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Tópico: O Eclipse de Fafnar

  1. #11
    Avatar de Canibal Vegetariano
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    CAPÍTULO 3

    Arstan sonhava com sua filha. Uma tarde de primavera na praça central de Thais. O sol raiava e a brisa era leve e fresca, as borboletas voavam e a felicidade estava estampada no rosto dele e de sua pequena filhinha. Foi então que sentiu a dor.
    Acordou suado e com os berros de Cavalo. Apoiou o braço direito no chão e forçou para se levantar. A dor veio novamente.

    Foi quando percebeu que não estava mais nas ruínas onde havia se deitado aquela noite, e sim abaixo dela. Dessa vez usou o braço esquerdo para se levantar.
    Olhou ao redor e tudo que via era poeira, pedras e o outro cavalo, Pingo, morto, com seu pescoço quebrado e parte do corpo soterrado. Cavalo ainda berrava, estava sufocando e prestes a ter o mesmo destino de Pingo.

    As estrelas iluminavam o céu e o eclipse ainda perdurava. É tudo culpa dele, pensou Arstan. Mas teria que salvar o cavalo e descobrir o que aconteceu.

    Cavalo estava a dois metros acima do chão, seu pescoço estava atado a uma das vigas da antiga construção, um angustiante enforcamento aquele. Arstan desembainhou sua espada e tentou alcançar a corda que prendia o animal. A dor voltou novamente.

    Foi quando percebeu que havia fraturado o seu braço da espada, como, ele não sabia.

    Os berros pararam, o animal sucumbiu à dor e se entregou à morte.

    Dois cavalos mortos, preso em um deserto, meu braço está quebrado, e esse maldito eclipse lá em cima, merda, merda, merda!

    Foi então que viu a sua mochila ao seu lado. Abriu-a e retirou a corda que sempre carregava consigo, procurou alguma coisa pesada para amarrá-la, nada encontrado.

    Improviso, um verdadeiro sobrevivente sabe improvisar.

    Puxou o punhal que trazia preso à cintura e se dirigiu ao primeiro cavalo morto, enfiou a lâmina em uma das patas traseiras, um jato de sangue tingiu seu casaco de um vermelho brilhante.

    O frio era angustiante, e ali embaixo era pior. Seus dedos congelavam mexendo na carne do animal. Eis que o trabalho de açougueiro se concluiu, uma perna cortada abaixo do joelho amarrada a uma das extremidades da corda, a partir dali ele teria que contar com a sorte e sua boa mira.

    Jogou uma vez, duas, três, todas elas sem resultado, na quarta a perna ficou presa entre duas vigas, um alívio percorreu o corpo de Arstan.

    Agarrou a corda e tentou subir, pés apoiados na parede de terra e o seu braço esquerdo forçando seu corpo para cima, porém foi em vão, para fazer isso ele iria precisar de ambos os braços.

    Um bom pedaço de corda desperdiçado.

    Arstan olhou ao seu redor, procurando alguma possibilidade de sair dali, algo que o ajudasse a escapar, mas nada parecia ajudar. Começou a andar entre os escombros, pensando em como aquilo teria acontecido, todas as entradas para os calabouços do deserto haviam sido seladas há cerca de cinqüenta anos, teriam mentido todo esse tempo, ou esse fora apenas um acidente?

    Estava escuro ali embaixo, e ele não conseguia ver, o lugar onde ele estava preso tinha uma formação mais ou menos retangular, porém ele não sabia disso, então percorreu toda a sala tateando as laterais.

    — Terra, terra, terra, vermes, terra, madeira, terra. Madeira?

    Tateou novamente, parecia haver uma porta ali, ou algo que lembrava uma porta, ele gostaria de ver o que era de fato, mas não conseguia.

    Se eu tivesse uma tocha.

    Uma tocha, era isso o ele necessitava, era isso o que poderia salvar sua vida agora. Na sua mochila tinha um frasco com óleo e algumas pedras para acender o fogo, se ele encontrasse algum suporte... Pingo!

    O cavalo seria útil novamente. Com seu punhal direcionou-se novamente para o animal, dessa vez para a outra pata traseira, cortou no mesmo lugar, removeu carne e músculo, em suas mãos estava o metatarso do animal ensopado em sangue.

    A dor veio novamente. Até agora Arstan ainda não parara para pensar no seu braço quebrado. Deve ter acontecido durante a queda, devo ter caído sobre ele, ou algo tê-lo esmagado, pensou Arstan. Porém aquilo doía e o fazia suar, a dor estava iniciando uma febre no pobre homem.

    Devo persistir, um verdadeiro sobrevivente sabe improvisar.

    Prosseguiu com o trabalho com o osso, rasgou uma tira de seu casado, banhou-o em óleo e enrolou-o em volta da extremidade superior do osso. O metatarso do animal não era do tamanho que esperava, mas era o que tinha por hora. Recolheu as duas pedras que trazia na mochila. A tarefa de acender já era difícil, fazê-la só com uma mão piorava toda a situação. Arstan pensou e refletiu, pousou a tocha improvisada e uma das pedras que trouxe consigo sobre uma das vigas das ruínas que caíra junto com ele, apoiou a pedra com os pés e começou a golpeá-la com a outra pedra em suas mãos. Golpe seguido de golpe, persistindo assim as primeiras faíscas começaram a surgir. Mais um pouco. As sombras deram lugar à luz, uma chama amarela crepitava na ponta do osso, calor e luz, era isso que Arstan precisava.

    Empunhou a tocha e foi em direção ao lugar onde sentira a madeira e viu aquilo que deveria ser o bloqueio feito naquela entrada para o calabouço, uma simples lasca de madeira tapando um estreito túnel, suas chances de sair dali aumentaram, pouco, mas aumentaram.

    Logo os animais selvagens irão aparecer, hienas e leões, o sangue desse cavalo vai atraí-los, se não sair agora, será meu fim, mas ainda preciso tratar desse braço.


    — Prometo que será a última vez, Pingo. — E enfiou o punhal novamente.

    Quando acabou limpou o osso que retirara dele e atou-o ao seu braço fraturado utilizando mais tiras do seu manto. A tíbia do animal serviu bem, agora precisava sair dali.

    Empunhou a tocha, recolheu sua mochila, catou algumas maçãs e cortou um pouco da carne do animal, aquilo iria atrair outros animais, mas não esperava que o seguissem lá embaixo.

    Removeu a lasca de madeira que bloqueava o túnel, espremeu-se lá dentro e colocou-a novamente no lugar, assim nada o perseguiria.

    O túnel era curto, não mais do que cinco metros, porém o ar ali embaixo era seco e pesado, mas também era frio, mais do que no abismo onde caíra. Mais adiante o calabouço fazia uma descida, Arstan prosseguiu em frente.

    Não havia sinal de vida ali, apenas ossos antigos soterrados nas paredes e no chão e também tinha terra, muita terra misturada com areia do deserto. O único som que se ouvia eram o crepitar da chama, a respiração do homem e seus passos.

    Logo amanhecerá, e ninguém dará falta de mim.

    A dor aumentava mesmo com o braço imobilizado, o que agravou a febre. Estava cansado, com frio e queria dormir, mas não podia, ele tinha que sair daquele lugar e prosseguir com sua missão. Começou a cambalear, seria o cansaço pesando ou a dor? Talvez ambos. Suor começou a cair de sua testa. É a febre, está frio, mas mesmo assim estou suando, é a febre, eu sei disso.

    Arstan prosseguiu durante quase uma hora, parecia que não avançava na caminhada, todos os lugares pareciam iguais. Começou a duvidar da realidade, a febre faz a pessoas delirarem.

    Seus lábios secaram e seus olhos começaram a pesar. Então tudo ficou escuro e ele caiu.
    Obrigado Carlos e Jotinha pelos comentários, podem ter certeza que estão me ajudando muito na construção dessa história.

    @CarlosLendario
    Obrigado pelo comentário, fico feliz que esteja gostando =D
    Bem, sobre o nome do grandão, o apelido dele é Ossos Fortes mesmo, eu devo ter confundido e digitado errado na hora, prometo corrigir esse erro.
    Pode ficar tranquilo quando ao realismo, prometo manerar, mas sem deixar as coisas inexplicadas, nem tão óbvias.
    O eclipse pode ter um papel importante na história ou pode ser apenas um fenômeno normal da natureza, isso só os personagens poderão dizer.
    Gostei da ideia do Nã, uma dose de bulying seria uma boa pra descontrair. xD

    @Jotinha
    Cara, seus comentários estão sendo os melhores até agora, sem desmerecer os outros, mas adoro críticas, elas causam um efeito que faz com que eu almeje melhorar cada vez mais.
    Irei refletir sobre isso que você disse sobre o deserto afetar o personagem, calor e frio podem influenciar muito uma pessoa, até as decisões feitas podem ser afetadas por isso, é uma coisa que pode ser bem explorada, valeu pela dica.
    A parte da Rainha ter enviado o filho tem uma explicação, não somente o fato dele ser gago, tem outro fator que influenciou a decisão dela.
    É, essa parte dos deuses eu alterei, de fato ambos são sóis, mas eu tive que dar uma de Galileu e analisar os astros do tibia.
    SOBRE OS ASTROS:
    Esta análise foi feita baseando-se no Gênese, aspectos in-game e um pouco de geografia.
    Sabemos que Fafnar e Suon são sóis na mitologia tibiana, e que não há nenhuma lua. Também sabemos que ambos os corpos celestes se movimentam "Seu irmão Suon a persegue na tentativa de puní-la. Ela cruza os céus todos os dias fugindo de seu irmão, esta é a razão de existir o dia e a noite em Tibia."
    No jogo o dia e a noite têm a mesma duração, porém se for analisar, com dois sóis (atrasados um do outro) o dia seria mais longo que a noite (se a distância entre um e o outro for de 12horas ou 180º, o dia seria eterno).
    Também sabemos que existem estações do ano no jogo (que podem ser vistas nos mais diferentes eventos, o "Spring into Life" por exemplo, que abre a primavera.), se for parar para pensar pelo ponto de vista geografico, a possibilidade de ambos os astros estarem em movimento é excluída, por para que as estações existam, a terra (neste caso o Tibia) teria que girar em volta de um astro.
    Assim eu adotei o mesmo sistema da terra, para fazer mais sentido e se encaixar melhor na história. ou Seja, Fafnar (Sol) e Suon (Lua), com o Tibia orbitando ao redor de Fafnar.
    As pessoas no continente veriam o mesmo que descreve o gênese, um astro perseguindo o outro todos os dias, dando origem ao dia e à noite, e em casos raros ocorreria algum eclipse, que significaria que Suon conseguiu capturar Fafnar e esta a punindo.
    Ficou meio rebuscado, mas tem um pouquinho de lógica rs

    Sobre o Nã, eu acredito que ele saberia sim que é bastardo do bastardo do bastardo do antigo rei, por que é um parente conhecido das pessoas, que diferenciaria o garoto dos outros, como se fosse um mérito, por isso se vangloriaria disso. Sobre a morte dele, bem, seria tão simples assassiná-lo, deu, acaba por aí, não tem mais história. Usaria o exemplo do Walter White de Breaking Bad, ele poderia ter aceitado que o amigo dele pagasse o tratamento do cancer, mas não, ele escolheu vender metanfetamina e fazer o maior seriado já feito, as vezes o caminho menos óbvio e mais estranho acaba sendo o melhor.
    Sobre o Ossos Grandes, ele disse que é filho de um ciclope ou foi criado por orcs, uma dessas possibilidades esta correta, ambas abrem espaço para que ele seja selvagem e bárbaro, bárbaros gostam de procriar e de exaltar seu próprio pinto, isso meio que explica a atitude.

    Obrigado por acompanharem, espero que gostem dos próximos capítulos, estou tentando fazer um a cada dois dias para que vocês possam descansar um pouco e ao mesmo tempo, não atrasar o andamento da história. ^^

    obs: estou pensando em fazer cada capítulo sob a visão de um personagem, para que eu possa explorar cada um deles individualmente e explicar melhor sua interação com o ambiente e com os outros (semelhante aos livros do george martin) e para evitar uma mudança brusca do foco do capítulo, me digam o que vocês acham, usei esse capítulo 3 como exemplo.

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    Última edição por Canibal Vegetariano; 03-01-2014 às 14:55.
    Dêem uma olhada, comentem, xinguem, ou nem entrem, vocês que sabem...

  2. #12
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    Bom capítulo. Interessante a ideia de um capítulo por personagem, acho que pode dar um padrão pra história, até agora tivemos poucos capítulos e muitos personagens interessantes. Arstan, graças a este último capítulo é o que mais chama a atenção.

    Parece que o realismo que você queria colocar na história foi alcançado, simples situações que in-game seria resolvidas com um utevo lux geram bons momentos na história.

    Acompanhando...

    []'s

    Jotinha

    19:31 GM Ryrik Danubia [2]: Good bye everyone, thanks for all of the great memories :-)

  3. #13
    Avatar de Canibal Vegetariano
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    CAPÍTULO 4

    — Mexam-se! A Rainha quer tudo pronto para ontem, essas festividades não podem atrasar. — Disse a Chefa das Aias da Rainha.

    A Rainha Seline Turnivan ainda dormia, precisava estar bem descansada para aquele dia. Na cama sua barriga subia e descia, sinal da tranquilidade de seu sono. Ao seu lado estava seu filho, Richard Turnivan.

    Richard era o segundo dos três filhos d’A Rainha, o mais velho era Gareth, porém este fora enviado para a Guilda dos Mercenários poucos meses antes, e o filho mais novo se chamava Ostrey, um rapaz de cinco anos, muito parecido com o irmão Richard.
    Richard faria dezoito anos dentro de dois meses, já era um homem feito, alto e forte, deixava a barba por fazer, pois gostava de dar a impressão de ser uma pessoa desleixada, embora fosse exatamente ao contrário, Richard era perfeccionista e exigente, não desistia até que as coisas acabassem do jeito que gostaria.

    Porém naquela manhã algo perturbava seu sono, virava-se de um lado para o outro na cama e suava muito, isso vinha acontecendo com certa frequência nos últimos tempos, porém os curandeiros sempre diziam que era comum nessa idade, ansiedade, meu jovem, é somente ansiedade, diziam eles. Porém o filho da rainha sabia que não era nada do que aqueles velhos diziam.

    Richard acordou gritando, sem dúvida era um sonho, mas não sabia do que se tratava, esqueceu-se. Sua mãe acordou com o grito e pôs uma mão na testa do rapaz para acalmá-lo.

    — De novo o mesmo pesadelo?

    — Pode ser que sim, porém pode ser que não, nunca me lembro deles.

    A Rainha se levantou da cama, despiu-se do roupão de dormir e vestiu-se em uma roupa de seda alaranjada.

    — Você fica linda nessa roupa, mãe, realça o seu corpo. — Comentou Richard, também se trocando.

    — Eu sei que você adora, diz isso todas as manhãs. — Se dirigiu até um cesto de frutas em uma mesa próxima à sua cama e retirou uma maçã avermelhada. — É bom que você se apresse e saia logo daqui, logo as aias devem chegar para limparem o quarto, e não estou afim de dar desculpas pela sua estadia aqui esta noite.

    — E por que não dizemos logo a verdade? — Indagou Robert.

    — Por que eu gosto desse trono e não quero perdê-lo, e também prezo pela minha reputação de mulher santa que não fode desde que o marido morreu. Isso já faz quanto tempo? Quatro anos? — Deu uma mordida na maçã e colocou-a de volta ao cesto, estava podre.

    — Três anos e meio, para ser mais exato. E dane-se o trono, só quero o que está no meio de suas pernas. — Mal terminara de falar e uma queimação percorreu sua bochecha esquerda, mais um dos fortes tapas da rainha Seline, seus finos dedos ficaram marcados no rosto de Robert.

    — Iriam fazer pior que isso se descobrirem... quer ficar sem a cabeça?

    — Depende de qual cabeça você se refere...

    — Você e suas piadinhas, eu falo sério Robert. Já esta na hora de você ir. — A Rainha abriu a porta do quarto e indicou a saída ao filho.

    Robert se despediu com um leve abaixar de cabeça. — Com toda licença, Vossa Alteza

    Menos de cinco minutos depois as duas aias chegaram ao quarto e encontraram A Rainha escovando os cabelos.

    O quarto da Rainha Seline Turnivan era a terceira maior peça do castelo de Carlin, perdendo somente para a sala do trono e para o salão de festas. Um grande hexágono cor de rosa com uma grande cama de ébano em uma de suas extremidades. Em quatro das outras cinco extremidades se encontravam imensas janelas com arabescos floridos em suas bordas, a única sala onde era possível ver todas as terras pertencentes ao reino de Carlin.

    — As preparações para as festividades de hoje já estão prontas, senhora, a Chefa das Aias pediu que lhe avisássemos. — Disse uma das aias enquanto arrumava a cama da rainha.

    — Obrigada pelo aviso, perdi-me em meus pensamentos e quase me esqueço dessa festa. — Seline se dirigiu à janela que dava vista para o oeste — Pelo menos o propósito dela ainda está lá em cima.

    A Rainha havia decidido na noite anterior que daria uma festa para comemorar o Eclipse de Fafnar, tal evento não ocorria há milênios, segundo o que os anciãos diziam, porém o verdadeiro motivo era a popularização da Rainha Seline; recentemente haviam circulado boatos de que ela havia contratado mercenários para assassinar alguém importante, a festa acabou aparecendo no momento perfeito, pois se tornara o centro das conversações.

    — Aliás, alguma noticia daqueles mercenários que mancharam meu nome?

    — Saíram daqui há dois dias, Vossa Grandeza, um outro homem se juntou a eles e se dirigiram para oeste. — Respondeu a aia.

    — Alguma idéia de quem eles sejam?

    — Ninguém jamais os viu aqui, Senhora, acreditam que sejam homens do sul, ou das terras além do oceano. Acabamos tudo aqui, Vossa Grandeza, as festividades começarão dentro de duas horas, todos estarão ansiosos pela sua presença.

    — Esta bem, eu estarei lá.

    A Rainha permaneceu parada em frente à mesma janela, quem diabos são esses mercenários, pensava.


    As trombetas soavam anunciando a chegada da Rainha Seline Turnivan.

    O salão de festas estava lotado: embaixadores, comerciantes, cavaleiros e a nobreza inteira da cidade de Carlin estavam presentes, alguns imperadores e governadores das províncias próximas que conseguiram chegar a tempo também marcavam seu lugar no salão de festas.

    A Rainha desceu as escadas que levavam aos seus aposentos, esbanjando a sua beleza num belo vestido de cetim roxo. Apesar de já ter atingido os quarenta e cinco anos, a Rainha Seline se mantinha em ótimo estado de beleza: seios fartos, poucas rugas, nariz fino, grandes olhos e longos cabelos dourados. No seu auge a rainha fora uma das mais belas mulheres de todo o Tibia.

    — Saudações povo de Carlin, amigos e convidados. É tão gratificante ver esse aglomerado de gente para prestigiar esse acontecimento tão maravilhoso — e entediante — e belo. Desfrutem da boa comida e bebida que ofereço a vocês, tenham uma vida próspera e bela. — espero que empobreçam e venham mendigar aos meus pés, para que eu possa pisá-los.

    O sorriso d’A Rainha e suas palavras pomposas escondia todos os seus pensamentos.
    — Rainha Seline, Vossa Beleza Real, ilumine-nos com sua presença. — Gritou o embaixador de Thais de uma mesa à sua esquerda.

    A Rainha fingiu que não ouviu e voltou-se para sua direita onde seu filho Robert conversava com o Embaixador de Venore.

    — Embaixador Turmói, a que devo a honra da sua presença?

    — Rainha Seline, mais bela do que nunca. Recebi o convite da sua festa e vim o mais depressa que pude. — O Embaixador puxou uma cadeira e ofereceu o assento à Rainha.

    — E como conseguiu chegar a tempo? Magia negra?

    — Haah! Sempre bem humorada. Na verdade vim pelos mares, comprei o Cruzador há pouco tempo, dizem que ele é o maior e mais veloz navio em atividade. — Serviu-se de uma cerveja e ofereceu à Rainha e seu filho.

    — Não, obrigada. Então está nadando em dinheiro.

    — Digamos que eu sei administrar meu dinheiro e tenho bons contatos. — Esvaziou o copo em um gole.

    — Admiro homens como o senhor, Embaixador. Porém terá de me perdoar, tenho que dar atenção aos outros convidados também, falo com o senhor mais tarde.

    Mal se levantou e uma das guardas reais se aproximou e disse em seu ouvido:

    — Duas patrulhas foram enviadas atrás dos mercenários, dentro de dois dias eles estarão aprisionados ou mortos. — E se retirou tão de repente como apareceu.

    O embaixador thaiano chamou Seline novamente, dessa vez ela atendeu.

    — Senhor Embaixador, não sabia que viria. Como vai sua esposa? — aquela porca — Soube que está grávida de novo.

    — Oh, sim, Madalena acha que o bebê nasce ainda esse mês, não é uma maravilha?

    Não, não é uma maravilha.

    — Claro! Espero que ele seja forte como o pai e belo como a mãe. — pobre criança.
    Uma mulher gritou. A cabeça da Chefa da Guarda Real voou de repente em direção ao centro do salão de festas, um grupo com cerca de cinquenta piratas entrava no salão derrubando mesas e degolando os convidados, da rua vinham mais gritos, haviam mais piratas lá fora.

    — Guardas! — Gritava a Rainha.

    — Tsc, tsc, tsc. Todas mortas. — Disse um dos piratas que se aproximava dela.
    Robert, num ato heróico empunhou uma das facas que estavam distribuídas junto aos pratos para o banquete e se pôs entre sua mãe e o pirata.

    Seline tentou impedir o filho, em vão, ferro ultrapassou tecido e carne, atravessando o peito do rapaz que caiu no chão com as mãos tateando o ferimento. Um grito percorreu o salão, a Rainha Seline caiu em prantos, não acreditava no que havia acontecido. O pirata agarrou-a, A Rainha tentou se desvencilhar daquelas mãos, mas todo esforço foi em vão.

    Minutos depois o rapaz estava morto e os piratas carregavam a Rainha a bordo do Cruzador, atrás deles vinha do Embaixador Turmói.
    Os capítulos 3 e 4 acontecem no mesmo dia, o terceiro é na madrugada e no início da manhã e o quarto é no período da manhã e do meio dia/início da tarde.


    ~~ Well, acho que me esqueci de falar isso na apresentação quando criei esse tópico, para quem não me conhece, sou o Zath Elfir (perdi a senha daquela conta e criei essa .-.), participei um pouco aqui ano passado ou retrasado, nao me lembro ao certo, e até venci o segundo torneio roleplay, peço desculpa a todos por não ter dado continuidade a história que eu vinha fazendo e por ter sumido. Well, estou de volta, e dessa vez espero que seja para ficar =D
    Última edição por Canibal Vegetariano; 06-01-2014 às 15:14.
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  4. #14
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    To acompanhando a história, mas ainda só li os primeiros capítulos, por isso vou guardar meu comentário mais detalhado sobre ela quando eu alcançar você.

    Enfim, espero que continue, pelo menos os dois capítulos que eu li eu gostei bastante.
    Boa sorte.

  5. #15
    Avatar de Canibal Vegetariano
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    CAPÍTULO 5

    Alani era a mais nova das doze guardas reais que haviam deixado a cidade de Carlin naquela manhã. Duas tropas, sendo que metade das garotas de cada grupo eram inexperientes, e as restantes não eram um exemplo a ser seguido como combatentes, mas era o mais apropriado para aquela tarefa.

    — Eles são homens, e homens são preguiçosos, em breve iremos encontrá-los. — Essa frase se tornara frequente naqueles dias. A encarregada pelas tropas era a mais velha dentre todas ali, e também a mais experiente, tanto em combate quanto em perseguições. Havia começado a apresentar algumas rugas cerca de dois anos atrás, e desde então passou a odiar os homens, pois, anteriormente era alvo de inúmeros olhares, agora era evitada.

    — Como a senhora pode ter tanta certeza de que aqueles mercenários vieram por aqui? Seria mais sensato se eles tivessem contornado a montanha, entrando no território de Ab’Dendriel. Apesar de ser o caminho mais longo, é o mais seguro. — Era o terceiro ano de Alani na Guarda Real, prestou o juramento sob a espada da mesma mulher que a comandava agora. Uma garota ingênua, com pouco conhecimento do mundo e das pessoas, mas que se mostrou um belo prodígio nos treinamentos e nas estratégias de combate, sabia o que tinha que ser feito, porém tinha dificuldade em executar.

    — Sua linha de raciocínio está certa, por esse caminho existem mais daqueles imundos goblins e muitos bandidos e foragidos costumam montar acampamento por estes lados, mas se esqueceu de que estamos tratando com homens, e além disso, homens apressados, ou já se esqueceu de quão súbito eles deixaram os nossos portões? — Apesar de estar convicta da sua escolha, a encarregada daquelas tropas ainda tinha suas dúvidas, aquele terreno era inóspito e perigoso, apesar do grande número que trazia consigo, uma batalha com adversários experientes seria fatal.

    — Weolyn, com todo o respeito, mas o que a senhora diz não faz sentido! Primeiro alega que aqueles homens são preguiçosos e lentos, agora diz que estão com pressa. Eu não entendo a senhora. Devemos voltar enquanto ainda temos tempo, em duas horas de viagem e estaremos naquela rota, uma e meia se andarmos um pouco mais rápido. Temos que voltar. — Alani suplicava, algo em seu interior dizia que aquele caminho levaria ela e a todas as outras à morte, e a morte não viria das mãos daqueles que procuravam.

    A face de Weolyn, a encarregada daquelas tropas, avermelhou. A garota estava tomando a mesma atitude que a mãe, Bliza Bonecrusher, tomara na primeira missão de campo em que Weolyn participou, e aquilo não a agradava, sempre sentira inveja da coragem e da destreza de Bliza.

    — Não ouse me desafiar Alani! Não pense que ter o bravo sangue das Bonecrusher irá me intimidar e fazer com que eu faça o que você acha correto, se quer tanto ir por aquele caminho, vá, mas saiba que não pedirei que alguém vá com você.

    Alani deu meia volta e antou naquela direção, o resto das tropas parou, impressionadas e, ao mesmo tempo, admiradas com o atrevimento da garota. Acompanharam o distanciar dela com simples movimentos com a cabeça, até que Weolyn repreendeu-as, deviam seguir adiante, a missão deveria prosseguir, com ou sem Alani.

    Vinte e dois metros foi a distância que Weolyn teve que andar para perceber que estava sozinha, ninguém a seguia, e sim a Alani. Entrou em um dilema: esquecer o orgulho e voltar juntos das outras guardas, agora sob comando de Alani, ou seguir seu próprio caminho? Seguiu em frente, o orgulho falou mais alto, agora estava sozinha naquela jornada.

    O resto das tropas não se importou com a perda de Weolyn, a mulher era arrogante e estava naquela missão só para adquirir prestígio entre a guarda real.

    O caminho era belo, à direita erguia-se Femor Hill, a montanha lendária dos goblins, antigamente uma princesa viveu aprisionada na única edificação existente ali, antigamente também existia uma torre de vigia da Guarda de Carlin, mas esta fora destruída pelos goblins. À direita se encontrava uma infinidade de árvores, carvalhos, teixos e alguns pinheiros aqui e ali, uma floresta ainda intocada, mas não por muito tempo.

    Uma hora e vinte e três minutos depois entraram no caminho que Alani julgava ser o certo, haviam aumentado o ritmo para que a perda de tempo fosse menor, e aumentariam mais ainda para que fosse possível encontrá-los na manhã do dia seguinte. Ainda restavam três horas de luz naquele dia, finalmente o Eclipse de Fafnar havia se desfeito, depois de quase quatro dias, e o dia e a noite voltaram a ter a mesma duração.

    Duas horas depois três flechas vieram de dentro das árvores, todos os tiros certeiros, três guardas caídas com as gargantas abertas despejando sangue.

    — Em guarda! — Gritou Alani.

    Todas se agacharam e se colocaram em uma fila vertical com duas guardas protegendo as laterais, uma em cada lado, os escudos em frente, protegendo o corpo.

    — Saiam de onde estejam e rendam-se, a Rainha Seline exige que retornem para Carlin, aprisionados. — Quem deveria dizer isso eram eles, estão armados com arcos e nós nem sabemos onde eles estão, pensou Alani.

    — Sua Rainha poderia querer chupar o meu pau que eu não voltaria para aquela cidade! — Gritou um homem entre as árvores.

    — Vocês preferem morrer em combate, ou preferem uma morte rápida e indolor? — Outra voz, dessa vez mais grossa que a anterior.

    — Apareçam! Se tivermos de morrer, será com espada em mãos! — Gritou uma das garotas que acompanhava Alani.

    Silêncio novamente, três flechas foram disparadas novamente, dessa vez direcionadas para o escudo de Alani, que se posicionava no centro da tropa. Uma distração.

    Três homens com vestes de couro saíram da mada do lado direito, um empunhava duas cimitarras, outro um machado de duas lâminas, o terceiro era o único que utilizava escudo e trazia também uma das poucas “estrela da manhã” que ainda restavam — uma bolota de ferro maciço cravejado acorrentado a uma empunhadura de madeira —, uma das melhores armas pra combater escudos já feita.

    As guardas logo mudaram sua formação, com exceção da garota que fazia a proteção lateral direita, que não os mercenários se aproximarem e foi pega desprevenida, um rosto dividido em dois sangrava ao chão.

    Atacante e defensor ficaram posicionados um em frente ao outro durante alguns segundo, então todos avançaram, com exceção do homem com as cimitarras.

    Alani e outras duas garotas perceberam que aquele homem não avançara e deixaram os outros dois para o restante das guardas, aquele homem era o seu alvo, seu dever agora era matá-lo.

    Avançaram, as duas garotas gritando, Alani silenciosa, com escudo em frente. Antes de desferirem o primeiro ataque ao homem, cederam e caíram, ambas com cortes na altura do tornozelo, a velocidade daquele homem era impressionante. Antes que desferisse o golpe de misericórdia, Alani deu o primeiro ataque, uma estocada que facilmente foi bloqueada pelo homem. Este voltou-se para ela, com o sol atrás de si, Alani estava em desvantagem, não era boa em batalha, porém a primeira lição que aprendera fora nunca ficar de frente com o sol.

    Ouviu gritos e gemidos vindo da sua direita e esquerda, aparentemente as outras garotas não estavam tendo bons resultados em suas batalhas, sabia que aquilo era insensato, mas virou-se, viu o rosto de uma amiga ser esmagado pela clava do mercenário e sangue escorrendo pelo corpo de outras duas, estava perdida, a missão fracassara. Voltou-se para o seu oponente, mas era tarde demais, este estava na sua frente, com as duas lâminas em seu pescoço, como uma tesoura, já podia estar morta, mas algo o impediu de matá-la, e algo a impediu de matá-lo. Alani ainda estava com a espada na sua mão direita, um pequeno movimento e ela estaria na barriga do homem, mas não o fizera, e ele percebeu.

    Um joelho encontrou a barriga dela, e o outro seu rosto quando caiu, de joelhos. — Vá para a sua Rainha, informe a ela que a sua guarda é um fracasso, e também entregue esse recado a ela — O homem desferiu um soco que atingiu a testa da garota, esta desacordou no mesmo instante.

    Os outros dois mercenários se aproximaram, viram a garota no chão, com sangue escorrendo de seu rosto.

    — Essa aí era bonita pelo menos, uma pena que tenha preferido as armas, e não os bordéis. Aliás, onde você aprendeu a lutar assim?

    O homem olhou para a garota, seu rosto agora estava tomando a tonalidade de seus cabelos, um vermelho vivo e brilhante, sangue.

    — De fato era muito bela, uma pena que teve que me enfrentar em batalha, que na outra vida eu possa fodê-la, então. Quanto às minhas habilidades... só posso dizer que o que eu aprendi, mais ninguém poderá aprender, meu mestre conheceu a morte nas minhas mãos.

    Dirigiu-se até as outras duas guardas que havia cortado os calcanhares e finalmente deu o golpe de misericórdia, suas lâminas beberam o sangue, sedentas, e as vidas se esvaíram dos corpos.
    Desculpem a demora, fiquei numa grande dúvida sobre qual capítulo lançar, qual personagem seria, quais acontecimentos, porém, para que a história fizesse sentido, tive que adicionar essa nova personagem, Alani. Achei esse o capítulo mais fraco até agora, mas vai ser necessário, ao meu ver, para o seguimento da história. Realmente não sou bom em descrever batalhas, por isso peço perdão pelo clímax do capítulo ter ficado assim.

    É isso, próximo capítulo trago personagens já conhecidos e a continuidade da história, vou tentar fazer amanhã mesmo, mas sexta feita é certo dele estar aqui.




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  6. #16
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    Show cara! estou gostando muito da história... Percebi forte inspiração nas histórias de George R. R. Martin; sem receio de levar personagens à morte... estas inclusive de forma um tanto quanto violentas... kkkkk
    Ao contrário do que você disse, dentre os 5 capítulos, na minha opinião este último foi o segundo melhor, já o capítulo 3 foi o que eu mais gostei, tirando o fato do cavalo ter morrido, contrariando minhas expectativas de torna-lo um fiel companheiro de Arstan, assim como o pica-pau e o pé de pano kkkk

    mudando de assunto, pela sua assinatura você deve curtir, assim como eu, o épico King Crimson! Cara! Pra mim eles são a melhor ideia do Rock Progressivo...

    No mais, estou acompanhando

  7. #17
    Avatar de Canibal Vegetariano
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    wow, um fã de progressivo por aqui \o
    sou muito fã de king crimson, porém acho que quem mais soube usar o progressivo sem extrapolar foi o van der graaf generator, porém nada existiria se não fosse o in the court of the crimson king! vejo que curte floyd também, esse gênios são os donos da melhor banda do mundo, na minha opinião.

    que bom que curtiu esse último capítulo, achei que ia ficar massante e muito corrido, por causa da batalha que eu tentei evitar ao máximo, pois não sou bom em descrever batalhas =[
    é, e me inspiro muito nos livros do george, mas tento me inspirar mais no modo de escrita, mais detalhado, explorando o personagem mesmo, não dando ênfase só para os fatos. claro que é beeeeeeeeeeeeeeem inferior ao que ele apresenta no livro, mas comparado ao que eu escrevia antigamente, acho que evoluí muito nesse quesito.

    espero que venha aqui mais vezes =D
    Última edição por Canibal Vegetariano; 15-01-2014 às 23:56.
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  8. #18
    Avatar de Canibal Vegetariano
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    Sem horas e sem dores, com vocês o sexto capítulo:

    CAPÍTULO 6

    Aquele era o sexto dia de treinamento da Guilda dos Mercenários, o segundo que o Senhor Comandante ministrava. O dia estava quente e abafado, a respiração era seca e dificultada, o suor escorria pela testa e era ainda pior nas mãos, encharcava o punho da espada. Naquela seção de treinamento todos os alunos estavam presentes, inclusive Ossos Grandes, que havia sido liberado dos cuidados de Gaar na noite anterior.

    O Senhor Comandante travava uma batalha amistosa com espadas de madeira com Hammill enquanto os outros rapazes batalhavam entre si. — Mantenham os malditos escudos erguidos, vocês não estão querendo proteger seus joelhos, e sim seu corpo e seu rosto. E quantas vezes devo dizer para manterem o maldito sol às suas costas? Isso é o básico, e já disse na última aula, vocês são burros ou anseiam a morte mesmo? — Dizia o Senhor Comandante enquanto investia com estocadas rápidas e repetitivas, o que desequilibrou o adversário, fazendo com que este caísse recorresse à rendição.

    Removeu o excesso de suor que se acumulava na testa, ordenou que os rapazes se reunissem em silêncio e indicou a próxima tarefa: arrastar grandes blocos de pedra por todo o terreno até que suas forças se esgotassem, o Comandante dizia que aquilo iria deixá-los magros comparados aos guardas comuns, porém mais musculosos. Era a primeira vez que fariam aquele tipo de treinamento, por isso alguns recrutas ficaram espantados com a ideia.

    Cada recruta deveria arrastar cinco pedras, uma amarrada à cada braço e perna e outra, maior, amarrada ao abdome, somando, as pedras ultrapassavam os cento e dez quilos, o que dificultou para que os primeiros deslocamentos fossem dados.

    Isso vai mantê-los ocupados por um tempo, espero.

    O Senhor Comandante viu que Gaar do outro lado do campo de treinamento vindo em sua direção com uma carta, ponderou sobre esperar que o velho druida viesse até ele ou se encontrassem no meio do caminho, decidiu esperar. O velho druida se arrastava a passos lentos, não era de se espantar, a idade do homem era muito avançada, era de se espantar que ainda apresentasse alguns poucos sinais de cabelo e conseguisse andar. Depois de dois minutos de espera — que mais pareciam quinze — o druida pôs se ao lado do Senhor Comandante, não falou nada durante um curto espaço de tempo, estava observando os rapazes treinarem, por fim disse:

    — Péssimas notícias de Carlin, Senhor. — Entregou a carta, com as mãos trêmulas, não se podia especificar se era pela idade ou por pavor.

    A carta apresentava uma letra trêmula e mal desenhada, com palavras erradas e com falta de concordância, porém o contexto era bem definido e os fatos eram descritos de uma forma clara, sem embromação.

    — Quando isto chegou? E quem foi que enviou?

    — Chegou agora a pouco, meu Senhor, aparentemente é de uma mulher chamada Alani Bonecrusher.

    — Eu sei ler o que está escrito aqui, velho, quem diabos é Alani Bonecrusher? Nunca ouvi falar dessa mulher, porém esse sobrenome não me é estranho. — A testa do Senhor Comandante enrugou-se, cinco ondas disformes surgiram acima de suas sobrancelhas Cinco indicava dúvida.

    — As Bonecrushers foram, em tempos passados, as melhores guardas da cidade de Carlin, meu Senhor, esse sobrenome não era ouvido há anos, desde Bliza Bonecrusher.

    — Claro! Bliza, eu me lembro dela, nos conhecemos há vinte anos, creio eu, até chegamos a...

    — Essa deve ser a filha de Bliza, meu Senhor, deve estar com dezessete ou dezoito anos agora. — Disse o velho druida, interrompendo o Comandante da Guilda dos Mercenários.

    Agora quatro ondas pairavam sobre as sobrancelhas do Senhor Comandante. Quatro indicava medo.

    — Vo...você disse filha?

    — Sim, meu Senhor, filha... e por falar nisso, acho que devemos avisar o jovem Gareth do que aconteceu à sua... — Gaar deixou a frase incompleta, mas o Senhor Comandante entendeu onde ele queria chegar. Manteve a mesma expressão e chamou o garoto.

    — Gagagareth! Venha já aqui! — O garoto passou a ser chamado assim desde o dia das apresentações, era visível pela sua expressão que ele não gostava daquilo, porém aceitava sem proferir palavra nenhuma.

    — Mmmme chammmmou, seseseeenhor? — Disse o garoto, ofegante e fazendo força para que as palavras saíssem.

    Por um momento duas ondas estavam sobre as sobrancelhas do Senhor Comandante. Duas indicavam pena. Porém logo se tornaram novamente em quatro.

    — Más noticias, rapaz, más notícias. — Os olhos de Gareth se arregalaram e seu cenho franziu. — É com muito pesar que devo lhe informar que seu irmão, Robert, assim como a população inteira da cidade de Carlin está morta, e isso inclui o Embaixador de Thais e outras pessoas influentes que não vem ao caso no momento. Sua mãe e seu irmão caçula encontram-se desaparecidos, assim como o Embaixador da cidade de Venore.

    O rapaz voltou à sua expressão anterior, parecia que a noticia não havia tido nenhuma importância para o rapaz, ou talvez soubesse esconder muito bem seus sentimentos, coisa que o Senhor Comandante não conseguiu identificar naquele momento.

    — Então o trono é meu, devo ir para Carlin agora e governá-la. — Disse Gareth, fazendo feição para desamarras as cordas de seu corpo.

    — Não tão rápido rapaz, aquele trono nunca poderá ser seu, um mercenário não pode administrar um reino, independentemente do seu tamanho. — Então é isso, você não se importa com o que aconteceu, apenas quer obter vantagem nisso, muito ganancioso, mas não é de se espantar, foi enviado até aqui por desgosto da mãe. — Agora que já foi notificado, volte para seu treinamento.

    — E-e-e-e-então é isso? A minha família momomorre, minha cidadade está sem comando algum e você q-q-q-quer que eu volte para o seu maldito treinammmento? Enfie esse maldito treinamento nesse seu maldito c-c-cu, estou indo para a minha cidade e você não irá me imp-p-p-pedir!

    O Senhor Comandante deu a carta para Gaar segurar por um momento, deu um soco no nariz do garoto com a mão direita e com a esquerda desembainhou o punhal que trazia preso a cintura, puxou a língua do garoto para fora de sua boca e encostou o punhal na sua língua, fazendo um pequeno corte na sua superfície. — Da próxima vez que se dirigir a mim nesse tom, você perde essa sua língua mal feita. Agora faça como eu ordenei e volte para o seu treinamento. — Uma veia latejava na testa do Comandante, seu rosto estava rígido, encarando o garoto, olho no olho, sem ousar piscar.

    O surto de raiva passou e Gareth voltou para o treinamento.

    — Nenhuma testemunha, duas pessoas importantes desaparecidas, nenhum bem roubado além de um grande navio que a garota não soube identificar o nome, milhares de civis mortos, e uma das principais cidades do reino desolada, sem comando. E tudo isso logo após aquela vadia da Rainha ordenar a morte do Rei. Só pode ser a maldita profecia. Mantenha-me a par de qualquer notícia nova Gaar, você é um dos únicos nesse mundo que eu ainda tenho confiança. — Mais uma vez quatro ondas estavam pairando a testa do Senhor Comandante.

    — Muito obrigado pela consideração, meu Senhor, vou atualizá-lo assim que mais notícias chegarem. — Gaar olhou para o chão por um tempo, o Senhor Comandante percebeu.

    — Sei que você olha para o chão quando algo lhe perturba, diga o que é oras!

    — A profecia... algo deve ser feito... o garoto, ele...

    Gaar não precisou deixar tudo claro em palavras, um tom de esperança tomou o rosto do Senhor Comandante, ele entendera o que o druida queria dizer e tinha encontrado uma soluça. Porém Gaar ficou em dúvida se a solução encontrada era a certa ou não.

    uma pena que agora dentro de quote não da pra diferenciar uma parte em itálico de uma que não é, fica difícil pra identificar os pensamentos assim =/
    Dêem uma olhada, comentem, xinguem, ou nem entrem, vocês que sabem...

  9. #19
    Guru das asiáticas Avatar de Pearl
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    Amei, gostei demais. Merecia mais views

    Joinhas + fav


    beijocassssssssssss


    [12/05 às 20:39] Don Maximus Meridius : ja pensou o fantasma do gengiskão futuro visitando o pearl "olha aqui o mundo como seria se você não tivesse inventado essa merda"

  10. #20
    Avatar de Shizzle Nizzle
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    Amanhã vou ler e edito aqui ^^

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