; basta que sejam indicados os créditos caso a história seja replicada em outro lugar.
Moving forward, fellows. Espero não ser responsável por nenhum anticlímax.
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Data: 22/09/2017
Atualização: Postados o Capítulo 17 (Nêmesis) e o Epílogo
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Postado originalmente por Índice
Prólogo (neste post)
Capítulo 1 - Ao Infinito, e Além (neste post)
Capítulo 2 - A Mais Nefasta das Técnicas
Capítulo 3 - A Relíquia do Tempo
Capítulo 4 - O Segredo do Sábio Salazar
Capítulo 5 - Ponto de Impacto
Capítulo 6 - O Arqueiro de Crunor
Capítulo 7 - Os Combatentes do Senhor
Capítulo 8 - Face a Face
Capítulo 9 - Perto, longe ou depois
Capítulo 10 - A barricada de Goroma
Capítulo 11 - Epifania
Capítulo 12 - Reassegurar John
Capítulo 13 - A Primeira e Última
Capítulo 14 - Intervenção
Capítulo 15 - Até os Confins da Terra
Capítulo 16 - Purgatório
Capítulo 17 - Aleister Crowley
Capítulo 18 - Nêmesis
EpílogoSpoiler: Prólogo
— Depressa, Jason – gritou Leonard.
O arqueiro subia a montanha muito rapidamente, explosões ecoando lá embaixo e projéteis sendo disparados a esmo. Nas profundezas, algo parecia emergir com muita velocidade, como se estivesse sendo contido por finas paredes de isopor e gesso.
Jason virou-se totalmente e acertou uma estocada firme no estômago do oponente mais próximo, fazendo-o rolar pela trilha. Mais à frente, Heloise abria caminho na marra, com os outros dando-lhe suporte. Se não se apressassem, a passagem iria fechar.
Finalmente, todos chegaram ao topo da montanha, cansados mas inteiros. Os inimigos iam se acumulando na trilha, sendo abatidos somente em número necessário. Logo, não conseguiriam mais passar por ali.
Adiante, um imenso painel dourado refletia suas luzes no céu sem estrelas. Parecia ser o primeiro sinal de vida que passava por aquelas terras devastadas em muitos anos.
O portal.
Jason estava prestes a atravessá-lo com os demais quando ele surgiu.
Alto, forte, imponente, usando um impecável smoking com uma gravata borboleta e segurando uma imensa espada de ferro estígio.
Ele fez um gesto vago no ar e o painel desapareceu, assim como os demais companheiros de Jason, que já haviam atravessado o portal.
— Chegou tarde demais – disse, sorrindo de canto.
Jason sacou a Espada.
— Em alguma medida, algo terá valido a pena.
Spoiler: Capítulo 1 - Ao Infinito, e Além
Jason estava sentado em uma cadeira rudimentar, caprichosamente feita a mão com troncos de árvore e palha. Os dois cidadãos diante dele eram a combinação mais incomum que ele podia imaginar.
Enquanto o louro de olhos azuis empurrava uma caneca de chá nas mãos de Jason e o enrolava em um cobertor puído, a garota ruiva o encarava com altivez. Parecia ligeiramente arrogante, para não falar na perspicácia dos olhos. Ele sabia que estava sendo avaliado, e manter a serenidade nessas situações era a melhor forma de ser aprovado.
— Sou Ryan, e esta é Rosa – disse o louro. Jason não conseguia se livrar da sensação de que conhecia a voz dele.
O cavaleiro olhou em volta; embora a cabana fosse muito apertada, o acabamento era de primeira.
— O que houve aqui? Como chego a Carlin?
Ryan riu, sem humor.
— Esta é Carlin, homem. Ou o que sobrou dela. Em que mundo você vive?
Pela segunda vez no dia, Jason sentiu a cabeça se anuviar. Sua pulsação se acelerou por um instante e lhe faltou ar no pulmão; por um momento, ele pareceu prestes a desmaiar, sentindo a cabeça girar e uma estranha dormência nas pontas dos dedos das mãos e dos pés e na superfície do rosto.
Ryan e Rosa o encaravam com certa preocupação, mas o homem pareceu entender que Jason estava ligeiramente perdido e decidiu explicar tudo desde o começo.
— Como é seu nome?
— Jason Walker – o garoto, já em recuperação, achou que ser sincero era a melhor saída.
Rosa levantou a cabeça e Jason não deixou de registrar o olhar que os dois trocaram.
— Há 150 anos, alguém fez algo que… não deveria – disse Ryan, de testa franzida, os olhos em Jason. – As lendas dizem que um espadachim entrou nos Poços do Inferno em Venore e realizou os trabalhos finais. Lúcifer saiu livre.
Jason desviou o olhar, constrangido. Por algum motivo, fora parar no futuro.
— Quando ele escapou, trouxe sua horda consigo. Aqui é exatamente onde ficava Carlin. Como você pode ver, não sobrou muita coisa – Ryan sorriu amarelo. – Seus soldados mataram todos que se opuseram, mas uma boa parte dos homens se juntou a eles e acabou se transformando naquela coisa de olhos vermelhos. Não demorou para que ele tivesse suficientes devotos para matar e morrer por ele. Nós, os Terrenos, mantivemo-nos neutros.
— Terrenos?
Rosa abriu a boca para falar, mas se deteve no meio do caminho. Jason relanceou um olhar para ela. Curioso.
— Os Terrenos são todos aqueles que não se colocaram nem de um lado e nem do outro – continuou Ryan. – Walker é o seu sobrenome?
Jason assentiu, tomando seu chá.
— A vida dos Terrenos foi poupada, mas não nos restaram muitos motivos para viver, no final das contas. Durante o dia, faz frio. Durante a noite, faz um frio acima do suportável. A magia de alguns anciãos evita que morramos de hipotermia, mas não temos muito o que fazer. A alimentação é escassa, já que os soldados do Anjo Caído destruíram tudo.
O espadachim fechou os olhos por um tempo.
— O que houve com Zathroth?
— Por Crunor, estou começando a achar que você tem cem anos – Ryan riu, divertindo-se. – Zathroth foi destruído no primeiro ano. Tentou negociar, mas o Anjo Caído entendeu que somente um rei pode ter uma coroa e não deve compartilhá-la. Apocalypse, a traidora, é, hoje, a segunda na cadeia de comando. Dizem que matou o pai pessoalmente. Vagabunda.
Por um longo momento, ninguém disse mais nada. Jason bebeu seu chá devagar; não tinha gosto de nada, mas, a julgar pela situação que era descrita por aquele garoto da voz familiar, ninguém tinha muitos motivos para reclamar da comida.
— Disse que seu sobrenome é Walker? – Ryan perguntou novamente.
Jason olhou para ele como quem questionasse “qual seu interesse no assunto?”.
— Você tem o nome do meu tataravô – disse, finalmente. – Rosa é minha irmã.
— Tenho o nome de quem?
Rosa revirou os olhos. Era impaciente.
— Meu tataravô, Jason Walker, morreu 20 anos após a ascensão de Lúcifer, num combate em Edron, mas nesse meio tempo matou muitos filhos da puta. Conseguiu lutar com o auxílio de dois arqueiros por um bom tempo, somente os três, cara. Sensacional. Leonard Saint, seu melhor amigo, e Melany Walker, sua esposa. Depois, veio meu bisavô, John Prince Walker, que morreu de um ataque do coração, aos 40 anos. Dá para acreditar?
Jason lutou bravamente para esconder a surpresa, para não falar na emoção. O mundo estava absolutamente destruído; acabara de descobrir que morrera 130 anos atrás, e que deixara descendentes. Mais do que isso, aquele jovem e sua irmã, Ryan e Rosa, eram seus descendentes vivos.
— Minha avó foi Cecília Walker – continuou Ryan, atento a cada movimento que Jason fazia. – Morreu aos 50 anos em Laguna. Os soldados do Anjo Caído a torturaram por quase 40 dias, antes que seu corpo não suportasse mais, mas ela não entregou a localização do Quartel General da Resistência. Mulher de fibra.
A cabeça do cavaleiro girava lentamente e tentava pegar no tranco para assimilar o tanto de informação que estava recebendo. Muitas coisas pareciam totalmente desconexas, mas ele não dissera nada. Decidira manter a identidade em segredo. Ou, ao menos, parte dela.
— Meu pai foi Edward Walker – ia finalizando Ryan. – Morreu há cinco anos em uma emboscada onde deveria ser Ab’Dendriel. Os elfos lutaram muito bravamente, cara, devo ser justo. Nunca gostei muito deles, mas ver sua cidade em chamas e totalmente destruída ativou alguma coisa interessante naqueles malucos. Combateram o bom combate. Morreram todos – ele refletiu por um instante.
Naquela altura, Jason já não sabia mais o que pensar ou o que perguntar. Refletiu sobre se deveria abrir o jogo com os dois, mas, ao mesmo tempo, sua mente lhe dizia que talvez não fosse uma boa ideia. Rosa parecia intolerante e ele sabia que Ryan escondia o jogo; era um garoto muito inteligente, embora não demonstrasse.
Durante todo aquele tempo, o espadachim não deixou de se perguntar sobre por onde andavam Heloise, Leonard, Melany e Svan. Teriam voltado? Teriam sido mortos pouco tempo depois? Estaria ele sozinho, espremido no espaço-tempo como se fosse uma partícula sem ter exatamente onde estar?
— Existe algo de moderno neste novo mundo?
Ryan e Rosa trocaram outro olhar.
— Depende do que você quer.
*
Sentado no chão frio, Leonard se perguntou por que tinham permitido que ele se mantivesse com seu arco e com suas flechas. As celas ao lado estavam preenchidas por Heloise, Svan e Melany, cada qual em uma delas, cada um imerso nos próprios pensamentos. Jason não estava em local algum à vista.
Pouco tempo depois, eles ouviram o ressoar de passos no corredor. Não demorou para que uma mulher aparecesse, escoltada por dois guardas que mais pareciam brutamontes completos.
Leonard soltou um muxoxo de impaciência. Conhecia muito bem aquele rosto.
— Apocalypse – disse, entre os dentes.
Ela arqueou as sobrancelhas, sem sorrir. Seus olhos estavam mais vermelhos do que nunca, e ela parecia homicida como sempre. Era esguia e muito bonita, tinha seios fartos e bumbum arrebitado. Cabelos muito vermelhos, muito mais do que os de Melany, ou de qualquer outra pessoa que tivessem conhecido.
Em uma situação normal, seria uma mulher muito atraente. Em uma situação normal.
— Você e você – ela apontou para Svan e Heloise, de testa franzida. – Eu os matei logo na primeira semana. Vocês dois – ela indicou Leonard e Melany. – Levamos outros 20 anos. O que fazem aqui?
Leonard olhou para Melany e murmurou “biruta”, fazendo uma careta engraçada.
— Estamos tão confusos quanto você, milady.
Ela estreitou os olhos.
— Jason Walker também voltou?
Leonard respondeu com uma careta, como quem dissesse “voltou de onde?”. Apocalypse sabia o quão obtuso era aquele arqueiro, mas também sabia que era muito poderoso. Dificilmente estava mentindo.
Ela tomou uma decisão e apontou para Melany.
— Tirem a garota. Precisamos de um interrogatório mais eficaz.
No instante em que a cela se abriu, Leonard sacou flecha atrás de flecha e disparou febrilmente, tentando acertar os dois guardas e Apocalypse por entre as barras. Curiosamente, as flechas paravam no meio do caminho e caíam no chão, como se tivessem simplesmente sido capturadas no ar e soltas.
Nenhum deles conseguiu impedir que os dois soldados pegassem Melany pelos braços e a arrastassem para fora da cela de qualquer jeito, totalmente surdos aos seus protestos e aos dos outros, e sinceramente fortes demais para ligarem para os chutes que ela dava em suas pernas e em seus quadris, e onde mais conseguisse acertar.
Não demorou para que os três, soldados e Melany, deixassem o corredor, ficando para trás somente Apocalypse.
— Poupe suas flechas e seus esforços.
— Por favor, não a machuque – o pedido de Leonard era genuíno. Ele estava em pânico. – Não sabemos de nada, simplesmente viemos parar aqui quando tocamos o portal do seu trono.
Apocalypse aproximou-se devagar da cela e perfurou os olhos de Leonard.
— Mentiroso.
O arqueiro sacudiu as barras, frustrado.
— Vejamos o que a pequena amazona tem a dizer – ela foi deixando o corredor, devagar. – Enquanto isso, vocês podem refletir sobre se têm o desejo de cooperar ou não.
Leonard deixou-se escorregar pela parede fria de pedra, as mãos no rosto. Torturariam Melany até a morte, estavam certos disso, e não havia nada que pudessem fazer para impedir. Nem mesmo fornecer informações, porque não as tinham.
Apocalypse parecia absolutamente certa de que algo estava fora do lugar, isso era óbvio para todos. Algo acontecera; ela mencionara que os matara muitos anos antes, o que provavelmente significava que foram catapultados para o futuro. Como, não sabiam dizer.
Mas as explicações ficariam para depois. A mente de Leonard trabalhava violentamente com diversas ideias, uma pior do que a outra, para que saíssem dali, enfrentassem, com armas parcas, um batalhão de demônios e simpatizantes, e salvassem Melany de um doloroso e obscuro futuro.
Heloise e Svan estavam cada qual pendurados em sua cela, olhando desalentados para a porta no fim do corredor, por onde Apocalypse desaparecera instantes antes.
Tinham sido arrastados para aquela prisão, num forte muito bem resguardado, tão logo deixaram o trono do demônio de Zathroth, ou ex-demônio de Zathroth. Agora, magicamente presos, não sabiam o que fazer para melhorar aquele quadro.
Se, ao menos, Jason estivesse aqui, lamentou-se Leonard. Ele sempre encontra uma saída. Encontraria neste caso, também.
O arqueiro colocou-se de pé, num rompante de fúria, e começou a tomar impulso e chutar as barras das celas de qualquer jeito, obviamente sem qualquer resultado.
Sem favor nenhum, os amigos estavam, agora, diante da pior crise que já haviam enfrentado, desde o começo.
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