Por Nornur, que agonia! Gostei da sua abordagem da Poi. Apesar de mto medrosa, confesso q sempre achei q em algum ponto enfrentariamos os Ruthless Seven.
Gosto bastante das tuas descrições e vc ter optado pelo suspense das antessalas vazias e escuras, gélidas como a morte foi algo genial. Infernatil ficou bem interessante e a luta me cativou. Aguardo o próximo capítulo para saber de todos os Trabalhos.
Abraço,
Iridium.
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Toda a abordagem e mistura da mitologia tibiana com a mitologia cristã que conhecemos... Btw, os "trabalhos" para libertar Lúcifer me lembrou dos selos de Supernatural, embora com um quê completamente diferente da série( provavelmente você tirou da cabeça mesmo), mas, pelo que pude extrair... Crunor quer que estes trabalhos se realizem? Com apenas o Incandescente, John, sabendo supostamente do que está acontecendo por trás dos bastidores, enquanto os anjos nada sabem?
Rapaz, se for tudo isso aí mesmo, quero só ver quando o tinhoso for solto; e btw, ótima descrição dos Poços do Inferno e da sala do trono de Infernatil. Devo dizer que a "poesia de apresentação" de Infernatil ficou sensacional. Tão sensacional quanto a poesia de introdução desta história.
Enfim, é isso aí. Estou no aguardo dos próximos capítulos, e embora eu possa demorar a comentar, estou a acompanhar e a apreciar sua história
Não espere algo bem elaborado e feito. De resto...
Toda a abordagem e mistura da mitologia tibiana com a mitologia cristã que conhecemos... Btw, os "trabalhos" para libertar Lúcifer me lembrou dos selos de Supernatural, embora com um quê completamente diferente da série( provavelmente você tirou da cabeça mesmo), mas, pelo que pude extrair... Crunor quer que estes trabalhos se realizem? Com apenas o Incandescente, John, sabendo supostamente do que está acontecendo por trás dos bastidores, enquanto os anjos nada sabem?
Rapaz, se for tudo isso aí mesmo, quero só ver quando o tinhoso for solto; e btw, ótima descrição dos Poços do Inferno e da sala do trono de Infernatil. Devo dizer que a "poesia de apresentação" de Infernatil ficou sensacional. Tão sensacional quanto a poesia de introdução desta história.
Enfim, é isso aí. Estou no aguardo dos próximos capítulos, e embora eu possa demorar a comentar, estou a acompanhar e a apreciar sua história
Fala, meu caro. Existe uma certa inspiração, sim, na quebra de selos de Supernatural. Porém, os Seis Trabalhos foram mais inspirados nas Sete Trombetas do livro de Apocalipse, da bíblia.
Agradeço pelos elogios e fico feliz pelo fato de que a mensagem está sendo entregue com adequação. Te espero de volta aqui nos próximos, irmão.
Postado originalmente por Iridium
Saudações!
Por Nornur, que agonia! Gostei da sua abordagem da Poi. Apesar de mto medrosa, confesso q sempre achei q em algum ponto enfrentariamos os Ruthless Seven.
Gosto bastante das tuas descrições e vc ter optado pelo suspense das antessalas vazias e escuras, gélidas como a morte foi algo genial. Infernatil ficou bem interessante e a luta me cativou. Aguardo o próximo capítulo para saber de todos os Trabalhos.
Abraço,
Iridium.
Gosto dos seus comentários. E, diga-se de passagem, adiei o nome daquele capítulo por sua causa. Damn it. Hahahaha obrigado pela visita.
CAPÍTULO 15 – CHILDREN SHOULDN’T PLAY WITH DEAD THINGS
Infernatil parou a meio caminho de retomar a carga de golpes contra Jason, mal acreditando no que via. Romper o selo de seu trono era essencial para se obter o acesso à sala da recompensa, porém, era a primeira vez que via um mortal tentar rompê-lo daquela forma. Jason Walker simplesmente espatifou o trono em vários pedaços com um único golpe de espada.
Antes que ela pudesse reagir, o frio fio do aço de Crunor perfurou-lhe o estômago de fora a fora, saindo pelas suas costas. Jason Walker sacou a Espada e desferiu um segundo golpe, arrancando a cabeça de um dos demônios mais poderosos de Zathroth.
A cabeça inerte de Infernatil rolou pela sala do trono destruído, acumulando uma substância branca leitosa no chão, que logo se tornou opaca e vermelha.
Jason respirou fundo, cada músculo de seu corpo protestando.
Sem nem olhar para trás, ele limpou a Espada nas vestes de Infernatil e virou as costas, dirigindo-se para a saída do altar.
*
Sentado em seu trono, Zathroth ainda tentava absorver a derrota de Infernatil. Por um instante, sua mais sanguinária guerreira parecia triunfar; Jason Walker desviara sua atenção e rompera a fonte de seu poder, arrancando sua cabeça logo na sequência. O jovem cavaleiro provava possuir uma fibra maior do que ele imaginava.
O Senhor do Inferno manuseava um livro antigo entre as mãos, distraído. Bastaria um simples feitiço e ele faria a cólera do inferno descer sobre os Poços. Estava inclinado a fazê-lo, mas, sendo o Livro das Ciências Ocultas uma das Antigas Doze Relíquias, era óbvio que ele quebraria um dos selos de Lúcifer se o fizesse. Um deles já fora rompido; Jason acabara de quebrar o segundo; e Zathroth não se esquecera de que estava perdendo o combate em Venore.
Folheando o livro devagar, detidamente, ele encontrou o que procurava. Decidira correr o risco.
Zathroth puxou para si seis velas negras e as acendeu, desenhando uma antiga runa no chão. Ele suava frio, conhecia os riscos do que estava prestes a fazer. Porém, se Jason Walker não fosse parado, ele destruiria os Poços e o último selo seria quebrado de uma forma ou de outra.
Ele murmurou algumas palavras e o símbolo tremeluziu em vermelho-vivo. Mais algumas palavras e a cor variou para um verde peçonhento. Outras tantas, e o símbolo se tornou azul da cor do céu.
— … immortui, suscitate.
Quando a força do feitiço rompeu a runa ao meio, ele sabia que estava feito.
*
— Senhor, solicito permissão para invadir os Poços do Inferno imediatamente. Zathroth acabou de realizar o Terceiro Trabalho!
Crunor olhou longamente para Rafael, sem bem saber o que responder. Seu arcanjo parecia em pânico por algum motivo, muito embora Miguel e Gabriel estivessem controlando bem a frente de batalha em Venore.
— Por que sofres, Rafael?
— Lúcifer sairá livre, Senhor – o arcanjo respondeu, como se dissesse o óbvio. – Não podemos permitir!
Crunor assentiu uma vez, pensativo.
— Por alguma razão, você acha que Lúcifer é mais poderoso do que Zathroth?
Rafael piscou duas vezes, confuso com a pergunta.
— Parece-me evidente, Senhor.
O Criador recostou-se, os olhos semicerrados, reflexivo.
— Rafael… Já fui chamado de Buda, Jeová, Alá, Jesus, Krishna, Hórus e Crunor. Sabe qual é a minha melhor forma?
A pergunta pegou o arcanjo absolutamente de surpresa. Ele piscou, franzindo o cenho.
— Não, Senhor.
— Nenhuma delas é mais poderosa do que a outra – sentenciou, em tom de obviedade. – Lutei contra Lúcifer em diversas frentes, em todas elas ele possuía os mesmos poderes, e todas as vezes venci.
— Não entendi qual é o ponto, Senhor.
— Se o Anjo Caído quiser ser libertado, colocar meus melhores arcanjos em seu encalço será uma tarefa verdadeiramente inútil. Ele sairá, se não agora, daqui a mil anos, mas sairá. E teremos de trancá-lo novamente.
Rafael estava às raias da indignação.
— E as vidas que se perdem nesse meio tempo, milorde?
Crunor sorriu, satisfeito.
— Nenhuma vida se perde, Rafael. Todas foram dadas por mim e todas retornarão a mim, onde serão bonificadas de acordo com os seus feitos.
O arcanjo baixou a cabeça, incomodado com aquela conclusão.
*
Heloise, John, Leonard, Melany e Svan avançaram devagar pelos campos das Planícies do Caos, ignorando a entrada tradicional dos Poços do Inferno. John vivera por tempo suficiente para saber que existia uma segunda forma de entrar, e que perderiam um tempo infinito se tivessem de se embrenhar pelos túneis habitualmente conhecidos por todos.
Finalmente, alcançaram o cemitério. Ali, uma porção de cadáveres em avançado estado de putrefação, além dos ossos dos esqueletos demoníacos, acumulava-se aos punhados. John sacudiu a cabeça, inquieto. Jason já passou por aqui. E seu instinto homicida está mais preocupante do que nunca.
Adiante, as ruínas imponentes se materializaram, logo no fim do cemitério e nos contornos do oceano. Parecia não ver vida há muitos séculos; vários tijolos lhe faltavam, as janelas estavam todas quebradas, a porta dianteira, precariamente pendurada em meia dobradiça. E, para a surpresa de John, o campo de energia que resguardava a entrada estava extinto. Jason realmente já havia passado.
— Quando entrarmos, tentarei um feitiço para liberar a porta lacrada, porque não tenho a chave – instruiu ao grupo, todos de arma em punho. – Aí, será uma questão de…
John parou, apurando os ouvidos. Algo se movia por baixo da terra.
Repentinamente, as dezenas de túmulos explodiram, lançando pedaços inteiros de terra e grama pelos ares e rompendo boa parte da superfície. O grupo se reuniu às pressas e temeroso na estreita entrada das ruínas, do lado de fora.
Uma legião de mortos-vivos, zumbis, esqueletos demoníacos e outras criaturas do submundo começou a se alçar para fora dos túmulos, devagar, com a lentidão de quem sabia que a batalha já estava ganha e que a pressa não era necessária. John arregalou os olhos, absolutamente surpreso.
— Não é possível que Zathroth tenha realizado o trabalho – disse, embasbacado.
— O que é isso, John? – Heloise atirou um feitiço contra um morto-vivo próximo.
John olhou para os outros, que começavam a disparar a esmo. Quanto mais corpos caíam, mais corpos surgiam em seus lugares; parecia que um morto-vivo derrotado replicava-se e fazia aparecer outros dois. Svan tomou a frente e estabelecia um bloqueio razoável, mas não resistiria por muito tempo; precisariam tomar uma decisão depressa.
— Uma das Antigas Doze Relíquias é o Livro das Ciências Ocultas – explicou John, o mais rápido que conseguiu. – Achava que Bazir guardava a relíquia, mas somente Zathroth ou Crunor teriam poder o suficiente para conjurar o feitiço. É a Maldição do Submundo.
— Já ouvi falar disso – disse Leonard, cravando uma flecha bem cravada na cabeça de um zumbi, que tombou inerte. – Maldição do Submundo, magia negra da pesada. Tem cara de coisa de Zathroth. Os mortos-vivos se levantam das sepulturas e obedecem às ordens de quem os conjurou. Combatê-los aqui será inútil; eles não findarão tão cedo.
O incandescente assentiu, mais uma vez positivamente surpreso com a sapiência de Leonard Saint. O arqueiro escondia o jogo, tinha mais conhecimento do que gostava de demonstrar, e John estava feliz com seu desempenho até ali. Era obstinado e soprano, mereceria honrarias se saíssem vivos daquela.
Os joelhos de Svan fraquejaram por um instante mas logo o capitão já se colocou em pé novamente. John sentiu a urgência da situação.
— Vamos, para dentro das ruínas, todos, agora – disse, orientando. – Vamos criar um piquete e segurá-los pelo menos por tempo suficiente para que passemos pelo portal.
Heloise passou devagar, entrando de costas, seguida por Melany, Leonard e John. Svan, por último, acertou o escudo com força contra um esqueleto, desmontando-o em vários pedaços.
John levantou seu cajado.
— Adevo grav tera – murmurou.
Uma barreira de energia sólida se levantou junto à porta, segurando a horda de mortos-vivos para fora. O incandescente intencionava utilizar aquele tipo de encantamento oportunamente, mas vira a necessidade de fazê-lo já.
— Temos vinte segundos – disse.
Agora, finalmente, John se dera conta de que deixara passar uma informação absurdamente importante: onde ficava o portal? Ele sabia que a esfera era resguardada por uma porta magicamente selada e que seria necessário derrubá-la com encantamento poderoso para passar; porém, finalmente notou que nunca se preocupara exatamente com onde dentro das ruínas o portal ficava.
O tempo ia contando e a barreira de energia ia enfraquecendo devagar. Alguns mortos-vivos já conseguiam atravessar as mãos gosmentas e pegajosas, o edifício inteiro se sacudindo com a pressão exercida, como se houvesse um milhão de pessoas forçando as paredes.
John olhou em volta, em desespero. A escadaria ao fundo tinha vários degraus faltando; não seria possível que Jason tivesse passado por ela. Sua cabeça girava com mais perguntas do que respostas quando, finalmente, sua atenção foi chamada por algo que ele deixara passar.
Exceto pelos passos dos cinco quando entraram nas ruínas, o chão estava totalmente coberto de pó. Inobstante, aqui e ali, uma sexta dupla de pés delineava um caminho bastante claro pelo chão, no sentido nordeste da construção. John cutucou Leonard e apontou para o chão; o arqueiro assentiu uma vez e, de arco em punho, foi vencendo a distância devagar, até alcançar a porta.
— Algo de errado não está certo – disse, finalmente, quando o primeiro morto-vivo venceu a barreira de energia.
— O que há? – perguntou Svan, decepando-o.
Leonard puxou algo junto à porta, que ressoou com um clique suave. Ele ergueu a chave antiga e mística nas pontas dos dedos indicador e polegar, sob os olhos reverentes de John.
— Jason deixou a chave para trás? – Melany torceu o nariz. – Não é seu modus operandi, deixar pontas soltas desse jeito.
O incandescente estranhou a situação de sobremaneira.
— Onde é que Jason obteve isso?
— Sem querer ser indelicado – disse Svan, segurando a porta, já desprotegida, somente com seu escudo, e estocando zumbis aqui e ali –, mas podemos deixar as lágrimas para depois?
Leonard ergueu os ombros, como quem dissesse “só há um jeito de descobrir”. Ele empurrou a chave de volta na fechadura e a girou.
Surpreendentemente, a porta se abriu com um estalo, no exato instante em que Svan deu um último empurrão nos mortos-vivos à porta das ruínas e disparou na direção do restante do grupo.
Um a um, cada qual saltou no portal, sem ao menos olhar para trás.
Logo, o grupo de cinco amigos encontrava-se num local totalmente distinto.
Mais uma vez, um ótimo capítulo nos é entregue. Pelo visto, a história ESTÁ culminando para que Lúcifer seja solto logo, e uma treta gigante entre Jason, Belbezu e Zathroth e o grupo de Jason ocorrerá; neste aspecto, me surpreendi com a rainha fazendo da parte da expedição, pessoalmente. Um ótimo traço da personagem que criou
Btw, essa fala de Crunor:
— Nenhuma vida se perde, Rafael. Todas foram dadas por mim e todas retornarão a mim, onde serão bonificadas de acordo com os seus feitos.
Uma filosofia que não é deveras vista, ou abordada muito na seção. Muito interessante o ponto de Crunor, suposto deus supremo de tudo, nesta questão sobre as vidas.
Enfim, no aguardo de mais capítulos. NÃO DESISTA, pois sei que pode parecer desanimador ter poucos leitores e comentários... Mas devo lhe dizer que vem fazendo um excelentíssimo trabalho com o nível da história.
Não espere algo bem elaborado e feito. De resto...
Mais uma vez, um ótimo capítulo nos é entregue. Pelo visto, a história ESTÁ culminando para que Lúcifer seja solto logo, e uma treta gigante entre Jason, Belbezu e Zathroth e o grupo de Jason ocorrerá; neste aspecto, me surpreendi com a rainha fazendo da parte da expedição, pessoalmente. Um ótimo traço da personagem que criou
Btw, essa fala de Crunor:
Uma filosofia que não é deveras vista, ou abordada muito na seção. Muito interessante o ponto de Crunor, suposto deus supremo de tudo, nesta questão sobre as vidas.
Enfim, no aguardo de mais capítulos. NÃO DESISTA, pois sei que pode parecer desanimador ter poucos leitores e comentários... Mas devo lhe dizer que vem fazendo um excelentíssimo trabalho com o nível da história.
Grande Senhor das Botas, salvou o capítulo que, parece-me, deve ter sido muito mal escrito. Esta história já está finalizada, faço somente alguns ajustes aqui e ali dependendo de como vêm sendo as postagens e, a exemplo d'A Arca do Destino, pergunto-me sobre se errei a mão ou não.
Não deixa de ser meio frustrante, mas também não chega a me abater de todo. Tenho leitores em vários locais e não somente no fórum, embora seja aqui que divulgo o que sai da minha cabeça. O pessoal na minha vida real que acompanha as histórias ou os pequenos contos que escrevo costumam ser bastante fiéis; mas, também, não posso reclamar muito, porque não tenho tempo o suficiente pra acompanhar as demais histórias desta seção como gostaria, como já acompanhei dez, oito anos atrás.
De qualquer forma, espero que você esteja aqui na clausura desta história. A postagem do terceiro volume da série depende exclusivamente de quantas pessoas aqui estarão acompanhando.
A respeito da abordagem do capítulo, você vai notar, mais cedo ou mais tarde, que minhas histórias costumam ter abordagens sobrenaturais, espirituais, quase religiosas, quando não religiosas em espécie. Gosto da temática e gosto de utilizá-la, é o tipo de coisa sobre a qual gosto de escrever. Aliás, não sei se você chegou a ler o prólogo d'A Arca do Destino, mas aquele relato é fiel: meu transtorno de síndrome do pânico se desencadeou escrevendo a primeira história de Jason Walker, razão pela qual resolvi torná-la pública.
Te aguardo de volta, sempre. Abraços!
CAPÍTULO 16 – WHAT IS AND WHAT SHOULD NEVER BE
Jason estava em uma antessala muito semelhante à do trono de Infernatil. Porém, uma substância verde, leitosa e pegajosa recobria todo o calabouço, onde, no outro trono, havia lava.
O cavaleiro avançou devagar, empunhando a Espada, novamente estranhando a falta de oposição. Ao fim, o mesmíssimo trono negro acolchoado de vermelho o aguardava, e havia outra mulher ali. Jason achou, a princípio, que ela era bonita: cabelos louros e espetados, curtos, e corpo esbelto. Utilizava as mesmas armaduras infernais de Infernatil e Zathroth.
Verminor.
— Sua insolência é… arrebatadora – disse ela, a voz muito estridente ressoando pelo espaço vazio. – Jason Walker. O menino de Crunor.
Ele não respondeu, mas não foi necessário. Verminor desapareceu repentinamente e algo começou a se arrastar pela imensidão.
Próximo ao trono, algo muito semelhante a uma gosma gigante se esgueirou para fora dos poços de veneno, deixando um rastro esverdeado atrás de si. Não demorou para que aquela criatura nojenta tomasse forma; era um homem de meia idade, de cabeça raspada e… aquilo era batom?
Ele segurava uma maça na mão direita e uma adaga na mão esquerda. Parecia ameaçador; era magro, mas vigoroso.
— Quem é você? Um verme?
Ele olhou para Jason, muitíssimo ofendido, e respondeu com uma voz surpreendentemente feminina.
— Um verme? Sou uma mulher!
Jason arregalou os olhos, embasbacado.
— Caraca – disse, soltando o ar com um assobio baixinho. – Se isso é verdade, você é feia que só a porra, minha filha.
Ela deixou aquela passar.
— Sou Plasmother, a Mãe das Pragas de Verminor. E tenho uma missão.
— Assim como eu – Jason assentiu, achando vagamente familiar aquele nome. – O que nos resta saber é qual de nós será bem sucedido.
— Que não seja por isso.
Plasmother saltou do chão com uma velocidade impressionante. Jason saltou para o lado no instante exato; a maça dela se cravou no chão onde ele estivera milésimos de segundos antes. O cavaleiro tentou chutá-la na altura da cabeça, mas ela não estava mais ali.
Quando Jason se deu conta, Plasmother já estava sobre ele, brandindo sua maça e sua adaga verticalmente muito depressa. O cavaleiro deu um passo calculado para trás, mas não conseguiu evitar que a adaga lhe cortasse na altura do ombro esquerdo; o sangue verteu livremente mas, possuído pela adrenalina do combate, o garoto não se deu conta.
Jason e Plasmother batalharam longamente Espada contra adaga, sem que qualquer um deles conseguisse ferir o outro. O espadachim considerou que a garota era habilidosa, porém, aquele tempo somente lhe serviu para que ele identificasse certas falhas em seu modo de combate.
Toda vez que Plasmother atacava com a maça, baixava a mão esquerda; quando atacava com a adaga, baixava a mão direita. Isto é, na oportunidade em que decidia qual das armas utilizaria, o cérebro da mulher não parecia se importar com o fato de que deixava o outro flanco absolutamente descoberto e suscetível a sofrer um golpe profundo.
Logo, Jason estava de costas para o poço de veneno, gingando com cuidado e evitando ser atirado para trás. Ela pareceu ler seus pensamentos e acertou-lhe um chute na altura do plexo; o garoto se desequilibrou e conseguiu encontrar seu ponto de equilíbrio no instante exato, rolando pelo chão de volta para a segurança do centro da plataforma, por assim dizer.
Por algum motivo, aquela luz esverdeada que tremeluzia no ar e iluminava o ambiente, diretamente saída dos poços, trazia a Jason uma sensação de conhecimento, como se já tivesse passado por ali antes. Quando encontrou a exata medida, o garoto simplesmente fintou um direto curto e encaixou um bom chute rodado no estômago de Plasmother.
A mulher descreveu uma curva graciosa no ar e caiu no poço de veneno.
Jason respirou fundo, muito cansado, mas absolutamente inteiro. Não houve, contudo, tempo para descanso.
Plasmother simplesmente esgueirou-se para fora do calabouço novamente, pingando veneno da cabeça aos pés. Simultaneamente, Verminor surgiu no ar, de espada em punho, e logo o combate se tornou um injusto dois contra um.
Se era muito difícil de combater a guerreira de Verminor, imagine agora, que sua gerente batalhava junto dela. Jason somente fazia se defender, em algumas das vezes escapando de ter uma orelha decepada por muito pouco; inobstante, logo identificou também a ausência de uma constante entre as duas, como se nunca tivessem combatido em dupla antes, ao menos não cooperativamente. Numa luta, Verminor e Plasmother eram totalmente estranhas uma à outra.
Jason decidiu-se, finalmente. Verminor baixou sua espada verticalmente e o garoto fintou de lado, escapando pela direita; Plasmother atacou com sua maça e o garoto a desviou com o cabo da Espada. Finalmente, tinha a Senhora das Maldições à sua frente e sua primeira-general às suas costas. Era a hora de testar sua teoria.
As duas atacaram ao mesmo tempo, oportunidade em que Jason simplesmente rolou para fora.
A espada de Verminor rompeu Plasmother da cabeça aos pés, e a maça desta atingiu a cabeça daquela com força. O corpo inerte e dividido de Plasmother tocou o chão depressa, morto e totalmente impassível de regeneração; Verminor, por sua vez, girava devagar no mesmo lugar, os olhos fora de foco.
Antes que ela pudesse se recuperar, Jason venceu a distância até ela e a desarmou com uma boa cotovelada. A mulher balançou no mesmo lugar, seminocauteada, e Jason entendeu que o momento chegara.
Levantando a Espada, ele decapitou também aquele demônio de Zathroth, dando a ele o mesmo fim que dera a Infernatil.
O corpo sem vida de Verminor rolou pela bancada, esguichando líquido perolado e leitoso por todos os lados. Jason cobriu a distância devagar e, com o máximo de estômago que tinha, empurrou todas as quatro partes das mulheres mortas poço abaixo. Ele olhou para o trono de Verminor, prestes a destruí-lo também.
Duas já se foram; com Bazir, são três.
*
John, Heloise, Melany, Leonard e Svan pareciam ter sido surrados até a morte, pelo menos a julgar pelo estado de compressão dos próprios cérebros. Todos se levantaram muito devagar e demoraram para acostumar os olhos ao excesso de claridade da antessala principal dos Poços do Inferno.
O incandescente girou a cabeça devagar, analisando cada detalhe. Sabia que as estátuas representavam, cada qual, o demônio de Zathroth que era responsável por aquele trono especificamente. Porém, não deixou de notar que alguns dos portais que levavam aos tronos simplesmente não estavam mais ali.
Faltam o de Bazir, o de Infernatil, o de Verminor, o de Tafariel e o de Pumin, raciocinou, conhecedor que era da aparência física de cada demônio.
— Faltam portais – disse Leonard, perspicaz. – Jason já matou todos eles?
John avaliou a cena longamente, sacudindo a cabeça em tom negativo devagar.
— Zathroth mandou que batessem em retirada – disse, finalmente.
— John – disse Heloise. – Quem é que Jason já matou?
Ele fechou os olhos, tentando sentir a energia vital de cada um dos demônios. Faltavam-lhe vários deles.
— Bazir morreu em Carlin – comentou. – Verminor e Infernatil morreram aqui, com certeza. Tafariel e Pumin ainda estão vivos. Quanto a Ashfalor, não sei, porque ele não tem um trono nos Poços do Inferno.
Os olhos de John recaíram sobre o único portal remanescente: o de Apocalypse. Ele se voltou para o grupo.
— Se Jason ainda não conseguiu acesso à sala da recompensa, então ele foi enfrentar Apocalypse. Gente, isso é muito importante: Jason não pode destruir o trono de Apocalypse.
Heloise olhou para ele, prestes a perguntar por quê.
— O trono de Apocalypse é um dos Seis Trabalhos do Anjo Caído – disse, compreendendo a urgência.
*
Gabriel, Miguel e Rafael, segurando lanças que brilhavam como as estrelas do céu, conversavam entre si, uma fogueira acesa no centro da roda. Protegidos pelas rochas da montanha, eles conseguiram encontrar um abrigo razoável antes de prosseguir com o levantamento das defesas contra as hordas de Lúcifer.
— Quem vocês acham que luta com ele? – perguntou Gabriel, em tom de descontração.
Rafael o censurou com o olhar, mas Miguel levantou os olhos, reflexivo.
— Cain, sem dúvida – disse, sem pestanejar. – Babel, Baal, Belial, vocês sabem quantos desses desgraçados já tentaram foder a vida dos outros.
Gabriel fez que sim, também pensativo.
— Você acha que Cain é forte?
— Provavelmente, o segundo na cadeia de comando – disse Rafael, participando da conversa de má vontade. – Ainda existe Aleister, que é muito competente na arte da tortura.
Miguel olhou para o outro.
— Aleister Crowley? Pensei que ele fosse depois deste tempo.
Rafael assentiu, concordando.
— Deveria ser. Mas Crowley é, na verdade, atemporal. Ele sempre esteve aqui; calculo que tenha caído com Lúcifer.
— É mesmo? – Miguel parecia sinceramente surpreso.
Por um longo momento, nenhum dos três disse nada, somente contemplaram as chamas da fogueira no centro. Finalmente, Miguel levantou a cabeça.
— Que tal é Jason Walker?
Rafael deu de ombros.
— Será útil – limitou-se a dizer.
— Ele é realmente o descendente de Crunor?
O arcanjo Rafael, finalmente, compreendeu onde é que os outros dois queriam chegar. Ele era o primeiro-general de Crunor, e possivelmente tinha informações que os outros talvez não conhecessem. Tudo que queriam era sair da ignorância, ainda que ligeiramente.
— Quanta audácia.
Miguel murmurou algo como “não foi o que eu quis dizer”, mas Rafael não estava mais pensando no questionamento.
Por um longo momento, lembrou-se das palavras de Crunor. Lutei contra Lúcifer em diversas frentes, em todas elas ele possuía os mesmos poderes, e todas as vezes venci. Talvez estivessem superestimando o problema, no final das contas.
Mas Jason Walker, com certeza, era um homem de fibra. Rafael não dizia, mas achava que ele se parecia muito com Abel, no início, antes de ser novamente morto por Cain, no plano espiritual. Impetuoso, impulsivo, mas ao mesmo tempo calculista, altruísta. Poderiam extrair boas coisas dele, ainda que suas atitudes sistematicamente tirassem o Anjo Caído de sua jaula.
Por um momento, Rafael fez uma prece, pedindo a Crunor que, ainda que estivesse seguro com relação às mortes, não as possibilitasse em tamanha monta.
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Peço perdão por não ter comentado da vez anterior; as coisas ficaram mais corridas que o esperado aqui... Teus capítulos estão excelentes como sempre, e eu inclusive darei uma relida em alguns pois acho que perdi alguns detalhes importantes dos dois últimos anteriores xD
Eu ri do comentário do Jason sobre a Plasmother HUAHEUEHUHUHEUHEUHE
De qualquer maneira, NÃO DESANIME! Você escreve muito bem
Peço perdão por não ter comentado da vez anterior; as coisas ficaram mais corridas que o esperado aqui... Teus capítulos estão excelentes como sempre, e eu inclusive darei uma relida em alguns pois acho que perdi alguns detalhes importantes dos dois últimos anteriores xD
Eu ri do comentário do Jason sobre a Plasmother HUAHEUEHUHUHEUHEUHE
De qualquer maneira, NÃO DESANIME! Você escreve muito bem
Continuo acompanhando!
Abraço,
Iridium.
Sem desânimos, at all. Enquanto houver alguém que se sensibiliza, vou escrever pra esse um. Pode crer.
Obrigado pela presença, Iridium.
CAPÍTULO 17 – ALL HELL BREAKS LOOSE
Jason e Apocalypse se encaravam longamente, sem que nenhum deles movesse um músculo sequer. A garota era mais bonita do que o garoto gostaria de admitir, e ele sentia certa hesitação em feri-la. Naquele instante, contudo, o ódio que o dominava era maior do que seus eventuais desejos sexuais. Seja quem fosse aquela mulher, Apocalypse a utilizava somente como casca, receptáculo, e nada mais. Provavelmente, o corpo já estava morto há muitos séculos.
Ela segurava em sua mão direita uma caixa de joias muito bonita, toda ornamentada. Seus olhos, vermelhos, eram insolentes.
— É o que você quer? – ela levantou a caixa.
Jason fez que não, sem ao menos saber o que era aquilo.
— Um pedaço do céu – disse ela, como se lesse seus pensamentos. – A criação de Crunor em forma de rocha. Dizem que tocar este item pode lhe trazer a loucura absoluta ou o esclarecimento total. Você se arriscaria?
No instante seguinte, uma terceira pessoa se materializou na sala. Era um homem de meia idade, de cabelos e barbas muito brancos e muito bem aparados. Tinha o porte físico de um atleta que deixara de se exercitar: era forte e vigoroso, mas ligeiramente flácido aqui e ali. A julgar pela expressão, parecia não dormir há muitos dias. Suas armaduras eram iguais às de Apocalypse.
Jason o conhecia muito bem. Zathroth.
— O que está fazendo, filha? – perguntou ele, num tom de voz que pretendia ser descompromissado, mas cheio de significado.
Apocalypse sorriu para ele, sem nem mesmo corar.
— Não existe vergonha em migrar para o lado vencedor, pai.
— Vai entregar dois dos Seis Trabalhos? Pretensioso. Não tem noção do tamanho da repercussão que isso pode causar.
O espadachim não estava entendendo absolutamente nada daquela conversa. Porém, compreendera que Apocalypse era filha de Zathroth, e que havia uma certa tensão entre os dois cuja motivação era ligeiramente difícil de entender. Apocalypse parecia relaxada, mas alerta; Zathroth segurava o cabo da espada embainhada, aparentemente controlado.
Jason decidiu se aproveitar do fato de que as atenções não estavam voltadas para ele e se esgueirou devagar, tentando se aproximar do trono de Apocalypse. Pai e filha mantinham os olhos fixos de um nos dos outros, e não se moviam. Não pareciam dar atenção ao garoto.
— Bazir, o trono de Infernatil, o Livro das Ciências Ocultas – contou Zathroth, rapidamente. – Vai entregar seu selo e o pedaço do céu? Não posso permitir, filha. Perderemos a guerra.
— Você já perdeu essa guerra, pai – Apocalypse recuou meio passo, os olhos semicerrados. – Ele já venceu. Não pode derrotá-lo. Não tem poder para isso.
O cavaleiro estreitou os olhos, atento à conversa, e interrompeu momentaneamente sua empreitada para o trono. Estariam eles falando sobre Crunor? Por que é que Apocalypse dizia que ele já havia vencido a guerra, e que Zathroth não teria poder suficiente para derrotá-lo, seja ele quem fosse?
Antes de qualquer coisa, no entanto, o som de vários passos começou a encher o ambiente. Jason, Apocalypse e Zathroth olharam para a entrada da plataforma onde ficava o trono do demônio, as testas franzidas, analisando a escuridão.
Não demorou para que surgissem John, Melany, Leonard, Heloise e Svan, por algum motivo muito assustados, todos de arma em punho. Jason sentiu um choque violento percorrer-lhe o corpo ao se deparar com Melany, mas não olhou para ela mais de uma vez. Aquela chegada era absolutamente inoportuna; o garoto não gostaria que os amigos estivessem envolvidos em combate, ao menos não naquele combate, que parecia se desenrolar agora quase que exclusivamente entre Zathroth e a filha.
Não houve tempo, apesar, para que Jason consignasse seus protestos. O seleto grupo de cinco amigos começou a disparar flechas e feitiços por todos lado na direção de Zathroth e Apocalypse, que sacaram suas armas e começaram a trabalhar no sentido de repeli-los.
A caixa de joias caiu ao chão e Jason, aproveitando-se da balbúrdia, rolou até ela e a tomou para si. Ninguém pareceu notar; Zathroth combatia Svan e John e Apocalypse batalhava sozinha contra todos os outros.
Jason atirou a caixa para cima e a rachou ao meio com a Espada de Crunor, cortando-a em dois pedaços. A belíssima caixa e a relíquia dentro dela se partiram ao meio, rolando pelo chão e transformando-se em fumaça quase que instantaneamente.
John e Zathroth berraram em uníssono, absolutamente aterrorizados. O combate parou por meio segundo, somente o tempo suficiente para que Jason identificasse o absoluto temor nos olhos do incandescente. Seja lá o que o garoto tivesse feito, provavelmente tinha cometido algum erro.
Apocalypse também aproveitou-se do momento e saltou para trás, escapando de uma flecha de Leonard. No momento seguinte, incompreensivelmente, ela cravou a própria espada no próprio trono, partindo-o ao meio.
Uma sensação mista percorreu a sala. John parou na metade de um ataque, os olhos fixos em Apocalypse, que ameaçava bater em retirada; parecia, de algum modo, aliviado. Zathroth, no entanto, estava totalmente enlouquecido, tentando saltar na direção da filha para fazê-la em pedaços.
— Não deixem que ela escape – ordenou John quando o demônio se esquivou de um golpe de Zathroth e tentou furar o bloqueio na saída da plataforma. – Ela não é imortal, rompeu o selo sem consequências!
— Apocalypse é imortal, seu imbecil – Zathroth acertou um soco em cheio no rosto de John, atirando-o pela plataforma com impressionante força.
O incandescente desapareceu na escuridão. Leonard pensou depressa: sacou uma flecha da aljava que carregava, equipou-a no arco e disparou contra a cabeça de Apocalypse.
O corpo da mulher pendeu para trás por um segundo antes de se endireitar novamente, o projétil bisonhamente cravado em sua testa. Ela puxou o rabo da flecha devagar e a atirou no chão; Leonard piscou duas vezes, surpreso.
— Além de não morrer, é imune à armadilha do demônio? – perguntou, o arco pendendo mole das mãos.
— Fracos e patéticos – disse Apocalypse, mirando um chute no estômago de Svan e atirando-o na direção do corpo desaparecido de John. – Já não me é suficiente a incompetência do meu pai, mas Crunor ainda me prova que o lado dele também não tem nada a oferecer.
O demônio de Zathroth desarmou Heloise com facilidade e acertou Melany no queixo, nocauteando-a instantaneamente. Sem nem mesmo olhar para trás, ela marchou para fora da plataforma, desaparecendo na escuridão.
Não demorou para que John voltasse à claridade dos archotes de mármore, um dos olhos totalmente fechado pelo golpe que sofrera. Svan apareceu mancando atrás dele, parecendo inteiro.
Zathroth olhou para John com desgosto.
— Você não serve para absolutamente nada.
— Talvez não – ele sorriu, os dentes encharcados de sangue. – Mas posso ser o último trabalho. Não ousará.
— Acho que ele pode dividir a coroa.
Apocalypse ressurgiu da escuridão, segurando a espada de Bazir. A mulher marchou obstinada, afastando Heloise com um empurrão, e enfiou a arma no estômago de John, puxando-a para cima no sentido de sua cabeça, abrindo-o quase de baixo acima.
Jason sentiu as pernas amolecerem e a Espada cair de suas mãos. O corpo quase dividido em dois de John tocou o chão tão logo Apocalypse sacou sua arma de volta, os olhos da mulher cheios de esperança fixos em Zathroth, que não esboçou qualquer reação.
Foi como se o ambiente tremeluzisse e se transformasse momentaneamente em algo irreal. Jason ajoelhou ao lado do corpo sem vida de John e Zathroth desapareceu no ar com um movimento breve. Apocalypse virou as costas pela segunda vez e deixou a plataforma.
Svan, Heloise e Leonard se aproximaram devagar, e nenhum deles ousou tocar em Jason ou no corpo de John. O cavaleiro parecia em transe absoluto; seus olhos arregalados não deixavam o ferimento do incandescente, a boca ligeiramente entreaberta, uma sensação avassaladora de culpa e terror tomando conta de sua mente, inebriando seus sentidos, pulsando com seu coração.
Jason se manteve ao lado de John pelo que lhe pareceu um tempo infinito. O incandescente estava morto. O cavaleiro falhara em sua missão de proteger os amigos.
Paralelamente, a plataforma começou a tremer violentamente, como se estivesse prestes a desabar. Algo estava emergindo das profundezas.
— Jason, precisamos ir – o cavaleiro ouviu a voz distante de Leonard Saint, como se dita através de um túnel excepcionalmente longo. – Vamos.
— Não vou deixá-lo – a primeira lágrima escorreu pelos olhos do cavaleiro.
— Então leve-o – o arqueiro o incentivou. – Mas precisamos sair daqui.
Jason não precisou que fosse sugerido novamente. Pouca conta fazendo do sangue que empapava as vestes de John, ele alçou o corpo do incandescente sobre o ombro direito, segurando-o com firmeza e pronto para carregá-lo.
Svan puxou o corpo de Melany, desmaiada, Heloise dando-lhe suporte, e Leonard atento a qualquer movimento de Jason que denotasse que o cavaleiro falharia na missão de carregar John.
Mas Jason manteve-se firme, os olhos fixos na escuridão enquanto atravessavam o caminho que levava do portal até a plataforma de Apocalypse, aparentemente inerte ao trajeto que faziam.
Poucos minutos depois, chegaram até o portal, que por algum motivo se mantinha aberto. Entreolhando-se, os amigos tocaram o portal simultaneamente, desaparecendo da sala do trono de Apocalypse.
*
Jason teve dificuldade para abrir os olhos. Tão logo sentiu o chão sob seu corpo desabado novamente, sentiu também o cheiro de grama aparada e rocha queimada. Os músculos tremiam pelo esforço que fizera de tomar o portal de Apocalypse carregando John consigo, mas deixara a escuridão para trás, e não conseguiu sentir o incandescente em nenhum lugar tateável por perto.
Ele se apoiou no chão com ambas as mãos e tentou se colocar em pé, muito devagar. Foi só então que sentiu o frio enregelante, quase ao mesmo tempo em que suas mãos queimavam, por algum motivo.
Ele abriu os olhos. Encontrava-se em um local totalmente inesperado.
Imensas crateras estavam abertas ao longo de todo o terreno, tudo, absolutamente tudo, coberto de neve. Não havia estrelas no céu escuro, somente uma densa nuvem que não parecia ter a intenção de arredar pé tão cedo.
A Espada de Crunor estava de volta à sua bainha. O cavaleiro ficou de pé, com esforço.
Encontrava-se exatamente no centro de um vilarejo, se é que podia ser assim chamado. Aqui e ali, pequenas cabanas rudimentares tinham sido erigidas, aparentemente feitas de paus e panos ou lonas. Não havia ninguém visível. Sob os pés do garoto, os restos de uma fogueira que, há muito, já havia sido extinta, se acumulavam em pequenas quantidades de cinzas.
O corpo de John não estava em lugar nenhum. Tampouco Leonard, Melany, Svan ou Heloise. Estava sozinho.
Jason marchou devagar até a cabana mais próxima, cuja entrada estava semiaberta. Lá dentro, identificou um homem de cabelos louros e malcuidados e uma mulher de cabelos muito ruivos, pelo ombro.
Ele bateu duas vezes na lona, e o garoto veio até ele.
— Que fazes no frio? – perguntou, a voz estranhamente familiar.
— Eu não…
— Venha, venha para dentro – convidou, analisando os arredores antes de fechar.
Socorro. Eu preciso de socorro depois desse capítulo, urgente! Incrível, sério mesmo. O começo em stasis, com Jason e Apocalypse se encarando, foi como se desse para ouvir a respiração de ambos ali. A escalada de eventos, totalmente inesperada (sequer imaginei que logo Apocalýpse tomaria uma decisão tão racional de ser a vira-casacas) com um trágico clímax, foi muito gostosa de ler e acompanhar. Rest in peace, John.
E, não menos importante, esse final: esse gosto de quero mais em meio à falta de esperança do pessoal. Eu quero saber como isso vai terminar. Aguardo ansiosamente o próximo!
Socorro. Eu preciso de socorro depois desse capítulo, urgente! Incrível, sério mesmo. O começo em stasis, com Jason e Apocalypse se encarando, foi como se desse para ouvir a respiração de ambos ali. A escalada de eventos, totalmente inesperada (sequer imaginei que logo Apocalýpse tomaria uma decisão tão racional de ser a vira-casacas) com um trágico clímax, foi muito gostosa de ler e acompanhar. Rest in peace, John.
E, não menos importante, esse final: esse gosto de quero mais em meio à falta de esperança do pessoal. Eu quero saber como isso vai terminar. Aguardo ansiosamente o próximo!
Abraço,
Iridium.
Grande Iridium, obrigado pelos elogios. Vamos encerrar aqui e já pegar o gancho pra próxima.
EPÍLOGO
“1 Apareceu no céu um sinal extraordinário: uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça.
2 Ela estava grávida e gritava de dor, pois estava para dar à luz.
3 Então apareceu no céu outro sinal: um enorme dragão vermelho com sete cabeças e dez chifres, tendo sobre as cabeças sete coroas.
4 Sua cauda arrastou consigo um terço das estrelas do céu, lançando-as na terra. O dragão pôs-se diante da mulher que estava para dar à luz, para devorar o seu filho no momento em que nascesse.
5 Ela deu à luz um filho, um homem, que governará todas as nações com cetro de ferro. Seu filho foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono.
6 A mulher fugiu para o deserto, para um lugar que lhe havia sido preparado por Deus, para que ali a sustentassem durante mil duzentos e sessenta dias.
7 Houve então uma guerra nos céus. Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram.
8 Mas estes não foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar nos céus.”