Olá a todos! Saindo mais um capítulo da história, as coisas começam a ficar mais interessantes.
Espero que gostem, e aguardo suas opiniões. Boa leitura xD
Capítulo III – Ameaças
LEON
Era madrugada quando a primeira parte do tratamento de Kyos finalmente terminou; o ferimento que o rapaz tinha era muito profundo, e ele já havia perdido uma grande quantidade de sangue, portanto, Cipfried teve dificuldades para conseguir curá-lo. O monge pediu a minha ajuda no processo — já o havia auxiliado algumas vezes nisso —, e não pude negá-la; por mais que eu me sentisse mal perto dos rapazes, a urgência da situação não me permitiu pensar em mais nada. Por fim, depois de longas horas, o sangramento foi controlado, e Kyos parecia fora de perigo.
— Ele vai demorar muito para se recuperar, velho Cip? — Indagou Marlon, que permanecera o tempo todo rezando aos deuses pelo sucesso da cura.
— Algumas semanas de repouso, e creio que os deuses permitirão que seu amigo viva normalmente, meu rapaz — Respondeu o monge, com a voz cansada.
— Entendo — Disse o jovem, aliviado — Agradeço por tê-lo curado; Kyos é um idiota sem cérebro, mas é como um irmão para mim... E você também o ajudou, Leon... Obrigado.
Fiquei um pouco surpreso por ele saber meu nome, porém, mais ainda por receber seus agradecimentos.
— Não foi nada — Disse, sem olhá-lo nos olhos.
— Agradeça aos deuses, rapaz! — Exclamou Cipfried — Foi muita sorte você conseguir trazê-lo a tempo para cá; diga-me, como isso foi acontecer? Esse ferimento não parece ter sido causado por aranhas ou ratos, onde vocês estavam?
Marlon pareceu muito perturbado com a pergunta; seu rosto tornou-se ainda mais pálido que o normal, e, por um momento, pensei que ele sairia correndo dali. Pensar no que teria ferido daquela forma um monstro como Kyos, além de ter deixado Marlon com tanto medo, me assustou bastante.
— A gente estava perto da vila — Respondeu o rapaz, depois de alguns instantes, com a voz trêmula — Só havia aranhas e cobras no lugar... Já passamos por lá várias e várias vezes, mas hoje... Mal pude acreditar no que meus olhos viam, era... eram... Minotauros! Uma horda! Um deles veio pra cima de nós, a besta do Kyos resolveu atacá-lo, mas o bicho foi mais rápido... E acertou o machado bem na barriga dele... Foi horrível.
Não podia acreditar no que ouvia. Minotauros são os seres mais fortes de toda Rookgaard, tanto que chegaram a escravizar orcs e trolls! Eles vivem nas profundezas da ilha, pouquíssimos guerreiros chegaram a vê-los de perto; imaginar que, não só um, mas uma horda inteira esteve perto da vila era algo irracional. Mas eu vi o ferimento horrível de Kyos, e a forma como Marlon suava enquanto contava o que aconteceu... Não, não podia ser verdade!
— O que você está dizendo, jovem?! — Perguntou Cipfried, tão surpreso quanto eu — Isso é um absurdo! E como vocês sobreviveram???
— Eu... Eu não sei o que aconteceu, mas eles simplesmente viraram as costas e foram embora. Mal tive forças pra carregar meu amigo até aqui, foi um milagre.
— Você tem noção da gravidade disso que está dizendo? Deuses! Preciso avisar os guardas da cidade! Fique aqui e descanse, meu rapaz; foi um trauma muito grande para você, eu entendo — Disse o monge, enquanto dirigia-se à saída do templo.
— Obrigado — Respondeu Marlon, parecendo abatido após relembrar o que aconteceu.
— E você, Leon — Completou Cipfried, olhando para mim — Preciso que tome conta do rapaz ferido. Troque o curativo daqui uma hora, e dê um jeito de me chamar se algo der errado! Posso contar com você, meu jovem?
— Po... Pode sim, Senhor. — Respondi, surpreso — Só preciso avisar meu pai antes.
— Não se preocupe com isso — Disse o velho, enquanto saía — Não sei quando estarei de volta, mas deverá ser amanhã pela manhã. Que os deuses os abençoem.
O monge saiu apressadamente pelas ruas da vila, me deixando sozinho no templo com os dois rapazes. Senti que aquela noite ainda demoraria a acabar.
...
Pouco depois de Cipfried ir embora, um vento gélido começou a entrar pelas grandes saliências nas laterais do tempo; Mais uma vez amaldiçoei-me por ter me esquecido de trazer um casaco, e acabei pegando um dos sobretudos do monge emprestado. Não gostava de estar ali; a possibilidade de haver Minotauros rondando a vila me deixava inquieto, e não estava nem um pouco à vontade perto de Marlon, porém, não poderia abandonar Kyos. Apesar de ter sobrevivido ao tratamento, o rapaz ainda corria riscos, caso não fosse bem cuidado, e eu, apesar de tudo, não gostaria de vê-lo morto.
— Então, Leon... Esse é mesmo seu nome, não é? — Disse Marlon, sem seu olhar zombeteiro característico — Já ouvi os velhotes da vila te chamando assim.
— Sim, esse é meu nome — Respondi, pensando no por que dele se interessar em falar comigo.
— Leon, preciso me desculpar pelo outro dia. Eu e Kyos fomos bem rudes com você, e apesar de tudo, você ainda nos ajudou... Obrigado mesmo.
— Tudo bem, nem me lembrava mais daquilo — Menti — Espero que seu amigo fique bom logo.
— Ah, vai ficar sim. Desde criança ele nunca passava muito tempo preso numa cama, amanhã mesmo já vai querer se vingar dos Minotauros — Disse o rapaz, sorrindo.
— Não gostaria de estar na pele daquelas criaturas — Respondi, dando um sorriso nervoso.
— Nem eu! Hahaha. Bom, preciso descansar um pouco... Boa noite, Leon.
— Boa noite, Marlon — Respondi, enquanto o rapaz se deitava.
A mudança de atitude do rapaz comigo foi uma grande surpresa; um dia atrás eu era apenas o covarde da loja de equipamentos, e hoje nós conversamos quase como dois amigos. Talvez as experiências traumáticas tenham mesmo esse poder de mudar as pessoas — como me disse, certa vez, o velho Obi, da loja de armas. De qualquer forma, me senti aliviado por não ter sido tratado de forma hostil; talvez eles não fossem tão ruins como pensei.
Mais tarde, troquei as bandagens de Kyos; o ferimento ainda não fechara completamente, mas a recuperação estava indo muito bem, talvez ele não demorasse nem um mês para voltar ao normal. Depois de organizar os equipamentos de cura de Cipfried, resolvi dormir um pouco, mesmo que já estivesse amanhecendo; apesar da dor de cabeça ter desaparecido, a noite anterior fora bem cansativa para mim, além de que poucas horas de descanso ainda eram melhores do que nenhuma, e acabei adormecendo rapidamente. Tive um sono pesado e sem sonhos, mas logo fui acordado por sons de conversa.
— E então, velho Cip — Apesar da minha sonolência, identifiquei Marlon conversando com o monge — O que aconteceu?
— Por enquanto nada, meu jovem — Respondeu Cipfried — Mas é melhor nos prepararmos para a guerra.
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