Prólogo
Narrant corria feito um lobo pela desolada Campina Esmeralda, junto ao rio Jeot, no extremo norte da fronteira do Império. Carregava no bolso algo que poderia trazer felicidade para muitos e ruína para outros. Sorriu, contente consigo mesmo e deliciou-se com a idéia de vingança que pairava pela sua mente.
Narrant era um dos guardas que fazia a segurança do duque de Loonta, um homem ambicioso e sedutor que havia ficado rico após voltar de um longo período de ausência. Despertou a ira e a inveja de outros poderosos na cidade de Cina.
Certa vez, Loonta convocou Narrant e outros sete ex-mercenários para compor sua guarda pessoal. E que guarda! Nada menos do que oito lendas vivas, homens valorosos, mentes brilhantes. A Guarda dos Oito, como foi chamada, transmitia respeito e medo na população de Cina. Nunca antes na história da cidade, tantas personalidades fortes haviam se reunido no mesmo lugar. Isso só aumentava a influência de Loonta.
Foi assim até Loonta ser brutalmente assassinado. A Guarda dos Oito foi dissolvida e seus membros começaram a discutir entre si. Um acusava ao outro com o intuito de assegurar sua sobrevivência, pois se houvesse um traidor entre eles, havia outros sete dispostos a vingar a morte do duque. E nenhum deles estava disposto a ser acusado injustamente.
Isso gerou discórdia e descontentamento. Alguns optaram por investigar a situação sozinhos, longe dos olhos dos antigos companheiros. Enquanto outros simplesmente desapareçam deixando para trás um rastro de desconfiança. O maior beneficiado de todo o ocorrido havia sido o Conde de Viltorn que havia se apropriado da herança deixada pelo tio, pois era seu único parente vivo.
Narrant balançou a cabeça de modo a afastar os pensamentos involuntários e apurando a vista pôde visualizar ao longe a velha casa de madeira construída perto do leito do rio Jeot. À sombra de um velho carvalho, a habitação precária possuia vários buracos nas paredes. As janelas despedaçadas mostravam que o lugar estava abandonado a um bom tempo. O único sinal de beleza era a árvore, que foi testemunha de vários séculos. Encostado nela, uma figura solitária, trajada em um longo manto azul-escuro, olhava calmamente para as nuvens. Narrant parou de correr, e à passos rápidos foi se aproximando da casa. Afastou os longos cabelos dos olhos e pegando fôlego, gritou:
- Eza!
A figura sob a árvore abaixou lentamente a cabeça, e descruzando os braços, pôs-se a andar lentamente em direção à Narrant. Sua fisionomia era de alguém cansado, mesmo assim sua beleza era marcante. Seu cabelo loiro, que normalmente caía-lhe sobre os ombros, estava amarrado por uma fita azul, que combinava com seus profundos olhos.
- Fez um excelente trabalho. Não esperava nada menos de você - disse ele, sua voz tranquila transparecia indiferença.
- Só espero que saiba bem o que vai fazer daqui para frente - comentou Narrant tirando de seu bolso um pequeno saco de couro, e estendendo-o para Eza.
O homem semi-cerrou os olhos e com um simples puxão, desamarrou a fita de seu cabelo - Certa vez, quando me perguntaram o porquê de Loonta ter escolhido alguém como você para ser um dos Oito, eu o defendi por causa do antigo favor que fez para o meu irmão.
Narrant arqueou a sobrancelha - O que quer dizer com isso?
- Mas agora é diferente. A traição é um dos piores crimes do ser humano. É uma coisa imperdoável para mim - Eza balançou a fita e com um estampido ela se enrolou pelo corpo de Narrant.
- O que está fazendo seu miserável?
- Justiça.
Longe dali, Bravak acordou sobressaltado. Pensou ter ouvido um grito distante. Depois deitou de novo, torcendo para que tudo tivesse sido um sonho.
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