“Viram vindo do corredor um Fardons cambaleante. Ele caiu de joelhos na entrada do corredor, virou o rosto para o grupo (mas precisamente para Glóin) e disse numa voz fraca:
- Que...tipo de... coragem é... essa? Ahn, dwarf?
Dito isto, ele caiu no chão.”
- Fardons! – gritou Thorson correndo em direção ao feiticeiro caído no chão de pedra.
- E agora? – disse Araell ainda com o braço direito doendo – Para onde vamos?
- Não sei! – respondeu Ulrich – Pelo visto pela esquerda existiam vários goblins.
- Disse bem... – disse Thorson – Existiam muitos goblins.
- Então vamos pela esquerda?
- Vamos.
Thorson carregou Fardons inconsciente no ombro com Araell ao seu lado, com Houter, sua espada, no braço esquerdo. Glóin e Ulrich iam à frente armados apenas com sua maça e martelo.
Ulrich que continha um mínimo de magia, iluminava o caminho. O corredor estava totalmente queimado, com fumaça e goblins carbonizados no cão.
- Irmão! – disse Thorson – Pegue uma dessas espadas de Goblins para mim.
- Para que você quer ver a espada desse ser repugnante? – retrucou Ulrich
- Só um instante.
Ulrich se abaixou e pegou uma das espadas sujas. Thorson, com a mão livre, limpou a espada e percebeu que era brilhante.
- Foi o que pensei... Ela é feita de cristal e diamantes.
- Nossa! – exclamou Araell – Para que esses monstros fariam espadas feitas de cristais e diamantes?
- Não sei.
Thorson pegou mais duas espadas e colocou em sua bolsa.
- Isso é para vender? – perguntou Ulrich
- Não. – respondeu o irmão – Talvez faça algo com elas.
Continuaram andando pelo corredor cheio de corpos. Certa hora, viram no final do corredor um portal, como todos os outros, só que este era bem maior. Atravessaram o portal e se encontraram em uma sala bem mais escura. A iluminação de Ulrich só os envolvia.
- Utevo Vis Lux! – e então toda a caverna foi iluminada
Viram tendas feitas de lona amarela (suja com o tempo), fogueiras quase apagadas, ou completamente apagadas. Corpos de goblins eram vistos no chão, não mortos pela explosão de Fardons, mas sim de brigas entre eles. As espadas de cristal e diamantes, continuavam presas no chão.
A organização das tendas era interessante, devido a falta de inteligência dos goblins (pensavam os humanos e outras raças). Uma tenda bem grande, era erguida no centro, e o resto era posto em um círculo aberto. A tenda do meio ainda tinha iluminação.
Caminharam até a tenda maior.
- Entramos? – perguntou Ulrich
- Sim. – respondeu Thorson
Entraram na tenda. Dentro dela uma fogueira ainda ardia iluminando-a. Escudos com emblemas eram exibidos nas “paredes” da tenda.
- Que estranho! – disse Glóin
- Realmente. – respondeu Araell – Esses goblins parecem realmente ter uma inteligência. Espadas de cristal e diamantes, escudos com emblemas sendo exibidos, organização das tendas... Eles parecem ter criado uma civilização.
- Nah!- cuspiu Glóin
- Olhem!
Ulrich apontava para um baú de pedra. Em cima dele estava uma placa feita de diamante esculpido:
- O que tem? – perguntou Thorson
- Esse baú...! É do meu clã!
- Como pode ser do seu clã?
- Essas minas pertenciam aos Hammers! Depois esses malditos goblins saquearam elas e se apossaram matando quase todo o meu clã!
- E essas escrituras?
- Escrita dos Goblins.
- Nossa! – disse Araell
- MAS O QUE...? – gritou Ulrich
Araell estava agachado perto do baú mexendo no tampo.
- Ele não quer abrir! – exclamou irritado
- Dane-se! – disse Ulrich – Não é para ser aberto!
- Ah...! – suspirou Araell levantando
- EI! – ouvi-se o grito de Thorson do lado de fora da tenda. Ele estava do lado de fora de outra tenda sem Fardons no ombro.
Araell, Ulrich e Glóin correram até ele e entraram na outra tenda. Depositado em cima de um colchão feito de palha repousava Fardons ainda desmaiado.
- Vamos deixá-lo repousando aqui. – disse Thorson
- Sim. – respondeu Ulrich – E acho que todos nós aqui deveríamos repousar.
- Sim. Dividiremos turnos. Eu começo.
Thorson então saiu e pegou mais colchões de palha em outras tendas pois naquela só tinha duas. Todos deitaram e dormiram.
Thorson ficou do lado de fora fazendo a vigília.
***
Araell foi acordado por Ulrich depois deste ser chamado por Thorson. Ele acordou meio que cambaleando e saiu da cabana. Ulrich simplesmente desabou no colchão.
Araell caiu sentado no bloco de pedra que Thorson havia arrumado para se sentar. Araell desembaiou sua querida espada Houter e pousou-a em seu colo.
Ficar de turno é uma droga! – pensou Araell
E realmente era verdade. A pessoa tinha que ficar prestando atenção em tudo sem fazer nada, e sem dormir. Então Araell decidiu fazer alguma coisa. Levantou-se e segurou Houter pelo punho e andou até a tenda maior. Chegou perto do baú de pedra. Tentou novamente abrir com a mão, mas não conseguiu abrir.
Pegou Houter pela ponta da lâmina e com cuidado encaixou na abertura do tampo. Enfiou até não poder mais, e então usou a espada de alavanca, fazendo com que com um estrondo a tampa subisse.
No momento em que o tampo se abriu, Araell (e quem estava dormindo) ouviu o barulho de uma grade descendo e depois um barulho alto, mas abafado.
A placa de diamante com a escrita dos Goblins começou a brilhar, e então exibiu no lugar da escrita dos goblins, a escrita humana.
Araell arregalou os olhos lendo as palavras. Uther! Do clã dos Hammer! O dwarf!
Araell saiu correndo da tenda. Viu Ulrich, Thorson e Glóin parados do lado de fora da tenda. Todos olhavam para outro lado. Araell seguiu seus olhares e viu. O grande portal que tinha atravessado para chegar na caverna das tendas, estava selado, por uma grande grade feita também de cristal.
- ARAELL! – gritou Thorson
- Eu! – respondeu Araell
- O que você fez?
- Nada!
- Você mexeu naquele baú? – perguntou Ulrich
- Sim...
- QUE DROGA ARAELL! – urrou Thorson – Você parece criança!
Dito isto correu para a grade. Todos foram atrás. Thorson golpeou a grade toda a fúria de seu machado, e logo Ulrich e Glóin se juntaram a ele. Araell também começou a golpear, mas no momento em que sua espada tocou o cristal, Ulrich desceu com sua maça na lâmina, fazendo com que Houter se quebrasse em vários pedaços.
- NÃÃÃÃO! – gritou de dor Araell – Minha querida espada! Minha querida Houter!